O Tango de Roxanne escrita por Rutchellen


Capítulo 1
Capítulo 1 - Sweet Girl




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Vê-la naquele estado, me proporcionou um tipo de alegria doentia.
 
   Não era exatamente culpa minha. Ela provocou e duvidou que eu pudesse revidar.
 
  Estava claro o terror nos seus olhos. E como se a coragem de antes tivesse se dissipado no momento em que eu lhe mostrei a faca e a aproximei de seu pescoço. Ela era nada mais, que um ratinho que sabia que ia morrer, por comer o queijo envenenado e e que começou a surtir efeito.

  Não lhe culpo. No seu lugar eu também teria medo de mim depois das coisas que eu fiz, e que todos sabiam que eu as tinha feito...

...
 
  Há há há ... Não sentiria mesmo!
  No meu estado  mental atual, medo é só um sentimento esquecido por mim. E morrer já deixou de ser um temor. Pra mim seria só uma forma dolorosa de ir me encontrar com mamãe.
 
  Seja no inferno ou no céu. Só pra constar.

    Eu pretendia mata-la ali mesmo, e enterrar em algum lugar nos limites do orfanato, limpando qualquer vestígio que pudesse me incriminar. Quem disse que ver filmes de terror e series policiais não nos ensinam a cometer crimes perfeitos, afinal, dizem que sempre estamos aprendendo, mesmo quando não nos damos conta disso. Se bem que queimar o corpo é bem  melhor.
   A porta do sótão foi aberta com um chute e a diretora entrou rapidamente acompanhado por duas inspetoras.
   Foi muito rápido a forma que ela agiu.
   Em um minuto eu estava quase rasgando a garganta dela com a faca da cozinha.
   No outro eu estava caindo no chão por causa da pancada na cabeça, e sentindo-a latejar. Um líquido vermelho e quente correu  pela minha testa. A dor só veio depois, quando me virei pra olhar pra elas, desamarrando com certo desespero, a desgraçada da Karen.
    O corte em seus pescoço estava superficial, por que não tive tempo de aprofundá-lo o suficiente pra mata-la.
    Todos eles me olhavam como se eu fosse um monstro, e não acho que elas estejam erradas, mais elas provocaram, e mereceram tudo o que lhes aconteceram.
    Elas eram novatas e como todas as novatas que chegam aqui, acham que as pessoas excluídas são fracas e idiotas, e que por isso, podem zombar o quanto quiserem delas que elas nunca iram se manifestarem.
   
   Ninguém nunca as ensinou que o pior inimigo é aquele que não avisa que vai atacar?

   Uma pessoa de personalidade distorcida como a minha, é muito criativa, quando se trata de fazerem os outros sofrerem. Uma delas  “ acidentalmente”  teve metade do rosto queimado por uma panela de água fervente com óleo para macarrão, que “acidentalmente” caiu sobre si, quando supostamente recebera um chamado pra ir a cozinha de uma das cozinheiras.
   A outra teve intencionalmente os dedos cortados no meio do pátio por mim, com uma tesoura de jardineiro. As únicas testemunhas foram claramente intimidadas ao silêncio se não quisessem um destino pior que o da vítima. Para a sorte dela, não ficou sem os dedos, por que deu tempo pra costurá-los de volta.
   Mais sem ter os movimentos.
   Com um pessoa que acabara de perder três dedos da mão, e outra com o rosto queimado, foi fácil convencê-los a ficarem quietos.
   Ok, essas coisas não parecem tão dolorosas, mais vai queimar seu rosto com água quente ou perder os dedos pra ver se você não vai sofrer.
   

   È claro que me mandaram  pra uma psicóloga, quando estava muito óbvio que eu era a culpada  –  infelizmente algum cretino supôs que fosse eu, e aí  a má impressão fez eles terem certeza  - E como eu já não parecia bem e queria se livrar de mim, um diagnóstico os livraria da “dor de cabeça Roxanne ”.

    - Mocinha, há várias acusações de que você veem fazendo coisas ruins no orfanato.  – disse a psicóloga.
    - Eles querem se livrar de mim e por isso estão me culpando por essas coisas horríveis que aconteceram. – disse chateada  – Sabe o que é, doutora?  - perguntei, e vi que ela tinha toda a atenção em mim -  As pessoas que vem adotar crianças, nunca querem as com muita bagagem emocional, e pelas coisas que aconteceram com minha mãe... Eles acham...  Que por eu ter visto...  – comecei a chorar. Aquelas lembranças eram fortes demais pra ficarem gravada na mente de uma criança de nove anos. – Eles acham... Que... Que eu... – Comecei a soluçar e levei a mão no peito, a dor da perda da minha mãe era algo que doía muito ainda. - Q-Q-Que  por e-e-eu... Não ter cho-chorada na hora.... Que eu so-so-sou ... uma criança insensível...
   - Calma, menina, não precisa se desesperar...Fala com calma sim? – ela disse gentil,
      Eu respirei fundo várias vezes , e depois de algum tempo consegui me acalmar um pouquinho.
   - Eles acham...Que eu sou uma criança insensível.... Que virei uma pessoa ruim depois do que aconteceu... Mas eu... Doutora...eu não sou ruim...eu só me defendo...Doutora?
   - Sim?
   - Eu sou uma criança ruim? – perguntei com os olhos mareados –  Por eu ser uma criança forte, e querer superar a morte dela? 
   
   A expressão da psicóloga era de pura compaixão. E isso era bom. Isso queria dizer que ela estava caindo no minha conversa.
    - Por que Deus é tão cruel com as pessoas boas? – disse ainda com a mão no peito, agarrando mais a blusa, como se com isso eu pudesse aliviar a dor. – Ele me tirou minha mãe, que era tudo pra mim... A única pessoa que eu amava incondicionalmente...
   
     Os olhos dela encheram-se de lágrimas e eu me descontrolei e comecei a chorar sem parar.
     Aquela psicóloga era recém-formada, e  inexperiente, deviam ter dado um profissional se queria realmente que me diagnosticasse como uma criança com transtorno de conduta.

      - Claro que não, você é uma  criança adorável...  – ela disse se levantando de sua cadeira e me abraçando.  – Você é uma criança adorável... – repetiu pra que isso ficasse gravado em minha mente. Depois começou a cariciar meus cabelos e aninhar-me.
   - Obrigada... – disse  baixo –  Obrigada por me ouvir...


     Eu não fui retirada do orfanato. Mais as garota queimada e a garota dos dedos cortados foram tiradas de lá. Pois as duas começavam a grita assim que me viam, e tremiam ao ouvir meu nome.
  
   Não sei  o porquê.
   Elas ainda estão vivas, não estão?
  
   Já não posso dizer o mesmo de Karen.
   Eu esperei pacientemente por um mês.
   E Enquanto o mês passava, eu a via temer toda vez que me via passar, chorar toda vez que tivesse que cruzar meu caminho, e fazer um escanda-lo só de imaginar que tivesse que ficar perto de mim. Como a tortura não era pouca, eu a encarava toda vez que a via, jurando no olhar que ainda ia a pegar, que era questão de tempo. Sempre que almoçávamos fazia um sinal com a faca de que cortaria seu pescoço e isso a enlouquecia cada dia mais.
  
   No meio de uma madrugada de outubro, e levantei da cama e decidi que ia acabar com ela com minhas próprias mãos. Ela nem ia sofrer se me deixasse esganá-la sem reagir.
  O destino dela foi traçado por mim e ela não ia ter futuro.
  Minhas mãos agarraram seu pescoço como se  agarrasse um pote de ouro. Comecei a enforca-la e ela não demorou a acordar. Ela ia gritar, mais a falta de oxigênio só a fez soltar baixos ruídos.
   Karen agarrou minhas mãos e tentou tirá-las de seu pescoço mais eu estava determinada e tomada por uma adrenalina, que só se aliviaria quando a fizesse parar de respirar.
    Podia sentir ela enfraquecer a cada tentativa de se salvar, e aos poucos um sorriso foi se desenhando nos meus lábios. Um sorriso perverso, que se alargou mais quando ela finalmente desistiu de lutar pela vida.
    -  Bem feito. – disse  baixo – Quem sabe se na sua próxima reencarnação  lembre-se que não se deve destruir os bens preciosos dos outros...  – Tirei um pingente destruído do bolso da calça de moletom. Quando inteiro era um coração vermelho de metal e no seu meio era um relógio pequeno. – Se gosta da própria vida. É claro.
  
    
    Karen  foi a primeira pessoa que matei. E acredite se quiser. Nunca dormi tão bem, como naquela noite.
  No outro dia, quando a encontraram morta, muitas olhares se voltaram pra mim. Eu podia simplesmente negar ou ir embora, por que não tinha ninguém ali que pudesse me fazer querer ficar. E também não tinha nada que eu gostasse de fazer ali. Então fui embora.



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Notas finais do capítulo

Rewins?



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