Era uma noite fria, e calma. O silêncio era tão imenso que as vezes, eu pensava estar do paraiso. Bom, apenas um tempo. Eu não conseguia dormir, e me virava de um lado outro da cama, quando de repente, ouvi um barulho, mas fiquei quieta, afinal, se fosse um ladrão, eu era só uma adolescente indefesa de 14 anos de idade. Começei a respirar um pouco mais devagar, mais ritmado. Ouvi passos na escada, e vozes ao longe. Meu quarto era o último do corredor.

Esperei um pouco, e de repente, ouvi um grito fino do quarto ao lado. Segundos depois o grito foi abafado. Não ouvi mais nada. Ok, Angel, vamos lá, isso não hora de se preocupar, afinal, invadiram sua casa. Ouvi outro grito, dessa vez mais rouco. E sai da cama correndo, até o quarto dos meus pais. Estava muito escuro e eu não via nada, apenas, duas sombras se movendo, ao lado da cama, e eu inalei um cheiro horrivel. Cheiro de sangue. As pessoas se moviam calmamente, como se não tivessem feito nada.

- Veja que desperdicio, Pedro. - Falou uma voz rouca.- Não quer matá-la, quer?

- Claro que não, seu idiota.

A pessoa que devia se chamar Pedro, chegou um pouco mais perto de mim, e cheirou o ar, como se sentisse um ótimo perfume emanando do meu corpo. Prendi minha respiração, e fechei meus olhos, ele me mataria a qualquer momento, mas, a única coisa que eu senti, foi uma dor fina, e deixei um grito agudo sair pela minha boca. Meu corpo inteiro queimava.

Abri meus olhos lentamente, e tentei figurar o ambiente ao meu redor.

- Ora, ora. - Falou aquela mesma voz rouca. - Veja quem acordou. E então, bela entorpecida, a dor passou?

- Quem... Quem você? - foi a única coisa que consegui dizer.

- Ah, . Mas, que cabeça a minha, como fui rude. Esqueci de me apresentar - a voz rouca me dava arrepios, ainda mais com aquele tom de sarcasmo.

- Diga logo quem você . - Me encorajei, vamos, Angel. Você nunca foi assim.

- Tudo bem, garota desafiadora. Me chamo Louis, tenho 1 ano. - riu.

Eu o olhei assustada. Ele estava brincando comigo, ele não tinha um ano nem aqui nem na China. Encarei seu rosto, e agora que olhei direito, ele parecia ser um pouco mais velho do que eu. Tinha um corpo bem definido, e um rosto bonito. Fiquei um pouco pensativa, mas, ele me interrompeu.

- Vamos lá. Já me apresentei não foi? - ele riu mais uma vez - Apresente-se.

- Pra quê? O que quer saber sobre mim?

- Garota, garota. PRECISO saber sobre você. Afinal, você agora uma de nós.

- Ãhn? Como assim? Me explique direito. Eu... Eu não entendo.

- Você  uma VAMPIRA - ele deu enfase ao último nome.

Meus olhos arregalaram tanto que cheguei a ficar com dor de cabea. E mais uma vez, ele riu.

- Isso é perfeito não ?

- ISSO NÃO EXISTE.

- Tudo que não existe perfeito. Veja Deus, ele não existe apesar de muitas pessoas acreditarem nele. Mas, abaixe o tom de voz, minha querida. Não quero precisar gritar com você.

- Mas... Isso não existe. - minha voz saiu baixa, como sinos pequenos e frágeis ao vento.

- Veja com seus próprios olhos, querida.

Ele saiu em busca de alguma coisa e voltou com um imenso espelho. Quando me olhei não consegui acretidar, EU era perfeita. A pele ligeiramente palida, refletia um tom estranho no espelho, sorri, e minhas presas apareceram, eram pequenas, mas, podia ver como elas eram afiadas.Meu olhos, tinham um tom vermelho profundo. Era intenso, tenso. Mas, mesmo com esses pontos positivos, eu ainda não acreditava. Balancei minha cabea, para tentar colocar tudo no lugar. Impossível. Aquilo era perfeito demais pra que existisse.

Até meus catorze anos, eu vivi, escutando histórias sobre vampiros, e sempre ria delas. Falsas. E agora, aqui estou, ao lado de um cara, que diz ter um ano, e que me diz que eu sou uma vampira. Era coisa demais. Me levantei e sai andando em direção a porta.

- Ei, menina. - Louis falou por trás de mim. - Você ainda não me falou seu nome.

- Angel.

Falei, e sai correndo porta fora. Aquilo era ótimo, o poder da liberdade.