Mudanças escrita por _-_Flora_-_


Capítulo 2
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Um pouco dramático. A personagem é meio infeliz.



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O dia seguinte seria horrível. Disso eu tinha certeza.

Amanhã é meu primeiro dia em um colégio novo. E, para piorar, me pai disse que eu tenho de arrumar todo meu quarto, já que fizemos mudança.

Fui tirando todas as minhas coisas daquelas imensas caixas de papelão.

Estava quase terminando quando vi uma coisa. Um baú. Parecia ser muito antigo.

Abri com cuidado. Lá havia um monte de fotos da família. E um pequeno caderninho.

Percebi que era o diário que eu tinha quando era pequena.

Abri no dia 31 de janeiro.

 

       31 de janeiro

Hoje é meu último dia de férias. Amanhã eu vou para uma escola nova ( de novo ). É a quarta vez que me mudo.

Eu tenho só 11 anos e já mudei de casa, ou melhor, de cidade, quatro vezes.

Tudo muda na minha vida. Eu já estou cansada. Queria que meu pai se decidisse em que lugar vai ficar.

Mas eu fiz ele jurar que, se eu gostar da escola e dessa cidade, NUNCA mais vamos nos mudar. Bom, só quando eu ou o Lúcio decidirmos.

Agora eu preciso dormir, pois amanhã eu vou ter que acordar as 6 da manhã.

               Carol

 

Fechei o caderno. Fazia três anos que eu não escrevia nele. Aquela foi a última vez.

Mas foi uma coisa ótima abrir aquilo. Lembrei do juramento que fiz com meu pai. E ele não cumpriu.

Eu estava gostando daquela cidade e da escola. É claro que eu não tinha amigas, mas eu gostava.

Fiquei furiosa. Deitei a cabeça no travesseiro, tão forte que pude sentir a cama tremer em baixo de mim.

Queria dormir o mais rápido possível. É a única cura para pensamentos ruins.

Fechei meus olhos. Adormeci.

Quando abri os olhos novamente, estava deitada no meio da rua. Não havia carro nenhum.

Estava de noite. Eu estava sozinha numa rua deserta.

Senti a chuva gelada caíndo sobre mim. Era reconfortante.

Eu já estava completamente molhada quando o inesperado aconteceu. Eu fiquei fraca. Não consegui me aguentar em pé. E caí.

Fiquei deitada no asfalto molhado, olhando a chuva cair. Elaera tão forte que machucava meu rosto. Não era normal.

No final da rua, vi uma sombra. Não era possível ver seu rosto. Parecia somente a sombra de alguém.

Ela foi se aproximando. E eu comecei a afundar. O chão parecia areia movediça.

Fui entrando cada vez mais na terra. E caí.

Eu estava em um lugar seco. E muito quente. Parecia o inferno.

Tinha um lago. Mas não era água que estava dentro dele. Era lava.

Me vi perdendo o equilíbrio e caíndo naquele lago. Era quente e sufocante.

Eu estava me sentindo diferente. Parecia que todos os meus pensamentos, todas as minhas mudanças estavam contra mim.

E vi aquela sombra. Estava lá. E foi a última coisa que vi.

Abi os olhos e estava em meu quarto. Eu estava suando.

O dia amanhecera nublado. E muito frio. Então por que eu estava com calor?

Talvez eu estivesse com medo.

Ouvi então meu som preferido. O som de pingos batendo no vidro da janela. Já estava chovendo.

Isso fez com que eu me sentisse melhor. Mas não curada. Só uma pequena parte de mim estava curada. E a outra grande parte, estava infeliz. E tinha várias rasões para isso.

Uma delas era o fato de eu ficar me mudando toda hora. A outra rasão era o fato triste de não possuir amigas. Mas umas das principais rasões é o fato de minha mãe não estar comigo.

Quando eu telefonava para ela, ninguém atendia. Meu pai dizia que ela estava bem. Mas agora, até eu comecei a duvidar.

Olhei no relógio. Ainda era cinco horas. Eu tinha uma hora sozinha, até meu pai vir me chamar.

Minha mente estava cheia de pensamentos. Eram tantos que eu nem sabia no que eu estava pensando.

Lembrei que, quando eu tinha 7 anos eu tinha uma amiga. O nome dela era Jane. E eu pensava que nada podia nos separar. Mas eu estava errada.

Meu pai não estava contente com minhas notas, então nos mudamos. Pela terceira vez. E eu me separei de Jane. Foi nesse dia que comecei a ter raiva de mudanças. Elas separam as pessoas.

Levantei da cama e comecei a mexer naquele baú. Encontrei exatamente o que queria. Era uma foto. Na verdade, três fotos.

Em uma delas, estavam eu e Jane. Na outra, eu e minha mãe. E, na última, a família reunida. Faz sete anos que isso não acontece. Desde que me separei de Jane. Quando isso aconteceu, minha mãe passou a morar na Europa.

As fotos eram a única lembraça de minha vida. Pelo menos, de minha vida feliz.


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Notas finais do capítulo

Quero reviews. Eu só recebi UM no cap anterior!



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