Acordei como sempre com a minha mãe berrando no meu ouvido, tomei meu banho, me arrumei, desci pra tomar café, minha mãe me deixou no colégio.

Estava sentado num dos bancos esperando o sinal bater, então vi uma silhueta se aproximando de mim.

- Oi Alex - falou Cristina

- Oi Cris, tudo bem?

- Tudo, posso me sentar?

- Claro, senta ai - falei, chegando pro lado para que ela sentasse.

- Então, gostando do colégio, do bairro. Sei que Jacksonville é bem legal.

- É, eu sinto saudade de lá, dos meus amigos e tal.

- Entendo. Mas é normal sentir saudades né? Quando vim pra cá, também senti saudades do meu bairro, meus amigos...

- Da onde você veio?

- Johnstall.

- Nossa, é do lado de Jacksonville..

- É bem perto mesmo..

Fiquei conversando com a Cris por um bom tempo, nem percebemos que o sinal havia batido e acabamos entrando atrasados na sala, ela é bem legal, animada e extrovertida, engraçada também. Eu ri bastante com ela, e além de tudo isso é bonita e mostra estar afim de mim.

A aula passou rápido, agradeci a todos os deus possíveis por isso, queria ir pra casa logo, tentar conversar mais com a Gabriela. Sentia que ela precisava de mim, então peguei um ônibus e em menos de 10 minutos cheguei em casa.

Bem a tempo de ouvir os gritos que ela falara. Corri pra lateral da casa e ouvi um choro. Joguei minha mochila no chão e nem sei como, pulei o muro caindo do outro lado.

Ela se assustou comigo e deu um gritinho.

- Calma, sou eu. - a olhei e ela chorava.

- Por favor, me tira daqui. - implorou, me abraçando.

Sentir seu corpo junto ao meu me deu um arrepio na espinha, ela estava mal e eu sabia que era o único que podia ajudá-la.

- Vem. - peguei sua mão e a ajudei a subir no muro, subi, pulando pro outro lado, a ajudei a pular. A puxei pra dentro da minha casa.

***

POV Gabriela

Eu não agüentava mais aquela casa, eu pensara em fugir milhares de vezes, mas sei que ele me procuraria e me levaria de volta, até porque eu não posso deixar minha mãe pra trás, ela precisa de mim, mas aquilo estava ficando insuportável. Eu só tinha 15 anos, era apenas uma menina.

Não suportava mais ele, nem aquela situação, era demais para mim, já havia tentado suicídio, mas só em pensar em deixar minha mãe sozinha, me fazia recuar.

Depois do grito, sai correndo com ele atrás de mim, chegara bêbado novamente, e o estado de minha mãe era digno de pena, não podia resolver mais nada, não tinha solução. Naquele momento só queria sair dali, ir para um lugar seguro.

Na lateral da casa, percebi alguém pular na minha frente, percebendo que era Alex, notei que seria ele meu salvador, aquele que me tiraria dali. O único que sabia que poderia confiar eternamente.

- Me tira daqui por favor. - falei o abraçando.

Ele me ajudou a pular o muro e me levou para sua casa.