Mages escrita por lunagm94


Capítulo 5
Capítulo 5 - Caçadores


Notas iniciais do capítulo

Tem bastante diálogo nesse.
uffa.. consegui terminar hoje.. isso quer dizer que vou poder viajar tranquila.

Espero que gostem!



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Mas o q-que.. aconteceu?

 

Enquanto recuperava a consciência vagarosamente, tive a impressão de ter sido nocalteado, morto e nocalteado de novo..

 

Até minhas pálpebras doíam horrores, o que me desencorajou a abri-las.

 

A cama em que me encontrava era deliciosamente confortável. O lençol e o travesseiro tinham um cheiro muito bom. Podia sentir que estavam bem limpos.

 

Ouvi duas pessoas conversando do lado de fora do quarto. Tentei concentrar minha audição nas vozes que a cada vez estavam mais baixas.

 

- Mas.. e se ele for um deles..

 

- Se for.. eu não vou ter escolha – ela continuou falando, mas não consegui entender o resto.

 

Minhas lembranças começaram a dar algum sinal de vida. E junto com elas, uma dor de cabeça insuportável.

 

Podia sentir a luz batendo no meu rosto, a cama esquentando e o aroma da manhã enchendo meus pulmões. Deixei de tentar ouvir a conversa. Era muito desgastante.

 

Abri os olhos bem devagar. O quarto era pequeno, mas muito organizado. Pude ver através da janela, a neve cair além dos limites da cidade, enquanto o sol se extendia no céu. Levei a mão, com um certo esforço, até o rosto e a pousei sobre os olhos.

 

- Tem certeza de que vai cuidar dele? Sozinha?

 

- Sim – fez uma pequena pausa até retomar o raciocínio – Esqueceu quem eu sou sua boba? Acho que ele tem mais motivos do que eu para se preocupar.

 

- Ahn.. sim, é que.. enfim.. Vou lá ver como está o amigo dele.

 

Ouvi um barulho distante de uma porta se fechar e antes que pudesse tirar a mão do rosto, vi de relance uma silhueta parada do meu lado.

 

- Está melhor? – perguntou a fedelha de olhos brancos.

 

Eu não respondi. Estava tentando encaixar todos os pensamentos que turbilhavam em minha mente.

 

- Vejo que ainda está refletindo os últimos acontecimentos.. você é mesmo estranho sabia?

 

Continuei sem reação.

 

- Vou preparar algo para você comer.. – mas antes que ela saísse pela porta eu segurei em sua manga.

 

- Michael.. – fiz uma pausa para respirar e massagear os olhos -  Onde ele está? O que aconteceu? Por que você estava sangrando? E.. por que não está mais?

 

- Ts. – e, simplesmente, saiu do quarto.

 

Demorei umas boas horas até ficar plenamente consciente.

 

- Acho que você já está em condições de se cuidar sozinho. Seu amigo está hospedado na casa do Villaça.

 

- Não vou sair daqui até que me responda algumas coisas.

 

- Tudo bem.

 

E como da última vez, ela simplesmente ficou parada, sem mover um músculo, com a mesma expressão de sempre, irritante como sempre.

 

- Você me irrita, sabia?

 

- Não tenho motivo nenhum para querer sua simpatia.

 

- Então porque me ajudou?

 

- Vai responder as minhas perguntas ou não?

 

- E você as minhas?

 

- Não.

 

- Ah! Como é chata, que inferno! Então também não vou.

 

- Você que sabe – falou dando de ombros.

 

Estava decidido a não perder daquela vez. Passaria o resto da minha vida se fosse preciso, lá deitado, olhando para aquela boneca de porcelana. Chata. Insuportável. Insuportavelmente chata.

 

- Sério.. eu quero que você se exploda. Numa boa.. você é muito chata.

 

- Você já disse isso.

 

Respirei fundo, tentando controlar minha vontade de meter a mão na cara dela. Irritante ou não, eu não tinha o direito usar a força física.

 

- Ah!! Tudo bem, tudo bem! Vou responder as suas perguntas, mas depois você irá responder as minhas, ok?

 

A menina levantou uma sombrancelha e sentou-se no pé dá cama. Acho que isso era um sim. Pro bem dela, é bom que seja.

 

- Qual era a sua pergunta mesmo? – fiquei tão nervoso que nem lembrava mais qual era.

 

- Quem é você?

 

- Michael já respondeu isso.. -  levei a mão na testa e balancei a cabeça.

 

- Mas eu quero ouvir de você.

 

- Vá para o inferno antes que eu me esqueça! – menina orgulhosa da peste.. eu desisto. – Lorenzo Scarlet, mensageiro de Lutie. E quem é você?

 

- Você é muito estranho.. sério mesmo. Foi a primeira vez que desmaiou daquela forma? – desisto, desisto, desisto. Não tenho escolha se não responder e esperar que ela me conte alguma coisa depois. – Você apagou por dois dias inteiros. Achei que tivesse morrido.

 

- Para sua tristeza, não. Eu não morri.

 

- Eu sei.

 

- Eu sei que você sabe, idiota.

 

- Mas foi a primeira vez que isso aconteceu?

 

- Sim. Quer dizer.. desse jeito, com essas dores, foi a primeira vez. Mas já me senti muito pior antes.

 

- Hm.. continue.

 

Eu abri a boca para responder, mas as palavras não saíram. Seus olhos encontraram os meus e senti uma pequena pontada no peito. Era como se estivessem olhando para dentro dos meus pensamentos.

 

Acabei tendo flash’s de quando minha mãe enlouqueceu.. da última vez que vi meu pai.. e de quando fui para o porto tentar achar o assassino.

 

A menina mordeu o lábio e fez uma cara de profunda pena.

 

- Parece uma lembrança muito difícil.. não precisa me contar.

 

- Não.. tudo bem. – sequei o chão e contei-lhe minha história..

 

Demorou um pouco, mas eu contei com requintes de detalhes. Não sei bem da onde tirei tanta paciência, mas enfim..

 

- Acho que foi essa Maga da Água.. não tenho certeza.

 

- Raposa das Neves.. – seu olhar era distante e pareceu não ser sua intenção ter falado.

 

- Você... Como.. ? Você sabe de alguma coisa sobre ela?! – me ergui da cama em um pulo e agarrei seus braços, com uma força, um tanto, desnecessária.

 

- Vejo que já consegue se levantar – ela virou a cabeça para o lado, fitando a janela.

 

- Ei.. eu imploro, por favor.. essa coisa.. demônio, seja lá o que for.. jurei que iria me vingar. Por favor.. me conte tudo que sabe..

 

- Demônio.. – um sorriso triste nasceu em seu rosto e seus olhos se fecharam - ela é mesmo um.. não é? Um demônio..

 

- Eu imploro, me conte.. -  eu já estava a ponto de me ajoelhar quando senti seus dedos contornarem de leve meu rosto. Um arrepio diferente correu pelo meu corpo.

 

- Você sabe o que são Caçadores?

 

- Sim.. quer dizer, são aqueles que caçam Magos, certo?

 

- E você sabe o que são Magos?

 

- Não.. – queria morrer toda vez que admitia isso. Me sentia muito incapacitado. – não sei nada.. e também nunca conheci ninguém que soubesse de algo.

 

Antes que tivesse piscado, ela havia se erguido e me empurrado de leve para a cama. Eu acabei sentando onde ela estava.

 

- Se.. eu te ajudasse.. – começou a caminhar em direção a porta.

 

- O que?

 

- Parece que você tem tudo que precisa para se tornar um Caçador. Agora eu entendo.. com um pouco de prática você chega lá. Devia sentir-se privilegiado.

 

- Como assim? Do que.. você está falando?

 

- Olhe.. Lorenzo. Eu também jurei vingança contra uma Maga que destruiu minha vida.. só que sou incapaz de mata-la. Se eu te ajudasse a virar um Caçador.. você a mataria por mim?

 

- Por que você NUNCA responde minhas perguntas? E quem é você para me treinar? Fedelha.. pff.

 

- Eu.. ? – ela se virou de leve para mim com um sorriso – A fedelha com quem vos fala, é uma Caçadora.

 

Aquela me pegou.. demorei algum tempo até processar a informação.

 

- Essa será a primeira e última pergunta que responderei, fedelho. Agora você vai ou não aceitar minha proposta? Eu te treino, e sua primeira vítima será a Maga pela qual jurei vingança. O que acha?

 

- E-eu.. – apoei o braço na cabeceira da cama para me manter equilibrado.

 

- Vou entender isso como um sim. E não fale com seu amigo sobre essa conversa até que eu te autorize, está me entendendo? Magos é um assunto proibido para pessoas normais. A pena por saber de alguma coisa, é a morte. – ela falava realmente sério. Eu tinha certeza disso, embora a ficha ainda não tivesse caído.

 

Estava em frente a uma Caçadora.. uns dez centimetros mais baixa que eu, provavelmente era um ou dois anos mais nova.. uma menina.. delicada.. que matava demônios. Como ela.. ? Não é o perfil que eu esperava.. eu ainda mal acredito nisso tudo, mas não vou perder essa oportunidade.

 

Ela deu um lindo sorriso para mim. Corei de leve e virei o rosto o mais rápido que pude.

 

Ainda estava confuso com a conversa. E seus olhos eram tão.. bonitos.

 

A menina já estava fora do quarto quando me olhou uma última vez antes de sair.

 

- A propósito.. Meu nome é Nami.

 


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Notas finais do capítulo

eu revisei uma vez só, então mandem as correções necessárias
beijos



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