Rising Moon Setting Sun escrita por Scila


Capítulo 13
Capítulo 13




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- Quantos?

Cedric desviou o olhar.

- Quantos sobreviveram, Cedric? – repetiu Harry, com mais ênfase.

- Não o bastante, meu rei.

Um longo suspiro era tudo que suas forças permitiam. Lutaram a noite inteira e apesar de que a horda de saxões tinha sido dizimada, o estrago já havia sido feito, como Servolo desejava. Seu plano provavelmente era diminuir os números e destruir suprimentos obrigando Harry a voltar para Camelot com o rabo entre as pernas.

Mas isso não ele não ia deixar acontecer, não enquanto tivesse alguma chance, mesmo que pequena, de conseguir derrotar a ameaça de Servolo de uma vez por todas.

- Suprimentos?

- Com sorte, irão durar cinco dias. Talvez menos.

Pela abertura da tenda improvisada Sirius Black, Remus Lupin e entraram, todos com rostos sérios e cansados.

- Encontraram ele? – perguntou Harry, virando para os recém chegados.

- Não, Harry. Sinto muito – respondeu Remus gravemente.

Sentindo a preocupação do afilhado, Sirius se aproximou e colocou uma de suas mãos no ombro do jovem rei.

- Nem sei por que você procurou ele. Malfoy não é nada mais que um inútil. Nunca confiei no pai e não confiava no filho. Não fique preocupado com ele.

- Não é tão simples assim, Sirius... – começou Harry.

- Faça ser simples. Você é o rei – sorriu Sirius. – Malfoy foi-se. Morreu por incompetência no campo de batalha e pronto. Nada a ver com você.

- Se ele morreu, onde está seu corpo? – interviu Remus sério.

- O que você está sugerindo, Lupin? – falou Cedric, surpreso. – Que ele foi capturado?

- Por quem? Matamos todos – comentou Oliver, pela primeira vez.

- Quem sabe não foi capturado... Quem sabe fugiu da batalha – sugeriu Sirius.

Harry não prestou mais atenção na conversa de seus conselheiros, distraído em pensamentos saiu da tenda e observou o que havia restado do acampamento à luz dos primeiros raios da manhã.

Tentando clarear a mente seu olhar então bateu em uma floresta próxima e uma idéia lhe surgiu.


- Você é um magricela pesado, Malfoy – resmungou Gina enquanto o arrastava para longe do acampamento queimando.

A idéia que lhe parecia boa momentos atrás agora se provava péssima. Não havia dúvidas que deixar Malfoy caído no meio do campo de batalha não era muito bom mas carregá-lo para a proteção da floresta que havia ali perto estava se mostrando mais complicado do que o esperado.

Felizmente logo encontrou proteção perto de um lago e deixou o corpo desmaiado dele no chão com o máximo de delicadeza possível devido o estado de ambos.

Gina estava realmente confusa. Antes acreditava que havia algum interesse político da parte de Malfoy nela e por isso ele a ajudara. Mas agora... Por que ele arriscaria a própria vida para salvá-la? Nada seria tão importante assim para que ele colocasse a vida dela em primeiro lugar.

O que aquele infeliz queria com ela, afinal de contas?

- Ainda por cima conseguiu me fazer sentir responsável por ter se machucado! Idiota insuportável! – murmurou para si mesma enquanto retirava parte da armadura dele.

Não queira estar em débito com ele. Se ela salvasse sua vida agora ficariam quites de uma vez por todas.

Agora viria a segunda parte penosa. Precisaria analisar o ferimento.

Assim que retirou a camisa do dito cujo notou onde o cavalo havia o empurrado. O peito de Malfoy estava arroxeado.

Percebeu então que não havia respiração. O impacto devia ter lhe tirado o ar.

- Perfeito – comentou sarcasticamente quando percebeu o que precisava fazer.- Simplesmente perfeito.

Ou era isso ou ele morria. E apesar de Gina não o achar particularmente a pessoa mais agradável do mundo, não podia ficar parada e vê-lo morrer.

Não só isso mas havia uma certa pitada de curiosidade em saber a razão dele ter arriscado sua vida por ela.

Aproximou-se do rosto pálido de Malfoy, tampou o nariz alongado e fino dele e colocou seus lábios nos dele, fazendo o que acreditava ser uma respiração boca-a-boca efetiva.

Para o alívio de sua consciência, ele começou a tossir, mostrando que ainda viveria.

Quando os olhos cinzas dele se abriram para encarar nos dela, Gina começou a se afastar. Percebendo isso, Draco se moveu rapidamente e segurou o rosto dela com as mãos, puxou-a e a beijou.

A reação da ruiva foi rápida e dolorosa, bateu com o punho no peito machucado de Malfoy que não teve opção a não ser soltá-la, tossindo.

Irritada, Gina cruzou os braços enquanto Malfoy se recuperava.

- Não é só porque o carreguei até aqui que você tem o direito de tomar certas liberdades, Malfoy.

- Não sei... – tossiu. - Do que você está falando.

- Você me beijou, seu idiota!

- Você fez isso primeiro.

- Há uma grande diferença entre respiração boca-a-boca e um beijo.

Ambos rolaram os olhos para cima.

- Será que pode me ajudar a levantar?

O puxou nada delicadamente. Malfoy tossiu mais um pouco e colocou a mão na barriga em sinal de dor.

- Por que meu corpo está doendo tanto?

- Não se lembra?

- Eu perguntei, não foi?

- Você... – "Salvou minha vida". – Foi atingido por um cavalo.

A memória dele pareceu voltar.

- Ah... Sim.

Um silêncio desconfortável se seguiu. Desviaram seus olhares, fingindo interesse nas árvores que os rodeavam.

Foi uma mudança inesperada, era como se houvesse algo no ar que os impedia de discutir exatamente o que queriam. E nenhum dos dois sabia por quê.


Ao entrar na tenda novamente Harry encontrou seus cavaleiros ainda discutindo o ataque saxão. No entanto, quando viram a volta do rei, pararam imediatamente na expectativa do que ele tinha a dizer.

Ocorreu à Harry que se eles não se preparassem, acabariam chegando ao castelo de Uriens sem nenhum exército, perdido por ataques como aquele. Sabia que Servolo estava marchando ao seu encontro sabendo exatamente isso. O que eles precisavam era de uma distração, algo que desviassem os bandos de saxões enquanto o maior número possível de soldados seguisse em outra direção a caminho da batalha contra o exército principal do líder saxão.

No entanto, Harry não podia dividir seus números, eles já eram poucos. Precisavam de mais. Precisavam de apoio de outros lordes.

Tudo isso passara na cabeça antes de entrar na tenda, já tinha formado um plano.

- Cedric, quanto tempo demoraria até que nosso cavaleiro mais rápido chegasse ao castelo de Severus Snape?

Antes que o amigo pudesse responder, Sirius soltou uma risada.

- Snape? O que você quer com aquele oleoso?

- O oleoso pode ser nossa única chance de acabar com Servolo de uma vez por todas – explicou Harry.

- Um dia – respondeu Cedric. – Mas ele se recusou a ajudar em outras ocasiões... Sem negociações antes, não acredito que ele venha em nosso socorro.

- Me ofereço para ir até ele – falou Remus, sério, sua voz amena. – Talvez consiga o convencer a mudar de idéia.

Harry assentiu, era o mais sensato à fazer. Remus era o único capaz de tolerar Serverus e conseguir algum acordo.

- E quanto ao exército? – continuou Oliver.

- Esperaremos a resposta de Servolo longe dos olhos de batedores saxões. Acamparemos na floresta.


Gina estava tendo uma certa dificuldade em lembrar do caminho de volta ao acampamento. Se fora por pressa de buscar refúgio na noite anterior e pouca atenção ou se era a presença de Draco Malfoy, ela não sabia.

Caminhavam entre as árvores, sem trocar nenhuma palavra ou olhar. Confuso, no mínimo, considerando todas as outras ocasiões que estiveram juntos.

Não confiava ainda nele... Mas começava a se perguntar se poderia o fazer. Ele era irritante e arrogante e, no entanto, se jogara no caminho de um cavalo para salvá-la. Por quê?

Estava além de sua compreensão o que se passava na mente do cavaleiro. À principio concluiu que ele era simples, fácil de entender. Nada além de manipulador vazio. E agora? O que havia mudado?

Soltou um suspirou frustrado, chamando à atenção de Malfoy.

- Você sabe o caminho de volta?

Virou-se para ele, irritada.

- Claro que sei! Acha que sou idiota? – exclamou, um pouco na defensiva.

Draco soltou uma pequena risada.

- Foi só uma pergunta. Não uma acusação.

- Pareceu uma.

- Pelos céus, o que alguém precisa para ganhar a sua confiança? Eu acabei de te salvar outra vez! O que mais quer para provar minhas intenções?

- E que intenções seriam essas?

- Ah, não se preocupe... Só tenho boas intenções.

- Boas para quem? Você?

Malfoy parou de andar abruptamente.

- Por quê você não confia em mim! – gritou, frustração clara em seu rosto.

Gina o encarou, também parando.

- Por quê você me salvou! – gritou em retorno.

Malfoy pareceu incomodado com a pergunta e preferiu não responder, abrindo e fechando a boca sem deixar algum som sair.

- Tem que haver uma razão para você me seguir feito um cão adestrado! E eu quero saber! Sem mais desvios de assunto! Porque eu não entendo o que um Malfoy ganharia salvando a minha vida. – gritou, se aproximando dele e apontando seu dedo indicador em direção ao seu rosto.

Mais uma vez, não houve resposta por um momento.

- Então?

- Eu preciso ganhar alguma coisa? – finalmente respondeu, seu tom desafiante. – Só fiz o que fiz... Porque queria ajudar você. isso.

Encarou-o, desconfiada. Tentando achar algo que mostrasse suas palavras falsas, mas não encontrou nada em seu olhar que o delatasse.

- Você poderia ter morrido – disse, como se isso provasse as verdadeiras intenções dele.

- Eu sei. Infelizmente na hora isso não passou na minha cabeça – disse, um meio sorriso nos lábios. – O importante era... Tirar você do caminho. A única coisa que importava era você.

Parte dela deixou suas bochechas ficarem vermelhas, a outra ainda não estava confiando muito.

- Acredita em mim, agora? – continuou, se aproximando dela mais ainda, sorrindo. – Sou digno o bastante para receber um agradecimento seu?

- Você fez tudo sem segundas intenções? Sem motivos secretos? – questionou, ainda desconfiada.

- Bem... Segundas intenções todo homem tem.

Levantou a sobrancelha perigosamente. Malfoy riu ao observar a reação dela.

- Ora, vamos, ruiva... Aprecie uma boa piada quando vê uma.

- Melhor continuarmos andando – disse já retomando o caminho que acreditava levar ao acampamento.

- Incrível... Simplesmente incrível – murmurou para si mesmo Malfoy, irritado, mas também continuando a andar, logo em seguida.


O beijo terminou. O feitiço tinha se quebrado. E toda a realidade a volta deles, o castelo, a corte, seus deveres, Harry... Tudo despencou como uma torre de baralho. Fitaram o rosto um do outro, tomados por dúvidas e medo.

- Eu... – começou Rony, tão confuso quanto ela.

- Não devíamos ter feito isso – exclamou, levantando como se tivesse levado um choque.

Ronald não disse nada, olhando para os papéis e livros espalhados pela mesa, sem coragem de encarar Hermione.

- Não é certo. Eu vou me casar com Harry e...

- E eu sou o melhor amigo dele – completou, amargo.

- Isso não pode acontecer de novo – disse em um tom de certeza para depois fraquejar. – Eu... Se soubesse... Nada mais me faria mais feliz que... Mas é impossível.

- Eu sei.

- Por quê, ah, por que não me disse tudo aquilo antes? Por que não confessou o que sentia?

- Digo o mesmo sobre você – sorriu fracamente. – Por que você não o fez?

- Está certo. Nunca imaginaria... Nem você. Cometemos um erro terrível... Agora é tarde demais...

Ao som daquelas palavras Ronald também se levantou, aproximando-se dela e pegando suas mãos, uma repentina vontade de jogar tudo para o alto lhe atingindo.

- Não é... Podemos ir embora de Camelot, sumir. Só nós dois.

Hermione abriu um sorriso fraco, sabendo bem que aquilo seria impossível.

- E quanto à Harry? Ele precisa de nós.

Ronald virou o rosto, encarando a mesa e os livros em que estava pesquisando alguns momentos atrás.

- Você está certa. Seria traição... Pior que qualquer trama ou morte. Estaríamos traindo a lealdade e a amizade dele – suspirou. – O que podemos fazer, então?

Hermione colocou uma das mãos no rosto dele, gentilmente, expressão triste.

- Nunca mais falaremos no assunto. Vamos agir como se nada disso tivesse acontecido.

- Como? Agora que sei... Como posso deixar para trás? Não posso... Não consigo.

- Por favor, Ron... Por mim.

Era a pior coisa que ela podia pedir dele. Era como ter uma faca cortando seu estômago. Aquele momento de felicidade plena seria apenas uma lembrança e distante... Todos sonhos de dias perfeitos ao lado dela sendo destruídos tão rápido quanto haviam parecido possíveis. Seria algum tipo de castigo? Ter algo tão próximo e ver aquilo que mais desejava desaparecer sem vestígios assim que pôde sentir seu gosto em sua boca?

Não havia como conjurar palavras nem dizer em voz alta a sentença de sua amargura. Apenas assentiu, colocando sua mão em cima da dela, que ainda permanecia em seu rosto.

Enquanto os primeiros raios de sol entravam pela janela do laboratório, Ronald e Hermione se abraçaram. Não ficariam juntos jamais... Mas como o sol e a lua, sempre se amariam, não importando o quanto pareceria impossível estarem juntos.


Narcissa observou a cena com interesse, sorriso em seus lábios. Louvável o sacrifício do casal apaixonado... Uma pena que de nada adiantaria. Logo o beijo secreto que tanto temiam ser descoberto seria o motivo para a queda do reinado de Harry James Potter. E nada mais estaria no caminho de seu filho e dela.

Era apenas uma questão de esperar o momento correto. Por sorte, ele não demoraria a chegar. Com Potter deposto e sua imagem denegrida e com Draco se casando com Ginevra Weasley, seu plano perfeito chegaria ao fim com a conclusão inevitável: sua vitória.

O sorriso, no entanto, deu lugar ao uma expressão irritada. Um rato subia as escadarias que davam à torre de Albus Dumbledore... Não era apenas um dos comuns que habitavam o castelo. Se tratava de um extremamente infeliz e perigoso rato que não era um rato.

Peter Pettigrew, e a mão invisível de Lucius Malfoy, ao que parecia estavam longe de desistir de seus planos infelizes. O rato se preparava para uma outra tentativa de eliminar Hermione Granger.

Narcissa garantiria que seria a última.

Levantando de sua cadeira e deixando o caldeirão com as imagens para trás, a mulher se apressou pelos corredores do castelo.


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