E então eu chorei. Chorei como há muito tempo não chorava. Minhas lágimas caiam sobre a fria calçada e eram secas pelos ventos uivantes. Cada lágrima tinha uma história. Uma lágrima foi por aquele dia em que , sem o conhecer ainda, eu ri de seu nome, e ele, que estava ao meu lado, virou e disse “Este sou eu”. Outra lágrima foi por termos nos tornado muito amigos depois deste dia. Aquela lágrima que acabara de cair fora pelo dia que, depois de ter agido estupidamente comigo durante toda uma manhã ele se aproximou , me abraçou forte me disse bem baixinho “Me desculpe”. Foram tantas histórias que passamos juntos e eram tantas lágrimas que caiam dos meus olhos naquele momento. Não eram lágrimas de arrependimento, raiva e nem mesmo de tristeza. Eram lágrimas de saudade. Mas não a saudade física. Eram lágrimas de saudade do tempo em que eu acreditava que a nossa amizade iria continuar do mesmo jeito para sempre, daquele jeito gostoso, inocente e feliz. Daquele tempo em que depois de toda briga eu sempre ia atrás dele , para dá-lo a oportunidade de se desculpar. Esse tempo acabou. E por isso as lágrimas. Não eramos mais tão amigos como antes. Sei que a escolha de não o procurar foi minha, mas ao mesmo tempo que não me arrependo do que fiz, pois afinal cansei de correr atrás de alguém que não parece se importar com mais ninguém além dele mesmo. Mas, ao mesmo tempo sinto em meu coração o arrependimento , a saudade do que ele era, do que eu era, do que nós eramos. E junto com o arrependimento vem a vontade de que ele se aproxime novamente, me abraçe forte de novo e repita somente duas palavras “Me desculpe”.