A Filha de Cronos escrita por NatyAiya


Capítulo 35
Capítulo 32 - Desespero


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pela demora, mas aqui está um capítulo.
Ele revela o que estava e está acontecendo com a Samantha...
Boa leitura.



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Capítulo 32 - Desespero

POV Apolo

Um mês depois, Samantha já estava bem e voltou à rotina normal dela. Dormir em meus braços, ir para o Acampamento sem comer nada, comer lá, treinar os campistas, voltar para o Olimpo e jantar comigo. Depois tudo começava de novo.

Durante a primeira semana, eu fiz ela me aguentar ao lado dela enquanto ela treinava os campistas e mesmo agora, depois de um mês, eu ainda ia até a arena de esgrima para observá-la treinando os campistas, mas na maior parte do tempo, ela treinava a própria filha e Roberta, que por sinal era uma péssima esgrimista.

Ela me viu no canto da arena e veio andando até onde eu estava.

– Veio só para ficar olhando ou aceita um desafio? - ela perguntou tirando a espada da cintura.

– Vou aceitar um desafio se você pegar leve comigo. - eu falei sorrindo.

– Ok. - ela falou sorrindo e gritando para os campistas liberarem a arena. - Aula especial. - ela falou indo para o meio da arena enquanto eu fazia minha espada aparecer em minhas mãos e ela fez a dela aparecer nas mãos dela, já que a que ela usava era uma do Acampamento. - Pronto? - ela perguntou se virando para me encarar.

– Nasci pronto, Samantha. - eu falei me posicionando.

– Ok. - ela falou já me atacando.

Me defendi por puro reflexo, ela estava lutando para valer e eu não estava tendo tempo para atacá-la, lembrando do fato que ela é dois milênios mais velha do que eu.

Finalmente consegui atacá-la, cortei um pedaço da blusa dela, não cortando seu braço por pura sorte. Ela me atacou mirando meu joelho mas no último segundo ela rodou em volta de si mesma e raspou a espada em meu braço, não era para me machucar, era só para me distrair. Aparei a espada dela quando ela girou a espada para me desarmar.

Ficamos nos atacando e causando alguns ferimentos leves um no outro por algum tempo, até que ela aparou minha espada perto de seu peito, mas ela não revidou, ela simplesmente ficou parada.

– Samantha? - eu perguntei estranhando o gesto dela.

– Afaste-se. - ela murmurou fechando os olhos e um círculo de fogo tomou conta da arena. - Saia daqui. - ela falou para mim.

Quando eu não me mexi, ela ergueu a espada na minha garganta.

– Saia Apolo. - ela falou com os dentes cerrados.

Obedeci ela sem entender, mas me arrependendo no mesmo segundo, mas já era tarde. Ela tinha bloqueado qualquer passagem para o meio com fogo.



POV Samantha

Aparei a espada de Apolo centímetros de meu peito, mas não cheguei a revidar. Senti um monstro dentro do Acampamento, não era possível mas eu tinha certeza.

Fiquei em um transe por alguns minutos e só voltei ao normal quando Apolo estava fora da arena. Me virei a tempo de ver o Leão de Neméia pular o fogo e me encarar.

Fiquei imóvel por três segundos, antes de começar girar a espada em minhas mãos fazendo com que aos poucos, ela se modificasse e virasse minha foice.

Ele rosnou ao ver o brilho da lâmina mas não chegou a atacar. Escutava Apolo e vários campistas gritando meu nome e mandando eu sair dali, ignorei todos e me concentrei no leão à minha frente.

Uma explosão, não sei de onde, fez ele me atacar. Desviei um segundo antes que suas garras descessem onde eu estava. Ele tinha decidido me matar e agora não estava mais apenas me encarando, ele também me atacava. Em um dos ataques, eu demorei um segundo e ele passou as garras pela minha barriga. O ódio que tomou conta de meu corpo, foi o sufiente para que eu começasse a pensar no Tártaro e um pequeno buraco negro começou a abrir no meio da arena de esgrima. Ergui minha mão livre e gritei com a força que ainda restava.

Μαύρη τρύπα ανοίξει για μένα – então o Leão de Neméia desapareceu no buraco e tudo escureceu ao meu redor.




POV Apolo

O fogo que a Samantha tinha feito cercar a arena, foi abaixando aos poucos e pude ver o buraco que ela tinha aberto e à alguns metros dele, ela estava caída, com o sangue dourado espalhado ao redor dela.

Διαγραφή– gritei e rezei para que desse certo. Deu, o fogo apagou por completo deixando que eu passasse e fosse até onde ela estava caída. - Samantha. - eu a chamei desesperado. A vida dela corria mais uma vez perigo e eu não sabia o que fazer.

A poça de sangue ao redor dela, não parava de aumentar e a cada segundo ela ficava mais pálida ainda. Rezei para Hades, o único deus que poderia me ajudar naquele instante, uma sombra negra passou sobre a arena e se juntou em lugar à alguns metros de onde eu estava com a Samantha em meus braços.

– Pediu minha ajuda, sobrinho? - ele perguntou olhando para mim debochadamente. - O que aconteceu com ela? - ele perguntou vendo a poça de sangue dourado ao nosso redor.

– Leão de Neméia. - eu respondi.

– Ele que fez isso com ela? - ele perguntou.

– Sim. Hades, ela está morrendo. Me ajude! - eu gritei fazendo os campistas chegarem mais perto para ver o que estava acontecendo.

– Onde está o Quíron? - ele perguntou olhando ao redor.

– Estou aqui, Lorde Hades. - Quíron falou abrindo caminho pela multidão de campistas que se formava.

– Traga o máximo de ambrosia e néctar que você conseguir. Cronos está querendo ela lá no Tártaro, mas não vai ser hoje que ele vai conseguir. - Hades falou se ajoelhando ao meu lado e fechando o buraco que a Samantha tinha aberto. - Ela conseguiu fazer esse estrago mesmo ferida? - ele perguntou depois de levar um minuto inteiro para fechar o buraco.

– Sim.

– Minha irmã é mais poderosa do que eu pensava. Eu sempre acabo me enganando com ela... - ele falou sorrindo.

Quíron chegou com os braços carregados de néctar e ambrosia, ao seu lado, dois campistas traziam mais.

– Foi o máximo que conseguimos trazer. - ele falou olhando para mim.

– Apolo, temos que fazer esse sangramento parar e rápido! Isso vai ser com você, quem tem o dom da cura é você e não eu. - Hades falou para mim bebendo um gole de néctar e se concentrando, aos poucos, vários espectros negros apareceram na arena.

Ignorei e me concentrei em parar o sangramento da Samantha. Ele tinha sido feito pelo Leão de Neméia, não seria fácil.

– Preciso de panos limpos e um pouco de água. - eu pedi conseguindo fazer com que parasse de sangrar um pouco. Minhas mãos estavam douradas de sangue e minha Samantha estava cada vez mais pálida e mais fria. - Hades, preciso de ajuda. - eu falei olhando para o deus à minha frente.

– Afaste-se. - ele falou.

– O que vai fazer? - eu perguntei vendo ele abrir uma das garrafas de néctar.

– Tentar fechar isso. - ele falou antes de jogar o conteúdo da garrafa sobre o ferimento.

– Hades, estamos falando do Leão de Neméia, não vai fechar isso com um pouco de néctar. - eu falei irritado.

Cinco campistas chegaram naquele momento com toalhas e uma bacia de água.

Concentrei meu poder naquele ferimento, já estava me sentindo cansado, mas a vida dela era mais importante do que a minha. Limpei o sangue da melhor forma que consegui com uma toalha e com uma outra pressionei o ferimento.

– Quíron, teria um quarto livre na Casa Grande? - Hades perguntou por mim.

– Tem, mas daqui onde estamos, não seria mais fácil levá-la para um dos chalés? - Quíron perguntou batendo os cascos nervoso.

– Hades, ele tem razão. É mais fácil levá-la para o meu chalé do que para a Casa Grande. - eu falei concordando com Quíron.

Um trovão foi ouvido quando eu começava a pegá-la no colo para levá-la ao meu chalé.

– Zeus está sabendo do que aconteceu. - Hades falou. - E está furioso. - ele completou quando o tempo começou a fechar.

Já estava saindo da arena de esgrima quando os primeiros pingos de chuva começaram a cair. Antes que eu desse mais que dez passos, quatro figuras bloquearam meu caminho. Zeus, Poseidon, Aghata e Athena estavam na minha frente.

– Leve ela para o meu chalé. - meu pai falou olhando rápidamente para a mulher em meus braços. - Vamos logo, Apolo. Ela ainda está perdendo sangue.

Mesmo estando em seis pessoas, seis deuses, levamos horas para fazer o sangramento parar. Samantha estava tão branca quanto a neve, a respiração dela estava fraca e ela estava muito gelada.

Todos estavam em silêncio dentro do chalé de Zeus. Todos observavam a única deusa deitada em uma das camas.

– Hades. - eu falei quebrando o silêncio. - O que você quis dizer quando falou que Cronos está querendo ela no Tártaro? - eu perguntei quando ele ergueu o rosto e olhou para mim.

– O Tártaro está agitado, ela mesma sabia disso. Por que você acha que ela não vai ao mundo inferior há meses? - ele perguntou olhando para mim como se a resposta fosse óbvia.

– Se ela ficasse muito fraca ou muito ferida, a ponto de ter que ir para o Tártaro, ela iria lutar com qualquer força que ela encontrasse para sair de lá. Isso poderia ajudar Cronos a sair de lá, Apolo. Por isso ele queria ela lá e quase conseguiu uma vez há dois meses e mais uma vez agora. - Aghata explicou fechando a mão com raiva.

– Mas isso não explica como o Leão de Neméia entrou no Acampamento. - Athena falou.

– Isso foi minha culpa. - Zoe falou entrando no chalé de Zeus com Ártemis atrás dela.

– Como assim, Zoe? - Poseidon perguntou olhando para a primeira tenente de minha irmã.

– As coisas estavam calmas para as caçadoras, Apolo. Eu pedi para Hades libertar alguns monstros do Tártaro e ele libertou o Leão de Neméia. - Ártemis começou a falar. - Mandei Zoe com mais quatro de minhas caçadoras atrás dele.

– Uma das caçadoras que estava comigo, cercou o Leão de Neméia perto da barreira do Acampamento mas eu não sei como, a barreira se rompeu e ele entrou no Acampamento. Depois eu não sei o que aconteceu. - Zoe falou quando Ártemis parou de falar.

– Bem, ele voltou para o Tártaro, mas deixou a Samantha muito ferida. - Hades falou balançando a cabeça negativamente.

– Só a Samantha que vai poder explicar o que aconteceu de verdade. Vamos ter que esperar ela recobrar os sentido. - Zeus falou franzindo a testa. - Apolo, você cuidaria dela? - meu pai perguntou para mim.

– É claro. - eu falei erguendo a cabeça e olhando nos olhos azul-elétrico de meu pai.

Aghata se levantou e pegou no meu braço com força.

– Venha comigo. - foi a única coisa que ela falou me arrastando junto com ela para fora do chalé.

– Está doida, Aghata? - eu perguntei quando ela me soltou alguns metros de distância do chalé.

– Não, não estou. Apolo, eu sei que você ama minha mãe. Mas eu preciso saber se você cuidaria dela, como ela cuidou de você logo quando eu cheguei. Se lembra? Quando eu estava sendo testada e deixei você se ferir. Você ficou por quase três dias inconsiente, e ela não saiu do seu lado nem por um minuto sequer. Quero saber se você cuidaria dela com a mesma dedicação e carinho. Meu pai está rodeando ela como um abutre, qualquer pequena recaída ele vai atacar. Minha mãe sabe disso e eu também. Desconfio que foi meu pai que quebrou a barreira do Acampamento por tempo o suficiente para o Leão de Neméia passar. Ela está fraca, Apolo. Não tem como ela se defender sozinha, ela precisa de você da mesma forma que você precisou dela. Quero saber se você é capaz de protegê-la. - ela falou tudo isso com a voz controlada mas pude perceber o desespero na voz dela.

– Aghata, eu demorei dois milênios e mais um pouco para perceber que ela é a única deusa, a única mulher nesse mundo que me completa. Se seu pai quer ela para usá-la como uma escada para sair do Tártaro, ele não vai conseguir. Ela não vai para o Tártaro, porque eu não vou deixar. Vou ficar ao lado dela sempre, ela precisando de mim ou não. É uma promessa isso Aghata. A vida dela é mais importante do que a minha. - eu falei olhando no fundo dos olhos dela.

– Fico mais tranquila então. Vamos voltar, e me desculpe pela forma que eu te arrastei para cá. - ela falou abaixando a cabeça quando começamos a andar de volta para o chalé de Zeus.

Entramos no chalé e não tinha mudado nada. A única coisa de diferente é que o ferimento estava voltando a sangrar um pouco.

– Apolo, não acha melhor levarmos ela para o Olimpo? - Ártemis perguntou para mim assim que eu entrei.

– Ela pode piorar. - Athena respondeu por mim.

- Não estou falando em levá-la para o Olimpo através de teletransporte. - minha irmã falou.

– Então como Ártemis? - Poseidon perguntou olhando para ela curioso.

– Da forma como os semideuses vão até lá, pelo elevador do Empire State. Ou então com o carro do sol. - ela falou olhando para mim.

– Fico com a primeira opção. - eu respondi.

– Pode ser, mas é melhor esperarmos até amanhã de manhã. - Aghata falou e Zoe concordou.

– Eu fico com ela até amanhã. Se você quiserem, podem voltar para o Olimpo. - eu falei.

– Vamos voltar, mas estaremos aqui amanhã de manhã. - Zeus falou saindo do chalé. Ártemis foi a única que continuou no chalé junto comigo.

– Deveria voltar para as suas caçadoras. - eu falei para ela quando ela se sentou onde Poseidon estava antes.

– Zoe pode cuidar delas. - ela falou simplesmente. - Deveria descansar um pouco. De todos os seis deuses que estavam aqui antes que eu chegasse, você foi o que mais trabalhou, segundo eles. - ela falou sorrindo para mim.

– Não me importo em continuar acordado. - respondi.

– Ela vai precisar de você, Apolo. Descanse. Ao contrário de quando foi com você, ela não irá melhorar em três dias. - ela falou. - Descanse. Eu vou ficar com ela, qualquer coisa eu te acordo. - ela falou.

– Vai me acordar mesmo, Ártemis? - eu perguntei descrente.

– É a sua mulher, Apolo. Ela pode ser a nossa tia, mas ainda assim, para você, ela é sua mulher. - ela falou ficando irritada comigo.

– Vou acreditar em você. - eu falei saindo do lado da Samantha e me deitando em outra cama. Deixei o cansaço tomar conta de mim e em poucos minutos estava dormindo.

Acordei algumas horas depois com Ártemis me chamando.

– O que aconteceu? - eu perguntei vendo as mãos dela com sangue e me levantando na hora.

– Voltou a sangrar e ela está com febre. - minha irmã respondeu saindo da minha frente e deixando eu trabalhar.

– Ártemis, procure toalhas para mim. Preciso fazer esse sangramento parar. - eu falei me sentando ao lado do corpo imóvel de Samantha.

– Estão aqui. - ela falou já com várias toalhas nos braços.

O sangramento parou mais rápido dessa vez e eu me dediquei a controlar a febre que estava relativamente alta. Faltava apenas uma hora para o amanhecer e Ártemis ficou conversando comigo. Revimos todas as coisas que sabíamos e nos lembrávamos sobre o Leão de Neméia mas nenhum deus tinha sido ferido de tal forma pelo Leão, então era quase que impossível dizer o que aconteceria com ela agora.

Alguns minutos antes de amanhecer, os deuses voltaram a entrar no chalé com a compania de Quíron. Ele lançou um olhar preocupado para a deusa que estava na cama, ela não tinha melhorado nada ainda, continuava pálida e gelada. Ele nos auxiliou até o topo da colina onde Hermes nos aguardava com um carro bem espaçoso. Aghata, Athena e Hades vieram comigo no carro enquanto Zeus, Poseidon e Ártemis iam direto para o Olimpo e nos esperariam lá.

Hermes parou em frente ao Empire State quarenta minutos depois e foi na frente para pegar a chave do elevador. Retirei Samantha com cuidado do carro e Hermes já nos esperava na porta do elevador. Aghata, Athena e Hades não paravam de lançar olhares preocupados para a mulher em meus braços, até Hermes fazia o mesmo, mas ninguém falava nada.

Aghata e Hades estavam rígidos quando a porta do elevador abriu e saímos no Olimpo.

– Hades, a aura dela... - Aghata murmurou.

– Eu sei. Apolo, leve ela para o seu palácio. Estamos correndo contra o tempo agora. - ele falou me apressando.



POV Hades

Vi a aura de minha irmã mudar rapidamente enquanto estávamos dentro do elevador. Aghata parecia ter percebido também, já que estava mais pálida e rígida do que o normal.

Apressei Apolo até o palácio dele, mandei uma ninfa atrás de Asclépio, não poderíamos perdê-la para Cronos, era o meu único pensamento enquanto ajudava meu sobrinho a cuidar da Samantha. Aghata observava tudo de longe junto com Athena, Ártemis, Zeus e Poseidon.

Asclépio apareceu alguns minutos depois e o máximo que ele conseguiu fazer foi abaixar a febre dela e evitar que o sangramento continuasse.

O medo tomava conta do quarto. Todos com o mesmo medo. O medo de perder Samantha, o medo que ela sucumbisse às investidas de Cronos, o medo que ela não tivesse mais forças para lutar.

Apolo era quem estava mais desesperado com a possibilidade. Ninguém saiu do quarto até de noite, quando a aura dela começou a mudar muito lentamente.

Aghata expulsou todos do quarto e disse para Apolo ir descansar, mas ele nem se mexeu. William apareceu alguns minutos depois e tirou a namorada de dentro do quarto deixando apenas Apolo junto com a Samantha.


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Notas finais do capítulo

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