Sete Chaves I - acima dos Céus escrita por apequenaanta


Capítulo 16
Eu subo em uma árvore do tamanho de um prédio.


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo: Sentiram saudades? Não aceiterei um não como resposta. Q
Enfim, quem posta as 6:40 da manhã? (Na verdade era para eu ter postado as 5:32, mas ouve um problema com HTML e lá fui eu tentar ajeitar de novo) Só a anta aqui, claro. -q
Mas então, não consegui tirar minahs férias. Me aperguei demais a essa fic para chutar tudo pro alto por uma semana. O bom é que nesses seis dias as ideia praticamente explodiram em minha cabeça.
Enfim, espero que gostem. E eu queria agradecer a EricaOliveira pela a recomendação. :D



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CAPÍTULO QUATORZE

Eu subo em uma árvore do tamanho de um prédio.

– Como eu chego até lá? – me perguntava isso enquanto alisava meu queixo, fingindo que possuía uma longa barba de pirata.

 A fortaleza prateada parecia estar a horas de distancia de onde eu me encontrava. Sem contar que ela estava no céu e não havia nenhuma possibilidade de conseguir subir lá em cima. Só se eu aprendesse a voar. Coisa que não era possível, porque Zeus me fritaria como se eu fosse uma batata no óleo. Mas algo me diz que ele não tem muito domínio desse lugar.

 Olhei para o céu cinzento, esperando um trovão enraivecido ecoar. Entretanto nada aconteceu. Isso só provou minha teoria que Zeus não dominava todos os céus do mundo. Então talvez, só talvez, nesse céu eu possa voar. Agora só faltava descobrir como vencer a lei da gravidade de forma segura.

 Blackjack seria uma ótima opção. Porém, eu me lembrei que estava no interior de uma caverna feita para anões. Ele provavelmente não conseguiria entrar nela. E pelo o que eu sabia até o momento, o túnel pelo qual eu havia saído era a única entrada.

 Aproximei-me vagarosamente da borda do precipício.

 Admito que estava um pouquinho temeroso, porque com certeza esse era o maior precipício que eu já havia visto. Não que eu já tenha visto muitos.

 A escuridão engolia o final da queda impossibilitando eu calcular mais ou menos o quão doloroso ou rápido me espatifaria no chão, caso me desequilibra-se ou simplesmente fosse empurrado. Não descarto essa possibilidade. Vai saber se não tem algum anão à espreita esperando o momento perfeito para me empurrar com as suas mãozinhas gordas.

 Decidi tacar minha lanterna. Porque afinal, ela imitiria luz até se espatifar no chão. Isso me daria mais ou menos alguma visão do quão longo pode ser o final do precipício.

 Assim que eu a soltei, realmente esperei que depois de alguns segundos, ouvir um “PLAFT” e então ai o apagar da luz.

 Só que cara, isso não aconteceu.

 A luz ficou rodando, rodando até a lanterna estar afastada o suficiente para sumir. Eu até inclinei meu corpo para frente para ouvir melhor, caso se espatifasse mais para frente, só que nenhum barulho saiu.

 Engoli seco. Esse precipício parecia não ter fim. Típico, não sei por que não imaginei isso.

  Acho que fiquei alguns minutos pensando em jeitos improváveis de conseguir subir lá na fortaleza, até que gritos femininos e totalmente apavorados exalaram da caverna me chamando a atenção. Por reflexo, destampei a contracorrente e deixei a mochila escorregar pelo meu ombro até o chão. Posicionei-me na boca da caverna e empunhando a contracorrente com as duas mãos, esperei qualquer coisa sair de lá.

 Aos poucos os gritos foram aumentando e pontinhos vermelhos brilhantes salpicaram oscilando no fundo da caverna.

 As coisas aconteceram meio que muito rápido agora. Antes que eu desse por mim, Annabeth apareceu correndo em minha direção como um raio. Atirou-se – literalmente – em cima de mim, nos fazendo derrubar com tudo sobre o chão rochoso.

 Não tive tempo de perguntar qualquer coisa. Ela apontava com o seu dedo para a caverna e balbuciava coisas inaudíveis.

– Calma Annabeth, calma – eu dizia tranquilamente, querendo lhe passar algum conforto – O que está acontecendo?

 Ela não precisou responder. Assim que eu terminei a pergunta, enormes aranhas peludas saltaram da caverna para cima da gente. Elas tinham mais ou menos o mesmo tamanho de uma bola de basquete. Mas algo me dizia que elas só tinham esse tamanho porque estávamos encolhidos.

 Elas mostravam suas presas repletas de um liquido viscoso, que eu rezava para que não fosse veneno. Possuíam um símbolo estranho estampado na única parte do corpo despelada. Um tipo de anjo com as assas despenadas tão pequeno, que podia ser facilmente confundido com uma ampulheta. Os pontinhos vermelhos que eu havia visto na caverna eram os inúmeros olhos que elas possuíam.

 Aranhas. Está explicado o medo de Annabeth.

 Sem tempo para ficar gozando ou pensando em futuras piadinhas infames, porque eu sabia que essas aranhas não estavam aqui somente para assustar Annabeth, chutei ainda no chão como se ela fosse uma bola de futebol, uma aranha que saltou pronta para enfincar suas pressas em nós. Atirei a coitada em direção ao precipício e o barulho dela rosnando como se fosse um patinho de borracha me fez ficar com vontade de rir.

 Em conjunto, a dezenas aranhas que nos rodeavam, rosnaram. Sozinho, esse rosnado seria muito engraçado, mas em conjunto, era uma coisa muito da assustadora.

 Com um pulo, me levantei ainda segurando Annabeth.   Ela tremia e se negava a olhar as aranhas. Escondia o rosto em meu peito e rezava em grego para Atena a ajudar.

– Fique atrás de mim – sussurrei para ela.

 Uma coisa interessante aconteceu agora: Assim que eu me posicionei em frente de Annabeth, a protegendo, os pelos das aranhas eriçaram imediatamente. De repente, eu finalmente percebi que as aranhas estavam com muita, muita raiva mesmo da sabidinha.

 Isso significava duas coisas: Ou Annabeth foi ao ninho delas tacando inseticidas para todos os lados, ou elas são cria de Arachne, uma mulher tecedeira que Atena por pura inveja a transformou em uma dessas criaturas abomináveis.

 No caso, ambas as opções são bem plausíveis.

 Entretanto, não tinha tempo para pensar em hipóteses, as aranhas estavam atacando com tudo que tinham. Eu chutava, socava, rebatia com a lateral da minha espada como se fosse um taco de baseball e cortava todas que pulavam em nossa direção. Mas uma hora eu iria me cansar e as aranhas não pareciam estar se importando em levar alguns chutes no traseiro. Sem contar que mais desses bichos do tártaro pipocavam de todos os lados possíveis. Até escalando o precipício já haviam saído um punhado.

 Rebati mais uma aranha com a área plana da minha espada e essa voou até se chocar com a parede da caverna.

– Annabeth, essa seria uma boa hora de você superar milagrosamente o seu medo! – falei chutando para longe mais uma aranha que tentou se aproximar de nós cautelosamente – Você sabe que um medo só é superado quando é enfrentado. Vamos lá. Eu te conheço. Você sabe que lagrimas não vão afastar essas aranhas. Você sabe que pode enfrentá-las. 

 Ela não respondeu. Não fez nenhum barulho se quer para me insultar ou simplesmente me mandar gastar minhas calorias com as aranhas, não falando com ela. Isso me fez pensar que ela estava morta. Ou que havia desmaiado. Mas isso era bem improvável.

 Então algo que eu realmente não esperava aconteceu: Uma aranha que havia conseguido passar despercebida por mim, saltou bem em direção da minha cara. Suas presas estavam á mostra e o liquido viscoso gotejada. Felizmente, antes de ela conseguir chegar a minha cara e enficar essas presas nada bonitas nos meus olhos, um pé cruzou o ar do meu lado, e a acertou com tudo. A coitada voou até se chocar como se fosse uma bola de boliche, mais três aranhas.

– Ah, odeio quando você está certo – Annabeth praguejou, colando suas costas com as minhas.

– Isso quer dizer que você superou o seu medo? – perguntei cortando uma aranha em dois.

– Nem de longe. Provavelmente é a adrenalina.    

 E com isso, eu soltei uma risada alta enquanto exterminava como um profissional as dezenas de aranhas que nos atacavam impulsivamente.

 Minha mente estava no automático: Cortar, chutar, abaixar e defender.

 Havia passado um punhado de tempo desde que essas malditas aranhas estavam nos atacando. E cara, não tava sendo difícil. Mas sabe o que era pior? Elas se multiplicavam como coelhos. Matava uma e mais três pipocavam da caverna. Eu já estava me cansando. E algo me dizia que Annabeth não estava muito melhor.

 Felizmente, o numero de aranhas estava menor do que há dez minutos atrás. E pelo menos com isso, uma chaminha de esperança cresceu em meu peito.

 Abaixei e uma aranha zuniu grunhido sobre minha cabeça. Senti a gosma que estava presente em suas presas gotejar sobre em meu cabelo e com isso, meu couro cabeludo começou a queimar.

 Poha! Eu sabia que aquele troço era veneno.

 Por sorte, graças a minha invulnerabilidade aquilo não queimou por muito tempo e logo eu já estava de volta para a luta que acontecia.

 Annabeth perfurou mais uma aranha com a sua adaga e atacou em direção ao precipício.

– Já estou cansada de tudo isso – resmungou – Me de cobertura. Vou por um fim nisso – pediu ajoelhando no chão.

– O que você ira fazer? – perguntei rebatendo mais uma aranha para longe de nós.

 Annabeth depositou sua mochila no chão e a abriu, procurando algo.

– Você verá – ela abriu mais um compartimento da mochila – Graças aos Deuses – agradeceu segurando um pequeno pedaço de pano que eu reconhecia muito bem.

– Fogo grego? Você podia ter o usado antes.

 Ela deu os ombros.

– Eu podia, mas não usei. Estava guardando para emergência. Mas do que adianta se estaremos mortos em breve?

 Fazia sentindo.

 E com isso, ela tirou um isqueiro da bolsa e acendeu o pedaço de pano, jogando ele a alguns metros de onde estávamos. Segundos depois, uma enorme parede de fogo, com quase 2 metros de altura explodiu a nossa frente. As aranhas grunhiram e após tentaram atravessar sem sucesso a parede flamejante, voltaram por aonde haviam saído, somente deixando as que já estavam do nosso lado para nós exterminamos. Felizmente, eram poucas e após alguns minutos, estávamos finalmente livres daqueles seres demoníacos.

 Desabei exausto no chão. Se viessem mais aranhas, eu tinha certeza absoluta que elas ganhariam dessa vez. Então vamos rezar para que não venham mais aranhas.

– Deuses! Achei que não acabaria mais – falei tampando a contracorrente.

As chamas trepidantes começaram a perder as forças. Logo, não era mais uma parede flamejante de dois metros que afastava as aranhas tão graciosamente e sim uma linha de chamas fracas que não assustava nem o Grover.

 Annabeth não respondeu o que me fez ter certeza que ela já havia avistado a fortaleza prateada. E agora, nessa hora, ela provavelmente deve estar a admirando e pensando em algum jeito de chegar lá encima. Não para salvar a princesa, e sim para fazer um tour pelo castelo.

– Isso é... Tão lindo – Annabeth balbuciava – Tão grandioso. Poderoso. Intimidador.

 Eu disse, não disse?

– De perto da mais medo – comentei tirando uma pata cortada de uma das aranhas mortas do meu cabelo.

 E ai eu olhei em volta. Má decisão.

 Patas, cabeças, sangues, gosmas, pelos e partes cortadas de aranhas estavam espalhados no locar a onde batalhamos. Praticamente foi uma carnificina para com as aranhas. Senti-me mal com isso. Quer dizer, não que elas não merecessem, mas cara, nós matamos tantas aranhas que eu já havia perdido as contas. Afinal, eu sei que elas estavam aqui para matar Annabeth, mas elas fizeram isso porque mandaram.

 Então todo o arrependimento que eu estava se transformou em raiva. Eu prometo que irei acabar com a raça do cretino e filho da puta que esta pro trás de tudo isso.

–  Juro pelo Rio Styx.

 E com isso, um trovão solitário ecoou no céu cinzento, cortando o momento da admiração de Annabeth, me fazendo perceber só agora que eu havia falado isso alto.

– O que você jura? – ela perguntou tirando sua atenção da fortaleza.

– Bobagem – assegurei me levantando – Mas enfim, como você foi se meter nisso? – perguntei apontando para os restos mortais das aranhas.

– Eu peguei o pior caminho possível – ela começou se sentando ao meu lado – Estava invisível, e percorri o túnel calmamente. Esperando qualquer coisa. Quando nada achei, pensei “Ótimo! Acho que eu estou no caminho certo”. Só que bem, eu não estava no caminho certo.

“ Depois de andar por um tempo, chiados começaram a escapar das paredes rochosas. Quando dei por mim, enormes e horrendas teias de aranha decoravam cada pedra possível na caverna. Obviamente comecei a entrar em pânico. Mas decidi que se quisesse sobreviver, teria que controlar meu medo.

 Eu fiz isso. Quer dizer, por um tempo. Eu percorri sorrateiramente até o final do túnel. Mas só que não havia final do túnel. Eu estava no meio de um ninho gigante de aranhas! E quando eu percebi isso já era tarde. Arachne já havia sentindo meu cheiro de filha de Atenas e mandou suas crias atrás de mim.

 Então eu corri como louca. Por sorte elas não eram tão rápidas, porém eu sabia que se tropeçasse elas me alcançariam e me devorariam sem dó. Perdi meu boné dos Yankees no processo. Entretanto, de algum jeito, não sei como, eu acabei saindo no túnel que você havia pegado. Então cá estou” – Annabeth soltou tudo de uma vez.

 Wow. E eu achando que havia pegado o pior túnel. Mas então com isso me veio algo em mente: Se eu não havia pegado o túnel certo e muito menos Annabeth, Thalia com certeza nesse momento deve estar a onde os anões estavam juntamente com os nossos amigos.

– Temos que voltar e pegar o caminho da Thalia – falei me levantando – Ela deve estar nesse momento nos esperando na vila dos Anõezinhos lá.

– Prétas – Annabeth disse se levantando também.

– Como?

– Prétas. Sãos os Prétas. E eles não são anões.

– Isso realmente não era necessário – comentei ajeitando minha mochila nos ombros.

 Ela deu os ombros – indiferente.

– Enfim, vamos lá, salvar todos e voltar aqui para descobrir como subimos lá em cima – Annabeth concluiu.

– Parece um bom plano para mim.

 Ela sorriu verdadeiramente.

– Ótimo. Então vamos. O tempo corre e algo me diz que o efeito das bolachas não irá durar por muito tempo.

 Após ela dizer isso, algo inundou minha mente, me fazendo lembrar que ela me devia uma coisa.

– Hei, e a minha surpresa? – perguntei antes de ela entrar novamente na caverna – Eu sobrevivi.

 Annabeth parou os passos e se virou para me encarar. Tinha um brilho maroto nos olhos e por um momento eu temi qual fosse a surpresa.

– Acho que já tivemos surpresas o suficiente por hoje, não?

– Mesmo assim, você me deve uma surpresa.

 Soltou um suspiro pesado, parecendo realmente cansada. Caminhou até mim e parou bem a minha frente.

– Ta bom, ta bom. Mas terei que improvisar.

– Como assi –

 Antes de conseguir terminar a pergunta, senti seus lábios doces e macios se encontrando com os meus. Eu esqueci de como se faz para respirar no momento em que suas mãos agarraram firmemente meu pescoço. Meu cérebro estava a mil volts e eu sentia que em algum momento ele derreteria.

 Mas bem, vem fácil, vai fácil. Na mesma velocidade que ela grudou em mim, ela se separou.

– Não faça disso um hobby – pediu soltando uma risada.

 Ela ainda estava perto o suficiente para seu hálito com cheiro de uva conseguir me entorpecer como se eu fosse um viciado.

– Vai ser meio difícil. Geralmente continuo fazendo as coisas que eu gosto.

 Eu estava com os olhos fechados, mesmo assim, eu sabia que nesse momento ela estava rolando os olhos e um sorriso torto predominava seus lábios que á pouco tempo estavam grudados com os meus. Com o MEUS.

 Annabeth se afastou de mim e eu conseguia ouvir seus passos indo na direção da caverna. Sim, eu ainda estava de olhos fechados.

 Mas cara, da uma folga. Você sabe que uma surpresa nunca foi tão agradável.

 ***

 Já havíamos entrado no túnel que Thalia tinha escolhido. De todos os três, esse parecia ser o maior.

 Era cheio de curvas, descidas e subidas. Entretanto era igual o qual eu havia pegado, sem nenhuma conexão com qualquer outro túnel. Não era tão diferente dos outros dois, de acordo com Annabeth.  

 Aliás, Annabeth não estava estranha. Na verdade, ela estava até normal para uma pessoa que havia acabado de roubar um beijo do seu melhor amigo. Não que eu esteja reclamando.

 Não estávamos conversando, mas também não estava aquele clima tenso que ultimamente estava dês do nosso beijo na biblioteca. Na verdade, esse beijo de agora pareceu cancelar todos os efeitos pós negativos que aquele beijo tinha causado. Era um tipo de neutralizador. Mas sinceramente eu não me importava de desequilibrar o clima mais um pouquinho se isso significasse ganhar outro beijo.

 Annabeth parou os passos abruptamente e fez um sinal com os dedos para eu fazer silêncio. Eu não estava entendendo nada, mas mesmo assim fiz o que ela havia pedido.

 Ela aproximou a orelha na parede e fechou os olhos, parecendo se concentrar. Arfou assim que pareceu escutar algo e sinalizou para eu me esconder em uma das inúmeras pedras soltas que estavam dispostas pelo túnel. Logo após de se certificar que eu havia feito isso, fez a mesma coisa em outra pedra.

 Segundos depois, a parede rochosa a cinco metros de onde estávamos começou a tremular e em piscar de olhos, um enxame de aranhas soltou atrás dele, atravessando a parede da outra extremidade com uma normalidade parecendo já estarem acostumadas. Assim que a ultima aranha atravessou, saltei da pedra da onde estava e me aproximei dela.

– Bem, parece que já descobrimos como você foi parar no meu túnel – falei estendendo a mão para ela levantar.

 Ela aceitou a minha mão e mesmo tremendo, conseguiu ajeitar sua postura.

 – Temos que correr. Tenho certeza que Arachne as mandou atrás de nos e logo elas perceberam que não estamos mais lá.

 Assenti e logo começamos a correr o máximo que podíamos em direção ao final do túnel. Após alguns minutos, consegui escutar atrás de nós, abafados chiados e rosnados. As aranhas já haviam percebido que não estávamos mais lá e isso só nos motivou a correr mais rápido e a não tropeçar.

 A longe, uma luz estranha e esverdeada começou a iluminar a nossa frente. Não conseguia ouvir mais os chiados das aranhas, e isso me fez pensar duas coisas: Ou elas tinham medo daqui. Ou sabiam que iríamos morrer aqui.

 Não pensei coisas positivas. Cansei de pensar positivo e sempre cair de cara no chão.

 Então cara, algo estava acontecendo com agente e não havíamos percebidos até agora. Aos poucos, a caverna parecia estar mudando de tamanho. Encolhendo por assim dizer. Lógico que achei que fosse por que ela fosse assim, mas não era. A caverna não estava encolhendo. Nós é que estávamos crescendo. O efeito da bolacha havia acabado e era exatamente por isso que as aranhas haviam parado de nos perseguir.

– Acelera o passo Annabeth! Algo me diz que não iremos caber aqui se voltarmos ao tamanho original.

– Eu sei disso!

 Com as pernas maiores, nos movíamos mais rápidos. Em poucos segundos, já estávamos para fora da caverna, respirando tão alto como um porco. Nossos tamanhos já estavam originais, mas isso não pareceu ter o contraste no ambiente que eu imaginava. Quer dizer, era a moradia de anões então eu imaginava que tudo fosse pequeninho. Só que não era. Na verdade, era gigantesco. Eu parecia um anão no meio disso tudo.

 Os arbustos eram enormes. Pareciam até arvores. As arvores pareciam os enormes arranha-céus que decoravam New York. Só que eram verdes e imensamente mais bonitos. Os frutos das arvores, que parecia ser Ambrósia em forma de pêra, era mais ou menos do tamanho da minha cabeça. E olha, minha cabeça não era algo tão pequeno.

 Saímos em um tipo de morro, cercado por arbustos. A alguns metros abaixo de onde estávamos, Thalia em seu tamanho já original, se pendurava em um galho de uma arvore. Parecia estar observando algo. Por causa do moletom verde que ela usava, ela se camuflava perfeitamente com as folhas dos troncos. Só consegui reconhece-la por causa da enorme mochila alaranjada em suas costas, que era impossível de se ver de frente. O binóculo de Theodore estava em sua mão e ela colocava e retirava dos seus olhos.

Descemos até lá, tendo cuidado para sermos os mais discretos possíveis.

– Hei, Thalia – Annabeth sussurrou em baixo dela.

– Vocês demoraram – ela respondeu no mesmo tom, parecendo zangada – Já ia lá buscar vocês, só que ai meu tamanho voltou ao normal.

– Aqui é... Grande – comentei assombrado.

 Ainda havia sinais de que estávamos em uma caverna. Não era igual à saída do túnel pelo qual eu havia saído antes. Uma parede rochosa impunha os limites pelo qual a vila dos anões podia chegar. Conseguia ouvir uma queda d’agua a alguns metros de onde eu estava e imaginei que era aquele lençol de água que eu havia identificava antes que a alimentava.

 Fiquei tanto tempo perdido admirando o lugar que não havia percebido que Annabeth já escalará a arvore e agora estava ao lado da Thalia, pendurada no mesmo tronco.

– Eu disse que eles não eram anões – ela comentou casualmente, olhando pelo binóculo que havia arrancado da mão de Thalia – Ow, eles são realmente... Grandes.

– Ridiculamente grandes – Thalia debochou parecendo irritada.

– O que são grandes? – perguntei confuso.

– Os anões.

 Eu pisquei.

– Isso não está muito claro. Os anões são grandes? Quer dizer, grande para anões, certo? – tentei deixar tudo mais simples.

– Não. Eles são grandes. Realmente grandes – então ela olhou para mim e pareceu notar minha confusão – Venha aqui em cima ver.

– Aqui em baixo não dá?

– Nope. As arvores cobrem toda a visão do vilarejo.

 Bem, nunca fui um garoto chegado a escalar em arvores. Passava mais tempo perto da água ou coisa semelhante. Embora eu soubesse subir nelas. Porém, não em arvores que certamente me faria ser um bolinho de gordura e tripas se eu me desequilibrasse e me espatifasse no chão.

Consegui escalar sem nenhuma elegância, quase caindo umas quatro vezes. Por sorte, o tronco que elas se encontravam era um dos mais baixos, então eu logo estava do lado delas, segurando fortemente em um pedaço de galho mais fino que estava sobre nossas cabeças. Com isso, finalmente eu havia achado em equilíbrio e me estabilizado sobre o tronco.

– Ok, estou bem. Me passe o binóculo – pedi soltando meus dedos do pedaço de madeira áspero.

 Annabeth ficou mais alguns segundos com ele na frente dos olhos, com as sobrancelhas franzidas. Parecia estar aborrecida ou confusa sobre algo. Depois ela passou para Thalia que me entregou.

 Quando elas disseram que eles eram grandes, eu imaginei que fossem grandes para anões. Quer dizer, pensei que eles tinham mais ou menos o nosso tamanho. Só que cara, eu não podia estar mais errados. Esse filhos da puta quase chegavam aos 2,50 m de altura. Eles me fariam ser um anão perto deles.

 Assim que eu olhei pelo binóculo, a primeira coisa que vi foi um casal de anões entrando em um tipo de casa tamanho família. Eles enlaçavam as mãos e pareciam estar ridiculamente felizes. Isso me fez quase achar que eles eram criaturas normais. Mas assim que eu passei o binóculo pela vila, eu pude ver Theodore e os outros já em tamanho normal, presos em uma cela. Todos já estavam acordados e um semblante triste pairava no rosto dos três. Pareciam ter desistido de gritar.

– Temos que bolar um plano e rápido – falei entregando o binóculo para Annabeth – E porque eles são desse tamanho? Quer dizer, eles eram pequenos antes.

– Eu acho que eles também ingerem a bolacha para irem pegar os sacrificios – Thalia deduziu.

 Annabeth certamente era a única que podia bolar uma estratégia decente, então a deixei com o luxo de ficar mais um tempo estudando a vila. Quer dizer, não foi luxo, foi necessidade mesmo. Porque meu plano para resgatar eles era empunhar nossas armas e sair gritando para todo lado, chutando o traseiro de qualquer um que for nos impedir.

 Lógico que era uma estratégia suicida e ninguém iria querer executá-la.

– Me de um papel e uma caneta – Annabeth pediu ainda com o binóculo nos olhos.

 Não sei como e não sei de onde Thalia apareceu com um bloquinho de notas e uma caneta simples preta. Talvez, só talvez ela como todo Emo Punk escrevesse poemas depressivos ou até mesmo sádicos sobre sua sofrida vida.

 Deuses! Espero não ter falado isso alto.

 Enfim, depois de um tempo fazendo uns rabiscos que eu não consegui enxergar por estar muito ocupado pensando se eu conseguiria me balançar pelos braços no tronco como um macaco (Deuses, não pergunte), Annabeth olhou para o papel e sorriu triunfante.

– Wow – Thalia exclamou olhando o que Annabeth havia feito – Incrível.

– O poder da arquitetura – Annabeth se vangloriou, demonstrando ter gostado e muito do elogio.

– O que foi? – perguntei me inclinando na direção das duas.

 Annabeth me estendeu o bloquinho de notas e eu quase cai para trás com o que ela havia feito. Uma replica em desenho exatamente igual ao ponto de vista que nós encarávamos o vilarejo. Até o efeito de sombra estava semelhante. Sem contar que ela havia desenhado a vista por outras perspectivas também.

 Incrível, ela havia feito tudo isso somente a olhando por alguns minutos.

– WOW, isso aqui ta muito igual – elogiei não contento a admiração. Mas é claro que eu estraguei tudo com a próxima sentença – Até que arquitetura serve para algo.

 As próximas cenas foram violentas com direito de eu provando que consigo balançar de um lado para o outro no tronco como se fosse um macaco. Até melhor, se duvidar. Talvez fosse o desespero de não querer ter os dedos pisoteados por uma filha de Atenas nada contente.

 Depois de Thalia conseguir acalmar Annabeth e elas me ajudarem a subir novamente no tronco, Annabeth começou a contar sua estratégia de como salvaríamos nossos amigos sem precisarmos lutar. Mas em todo caso, era bom estarmos preparado para qualquer coisa.

 A luz da caverna começou a perder o brilho fracamente, e tochas foram acessas por todo o vilarejo dos anões não tão anões. Esse foi o sinal que estava meio que anoitecendo na caverna e com isso, foi a nossa deixa para começarmos o nosso resgate suicida.

 Que os Deuses estejam com agente nessa. Por favor. Por que realmente vamos precisar.


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Notas finais do capítulo

Tava um tanto quanto obvia a surpresa. Eu sei. -q
Enfim, espero que tenha gostado e REVIEWS. Não aguento mais o numero sete repetindo por quatro vezes (caso não entenda, olha as reviews dos quatros capítulo anteriores) q
bgsbgs e até mais :*



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