Memórias Póstumas escrita por dona-isa


Capítulo 38
Surpresa




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A estrada de Hialeah se estendia, quanto mais Gevanni dirigia, mais ela ia se alongando, a escuridão de final de tarde tomava conta da estrada, que era mais iluminada pelos faróis do Mercedes Guardian que ronronava feito um tigre, a única coisa sonorizando o ambiente fora um rádio que destoava de estações e que estava em um volume consideravelmente baixo.
- Mas o que...?
Logo no fim da estrada havia alguns carros parados, perto de um módulo policial, o que fez Gevanni pensar ser uma blitz, mas aos poucos os rostos foram se aproximando e ficando cada vez mais familiares.
- Argh, droga! - ele sibilou destravando o cinto de segurança e abrindo a porta do carro.
Em uma fileira lateral, estava Susan, que estava encostada num dos carros com a cabeça baixa olhando para as botas de couro de cano alto que vinham um pouco acima do joelho sobre a calça jeans, Geremy, que roía as unhas, e os outros visitantes ilustres, Halle e Anthony, que parecia soltar raios laizer pelos olhos e destruir cada partícula do corpo de Gevanni.
- Ahh, vocês- Gevanni disse depois de um suspiro longo e profundo, levando uma das mãos até a nuca, a coçando e balançando o cabelo liso e castanho.
Halle não respondeu, e também não movia um só músculo do corpo, ainda fuzilando Gevanni, Anthony acenou com a cabeça, virando o rosto e encarando a própria mão que estava no capô do carro.
- Eu, err...
Halle ergue uma mão, o impedindo de terminar.
- Near morre e você não tem a capacidade de nos ligar avisando? - ela murmura com os olhos fechados e trêmulos.
- Halle, eu...?
- Eu não quero ouvir uma só palavra! - ela sibilou entredentes - Você já teve sua chance de falar há muito tempo, três semanas pra ser exata, agora não adianta mais.
Gevanni percorreu seus olhos para os presentes, Anthony não olhava diretamente pra ele, era como se ele fizesse questão de deixar tudo nas mãos de Halle, Susan tinha uma mecha do cabelo atrás da orelha e espiava Gevanni de soslaio, com algo parecido com pena, Geremy se mantinha alheio.

- Vamos para o hotel, lá explicarei melhor - Gevanni sussurrou, assim que viu que Halle havia ficado mais calma.
Cada um seguiu em seu carro a longa estrada de Hialeah.
- Estamos aqui - Halle suspirou, falando entredentes logo após Gevanni os recolher em seu quarto de hotel - Agora você pode contarpor favor o que aconteceu?.
- É uma longa história... - Gevanni sussurrou, se sentando na beira da cama.
- Onde ele está? - Halle perguntou, ainda se segurando.
- Num cemitério em Jacksonville - Gevanni suspirou.
- Eu acho que temos todo o tempo do mundo - Anthony retomou a voz pela primeira vez.
Gevanni soltou os ombros, os relaxando e suspirando, como se se rendesse.
- Tudo começou com um plano...

O entardecer tingia o céu de laranjado e amarelo, o vento se misturava com a brisa que vinha do mar, e se aproximava frio, um corvo pairava sobre o céu, o que deixava a paisagem ainda mais lúgubre, e pousando, no ombro de alguém quase invisível.
"Hei bichinho, você pode me ver! Legal" Matt murmurou animado olhando para o próprio ombro, onde pousara o pássaro.
Mello estava de cócoras, em cima de uma gárgula sobre um túmulo, a cabeça baixa, com os cabelos louros cobrindo o rosto, um dos antebraços sobre o joelho.
"Hei Mello, o que você tem?"
Silêncio.
Logo se ouvem passos arrastados e conversações ao fundo.
"Eles chegaram bem na hora" Mello observou, agora levantando a cabeça.
Halle trazia um buquê de rosas brancas, ela e Anthony, usavam óculos escuros.
"Você sabia que eles viriam?"
Mello fez que sim com a cabeça, sem responder com palavra alguma, apenas ficou atento ao que eles diziam.
"Eu sempre desconfiei que ele iria fazer alguma bobagem dia ou outro" Halle dizia.
"Mas isso não vem ao caso agora" Anthony dizia.
"Mas de que diabos eles estão fal..."
"Hei Mello!" Matt gritou, tirando totalmente a concentração de Mello, que trincou os dentes.
"O que foi?" Ele revirou os olhos.
Matt deu um salto, e caindo elegantemente sobre a cabeça da gárgula onde Mello estava, fazendo o corvo voar de seu ombro.
"Você já parou pra pensar que Near morreu como um herói?"
"Hã? O que?"
Matt tragou longamente o cigarro, e depois soltando fumaça pelas narinas.
"Todo o mundo o vê como "aquele que arriscou sua vida no caso" mas nós, principalmente você, também não se arriscou no caso?"
Melo torceu o rosto em dor, como se algo o atingisse mortalmente, mesmo ele não sentindo mais dor.
"Near é um fraco, isso sim"
"L também era um fraco?"
"Claro que não!"
"Então, ambos morreram quase da mesma forma"

Matt sorriu, tragando o cigarro novamente e olhando para os visitantes do túmulo de Near, enquanto Mello refletia.
"Desde quando você deu pra falar coisas com sentido?"
"Sei lá cara, só falei" ele esboçou um sorriso, soltando mais fumaça pelas narinas.
- Err, com licença? - Susan se aproximou.
"Uhull a visão acaba de melhorar!" Matt comemora.
- Ahh, olá Susan, não tivemos muito tempo de nos apresentar formalmente - disse Halle.
Susan sorriu.
- É um prazer conhecê-la agente Lidner e agente Lester - Susan se virou para Anthony que assentiu com a cabeça - Mas, eu vim até aqui, trazer algumas informações.
Gevanni se aproximou de Susan.
- Informações?
- Sim - Susan sorriu, de uma forma como nunca tinha sorrido antes, a esperança transparecia em seus olhos - Parece que conseguimos!
Gevanni piscou, agora mais motivado.
- Quer dizer que ela...?
- Sim, Killer finalmente manteve contato com Sarah...Para, marcarem um encontro.
- Isso, é maravilhoso! - Gevanni comemorou sorrindo, e olhando para os lados parecendo incrédulo.
- Isso realmente é muito bom - Halle concordou.
- Isso era uma coisa que ele gostaria de presenciar - Susan olhou nostálgica para o túmulo de Near.
Os três agentes se entreolharam instintivamente, com certo sorriso.
- Mas enfim, parece que esse caso está chegando ao fim, vamos nos encontrar no escritório de Geremy, lá poderemos falar melhor - ela sorriu, saindo do cemitério.
- Tomara que ela esteja certa quanto à isso - Gevanni sussurou.
- Tomara mesmo, meu amigo - Anthony bateu de leve nas costas de Gevanni - Vamos logo, assim teremos mais certeza.
- Sim - Gevanni voltou à olhar o túmulo - Vamos.


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