Lá estava eu, novo na cidade, não conhecia ninguém, nova escola, novos amigos, novas gatinhas. Podia ser chato mudar de cidade, mas tinha suas partes boas, tipo você podia ser quem você quisesse, até descobrirem como você realmente é.

- Alex, já ta pronto? - perguntou minha mãe, da garagem.

- Já, deixa só eu pegar meu boné.

Peguei meu boné, eu o considero da sorte, foi meu pai que me deu no meu 14º aniversario, e é especial pra mim. Até por que é a única lembrança que tenho do meu pai.

- Bora filho, a mudança já vai sair. - berrou de novo minha mãe.

- Pronto, to aqui - falei, entrando no carro.

Partimos pra nova casa, nova vida, nova rotina e ares. Não queria deixar Jacksonville, meus amigos, minha escola eram lá. Mas o que eu posso fazer se depois de 2 anos tentando, minha mãe conseguiu ser promovida no emprego. Eu tava feliz por ela, então não falei nem que sim nem que não sobre a mudança, até por que não adiantaria nada falar que não, íamos do mesmo jeito.

Tava um tédio no carro, parece que não chegava nunca na casa nova, eu já tava completamente deitado no banco de trás do carro, ouvindo música no meu MP. Que é claro, só pra contrariar, acabou a bateria.

- Mãe, já ta chegando? - perguntei, pulando pro banco da frente.

- Já, falta só um pouco.

- Você falou isso há 1h atrás.

- Calma filho, que ansiedade é essa?

- Nada, só quero sair desse carro.

Sério, muito tempo dentro de um carro, sem fazer nada, cansa.

- Relaxa, já estamos chegando.

Depois da milésima vez ‘ Já estamos chegando’ da minha mãe, 1h depois chegamos de fato na casa nova. Minha mãe estacionou o carro e eu sai, dando graças a Deus.

- Cacete, que casa enorme. - falei, batendo a porta do carro, e olhando aquele palácio.

- Que isso, nem é tão grande. - falou minha mãe, sempre sem um pingo de senso de grandeza.

- Tá de sacanagem né? É bem maior que a antiga!

- Sim, isso é. Bom, entre - falou, me entregando as chaves.

Abri a porta e assim que vi a sala eu soltei um ‘Caralho’ bem alto, minha mãe reclamou, mas nem liguei, é enorme mesmo, essa aqui é 3 vezes maior que a antiga.

Subi as escadas, abrindo todas as portas que encontrei, é sem sacanagem, tem umas 5.

Pra que tanta porta? Me diz, pra que? Só se for pra esconder defunto lá dentro.

- Alex, cadê você? - berrou minha mãe, do andar debaixo

- Aqui em cima - falei, aparecendo na escada.

- E ai, gostou?

- Mãe, tem 5 quartos? O que você vai fazer com 5 quartos? - falei, descendo as escadas.

- Eu vou ter alguma idéia pra eles, já escolheu o seu?

- Não tem como, são iguais.

- Então, mais fácil

- Não, eu quero o maior.

- Nossa Alex, escolhe qualquer um e pronto.

- Ai ta boom! - subi as escadas e fui ver os quartos de novo. Acabei escolhendo um que dava de frente pra janela do vizinho, parecia ser o maior, e tinha uma janela gigante.

Joguei minha mala na cama e comecei a desfazê-La, amanha ia ter aula na escola nova e precisava de uma roupa decente pelo menos pra ir. Que saco, 2º ano numa escola nova.

As meninas devem estar com saudades de mim, afinal um cara como eu, não é de se jogar fora.

Tirei minha blusa, ficando apenas de calça, a joguei em algum canto, virei e me joguei na cama, pus os braços atrás da cabeça e fiquei pensando no dia de amanhã.