Shimmer escrita por scarlite


Capítulo 7
Capítulo 7




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CAPÍTULO 7: O vento frio

DUAS PALAVRAS ENORMES:

Sinto Muito

\t\t  Ao contrário do que eu pensara, o dia estava sendo bem agradável. Alice estacionara a alguns metros do píer, e as nuvens não estavam tão pesadas a ponto de se derramarem sobre nós. De fato, me surpreendi sorrindo, contrariando o meu mau humor.

O dia era uma massa úmida, adornada por umas mechas de sol. O que não impedia que fosse gostoso estar com as garotas ali. A praia estava praticamente vazia. Mas, eu sabia bem que não ia demorar muito para que outros habitantes de Forks aparecessem por lá a fim de desfrutar, como nós, da rara amenidade. 

- PEGA MAGGIE! - Foi tudo bem rápido: Uma criatura peluda, minhas pernas perdendo o equilíbrio, a areia meio molhada e o céu. Ah, sem esquecer dos risos.

Fiquei imóvel no chão, apenas movendo meus braços até minha cabeça. 

- Boa pontaria... - Quase gemi. Logo duas cabeças risonhas apareceram a minha frente, ou melhor, acima de mim.

- Desculpa Edward, mas, vocês estava no campo de treino dela - Apontou para a cadela maluca que corria com um frezbee na boca. 

- Tudo bem, eu queria mesmo ficar enlameado logo na chegada. - Sim, eu sentia a terra grudando na minha roupa e nos meus braços; Bella riu e eu olhei para as duas com os olhos semicerrados.

- Não Ed! - Elas me olharam com olhos arregalados enquanto se afastavam lentamente. Mas, eu tinha uma pontaria muito melhor. Com minhas mãos cheias de areia pastosa, me ergui bruscamente, e arremessei minha munição bem nas costas de Alice e nas pernas de Bella (que por sinal corria muito bem). 

- Outch! Edward! Essa blusa é nova seu cretino! - Fiz uma cara falsa de "Oh me desculpe" erguendo minhas mãos em rendição. 

- Sinto?! - Ela agarrou mais areia e jogou em minha direção passando bem longe do alvo. 

- Que horror Ali, até a Bella é mais coordenada que você. - Na minha presunçosa distração, não reparei na figura miúda que faltava: Bella, até que senti o frio na minha nuca.

- Sua... - Virei-me, dando de cara com um sorriso maroto. - Eu te pego pirralha! - Corri para ela não dando tempo de escapatória; 

- Não Ed! - Com um braço em torno de sua cintura, e com a mão livre esfreguei a arei remanescente bem no seu rosto. Apesar dos protestos e do movimento de seus braços e pernas buscando ser libertada, foi muito fácil me vingar.

Permanecemos nessa infantil disputa por um bom tempo. Até estarmos quase completamente emporcalhados.


UM FATO:

A vida fica mais difícil e insuportável, a medida que esquecemos como é bom ser criança.

- Hora da foto pro Em! - Alice anunciou feliz e um tanto ofegante pela recente corrida.

- Agora que estamos parecendo porcos? Você tem um excelente senso de situação Ali. - Falei enquanto sacudia uma perna de minha calça antes cinza, que agora assumia uma tonalidade escura quase negra pela umidade.

Bella estava a certa distância mexendo com a areia em torno de si. E parecia que nem estávamos ali com ela. Um montinho de areia próximo a uns arbustos, uma garota altamente concentrada e os sons de sua voz.

- Meu Deus, com quem será que ela está falando? - Alice, sentada no chão me perguntava meio enfadada. 

Levantei ainda tentando me livrar da areia.

- Pegue a câmera, vou ver o que ela está fazendo. - Alice afirmou com um aceno e fez menção de ir até onde o carro estava estacionado. 

Caminhei lentamente e bem sorrateiro para Bella. A medida que ia me aproximando podia ouvir o misto de sussurros e ordens dela:

- "Vamos", "Cava, levanta e empurra". - repetidamente.

Franzi minha testa; Ela já era bem grandinha para brincar de faz-de-conta; bem, talvez essa regra nem sempre funcionasse com ela, mas, fazia um tempo desde que a pegara falando sozinha.

- Bella... o que... - Ela deu um pulo como se realmente pensasse que não estava na praia conosco; como se fosse surpreendida no seu quarto.

Ela levou a mão ao peito com expressão assustada; quando olhei para suas mãos vi. 


UMA CONSIDERAÇÃO IMPORTANTE:

Viver com Bella em casa proporciona as cenas mais surpreendentes, preocupantes;

mas, também, as mais adoráveis.


\t\t  Pequenos bichinhos. Pequenas patinhas na areia, rodeados por cascas de ovos: Tartarugas.

- Uau! Bells - Alice exclamou do meu lado com a câmera nas mãos encostando-se em mim. 

- Elas não conseguem sair... - Bella falou desviando os olhos para as próprias mãos sujas de terra. Ela as moveu nervosamente, tentando esconder os vestígios de cascas em seus dedos. 

Balancei a cabeça desgostoso. Me abaixei perto dela, pegando suas mãos e tirando os pedaços das membranas dos seus dedos.

Alice sentou-se ao nosso lado olhando encantada para os pequenos répteis, que, com dificuldade se arrastavam em direção ao oceano.

- Bells, temos que deixá-las sair sozinhas. Assim, elas ficam mais resistentes. - Ela apenas olhou rápida e ansiosamente no meu rosto. 

- Mas, elas estavam presas. Só interferi com algumas. - Falou agitada. Maggie chegou perto de onde estávamos, porém, foi prontamente empurrada por minha irmã.

- Não Maggie! Saia! - Claro que a teimosia da cadela foi maior; e eu quase morro de rir com o esforço de Alice em tentar expulsá-la dali. 

- Será que elas vão morrer por eu ter ajudado? - Bella perguntou ansiosa. Olhos no caminho que as pequenas tartarugas faziam. 

Sorri olhando em sua direção, os cabelos castanhos sendo movidos pelo vento enquanto ela parecia concentrada e preocupada ; uma ruga em sua testa.

Meneei a cabeça. Eu estava sentado e Bella estava meio encostada em mim. Ambos olhamos para o mar. E eu comecei a pensar... Logo ela teria que sair de casa, teria que ir pra faculdade. De repente, todo o clima leve e a sensação de bem estar foi embora, dando lugar a gelada sensação no estômago: Preocupação, angústia. 

Olhei Bella novamente. Isso não seria fácil; Ela ia sofrer, e muito! Eu sabia disso. 

Tão bem quanto conhecia seu comportamento, e como as pessoas a viam. Qualquer pessoa que convivesse com os Cullen sabia da adoração que todos tínhamos por ela; no entanto, o problema era a discrepância entre nosso ambiente familiar e o externo para o comportamento de Bella. 

As pessoas não parecem dispostas a aceitar a diferença, por menor que seja. E isso é tão... Ridículo, absurdo e todas as palavras de revolta que possam ser encontradas. 


A ESTRANHEZA DAS PESSOAS:

Uma poção de maldade + um momento de fraqueza.

Basta misturar com inveja e,Voilà:O sofrimento de alguém inocente.


- Eu sinto muito - Me ouvi dizendo a ela inconscientemente; olhando-a profundamente. 

- Hm? - Ela questionou.

- nada.

Por um momento me permiti ficar realmente triste. Se apenas pudéssemos tê-la sempre por perto. O problema - eu sabia que existia - era que não podíamos sufocá-la com proteção. Mas, me convencer disto estava se constituindo numa árdua tarefa. 

Ela precisaria provar de dor e sofrimento, para estar mais fortalecida no final. Essas percepções sobre a vida nos acometem nos momentos mais inusitados. Somos seres inquietos mesmo; um instante de paz e contentamento, e lá está: A velha e conhecida sombra da preocupação. A felicidade é umstatusvital, que não consiste em plenitude e perene situação de contentamento. Hoje eu sei disso; sei que o que torna um homem realmente feliz é ter as pessoas certas ao seu lado. Isto nos faz emocionalmente completos.

Lembro-me de uma frase que ouvi anos atrás; 

UMA FRASE FEITA:

"A felicidade só é verdadeira quando é compartilhada"


Sim, isto é um fato. Um fato que parecia não fazer muito sentido para os membros da nossa sociedade. Tal constatação me torna inquieta até hoje.

- Digam "x"! - Quase fiquei cego com oflashda câmera. 

- Alice! – Ralhei esfregando meus olhos.

- Vamos, temos que tirar nossa amiga peluda daqui antes que ela queira "brincar" com eles. – Ela apontou risonha para as tartaruguinhas.

- Ok, vamos. - Saímos para onde a psicótica da minha irmã tentava distrair o mascote da família. 

Bella continuou olhando para trás até nos afastarmos completamente do “bando” de filhotes.

Toquei levemente seu rosto com o dedo indicador e médio, afastando o cabelo revolto.

Ela me deu um sorriso esplêndido, e me surpreendi novamente com sua capacidade de mudar de humor.

- Minha vez Ali, - Ela correu para minha irmã tomando a câmera de suas mãos

- Digam "Anchovas" - Ela riu alto de sua péssima frase. 

- Que horror Bells! Onde aprendeu isso? - Perguntei, provavelmente com cenho franzido. 

- Num desenho animado - Alice falou olhando de canto de olho para mim.

As fotos continuaram. Tiramos de nós sujos de terra, das tartarugas, fazendo caretas, correndo com Maggie. O dia já ia se inclinando, as cores no céu mudando gradativas. As nuvens pareciam inchadas e não era preciso um termômetro para saber que a temperatura caía. 

- Meninas, acho que é hora de irmos - Consultei o relógio constatando que Esmè provavelmente mandaria a guarda costeira atrás de nós.

- Já são quase seis horas. E vamos ter visitas hoje não é? - Comecei a juntar nossas coisas; a cesta de comida, o cobertor quadriculado e o brinquedo de Maggie.

Indiquei com a cabeça, - vamos!

- Peraí, cadê a Maggie? - Alice perguntou esquadrinhando a área com os olhos. Tentei olhar para onde ela se voltava com cara de espanto.

- MAGGIE! - Gritei assoviando; um grupo de jovens estava reunido a certa distância, e a cadela latia enraivecida enquanto os garotos atiravam pedras e pedaços de madeira nela. 

Aquilo me enervou. Bella saiu correndo em direção ao grupo. Imediatamente, larguei o que segurava no chão e corri tentando alcançá-la, sendo seguido por Alice.

Vi Bella desacelerar repentinamente. E pude ouvir a medida que me aproximava alguns comentários, apesar de estar semi escondido pelo rochedo: 

- Ora, se não é a Isabella Aberração Cullen! - Uma voz rançosa pronunciou. - Esse vira latas é seu? - Risinhos que pareciam pertencer a garotas misturados com os dos meninos.

- Não diga isso John, trata-se da queridinha do colégio e de toda a Forks, o gênio do senhor Cullen. - Vi Bella se encolher e acelerei o passo chegando por trás de onde ela estava. 

- O que vocês idiotas pensam que estão fazendo? - Imperioso e muito irritado são palavras pequenas para me definir naquele momento. 

Alguns membros do grupinho se esconderam atrás uns dos outros; porém, o tal John, se empertigou mais ainda e me olhou desafiador. 

- E quem você pensa que é para nos chamar assim, mauricinho? - Ele era uns trinta centímetros maior que eu e parecia ter muito mais força; no entanto nem pareci reparar na diferença - tanto numérica (estavam em quatro homens e três mulheres) , quanto física.

Alice agarrou meu braço direito, tentando me mostrar que não era uma boa idéia.

Cochichando no meu ouvido: - Vamos Edward, vamos embora!

Sim, ela estava certa. Devia ter dado ouvidos; eles não pareciam boa companhia.

- Ele é Edward Cullen, filho do Dr. Cullen. - Uma das meninas falou me olhando de cima a baixo. Era Jéssica, filha dos Stanlley e colega de Bella.

Um rapaz alto e moreno que estava com o grupo atrás, pareceu desconfortável. Olhando para nós três com uma expressão de dor. 

- Venha Bella, vamos embora daqui - Alice se apressou em pegar o braço de uma Bella extática e silenciosa. 

- Vamos doçura, venha curtir com a gente - O "líder" se insinuou para minha irmã, e nesse momento, quando sua mão tocou no braço de Alice eu perdi a moderação. Avancei no garoto dando-lhe um soco bem no nariz. 

Pude quase ouvir o"crack"da cartilagem quebrando, ele caiu para trás sendo amparado por um de seus enormes colegas.

Foi então que uma percepção fria como um vento gelado tocou minha espinha:

EU ESTAVA FRITO


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