Primeiro Beijo escrita por Yuna Aikawa


Capítulo 1
Natal


Notas iniciais do capítulo

Essa história já estava pronta... Eu apenas resolvi postá-la :B
e sim, está uma bosta.



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               Começou com um comentário inútil, seguido de um riso forçado. Eu a via como mais uma garotinha mimada com um rostinho angelical e cabelo rosado. Sakurada era minha amiga, uma dos  únicas que eu tive durante a infância. Não é nada fácil ser filho de um punk, muito menos aderir o estilo da mãe, mas o dia mais feliz da minha vida foi quando ela me deixou colocar um alfinete no lábio.

Miwako foi contra a droga do alfinete desde o primeiro dia, mas acabou se acostumando com ele, principalmente porque Tokumori a acalmava com seu modo sensato.

Era apenas nós três, o cordial príncipe, o punk e o delicado anjo rosado... O trio inseparável.

Lembro-me do nosso primeiro natal, Miwako estava gripada demais para sair da cama e Hiroyuki iria passar o feriado com a família. Minha mãe tinha ensaio da banda, mas me deixou um pedaço de carne para a ceia - que se foda. Vesti minhas galochas e um sobretudo duas vezes maior que meu corpo magrelo e fui atrás de Tokumori pela cidade. Nevava muito, às vezes alguns velhos me paravam na rua - mas eu chutava o saco deles e saia correndo.

Encontrei um garotinho bem vestido com o rosto colado na vitrine da loja de doces – provavelmente a única loja aberta naquela véspera de natal.

- Hiro? O que está fazendo? - Aproximei-me rindo.

- Arashi! - O garoto sorriu - Queria comprar algo para a Miwako melhorar logo, mas não encontrei nenhuma farmácia aberta...

- E o que pretende fazer?

- Comprar um remédio mágico!

Primeiro eu achei que ele estivesse louco, que o frio tivesse afetado sua cabecinha oca e mimada, mas então eu parei pra notar o que o príncipe tanto olhava. Era um pote de balas, daqueles maiores que a sua cabeça, repleta de bolinhas de açúcar coloridas. Olhamo-nos e sorrimos como se tivéssemos achado um pote de ouro no fim do arco-íris. Juntamos todas as moedas que encontramos nos bolsos e esmolamos mais algumas para os casais que passavam.

O caminho de volta foi extremamente divertido, éramos dois garotinhos com o maior pote de balas do Japão debaixo dos braços e um puta sorriso no rosto, fomos rindo até o prédio, onde entramos no apartamento de Miwako e deixamos seu presente sob a árvore.

Dormimos como anjos - até os pais de Hiroyuki entrarem desesperados no quarto, atrás do filho - ignorei os berros e voltei a dormir.

Na manhã seguinte, o dia foi mágico. Não só por ser natal, mas porque Miwako estava maravilhada, agarrado ao pote, dizendo que o Papai Noel lhe trouxera um remédio mágico e mostrava o cartãozinho com na maior felicidade. Ri com Hiroyuki, beijamos-lhe a testa e avisamos para não comer demais, ou passaria mal.

- Mas é um remédio mágico do Santa-sama! - Indagou o pequeno anjo.

- Sim, mas remédio demais faz mal, Mika-chan - Hiroyuki sorriu.

- Ah, deixe-a fazer o que quiser - Comentei por fim.

Nem preciso dizer que Miwako passou o dia todo comendo aquelas porcarias - cada vez sua língua estava de uma cor - até realmente passar mal. Que porra de garoto irresponsável eu sou? Dei doces pra uma criança, é claro que ela comeria até explodir! Ainda, para ajudar, minha mãe não viria passar o dia comigo, estava ocupada demais com a banda.

Passei a tarde toda sentado no corredor do prédio, diante da porta 302 – o apartamento dos Sakurada. Quando sua irmã mais velha saiu, olhou-me com uma certa compaixão.

- Ele já está melhor – Sorriu Mikako – Logo estará aqui fora, vamos ao templo!

- Ah, okay...

- E o que está fazendo aqui ainda, Arashi? Você vem conosco!

            Não sei o que me assustava mais: o bom-humor sobre-humano de Mikako ou um convite em pleno natal – sinceramente, o que isso importava? Miwako estava melhor, só isso me bastava.

            Corri para casa, a procura de uma roupa decente. Peguei minha melhor bermuda, um paletó e uma camisa branca. Arrepiei os cabelos loiros e enfiei minha melhor coleira. Quando corri de volta ao corredor, lá estava ela: vestida de vermelho, como um anjo lolita caído, Miwako estava sorrindo na porta, com as bochechas levemente coradas, ao lado de Hiroyuki – que estava vestido como um garoto riquinho, pra variar.

            Mas o que mais me animou foi a figura feminina que acompanhava meus amigos. Corri até ela como se fosse uma miragem e a agarrei. Por Slash, meu natal não poderia estar melhor... Minha mãe, minha querida mãe, estava ali, sorrindo com sua guitarra no ombro.

- Mikako me convidou... Espero que não se importe, Arashi – Sorriu.

- Imagina, mãe! – Acho que eu desloquei a mandíbula com meu sorriso, mas que se foda – Miwako, como está se sentindo? – Encostei minha testa na dela, para ver se tinha febre.

- Estou bem, Arashi! – A garota corou – Vamos logo.

            Então fomos ao templo, eu de mãos dadas com Hiroyuki e Sakurada, e mamãe e Mikako atrás, cuidando para não nos perdemos como bons responsáveis devem fazer. Eu estava feliz como nunca, pelo menos até perceber como o rosto de Miwako estava rubro.

- Mika-chan, vamos ver o lago?

- Posso, Mikako? – Perguntou à irmã.

- Façam o que quiserem, mas tomem cuidado para não se machucar, entenderam?

- Mas, se a Miwako se machucar – Que porra de mania é essa de se referir em terceira pessoa? – Ele tem o remédio mágico do Santa-sama!

            Ain, flechada no peito! Como o pequeno anjo consegue ser tão adorável? Quer dizer, além do rostinho delicado, roupas que a irmã faz e os cabelos curtos e rosados... Ah, tanto faz. Puxei a rosinha pra trilha que levava ao lago e vi Hiroyuki ficando pra trás, para acompanhar a família.

            O lago não tinha nenhum atrativo fantástico: era um buraco com água e peixes, grandes bosta, mas o anjo parecia maravilhado ao ver o cenário à luz alaranjada dos últimos minutos do entardecer. Abracei minha amiga pelo ombro, ficando cara a cara com aqueles olhos castanhos.

- Está tudo bem mesmo? – Perguntei – Você ainda parece estar passando mal, Mika-chan.

- Está tudo bem, Arashi... A culpa foi minha, você e o Hiroyuki tentaram me avisar – Sorriu, abraçando-me também – Nem pude terminar de fazer o meu presente pra vocês...

- Onw, que gracinha de menina prendada nós temos aqui... O quê que era?

- Segredo!

- Ahh, me conta!

- Nunca! – Miwako me mostrou sua língua.

- Quem mostra a língua pede beijo – Brinquei, mordendo-lhe a bochecha.

- Bobão!

            Dessa vez não deixei passar, quando meu pequeno anjo me mostrou a língua, tasquei-lhe um beijo francês. A menina ficou boquiaberta, olhando-me sem qualquer reação além do corar padrão.

- Considere esse o meu presente de natal para você – Sorri, despreocupado.

- F... Feliz natal, Arashi... Seu menino atrevido.

            Mais um beijo, dessa vez correspondido, já que foi ela quem começou.  

            Quando voltamos, Mikako nos reuniu com Hiroyuki para tirarmos uma foto, a foto do dia do meu primeiro beijo... Que gayzinho.


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