O cheiro que emanava de seu corpo não era agradável, mas não poderia reclamar, ficara tanto tempo presa naquele maldito lugar, sem um banheiro para se banhar que acostumara-se com esse maldito cheiro.

Mas agora que se via numa casa, com um banheiro a esperando, não pode se segurar e sorrir abertamente.

Seus músculos doloridos não a impediram de correr para o cômodo fechar a porta, despir-se para logo depois entrar no Box.

E enfim, ligar o chuveiro.

E então a sensação de estar no paraíso atingiu-lhe. Para começar a água gelada que caiu em sua cabeça enquanto o eletrodoméstico aquecia a fez arrepiar.

Ah! Que sensação agradavelmente familiar. Sentira tanta falta disso, de sentir a água fria percorrer seu corpo enquanto esquentava gradativamente, sentir seus músculos se tencionarem e relaxarem conforme o aquecimento.

Seu coração batia aliviado, recheado pela nostalgia que aquele relaxante sentimento a trazia.

Nunca sentira tanta falta de algo como naquele momento, tinha dias que sonhava em tomar um bom e relaxante banho. Quase implorara para aqueles Comensais malditos a deixarem tomar um banho.

Mas sabia que não conseguiria nada, deixou-se ficar na saudade, desejando com todas suas forças poder girar aquele registro e sentir a água cair.

E a sensação era tão boa, mas tão boa, que toda a falta foi lavada de seu coração, como num reencontro emocionante com um grande amigo.

Talvez só se sentiria assim quando visse seu pai, afinal na sua lista de coisas que mais gosta; seu pai estava em primeiro e tomar banho em quinto.

Mas isso não vinha ao caso, o importante é que finalmente se livraria daquele maldito cheiro e poderia relaxar aproveitando um quente e demorado banho.