Meu pai me olhava fixamente. Não parecia triste, mas também não parecia feliz. Parecia insatisfeito. Talvez seja simplesmente o fato de me encontrar vendo as fotos de minha mãe.

-- Carol, -- ele começou. -- eu não estou muito feliz com isso, mas eu sei que você fai ficar.

Não entendi. Talvez ele diga que nós nunca mais vamos nos mudar. mas isso parecia impossível.

-- Sua mãe vai voltar. -- ele disse, rapidamente, como se fosse doloroso dizer isso.

-- Minha mãe vai o quê???? -- eu disse, com a vontade impulsiva de sair pulando e gritando pela casa.

Ele não pareceu muito contente com minha reação.

-- É, foi o que ouviu. Sua mãe vai voltar. Ela ligou e disse que vai demorar um pouco, pois vem de navio.

Não acreditei no que acabara de ouvir. Minha mãe estava voltando. Eu estava tendo um dia de sorte.

Primeiro, eu faço amizades no primeiro dia de aula. E segundo, minha mãe avisa que vai voltar. Eu tinha que comemorar de algum jeito.

Resolvi ligar para Sam. Sim, eu já tinha o telefone dela.

-- Alô? -- disse uma voz fina, vindo do outro lado da linha.

-- Sam, sou eu. Carol. Eu quero que você venha na minha casa rápido. E avise Júlia e Tom.

Passei o endereço à ela. Quando desliguei, fiquei esperando que eles chegassem.

Vinte minutos depois, a campainha tocou.

-- Oi! -- disse Júlia. Ela estava acompanhada por Tom.

Rapidamente, subi com eles para o quarto.

-- O que aconteceu? -- Sam perguntou, ansiosa.

-- Minha mãe vai voltar!

Sam me abraçou no mesmo instante. E muito forte. Ficou murmurando algumas coisas, que não consegui ouvir.

Nem acreditei que estava com amigos em casa, esperando pela volta de minha mãe.

Vi Tom pegando o celular e ligando para alguém. Não sabia direito para quem ele estava ligando. Só ouvi ele sussurrando algo que parecia ser "Está tudo saindo conforme o planejado."

Nem liguei. Estava feliz demais para pensar em alguma coisa.

Quando começou a escurecer, Júlia e Tom foram para casa. E Sam, pediu para dormir em minha casa. Eu precisava lembrar como era ter uma amiga de verdade.

-- Estou tão feliz por você. -- ela disse, quando já estávamos na cama. -- Hoje mesmo você me falou que queria rever sua mãe. Parece que seu desejo se realizou.

Sam e eu ficamos conversando por um bom tempo. E finalmente dormimos.

Quando amanheceu, Sam já estava acordada. Ela parecia ansiosa.

-- Quando sua mãe vai voltar?

-- Eu acho que o mês que vem. Não sei por que ela decidiu voltar de navio. -- respondi.

Ouvi passos vindo em direção ao meu quarto.

Quando olhei para a porta, vi meu pai.

Ele estava completamente parado. Parado e muito pálido. Ele parecia sentir pena de mim.

Sua expressão era de angústia. Medo e tristeza.

Sam olhou para mim. Então perguntei:

-- O que houve?

O silêncio invadiu o quarto. E a tristeza também