POV Gabriela

Acordei e me deparei com um quarto grande, uma cama de casal inteiramente para mim, fiquei confusa mas logo lembrei onde estava, e sorri.

Me levantei e fui tomar um banho, quando sai notei que não tinha roupas minhas.

Fui até o armário e vi algumas peças de roupas, acho que dão em mim.

Peguei uma calça de moletom e uma blusa de mangas, serviu perfeitamente. Sai do quarto e fui até a cozinha, onde encontrei a avó de Alex.

- Olá meu bem, já vi que se virou nas roupas - falou, olhando pra mim.

- Espero que não se importe, lembrei que não..

- Não minha querida, fique a vontade, aquelas roupas eram da mãe do Alex. Vi que serviram direitinho.

- Sim. Obrigada por me deixar ficar.

- Que isso, tudo vai melhorar.

Assenti sorrindo, estava com fome. Meu estomago roncou avisando por mim.

- Sente-se, vou lhe servir algo.

Me sentei a mesa e ela me serviu um prato de comida, que nunca havia comido antes.

Minha mãe estava descomplicada, não está me deixando sair de casa, nem ir ao colégio eu to indo. Ficou neurótica pelo que eu contei sobre Gabriela, me disse que eu tinha que ficar longe dela, que ela era um problema, que eu estava perdendo meu tempo.

Me perguntou como uma garota como Gabriela, sem pais, sem nada, e ainda mais estuprada conseguiu chamar minha atenção.

Disse ainda, que a única coisa que ela precisava era de terapia.

Sério, senti tanta raiva da minha mãe, tanta. Esse sentimento nunca havia tomado meu coração e agora o tomou, e pela minha mãe. A única pessoa que eu pensei que entenderia, além de minha vó.

E minha vó cara, pensei que como ela é tão rigorosa, faria de tudo para que Gabi não ficasse na casa dela, não se escondesse lá, mas me surpreendi com ela. Como me surpreendi com a minha mãe.

Agora estou preso dentro de casa, sem poder sair, sem poder ir vê-la.

Preciso falar com ela, toca-la.

Que abstinência do caramba!

Gabriela se tornou minha droga, e sem ela eu me sinto vazio, oco!

Peguei meu telefone e liguei pra minha vó.

- Alô? - atendeu minha vó

- Oi vó.

- Alex, como estão as coisas por ai?

- Pessimas, minha mãe não quer me deixar sair de casa. Vó preciso falar com a Gabi.

- Claro, vou passar pra ela.

Esperei um pouco e logo ouvi a voz suave que tanto me acalmava.

- Alex? - falou ela

- Oi meu amor, você está bem?

- Estou, sinto sua falta.

- Eu também Gabi, eu vou ai te ver ta?

- Não Alex, não sai de casa, fica ai

- Gabi, se acalma. Ele sumiu, ele não aparece aqui desde ontem, a policia ta rondando minha casa a manha inteira, e eu quero te ver, preciso te ver.

- Mas eu..

- Vou fazer de tudo pra ir ai.

- Alex, por favor, eu estou com medo.

- Amor, eu te amo.

- Eu também.

Ficamos em silencio por alguns instantes, ouvir aquela respiração rápida no telefone, me fez querer cada vez mais ir lá, abraça-La, dizer que está tudo bem, que eu estou lá.

- Alex? - me chamou

- Estou aqui.

- Eu ouvi um barulho.

- Que?! Que barulho?!

- Meu deus.. Alex!!!?!?

- Gabriela?! Gabi?!

O telefone ficou mudo