Quando chegamos em casa, Catarine subiu rapidamente até seu quarto, agora sem porta. Sentei no sofá, um pouco mais certa de que aquilo tudo era real. Horas de silêncio se passaram, quer dizer... Não um silêncio total, ainda se podia ouvir os passos apressados dos humanos do lado de fora, e um possível rato escondido na casa. Até que por fim, Catarine desceu as escadas. Se fosse humana, seu rosto estaria inchado e seus olhos vermelhos. Mas, sua expressão de dor, e repugnancia, davam a entender que ela chorara - ao modo vampiro.

- Pedro...

- Sim, Catarine. - Pedro respondeu, sem desviar o olhar do chão.

- Quero uma porta nova, preciso de privacidade.

- Ótimo, vamos todos sair mais uma vez. A Angel precisa de roupa, e você de um porta nova para o seu quarto.

- Argh! De novo? Sair com ela? Não acha que morar na mesma casa não é o bastante. - Catarine retrucou, indignada.

- Pare com isso, sua idiota. - Kin falou. - Ela é bem mais legal do que você. Ela sabe rir, Catarine.

- Cale a sua boca.

- Me faça...

- Tudo bem, Kin. - Coloquei minha mão na frente dele, num gesto de repreensão. - Eu vou na frente. Mas, preciso de dinheiro.

- Tome, Angel. - Pedro pegou algum dinheiro na carteira, e me entregou. - Faça bom proveito.

- Eu vou com você, querida. - Finalmente, Louis falou no meio de toda aquela confusão.

- Se for assim, eu vou com vocês.

- Obrigada, meninos. - Sorri.

Saimos calmamente, caminhando e sorrindo das bobagens de Kin. Chegamos na loja, escolhi algumas roupas, e paguei. Fomos até a praça e nos sentamos em um banco.

- Você tem um gosto tão... - Kin parou, procurando uma palavra.

- MARAVILHOSO - Louis gritou, com os olhos "brilhando".

- Exatamente. Agora, por favor, não grite. Estamos em ambiente público. Basta nossa beleza estonteante para chamar atenção.

Eu e Louis caimos na gargalhada, e Kin também. Ok. Ok. Pareciamos doentes mentais que precisavam de camisa de força e sanatório. Depois de algum tempo voltamos para casa, e Pedro e Catarine já estavam lá. Bastou eu olhar para dentro para que Caratine fechasse a cara.

- Mas merda, Catarine. Sorria, sua idiota.

- Kin... - Pedro falou repreendendo-o

- Desculpa.

Kin pegou uma almofada no sofá, jogou-a no tapete, e jogou-se para trás, deitando. Sentei no braço do sofá que Pedro estava, e Louis no outro. Catarine estava deitada, no sofá maior.

- Catarine, você tem duas opções: Ou dorme no quarto junto com a Angel; se ela quiser claro, ou dorme na sala sozinha.

- Obvio que eu prefiro ficar na sala não é?

- Tudo bem, só achei que você podia ser mais simpatica.

Pedro se levantou, depositou um beijo em minha testa e um na testa da Catarine. Acenou para os meninos e subiu. Ele ainda sofria tanto quanto nós. Era visível em seus olhos. Visível em seus atos. Visivel até mesmo em seu coração..