Almost Easy escrita por Littlelion


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Esse ia ser o único personagem da fic. Espero que gostem dele também. Esse capítulo é mais para conhecer o personagem, nos outros explicarei mais coisas de ambos.



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--------------- { Sam pov on}

     Meu corpo afundava na luz branca da biblioteca da faculdade. Estava sentado de frente para um ar-condicionado. O vento gélido fazia-me sentir um frio confortável.

     Passar o dia estudando era bastante cansativo, mas era preciso. Tinha extrapolado na farra. E agora precisava recuperar as notas. Não que estivessem ruins. Oito e Nove não são nem de longe notas ruins, mas para alcançar meus objetivos, preciso de um boletim recheado de Dez.

     Tá. Admito. Estava ficando meio paranóico.

      E olha que ainda nem falei que esse tinha sido o último dia de aula, porém, como eu disse: Tenho de ser o melhor.

     Sherlock Holmes não se importava com coisas que não eram de sua especialidade nem interesse, mas era expert no que fazia. E para superá-lo eu teria de saber tudo de tudo e ainda ter uma vida normal estável. E o primeiro passo para isso? Arranjar um apartamento, mas isso fica para outra hora.

     Sei que me acham estranho por competir com um personagem de um livro policial, pois superar os detetives da vida real não tem graça. Não é nenhum desafio. Mesmo querendo me juntar ao mundo dos detetives, tenho meu senso crítico.

     A cada dia que passa, os detetives vão ficando mais incompetentes. Por isso, me inspiro na ficção.

    --Ainda estudando, amor? – perguntou Grace, sentando ao meu lado. Só agora tive noção das horas. A biblioteca estava vazia como sempre. Mas só na hora de fechar que Grace vinha falar comigo.

     Ela sempre fechava horas depois.

    -- É, vida. – falei, dando meu sorriso sedutor – Minhas notas caíram.

    -- Já falei sobre essa história de vida! – disse fazendo um bico. Não pude evitar um riso.

     Grace uma vez disse que eu era um gato, por isso tinha sete vidas e ela e as outras garotas eram apenas uma das vidas, já que eu tinha uma mania de chamar qualquer uma de vida. Era apenas meu jeito de demonstrar carinho.

     Pior que ele falou isso na frente de uma menina que tinha falado que queria falar não-sei-o-quê comigo.

     Nunca mais falei com aquela menina. Nem soube o que ela queria.

    --Você sabe que, das sete, você é a mais importante.

    -- Que gracinha. – falou rindo – Mas uma das meninas me falou que tem quem diga que gato tem é nove vidas, em vez de apenas sete.

    -- Não seja por isso. De todas as minhas nove vidas, você é a mais importante. -  rimos.

    --Estudando o quê?

    -- Mermão, não sei não. – brinquei – Chego uma hora que as letras começaram a girar e que as palavras não faziam mais sentido.

    -- “Mermão”? – ela fez uma cara séria, mas sabia que estava contendo o riso – E isso lá é linguagem de um futuro detetive!

    -- Para um detetive inovador como eu, é sim! – disse com um sorriso brilhante.

    --Você é doido! Isso sim. – era incrível a nossa intimidade – As aulas acabaram, e você aqui, estudando!

    -- Quem estuda só no dia antes da prova está muito mal.

    --Não pega bem um mocinho citar falas de vilões.

    -- Tem quem diga que ele não é um vilão.

    -- Não vamos discutir isso de novo. – sorri com a lembrança do dia em que discutimos sobre a moral de Kira. Eu estava ganhando e, quando Grace percebeu, tacou um estojo em minha cabeça. Ela errou. Por pouco, mas errou.

    -- Claro que não. Principalmente quando você já sabe que vai perder. – desafiei.

    -- Olha que desde daquele dia ando com pedras no estojo. – ameaçou.

    -- Venceu! – falei – Você realmente não seria uma boa advogada.

    --Por que não? – ameaçar juiz com um estojo cheio de pedras dá cadeia – É só eu mostrar meu estojo que eu ganho qualquer caso! – sorri.

     Exatamente como imaginei.

     Ficção ou não, Sherlock Holmes estava certo. Era possível ler a mente das pessoas. E nem precisei ser picado por uma aranha, muito menos vir de outro planeta.

    --Ameaçar juiz com um estojo cheio de pedras dá cadeia – repreendi.

    --Ainda bem que tenho um ótimo advogado – respondeu com um sorriso – E que sabe enganar juiz como ninguém. – piscou para mim.

    --Um advogado assim é muito caro – sorri de canto.

    -- Mas para uma amiga ele faz de graça – a voz de Grace era sedutora.

    -- Nada é de graça nesse mundo – muito menos um advogado, mas, se eu falar isso, estragaria a brincadeira.

    -- Seu pão duro! – Grace começou a rir. Eu também não consegui ficar sério.

    --O que “pão duro” tem haver com a história? – ela ainda não tinha se dado bem com as figuras de linguagem.

    -- Sei não. Mas você é! – cara, eu realmente a adorava  – Sam... me responde uma coisa? – epa, isso não é bom. De uma hora para outra ela ficou séria.

    -- O quê? – perguntei, voltando a minha imagem de cara inocente.

    -- Já te vi com seus colegas, e perto deles você parece ser muito... inocente – para não dizer burro – Mas, quando está comigo, você fica com um sorriso maroto e mostra o quanto é esperto. Por quê? – ah, eu queria jogar mais, porém eu sabia que mais cedo ou mais tarde você me perguntaria isso.

    --Te respondo com uma condição – um sorriso malicioso apareceu em meu rosto. A partir de agora a brincadeira ia mudar de esconde-esconde para pega-pega.

    --Qual? – perguntou-me, curiosa.

    --Que você responda uma pergunta minha primeiro. – ela concordou com a cabeça, e lá vai a pergunta de um milhão de dólares – Onde você os esconde?

     Silêncio.

     Grace me olhava espantada. Claro. Acabei de perguntar onde ela escondia os corpos dos alunos que ela seduzia e depois matava.

     E pensar que ela imaginava que ninguém sabia. Realmente, tirando eu, ninguém sabia. Na verdade, para ela, eu era apenas mais um garoto. Talvez um pouco mais lerdo que os outros. Apenas mais uma vítima.

     Só que eu sabia exatamente como ela pensava.

     “Como assim onde eu os escondo?!”

    --Como assim onde eu os escondo?! – perguntou como se lesse minha mente. Mas era o contrário.

    -- Você entendeu – afirmei, tinha absoluta certeza de que ela já sabia o que eu queria dizer com aquela pergunta. Ninguém é tão ignorante.

Agora ela gagueja.

    --N-não... E-eu... – Grace, Grace, você é muito previsível, chega a ser sem graça brincar com você. Agora me diga a verdade – Realmente, de inocente você não tem nada. – não era bem essa verdade que eu esperava.

    --Obrigado! – sorri vitorioso, ela decidiu entrar nessa nova brincadeira e parar de se fazer de santa. Algo me diz que a irritei.

    --Sammuel Break, o garoto que parecia ser um completo idiota – nossa, isso magoou; e eu te achava fascinante – na verdade é um gênio – também não é para tanto.

     É mais fácil confiar em lerdos do que em pessoas que podem usar, a qualquer momento, o que você fala contra você. Só aproveitei o fato de ter nascido com cara de criança inocente que, mesmo nos meus 18 anos, não mudou nada.

    -- Como você descobriu? – perguntou, fuzilando-me com o olhar.

    --Sou eu que faço as perguntas aqui! – sempre quis dizer isso – Onde você os esconde? – não que eu já não saiba, mas não tem graça se ela não confessar.

     Sabe o que era engraçado?

     Era que, mesmo ela sendo uma assassina de universitários, eu estava na vantagem. Não apenas por ser homem. Ela já havia matado homens mais velhos e mais fortes do que eu. Tá certo que eles estavam exaustos e meio bêbados por causa da noitada, mas o fato de eu ser homem não me dava nenhuma vantagem, só fazia de mim seu alvo.

     Eu estava, no mínimo, a dez passos a sua frente. Desde o dia em que nos conhecemos.

--------------------------------{flashback onn}  

    -- Já sabe o que tem de fazer! – falei a mim mesmo enquanto entrava na biblioteca da faculdade.

     Grace, uma mulher de no máximo 40 anos que trabalhava lá me observou desde a entrada até a mesa onde me sentei. Ela tinha cabelos longos castanhos-claro e olhos azuis, sua pele era naturalmente clara, mas estava bronzeada, vestia uma calça jeans e uma blusa preta colada com decote em v.

    --É calouro? Nunca te vi por aqui – caramba, foi mais fácil do que imaginei.

    --Estava afim de um lugar calmo para sentar e ler – sorri para a mulher que acabara de sentar ao meu lado.

    --Hmm – Grace me observava, abri o livro que tinha em mãos e fingi ler. – Que livro é este?

    -- Um estudo em Vermelho¹. É um dos livros de Arthur Conan Doyle sobre Sherlock Holmes. – contive a vontade de comentar sobre o livro, de descrevê-lo e falar o tanto que era fascinante. Já o lera no mínimo cem vezes.

    --Gosta de livros de detetives? – adoro.

    --Sim. Principalmente sobre Sherlock Holmes. Um dia ainda vou superá-lo – acho que falei demais.

    --Superar um personagem que nunca existiu? – ela riu, todos riam.

    --Antigamente, houve vários debates quanto a isso. Algumas pessoas acreditavam que Holmes realmente existiu e que o Sir. Arthur era seu companheiro². – falei tentando me explicar, o que não deu muito certo – É estranho, mas sim. Ficção ou não, Sherlock Holmes era um gênio. E o que fala no livro é verdade.

    --O que é verdade? – perguntou curiosa. Ou fingindo estar.

    -- Sobre conhecer uma pessoa por mínimos detalhes – não posso mentir que fiquei arrependido ao perceber que ela nunca havia lido nenhuma das maravilhosas histórias sobre o Dr.Watson e Sherlock Holmes.

    --Sério? – perguntou incrédula – Prove-me – desafiou-me.

    --O que eu ganharia com isso? – perguntei com um olhar malandro. Mas já sabia a resposta.

    --Um café!

    --Um café! – falei ao mesmo tempo em que ela. Percebendo que a deixei surpresa, me expliquei – no livro também é comentado sobre a capacidade de ler a mente dos outros. Sem o uso de magia ou coisa do tipo. Apenas por suposições e deduções.

    --Bom, você está me convencendo a ler o livro, mas ainda não me provou a primeira teoria. – deu um sorriso de caçadora.

    --Certo – fechei o livro e passei a observá-la, fingindo ver os detalhes – Tem em torno de 35, 36 anos...

    --36 – falou.

    --Mora em apartamento que não tem elevador e o prédio está em reforma, vem para a faculdade a pé, passando por um campinho de futebol...

    --Como você sabe de tudo isso?! – ando te seguindo há um mês.

    -- Você estar em forma e suas pernas são grossas, o que induz a acreditar que você sobe muito escadas. Já que, a julgar pelo funcionamento da faculdade e pelo seu tempo de trabalho, é difícil ter tempo de ir a uma academia – Grace me observava, prestando atenção a tudo que eu dizia – Na sua roupa, há um pouco de poeira de cimento, daqueles usados na construção de prédios ou em reformas. – acho que está ficando convincente.

    --E o campinho?

    -- Tem terra molhada e grana no seu sapato. Como não chove há um tempo, imagino que tenha passado por um campinho que é diariamente regado.

    --Incrível! – ela realmente se convenceu com muito pouco – E o que eu comi?

    --Nada. Só tomou café no Sr. Coffe – isso, inteligência suprema. Agora escreve na testa que a seguiu.

    -- Como sabe disso? – merda, acabei de estragar meu disfarce, agora ela deve suspeitar que estava sendo observada.

    --Seu hálito tem aroma de café – infelizmente não fui dotado de imaginação – e o melhor café perto da faculdade é o Sr. Coffe.

    --É, você é realmente bom! – como ela acreditava em desculpas tão esfarrapadas?

     Que seja. Ainda estou no caso.

     Estou espionando Gracielle Nogueira há um mês, porque sabia que era ela quem estava matando universitários entre 18 e 30 anos. Ela os seduzia, levando-os a algum lugar e depois os matavam.

     Tenho provas. Tenho 19 provas, para ser exato. Achei todos os corpos. E agora que garanti que serei a vigésima vítima, não haverá mais corpos.

     Eu iria pará-la!

-------------------------------{flashback off}

     Estava na cara que seria hoje o dia em que ela me mataria. Só que eu já estava preparado há muito tempo.

     Ela estava tão concentrada em achar uma desculpa para me tirar dali que nem percebeu quando fechei a algema em seu pulso. Tive de me segurar para não rir do descuido dela.

     Como eu disse, é bem mais fácil confiar em gente lerda.

     Assim que entrei na biblioteca naquela noite, escolhi uma mesa mais afastada para me sentar e prendi uma algema na perna do mesmo móvel, que era embutida. Depois que Grace se sentou ao meu lado, deixei passar cinco minutos e prendi seu pulso no outro lado da algema.

     Grace ainda não percebeu. Mas farei perceber.

    -- Não vai mesmo me responder? – pressionei.

    --Não. – um brilho malicioso apareceu em seu olhar – Divirta-se na Caça ao Tesouro, isso se você sair vivo desse jogo. – esse lado dela eu não conhecia. Grace não ia mais me levar a lugar nenhum, ia me matar aqui. Mesmo sabendo que corria um grande risco de ser pega.

     Aquilo era pessoal. Eu a tinha enganado e brincado com ela como bem entendi.

    --Você está atrasada – falei, pegando meu celular e enviando uma mensagem para meu irmão, que é policial (de modo que ela não percebesse, claro) – A brincadeira de Caça ao Tesouro já acabou faz tempo – a mensagem já estava pronta há uma semana. Nela eu falava onde estavam os corpos – E eu venci. Agora minha recompensa será sua confissão.

    -- Cretino – que emocionante, chegamos ao estágio das palavras de baixo calão – Você me paga! – Grace tentou me pegar pela primeira vez, mas eu fui mais rápido, levantando-me e ficando a uma distancia segura.

     Agora ela notou a algema.

     Um pouco tarde. Está bem, muito tarde

    --O quê? Quando? – ela olhava de seu pulso preso para a perna da mesa, como se a algema tivesse aparecido do nada como magia.

    -- A prendi aí desde que me sentei – esclareci – Quando você veio falar comigo estava tão ocupada procurando uma desculpa para me levar a algum lugar, que nem percebeu quando fechei a algema em seu braço.

    -- E agora? – perguntou-me – Vai me matar? Vai me entregar a polícia? Você não tem provas! – não se cansa de estar errada?

    --Matar vai contra meus princípios – falei, tirando meu celular do bolso -  Mandei uma mensagem para meu irmão e logo ele estará aqui – Grace estava furiosa, esticando-se o máximo que podia na tentativa de me pegar. Seus olhos expunham sua ira.

     Tremores de êxtase percorreram meu corpo. Adorava a sensação do perigo. Pura adrenalina.

     Ela não conseguiria me pegar, mas aqueles olhos davam conta do recado. Era a fúria em pessoa. Podia até sentir o que ela queria fazer comigo.

     Só com aquele olhar, eu já me imaginava em uma mesa recebendo as mais variadas torturas já inventadas e tantas outras a serem inventadas.

     Eu havia pisado em seu orgulho.

    -- Você não tem provas! – gritou, parando de tentar me pegar, devia ter percebido que era em vão lutar contra as algemas. Sem falar que só havia conseguido deixar seu pulso sangrando.

    --“Vá até o mercado Jhon’s. Na rua que passa em frente ao mercado, tem uma trilha que dá para a casa no meio da floresta” – li a mensagem que havia mandado para Leo em voz alta – A mensagem não podia ser muito grande, então, não deu para dizer exatamente onde estão os corpos.

    -- Quem é você? Como descobriu? – ela estava chocada, mas a ira continuava lá.

    --Eu? Apenas um mero estudante de direito – sorri de uma orelha a outra, adorava aquela sensação - A pergunta é: Como você pode ser tão descuidada? Você praticamente matava uma semana sim e a outra não.

     Eu ainda ia pisar mais no orgulho dela, se não fosse pela chegada do meu irmão.

    --Sammy?! – Leo parecia está muito preocupado – Sam, você está bem? – correu até onde eu estava me abraçando. Mais sete policiais entraram com ele.

     Que exagero. Ela era apenas uma assassina irada que estava algemada. E todo mundo sabe que não se prende feras.

    --Estou bem, Leo – tentei acalmá-lo – Relaxa, ela não fez nada – completei dando meu ultimo risinho brincalhão para Grace.

------------------------{Sam pov off}


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Notas finais do capítulo

¹~ Primeiro livro que retrata as aventuras de Sherlock Holmes.² ~Já houve muita polêmica quanto a existência de Sherlock Holmes, antigamente acreditava-se que Holmes realmente existiu e que Sir. Arthur apenas relatara o que vira, como Watson, em seu livro.Bom... é isso, espero que gostem.Reviews? '



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