A porta se abriu chamando a atenção do ruivo. Pelo menos, por meio segundo, afinal, estava ocupado demais jogando algum de seus mil jogos.
Mas não o suficiente para deixar de notar a presença do loiro.
- Finalmente, Mello! – Disse com um sorriso. – To te esperando desde manhã. Achei que íamos botar um de seus planos, pra capturar Kira, em prática.
- Houve um imprevisto. – Murmurou de mau humor, tirando o casaco de couro que vestia e jogando sobre o sofá.
- Tudo bem. Eu, francamente, não me importo. – Matt pausou o jogo para acender um cigarro, rapidamente. – E aí? Ta afim de jogar comigo? – Já sabia a resposta, mas não custava nada perguntar.
Porém, o outro simplesmente passou reto e foi em direção ao quarto. Tinha que admitir que aquilo chamou sua atenção... Em dias normais, Mello diria: “Não tenho tempo pra essa merda! Você devia estar trabalhando, porra!” ou algo do tipo. Então, Matt decidiu salvar o jogo e ir atrás dele ver se tinha algo errado.
Entrou no quarto, discretamente, e encontrou Mello deitado sobre a cama, olhando para o teto.
- Você parece cansado. – Murmurou.
- É porque estou cansado, idiota. – Ele respondeu, fechando os olhos em seguida. Foi quando Matt percebeu algo que estava em sua mão e pegou, fazendo-o abrir os olhos novamente. – Mas que merda você ta fazendo?!
- Ah, então é isso... Você foi se encontrar com ele. – Matt falou analisando a foto em sua mão. Era uma foto de Mello, ainda criança, antes de fugir da Wammy’s House. O ruivo se lembrava dele nesse época e também se lembrava daquela foto... – Eu queria ter ficado com essa foto. Você era até bonitinho quando criança, ninguém diria que ia virar um mafioso...
- Devolva. – Ordenou, sentando-se na cama. – Vou queimar essa maldita foto.
- Por que? Near guardou tão bem... – Matt respondeu com um sorriso maldoso. - Alias, como ele está?
- Você acha que eu fui tomar um chazinho com aquele albino de merda ou o que?! Eu não sei como ele está! Não quero saber! – Mello bradou e arrancou a foto das mãos de Matt. – Fui pegar informações sobre Kira, ok? E também avisá-lo que eu o vencerei. Afinal, eu sou o verdadeiro sucessor do L...
- E ele te deu essa foto antes ou depois de você avisar que vai vencer, ein? – Indagou o ruivo, com a clara intenção de provocá-lo.
- Vai se fuder, Matt! – O loiro respondeu e se levantou, jogando a foto de qualquer jeito sobre a cama. – Não sou obrigado a ficar ouvindo essas suas insinuações estúpidas.
Mello começou a se despir, enquanto ia em direção ao banheiro e se trancava lá dentro. O ruivo pegou novamente a foto e, dessa vez, virou, encontrando um “Querido Mello” escrito atrás dela, A caligrafia era de Near, pôde perceber.
Foi até a porta do banheiro e sentou-se encostado a porta, se perguntando porque Mello dava tanta importância a tudo aquilo e, principalmente, a Near.
- Hey, “Querido Mello”, já parou pra pensar que todo esse seu ódio não é recíproco? – Indagou. Não houve resposta, mas sabia que ele tinha ouvido. – Acho que o Near não te odeia tanto quanto você o odeia...
O loiro foi até o chuveiro e o ligou, deixando a água escorrer por seu corpo. Refletiu um momento a respeito do que Matt tinha acabado de dizer e viu que ele tinha razão.
Na verdade, Mello sabia de tudo isso. Near não o odiava... Nunca tinha odiado, de fato. Afinal, Mello tinha deixado sua marca nele de algum modo.
Assim como tinha marcado Matt. Senão, ele não estaria ali sentado no chão apenas esperando-o sair...
Eles eram seus. E isso nunca mudaria.