Mages escrita por lunagm94


Capítulo 4
Capítulo 4 - A Cidade do Gelo


Notas iniciais do capítulo

a pedidos especiais (vulgo Carolina) tentei deixar esse capítulo o mais longo possível ¬¬

Espero que gostem!



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- Ainda está pensando nela?

 

- Quem essa fedelha pensa que é?! Agindo daquela maneira, como se fosse superior.. pff.. que raiva!

 

- Acho que isso foi um sim.. – sussurrou Mia enquanto rolava os olhos para o alto.

 

- Pare de revirar esses olhos! Quando eles travarem e você ficar vesgo de vez, não venha me encher a paciência!

 

- Pare de reclamar anta – fez uma pausa, olhou para frente e sorriu – Primeiro, porque chegamos. E segundo, agindo dessa maneira, você mais parece apaixonado do que com raiva.

 

Não me dei ao trabalho que evoluir a conversa. Não aguentava mais pensar nela, muito menos conversar sobre ela.

 

Suspirei fundo e olhei a cidade a nossa frente.  

 

Era bem pequena, com poucas casas. As ruas levavam até um centrinho, onde havia um pequeno chafariz de gelo.

 

Alguma coisa estava faltando.. franzi o cenho e fiz uma cara de pensativo.

 

- Pela sua careta, vejo que você também percebeu.. – falou Mia enquanto descia do cavalo – Uaaaah! Cara.. tô quebrado.

 

Onde foi parar a porcaria da neve?! Não estava nevando agora a pouco?

 

Contornei a cidade com os olhos e vi a neve caindo por fora dela; como se houvesse um grande buraco no céu, bem em cima de nós. A neve simplesmente desviava para fora da cidade. Mas que merda é essa?! Nunca vi nada parecido em toda minha vida.

 

- Fora da cidade neva, dentro não.. como assim? - perguntei confuso.

 

- Lugares inóspitos normalmente são estranhos.. – Michael coçou a cabeça e fez uma cara de dúvida – Não quero nem tentar entender.

 

Pisquei os olhos com força, como se isso fosse me ajudar em alguma coisa. Bom.. mas até ai, outra esquisitice não seria surpresa. Repeti o movimento mais uma vez. E não é que minha mente pensou em algo interessante?

 

Sim.. fazia bastante sentido. Aposto que aquela menina mora aqui! Aposto não, eu tenho certeza. Repeti o raciocínio para mim mesmo; 1. o sinal mais próximo de civilização é a uns vinte quilometros daqui, com exceção dessa cidadezinha, que é uns 15 minutos de onde nos encontramos. 2. em graus de esquisitice, ela e esse lugar combinam muito bem.

 

Sorri satisfeito com a segunda opção e mal esperava para comprova-la.

 

Prendemos os cavalos e nos dirigimos até o centro.

 

- Vou revirar essa cidade até encontrar aquela fedelha – estava certo de que nos encontrariamos novamente – ela tá ferrada.

 

- Pouco me importo se você revirar, mas fará isso sozinho. Espero que o tal do Villaça esteja por aqui.. se não, nós estamos ferrados.

 

- E onde encontramos esse sujeito?

 

Paramos uma menina que passava segurando uma pilha de pratos enorme.

 

- Aaaaaaaaaah! – seu susto foi tamanho que quase deixou a pilha toda se espatifar no chão.

 

- Ei, ei.. Calma garota. Será que poderia nos dar uma informação?

 

Ela era baixinha. A cor de seus olhos era meio um caramelo claro, igual ao cabelo, que era curto e bem repicado.

 

Michael arregalou os olhos e sussurou para mim:

 

- Lora, Lora.. apaixonei.

 

Soltei um sorriso, parabenizando-o. Pena que se apaixonasse por quase todas as garotas que conhecia.. Ele era mesmo um caso perdido.

 

- Hmm.. Vamos ver se entendi bem.. Vocês querem pegar uma encomenda com o Sr. Villaça, né?

 

- Sim, esse mesmo.

 

Antes de nos mostrar o caminho, ela correu em direção a um homem e pediu que levasse os pratos para não sei quem. Passamos pelo chafariz e seguimos em frente até chegarmos a uma casa com a pintura meio desbotada.

 

- É aqui – ela disse apontando para a porta.

 

Enquanto Mia batia, cutuquei a menina e perguntei:

 

- É comum isso? Quer dizer.. nevar em volta da cidade e tal..

 

- Ah.. isso – respondeu alegremente - É sim. Embora neve quase o ano todo nas montanhas, a cidade parece ser protegida. É meio estranho, mas não deixa de ser um alívio para todos.. a neve trazia muitos problemas e o dia a dia era muito sofrido.

 

- E sempre foi assim?

 

- Quando cheguei aqui, me disseram que já fazia uns anos.

 

- Mas é impossível.. É como se a neve fosse controlada ou algo do gênero. Não é uma coisa normal.. na real, não é nem humano.. – minha mente estalou e, sem ter um motivo aparente, me lembrei da conversa entre minha mãe e meu pai. Quando falava especificamente de um Mago, ele sempre acrescentava um elemento.. quer dizer.. da água ou da terra. Teoricamente deveria haver uma relação entre ambos. Minha cabeça começou a doer.. era realmente muito frustrante não saber nada sobre essas criaturas. Nem sua aparência, nem o que faziam e porque quase ninguém sabia de sua existência. Senti uma pontada de dor, mas antes que a depressão me consumisse, perguntei – ei.. por algum acaso você já ouviu essa palavra antes: Magos?

 

Ao invez do velho e habitual “Ma.. O quê?”, ela me olhou como se tivesse visto um fantasma. Virou o rosto e simplesmente ignorou a pergunta.

 

Senti a adrenalina percorrer por meu corpo. Descruzei os braços e fiz um movimento com a cabeça para que respondesse. Ela sabia de algo, eu tinha certeza.. Estava quase estampado na sua testa.

 

- E-eu não sei do que você está falando – sua voz saiu meio rouca e falha, e logo mudou de assunto - Ninguém sabe porque, mas nunca mais nevou aqui dentro, tipo.. como se houvesse uma barreira em volta. A neve simplesmente não entra, ponto. Me entende? – sua respiração era rápida e estava evitando com todas as suas forças olhar em minha direção.

 

- Na verdade não.. – fiquei na esperança de que continuasse a explicação, mas ela simplesmente deu de ombros. Quando ia repetir a pergunta, um senhor gritou de trás da porta para que entrassemos.

 

Passei pela porta e pude vê-lo sentado em frente a uma mesa. Ele segurava uma lupa e, com a outra mão, lapidava uma pequena pedra.

 

- Villaça, esses d-dois vieram buscar uma encomenda – quase podia sentir seu nervossismo – E-eu já vou indo..

 

Ela se dirigiu até a porta com passos rápidos. Me aproximei sem que percebesse, segurei seu braço com força e abaixei sua cabeça.

 

- Você fica. Não terminamos nossa conversa.

 

A garota começou a tremer absurdos. Senti sua outra mão tentando abrir a minha. Eu a encarei, esperando que entendesse meu recado “eu te solto, mas você não sai dessa sala”. Assim que relaxei os dedos, ela já estava do outro lado, junto a Mia.

 

- Ah, sim.. Sejam bem-vindos. Devem ser de Lutie, certo? Já terminei de limpar todas as pedras. A caixa está no meu quarto – ele se levantou e guardou as ferramentas que segurava – fiquem à vontade enquanto vou pega-la.

 

Me encostei na parede e olhei para Michael. Ele estava conversando com sua nova paixão.

 

- E então.. qual é o seu nome, menina?

 

- É.. nos diga o seu nome – mal esperava para fazer com que desembuchasse tudo que sabia.

 

- Ah.. aahn.. Sabe o que é? E-eu não posso revelar nenhuma informação sobre mim, entende? Ela disse que eu não posso.. a-ah.. me desculpe – a menina estava olhando para o chão e seu pé direito não parava quieto – Esqueçam o que eu acabei de falar.. e-ela vai me matar! – fechou os olhos enquanto choramingava alguma coisa. Seu rosto estava da cor de um pimentão – Moço, sobre o que você me perguntou.. eu não posso responder, pergunte você mesmo a ela..

 

- Aqui todas as pessoas são estranhas assim?! Qual é o problema de falar o seu nome? – indaguei com um pouco de raiva – e quem é ela? 

 

- Eu n-não sei.. É-é melhor eu ir!

 

A menina saiu correndo porta a fora, mas sua felicidade durou pouco. Ouvimos um barulho de duas pessoas se trombando.

 

Olhei para Mia e soltei uma risada. Ele fez o mesmo.

 

- Estranha e desastrada. Ela é mesmo uma gracinha!

 

- Pode ficar – disse fazendo gesto com a mão.

 

O velho voltou do quarto com uma caixa imensa nos braços. Olhei-a curioso. Virei em direção a porta e decidi que já era hora de arrastar a senhorita estranha de volta para a casa.

 

Acabei escutando a fujona choramingar para alguém. Provavelmente com quem havia trombado.

 

- Ainda bem que é você.. desculpe, eu sai tão apressada que nem te vi. Como sou desastrada.. me desculpe, Na.. – sua voz ficou abafada, como se uma mão tivesse envolvido sua boca.

 

- Shh.. Sua boba.. Com quem você estava falando? – o doce som da fala me era muito familiar. Até demais.

 

- Na.. -  novamente uma mão pareceu não deixar a frase ser terminada.

 

- Ts.. Você é mesmo linguaruda, hein? Vou ver quem estava te interrogando. Não me faça tampar sua boca de novo.. e me espere aqui.

 

- Hora, hora.. Vejo que voltou cedo. Como foi a caçada hoje minha filha? – perguntou gentilmente o velho.

 

Disparei na direção da porta. Eu sabia de quem era a voz, tinha certeza que era da fedelha de antes.

 

De tudo que fiz na minha vida, são poucas as coisas das quais eu realmente me arrependo de ter feito. Ter ido vê-la, com certeza, foi uma delas.

 

- O-o q... – minha voz falhou, me deixando incapaz de terminar a frase.

 

A fedelha estava toda ensanguentada e me olhava com a mesma expressão séria de antes, talvez um pouco mais brava. O sangue pingava incessantemente como se quizesse sair o quanto antes do seu vestido.

 

Fui tomado por uma série de sensações estranhas. Meus músculos se contraíram, meu estômago se embrulhou inteiro, minha visão ficou diferente e um calafrio percorreu toda a minha espinha. Minhas pernas começaram a tremer e acabei ajoelhando. Arqueei as costas e envolvi minha barriga com os braços desejando que as dores sumissem.

 

Ergui a cabeça com esforço, tentando entender alguma coisa. O mundo a minha volta não parava de rodar e minha visão estava muito embaçada. Cerrei os olhos na tentativa desesperada de buscar um foco..

 

Foi a primeira vez que a vi demonstrar alguma emoção. Ela me olhou confusa e seu corpo entrou em estado de choque. Fez um esforço absurdo para não começar a tremer, mas não conseguiu.

 

Comecei a imaginar o motivo de tal reação.. mas uma nova leva de dores me fizeram lembrar que antes de questionar o que havia de errado com ela, precisava entender o que estava acontecendo comigo!

 

A menina voltou um pé para trás e tomou uma posição defensiva, como se esperasse um ataque.

 

Tentei pedir ajuda, mas todo meu esforço não passou de um gemido de dor. Olhei em seus olhos como uma última esperança de que me explicassem o que estava acontecendo. E por uma fração de segundo, tive a impressão de vê-los vermelhos.

 

Minha visão voltou a embaçar e eu cai no chão, exausto.

 


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Notas finais do capítulo

Para minhas amigas que estão acompanhando a história e não tem conta no Nyah! : criem uma para deixar reviews, hahaha. Se não irei prenda-las no campo de concentração junto com o professor de sociologia!
Lia, não vale mandar por celular ¬¬''

Para os leitores do site: também mandem reviews *---* e obrigada por estarem acompanhando!



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