Lie - The Story Of The 8th Sin escrita por Koneko-chan, Yukari Rockbell


Capítulo 11
Consolada pelo inimigo.


Notas iniciais do capítulo

Olá para todos!Dessa vez eu, Yukari_Rockbell estou aqui pra postar o capitulo pq a Koneko-kouhai não pode. Como ela não queria deixar vcs esperando, aqui estou eu!Espero q gostem de ler esse capitulo tanto quanto eu gostei de betá-lo.
Boa leitura!



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Chapter 11 (Ep. 45 – Brotherhood): consolada pelo inimigo.

Era difícil procurar por Envy porque se eu fizesse um desenho dele e mostrasse para as pessoas que passassem, elas não iam identificá-lo, afinal, duvidava que ele fosse aparecer na forma normal humanóide na frente de humanos, ainda mais caso estivesse procurando alguém que não quer ser encontrado.

Eu fiquei dias nisso. Rodei várias cidades até chegar ao frio do Norte, mas de lá não encontrei ninguém. Certo que não sou muito boa em encontrar pessoas, mas ainda sim. Fiquei algum tempo por lá e ouvi boatos sobre o Baixinho-san estar desaparecido, o que me preocupou um pouco. Kimblee ia se dar mal, eu já estava prevendo. Eu voltei à Central, mas não queria ir direto para o subsolo declarar a Pride minha derrota. Resolvi que ainda não terminara minha busca e me abriguei numa casa abandonada e meio quebrada próxima ao lugar onde eu e Envy fomos engolidos por Gluttony.

Deitei-me na cama e fiquei olhando para o teto. O rumo dos meus pensamentos me levou a pensar se Gluttony já se recuperara e eu imaginava que sim. Lembro-me de tê-lo visto reclamando de fome um dia antes de sair da Central em busca de Envy.

Envy. Argh, droga, não fazia sentido! Saímos no mesmo dia, como ele podia ter ido tão rápido? Como ele podia ter desaparecido assim do nada, em um dia? Será que eu estava me fazendo de boba esse tempo todo e ele já voltara para a Central faz tempo? Será que ele ainda estava bravo comigo? Tudo bem que eu me atrasei um pouco indo na direção errada duas vezes, mas mesmo assim não era possível que eu o tivesse perdido tão facilmente. E o verbo perder nesse caso tem um duplo sentido angustiante...

Eu ouvi passos pesados na terra lá fora. Agora não dava mais tempo de sair, já podia ouvi-los entrando na casa. Eu subi pelas paredes e me prendi nas vigas instáveis no teto da casa, observando silenciosamente.

– Ei! Não tem ninguém aqui. – uma voz grave falou e eu vi uma luz entrar na casa.

Eu fiquei surpresa. Era Edward Elric e mais dois homens que imaginei serem os subordinados de Kimblee que sumiram também. Um era grande e moreno e parecia um macaco, o outro era alto e loiro, usava óculos e um bigode claro e tinha um aspecto inteligente. O homem macaco deu um cascudo em Edward.

– Que decepção como irmão mais velho.

– Fugimos correndo do Norte e é isso que encontramos?

Norte? pensei. Eles estavam no Norte, isso significa que o Baixinho-san pode saber o paradeiro do Envy. Isso! O homem loiro fungou e percebi que ele estava sentindo um cheiro. Ah, droga, ele era uma Quimera. Será que sentira minha presença? Mas eu estava longe o suficiente, tinha certeza. Não, não era meu cheiro: eu também ouvira passos do lado de fora. Ele se virou e agachou-se sacando a arma do bolso. O homem macaco e Edward se esconderam ao lado da porta e ele abaixou a luz.

Os passos ficaram mais fortes. Eu vi então uma silhueta familiar. Distingui como Greed. Arregalei os olhos. O que ele estava fazendo ali? Será que me procurava? Devia eu descer? Antes que eu pudesse tomar uma decisão, ele caiu no chão, de bruços. Edward engatinhou até ele e ofegou.

– Ling? Ou é o Greed? – pensou em voz alta.

Ouvi um ronco estranho.

– Estou faminto... – murmurou.

Edward sorriu convencido.

– É o Ling.

Eu franzi o cenho. Droga, Greed é um otário mesmo, conseguiu permitir que o garoto de Xing retomasse o controle do próprio corpo. Eles abriram uma mochila que estava com o homem macaco e pegaram vários recipientes. Gre... Ling começou a comer entusiasticamente e quando o último pote de comida enlatada estava vazio, ele deu um suspiro.

– Parece que ressuscitei! – exclamou. – Obrigado pela comida!

– Você come demais como sempre, idiota! – Edward provocou.

– Acabaram nossas refeições de emergência – o homem macaco comentou.

– E quem são eles? Amigos? – Ling perguntou.

– Esse é o Gorila... – começou Edward.

– Eu sou Darius! – corrigiu o homem macaco. Ei! Não era só eu que o achava parecido com um primata...

– Eu sou Heinkel – o loiro de óculos se apresentou. – Somos ex-soldados e agora estamos acompanhando esse moleque.

– Quem é ele? – perguntou Darius.

– Bem, como posso explicar...?

– Sou um homúnculo – Ling disse. Eu franzi o cenho. Não, pensei. Você não é um homúnculo, Greed é!

– Homúnculo?

– Ei, ei, não diga isso assim! – disse Edward num alerta, parecido constrangido.

– Sério? – Darius perguntou.

– A história é longa, mas é verdade. Afinal, por que você está aqui?

– O Greed cortou sua relação com os homúnculos e o exército – falou, me fazendo reprimir um ofego de surpresa. – Então ele começou a ficar louco e eu aproveitei a situação para recuperar o controle do meu corpo. Estava procurando por um lugar da Central para me esconder.

Ele começou a se reprimir, como se sentisse dor.

– O que foi? – Baixinho-san perguntou.

– Isso é ruim! O Greed vai aparecer!

Eu arregalei os olhos. Ahh então ele não perdera totalmente o controle do corpo. Esperava que ele tomasse juízo e deixasse de permitir que Ling voltasse. Quem sabe ele não recuperasse também a consciência e voltasse para os homúnculos?

Edward começou a bater na cabeça de Ling como se fosse um rádio com defeito.

– Ei! Ei! Ei! Espere! Espere! Se esforce! Não perca! Recupere a consciência!

– Me escute, Ed! – disse ele pegando a mão do Baixinho-san. – Aquele tal de Pai que vive no subsolo da Central vai abrir o portão quando o Dia chegar. Eu não sei de muita coisa, mas se você e seu irmão pularem lá dentro, não poderiam recuperar seus corpos?

– Espere, isso é verdade. Mas é preciso pagar o preço para abrir o portão – ele então ofegou, percebendo algo. – Pra que ele quer abrir o portão? Espere, o que é isso de o Dia? Tem um dia específico para abrir o portão?

– Isso... – começou Ling. Ele levou a mão na testa, tentando evitar que Greed aparecesse de novo.

– Ling! Ei!

– Droga... Não volte ainda! A mensagem... Você entregou aquela mensagem à La Fan?

– A mensagem? – Edward repetiu. – O Al entregou a ela, a La Fan está bem, apesar de eu não saber onde ela está agora.

– Entendo, que bom – Ling sorriu. Ele franziu o cenho de novo, tentando impedir Greed.

– Ling!

– Desculpe, aqui é o meu limite.

Ele ficou quieto por um minuto e então levantou o rosto.

– Droga – Greed murmurou. – Maldito príncipe de Xing, acabou falando coisas desnecessárias...

– Greed? – Edward perguntou.

– Sim, sou eu.

Heinkel apontou a arma para Greed e eu reprimi a vontade de rir.

– Desista, isso não vai me matar – ele se levantou. – Desculpe o incômodo.

Greed começou a sair pela porta da frente e Edward se levantou para ir atrás dele.

– Ei! Vai nos deixar ir?

– O quê? Não é nada disso, não ouviu o que ele disse que eu cortei a relação com aqueles homúnculos? Eu lembrei de umas coisas, enlouqueci e acabei tentando matar o Bradley. Não sei o que vai acontecer se eu voltar lá, então vou viver em algum lugar por aqui. Sozinho.

– Não quer ser nosso aliado? – perguntou Edward.

Greed parou.

– Se não tem para onde ir, venha conosco – o alquimista continuou.

O homúnculo se virou lentamente com uma expressão estranha no rosto, mas então começou a rir.

– Companheiro?! Companheiro, hein... Essa foi boa... Não brinque comigo! Tudo desse mundo me pertence! Talvez eu possa aceitar vocês trabalhando para mim – ele riu mais um pouco e saiu da casa. – Até mais.

Edward ficou alguns minutos parado e todos ficaram em silêncio até que Darius disse:

– E então, moleque?

– Argh – murmurou e saiu correndo da cabana. As Quimeras foram atrás dele. – Ei! Ling!

Eu desci e me esgueirei para as árvores, ainda queria falar com o Baixinho-san.

– Ei! Ling! – continuou gritando, até que encontrou Greed de novo. Todos estavam em meu campo de visão. – Espere!

– O que foi? Vocês são persistentes. Eu já disse que eu sou o Greed!

– Aah! Qualquer um serve, isso é um saco! Já sei, o que acha de Greeling?

Eu soltei um riso, mas me contive. Uma Quimera ouviu e eu fiquei em silêncio. Ele então ignorou o som.

– Ei! Quem é Greeling?

– Eu vou trabalhar para você, Greeling – Edward falou.

– Hã?

– Estou dizendo que vou trabalhar para você. E, claro, esses velhotes Quimeras que me servem também vão.

As Quimeras olharam para ele espantadas.

– O quê?! Seu moleque, por que está decidindo isso por conta própria?!

– Não fique se achando, seu nanico! Anão! Grão de Areia!

Eles começaram a discutir e Greed ficou com uma expressão pensativa e viajada.

– Afinal de contas – murmurou Edward quando acabaram a discussão. – Deixamos nosso orgulho de lado quando nos tornamos cães do exército. Não vai acontecer nada se ficarmos balançando nossos rabos. Além disso, não vou deixar minhas emoções me atrapalharem a obter informações e oportunidades, não é? Essa é uma chance única!

Greed começou a rir alto.

– Interessante! Ser meu subordinado significa ser um excluído! Não se arrependa!

– Não me subestime – Edward riu-se. – Eu tenho muitas outras coisas para me arrepender!

– O que foi isso? – perguntaram-se as Quimeras, entreolhando-se.

– Está decidido – Greed analisou. – Vocês serão meus subordinados também.

– Não nos importamos mais – Heinkel comentou.

– Desde que possamos comer, qualquer um serve – Darius completou.

– Que tipo de Quimera vocês são?

– Sou um gorila.

– Sou um leão.

– Que maneiro!

Edward tirou algo do bolso e ficou olhando fixamente por um tempo e então passou a fitar o céu. Eu comecei a me aproximar a partir daí, observando-os com um rabo de olho. Meus passos eram firmes e decididos e eu fui na direção de apenas uma pessoa, ignorando os demais. Heinkel levantou a arma para mim, mas eu não liguei. Cheguei bem na frente de Edward e peguei na gola de seu casaco, arrastando-o para uma árvore. Eu o encostei lá e tirei a adaga do bolso, postando-a em seu pescoço. Ele pareceu surpreso e espantado, aparentemente eu era a última coisa que ele esperava. E talvez ele não tivesse reagido porque sabia que eu não podia matá-lo.

– Lie? – perguntou, surpreso.

– Cadê o Envy? – perguntei entredentes.

– O quê? Envy?

Eu o forcei mais contra a árvore.

– Cadê o Envy?! Responde!

Ele começou a ficar nervoso.

– Eu não sei onde diabos está o Envy, por que saberia?!

Eu trinquei os dentes com mais força e senti meus olhos se encherem. Ele só podia estar brincando. Apertei mais a adaga contra seu pescoço, mas sem a intenção de feri-lo.

– É mentira! – falei. Mas então percebi que estava quase gritando. Eu me aguentara até agora, não dava mais para segurar a frustração. Procurei Envy por dias e não o encontrei, tampouco estou convencida de que ele tenha voltado para a Central. Tinha que estar com um dos Elric! Tinha que estar com Edward, era impossível que não. Pelo menos na minha cabeça.

– Não minta para mim! – continuei. – Eu não estou nem aí que o Pai vá me matar depois caso eu te machuque, apenas me diga onde ele está!

– Eu não sei! – gritou.

Minhas mãos se afrouxaram e eu deixei a adaga cair no chão, sem mais conseguir olhar no rosto do garoto devido às lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Não era mentira. Na única vez que eu gostaria que alguém estivesse mentindo para mim, ele não estava. Eu já podia imaginar Pride, tentando me convencer de que Envy estava morto. Senti uma vertigem com esse pensamento e me ajoelhei no chão diante de Edward.

– Não... – murmurei lamentosa. – Não, não pode ser...

Ele não estava morto, não podia estar. Ele simplesmente não podia estar morto, era só o que eu tinha em mente. Não podia. Eu não permitia.

Em vez de me atacar e me prender, como imaginei que fizesse, Edward se abaixou, olhando-me com certa piedade, e colocou a mão em meu ombro.

– Ei, o que houve? – perguntou.

Eu não o olhei, me afastei tentando enxugar as lágrimas e olhei para Greed, ainda ajoelhada no chão.

– Você o viu? – perguntei. – Greed, por favor, diga que viu o Envy!

Ele suspirou e balançou a cabeça.

– Não, Lie, desculpe. Pensei que você fosse encontrá-lo.

Balancei a cabeça com força, sentindo meu cabelo ricochetear nas bochechas molhadas.

– Não, eu não o encontrei! Greed estou tão preocupada, me ajude, por favor! Não sei como mostrar a cara lá na Central, Pride vai rir de mim!

Ele deu risada.

– Pride ri?

– Infelizmente sim, da humilhação alheia!

– Quem é Pride...? – Edward perguntou. Eu o olhei e notei que ele não sabia.

– Ahn, ninguém – respondi, na defensiva. O Pai me mataria se eu dissesse algo desnecessário.

As lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto. Eu juntei os joelhos e fiquei sentada, encarando o chão.

– Minha nossa, estou tão desesperada – murmurei. Olhei novamente para Edward. – Por favor, Loirinho-san, não tem nenhuma ideia de onde Envy possa estar?!

Ele balançou a cabeça.

– Felizmente não conheço Envy tão bem.

Eu mordi o lábio.

– Meu Deus, e se ele estiver...

Eu não consegui falar o final da frase. Soltei um soluço e me joguei nos braços de Edward, procurando um conforto, mesmo que fosse nele. Ele não rejeitou. Aparentemente não chorar por vários dias seguidos enquanto seus níveis de estresse e frustração estão ultrapassando o máximo não faz muito bem.

– Não quero, não quero, eu não deixo! – rosnei.

– Ainda não entendi o que... – ele murmurou e olhou para Greed.

Este, suspirou.

– Olha, vou ser sincero – disse ele se dirigindo a Edward. – Eu passei pouco tempo naquele lugar, mesmo assim esse tempo foi suficiente para perceber uma coisa: essa garota gosta mesmo daquele homúnculo. Essa é uma coisa sobre a qual ela não pode mentir.

Engoli em seco.

– Não me diga que sou tão transparente assim.

Ele riu.

– Não é, acredite. Essa é a única coisa que você revela livremente sobre si mesma.

Eu me afastei de Edward e olhei para Greed, desanimada.

– Livremente o bastante para que pareça uma mentira? – perguntei. Minha voz falhou.

Ele notou que eu estava mais preocupada (se é que era possível) do que eu parecia. Abaixei o rosto e enxuguei os olhos, suspirando. Dirigi-me a Edward, embora não arriscasse olhá-lo.

– Caso encontre com Envy – murmurei. – Por favor, diga que eu preciso falar urgentemente com ele, independentemente do quão bravo ele esteja comigo. Pride não é mais confiável que eu.

Senti seu olhar por alguns segundos.

– Certo – respondeu por fim. – Eu falarei.

Sorri para ele, ainda sentindo as lágrimas quentes que teimavam em escorrer.

– Obrigada, Edward Elric.

Ele assentiu. É, acho que eu devia mais uma a esse loiro.


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