Angels Don't Kill escrita por Frerard


Capítulo 1
Capítulo 1 Anjos Não Matam...


Notas iniciais do capítulo

Unico



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Mais uma vez acordei naquele local escuro. Minha cabeça lateijava. Pousei minha mão sobre ela, sentindo algo frio misturando-se com meus cabelos: sangue; provavelmente outra queda após uma noite de bebedeiras. Abri finalmente os olhos. Escuro. Tudo estava escuro, sem uma brecha de luz sequer. Apalpei as paredes em busca de algo que pudesse ser acendido. Nada. Coloquei a mão no bolço em busca de meu isqueiro.



Shit!



Não estava ali. Provavelmente outro mendigo maldito o roubara enquanto encontrava-me desmaiado em alguma esquina qualquer de Helsinki; mas isso realmente não interessava, eu só me importava em saber onde caralho eu estava naquele momento. Passei as mãos pelas paredes, elas tinham uma expessura asquerosa, úmida. De repente senti um vulto passando atráz de mim.



Eu ouço os passos passando
Vendo-me morrer lentamente
Aguda é a dor agulhando meu coração
Lentamente me dilacerando



Levantei-me como que por um impulso assustado. Senti um calafrio percorrer-me a espinha quando ouvi uma doce voz chamando-me, proxima demais de meus ouvidos. Golpeei o ar tentando esmurrar algo, o que foi em vão. Ilusão? Seja lá o que era aquilo, com certeza não era feito de carne, nem de ossos, nem de qualquer uma outra matéria apalpável: "era um espírito", pensei.


"Quase isso"


Aquela voz mais uma vez sussurrou em meu ouvido.O que diabos aquilo estava tentando dizer-me com aquilo?
De repente vi uma das partes do recindo alumiando-se pouco a pouco. Uma luz avermelhada, estranha, quente. Foi surgindo na escuridão a imagem daquele ser. Asas; sim, eram asas. "Um demônio", pensei comigo mesmo antes que a escuridão descobrisse aquele ser por completo, mas antes que pudesse aprofundar essa minha tese, eis que surge, finalmente, aquela imagem na escuridão: um anjo.


Um minuto e você é um anjo caído na desgraça
Em seguida, os temores que ganhei
Me recolha da sarjeta com um beijo gentil
Eles arrancaram fora meu coração para mostrar-me quão negro ele é!



Sim, era um anjo, mas não um anjo comum. Esse não era um anjo como os que se viam desenhados nas paredes das igrejas: era um anjo com uma aparência... assustadora, demoníaca; sim; nada de garotinhos gordinhos com ar inocente e caichinhos dourados: era exatamente o contrário. Era um ser magro, de aparência horrível, asas negras e despedaçadas, olhar pecaminoso e hálito gélido. De repente todo aquele lugar começou a ficar perturbadamente frio; senti a ponta de meu nariz congelar e minha garganta gemer como em um início de resfriado.



Não!
Ainda sou frio!
Está tão frio
É, como deveria ser
Morrerei sozinho!



Aquele ser então olhou-me com um ar irônico, mostrando-me um sorrizo malicioso e cheio de dentes. Estremeci; nunca houvera sentido tanto medo como naquele momento; minha garganta secou assim como meus olhos que não conseguiam piscar; foi então que aquele anjo transformou-se em um vulto negro e comprido e começou a andar loucamente por todo aquele comodo, passando por mim e deixando cicatrizes dolorosas de sangue por todo meu corpo.



Eu ouço os passos caminhando
Vendo-me morrer lentamente
Aguda é a dor agulhando meu coração
Lentamente me dilacerando



Aquele sentimento redondamente agoniante tomava conta de mim. Uma dor insuportável tomara conta de todo meu corpo assim como o desespero quando lembrava-me que não havia como impedi-lo. Más memórias surgiam em minha mente como um filme de terror passando na minha cabeça: minhas desgraças, meus pecados, tudo de horrível que um dia eu fizera ou sentira estava vindo a tona naquele momento.



Quando você aparece como um anjo
Me colocando pra baixo, olhe para o meu mundo
Você poderia matar a dor no meu coração?
Embora digam que anjos não matam



Em um segundo tudo aquilo desaparecera, como mágica; olhei ao meu redor e estava tudo claro, sem anjos, sem paredes asquerosas, e por incrível que pareça, estava em um local famíliar: meu quarto. Sim, eu apareci em meu quarto, e ainda sem compreender o que havia me passado, tentei tranquilizar-me pensando que fora apenas um pesadelo, quando senti uma forte pontada em meu tórax; corri até o espelho mais próximo, soltando um grito de horror logo em seguida: Feridas. Sim, todo meu corpo estava coberto por feridas que gora sangravam, formando um possa de sangue no chão. Desesperei-me quando percebi que tudo havia sido realidade, e que, sendo assim, aquele ser infernal poderia estar em qualquer canto daquele quarto. Rastejei assustado até meu armário, entrando com uma tentativa inútil de esconder-me, quando aquela voz surgiu novamente em meus ouvidos, sussurrando aquela que provavelmente fora sua ultima frase.



-Anjos não matam...




E desapareceu para sempre, deixando-me ali, assustado, sozinho, e sem entender o que havia se passado naquela noite.



Não!
Ainda sou frio!
Está tão frio
É, como deveria ser
Morrerei sozinho!




-Fim-






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Notas finais do capítulo

;)