Entrei no meu quarto, feliz por ter um lugar em que pudesse ficar sozinha, em que pudesse jogar minha máscara no chão e mostrar meus sentimentos ao mundo. Mesmo que o mundo fosse só meus bichinhos de pelúcia, meu notebook e meu violão preto, o qual eu tive certeza de que jamais largaria.

Peguei-o, e comecei uma música tranquilizadora... a medida que os sons foram aumentando, minha paz também... e me senti leve. Me senti bem, mesmo pela ordem que meu pai me dera alguns minutos antes.

Mesmo sem querer, a conversa voltou a minha mente.

Estava eu, sentada, fazendo meus deveres como qualquer aluna da Fell's Righ School, e meu pai deve ter achado que eu estava com cara de que queria ser proibida de fazer algo que eu amo, por isso chegou e disse:

- Needy, minha filha. Precisamos conversar.

Eu não era retardada o suficiente para negar, então o segui.

- Bem querida... você passa muito tempo mesmo tocando seu violão. E acho que isso vai acabar prejudicando suas notas.

- Mas, pai. Eu estava agora mesmo cuidando do meu boletim...

- E além do mais, se continuar assim, sua vontade de tocar vai acabar subindo a cabeça e fazendo-na querer viver do seu... talento. - pelo seu tom de voz, parecia sinceramente que talento não era uma palavra que descrevesse minha situação quando tocava.

- E...? - perguntei, tomando cuidado.

Ele pareceu querer desafar de uma vez.

- E estou te proibindo de tocar.

Dá pra imaginar o quanto isso me chocou? Não, não dá. Ele não tinha a menor idéia do quanto eu amava tocar! Como podia fazer isso?

- Ah pai! Não, por favor não... e se eu diminuir o uso? Assim, se eu tocar menos?

- Tipo, uma vez na semana.

Fiquei duplamente chocada. Uma vez na semana? Que ele tinha na cabeça? Mas essa era realmente minha única opção, então tive que concordar.

- Ah, está bem. Mas... - desisti da minha frase. Ele não era assim, tão facil de convencer.

Percebi que ainda tocava, mas num ritmo um pouco mais rápido. Nesse momento, meu pai atravessou a porta do quarto, com uma cara não muito boa.

- Bem... estou tocando por essa semana, sabe? Depois, só semana que vem!

Ele pereceu satisfeto, e saiu do meu quarto.

Por que ele me proibira? Minhas notas eram tão boas... mas tinha que admitir: eu realmente queria viver de tocar. Será que tudo aquilo foi puro preconceito contra essa carreira?

Essa parecia uma resposta óbvia, mas que eu não conseguia saber qual era.