O amor nunca é do jeito que queremos. Por quê? Por quê merecemos sofrer? Será que peco tanto assim para desfrutar dolorosamente de tão imenso e platônico amor?

Assim pensava David. Claro que ele era um garoto normal passando pela fase de crise existencial, mas com razão, pois para ele nada mais valeria à pena se não tivesse o amor de Catherine.

A cada verso cantado de musicas em inglês era fatal para associa-lo a sua situação de amor impossível pela menina que mais almejava em espírito e corpo. Cada vez que fechava os olhos durante frações de segundos, ele via seu rosto como o mais lindo de todo o Olimpo grego, como o mais suave e macio de toda a seda bem trabalhada. E quando sonhava era como ver o paraíso em uma só mulher num campo de uma relva verde e viva tão viva quanto seu coração quando o via passar.

Ele estava decidido a contar tudo a ela, todo o seu sentimento imenso infinitamente. Mas tinha um coração covarde, coração miserável e sem coragem. Jamais conseguiria.

Toc-toc-toc... parecia as batidas do coração de David, mas não, era só a batida da borta de sua casa.

- Bom dia. Sei que a gente não se fala muito mas preciso de ajuda.

- Cl-claro - saiu de sua boca um som gaguejado e nervoso, quase hipinotizado pelo poder da beleza de Catherine, a vizinha - O que seria?

- Me ajuda no dever de matemática. Sou péssima... - revirou os olhos.

- Posso, posso sim!

Ele convidou-a para entrar em sua casa e lá foram para um quarto dele, totalmente organizado. Passaram a tarde estudando naquele quarto abafado. Já era hora de ir, quando de repente deu-lhe a coragem de dizer tudo.

- Catherine, já ouviu falar que temos uma peça do quebra-cabeça perdida? Pois é, eu me sinto completo quando falo com você quando penso em você

- Mas... hã? Eu... nã... O quê? - ela ficou confusa, surpresa, mas ficou alegre.

- Eu sei, sou um idiota, fico calado e não te falei nada, te escondi esse tempo todo, mas tinha certeza que você nunca me amaria - uma lágrima saiu de cada olho dele como uma gota de chuva desliza no vidro.

Foi aí que ela enxugou as lágrimas salgadas dele e o beijou. Beijou como se tocasse a música "Stay" (Miley Cyrus), num ritmo lento e intenso que fez com que seus corações fervessem e se queimassem no mesmo fogo da paixão e se perdessem do mundo para viverem aquele beijo molhado e gostoso de ser ver e, principalmente, sentir.

- Eu não tenho dúvidas em matemática. Pelo contrário sou ótima, mas precisava de uma desculpa para ficar aqui com você. - falou com um sorriso brilhante depois do beijo de 2 minutos.

Ela saiu correndo com vergonha de ter dito tudo aquilo, mesmo sabendo que ele a amava também.