Ashita Hareru Kana escrita por annaLI


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Este está "ligeiramente" menor, mas espero que gostem



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    Sem realmente saber o que fazer, ele olhava ao redor, confuso. Reconheceu o uniforme azul e branco da academia Seijo, sua antiga escola, em alguns dos jogadores que o rodeavam esperando por seu passe. Ele se mexeu um pouco com a bola e um jogador de uniforme vermelho a tomou dele e correu.

    - Li, o que você está fazendo? Concentre-se no jogo! – Tanaka "Ele era o capitão no primeiro ano...”

    - Está tudo bem? – Seu colega de time, Yamazaki, perguntou enquanto passava por ele.

    - Nós não estávamos num casamento? – Syaoran disse, confuso.

    - Quê? – Ele ainda disse antes de se afastar, correndo para o outro extremo do campo, aonde a bola tinha ido.

    - Daqui a alguns anos você vai entender... – Syaoran ainda disse, mas Yamazaki não conseguiria mais ouvir. “Sim. Isto não pode ser 2010...” Estava com o uniforme azul e branco do futebol do colegial “Eu realmente voltei no tempo?” Ele se perguntava, analisando a si mesmo. A torcida se agitou. Pelo visto quase os adversários marcavam um gol. Ele localizou um placar eletrônico que indicava que o jogo ainda não tinha saído do 0x0.

    - Li, que diabos está fazendo aí parado? – A voz grossa sobressaltou-o. “Muto-san!” Syaoran lembrou-se rapidamente de seu antigo treinador que se aproximava dele pela beirada do campo. “No ano em que nos formamos, ele se aposentou!” – O tempo está acabando. Vá atrás da bola! – O homem lhe falava, em desespero.

    Syaoran teve então que se mexer, pensando freneticamente enquanto corria. “Se isso tudo é mesmo real... quer dizer que...”

    - Vai lá Syaoran-kun, contamos com você! – “Essa voz...” Ele tinha passado por onde estavam as garotas da torcida na arquibancada, e ela estava à frente, bem perto, a ponto de conseguir ouvi-la gritar acima do barulho. Ele olhava em sua direção, o coração batendo descompassado. No futuro, de onde ele viera, ela não mudaria quase nada. “...Quer dizer que eu realmente estou tendo outra chance?”

    - Será que está tudo bem com ele? Parece meio confuso... – Sakura comentava para Meiling, ao seu lado direito.

    - Não é hora de ele estar confuso! – Meiling estava nervosa e também gritou: - Vamos lá Syaoran, você é o melhor!

     Ele realmente tinha que parar de pensar em Sakura para resolver primeiro a outra situação urgente que tinha diante de si: Tinham lhe passado a bola e ele correu desembalado para a área de ataque. “Eu estou correndo desde que acordei...”. Enquanto isso, tentava se lembrar do que tinha acontecido naquele jogo e o que lembrou não foi nada bom: “O último jogo do campeonato do primeiro ano... nós perdemos! Não é à toa que ninguém parecia muito feliz naquela foto... inclusive Sakura”.

    Observando os adversários, Syaoran imediatamente reconheceu o jogador alto e magricela com o uniforme vermelho do colégio Tadami. Ele não era um jogador muito bom, mas Syaoran não tinha dúvidas “É aquele!” e, realmente, pouco tempo depois, viu a jogada se desenhar a sua frente, como num tipo de déjà vu. O jogador de cabelo espetado conseguiu pegar a bola e só conseguiu passar para o alto e magricela que correu para o contra-ataque. Syaoran nem planejou nada, apenas correu para o lado esquerdo e começou a perseguir o tal jogador. Precisava impedir que ele fizesse aquele gol!

    No último momento percebeu o que ia acontecer e quis parar, mas tarde demais. Seu pé direito já estava na canela do garoto, que se desequilibrava. O que aconteceu foi rápido demais para se conseguir explicar depois, embora eles sentissem estar em câmera lenta. Ele meio que tentou segurá-lo para impedi-lo de cair, mas sentiu a mão que ele jogava para trás num gesto de defesa atingir em cheio seu rosto e a dor que sentiu o fez pensar que tinha quebrado tudo. Acabou se desequilibrando também e até caiu por cima do outro.

   Mesmo que não tivesse sido expulso em seguida, Syaoran não poderia continuar jogando com a dor no nariz que sangrava. Um burburinho alto tinha invadido as arquibancadas. Seus colegas rodeavam o juiz, contestando. Ao seu lado, o garoto magricela gritava e se contorcia de dor. Uma jovem enfermeira se aproximou acompanhada de alguns ajudantes que carregavam uma maca. Ela dava instruções a eles, enquanto fazia algumas perguntas a Syaoran sobre o que ele sentia, por fim entregando-lhe uma bolsa de gelo para estancar o sangramento, pedindo que a seguisse. Assim, ele foi andando ao lado da maca que carregava o outro jogador para fora do campo, sem coragem de encarar ninguém, ouvindo o som alto do apito do juiz que tentava restaurar a ordem.

    Ele foi levado à enfermaria, onde ficou sentado no leito, ainda segurando a bolsa de gelo no rosto e escutando pela porta aberta a enfermeira reclamando da demora da chegada da ambulância que levaria o garoto que aparentava estar com um braço fraturado e um pé torcido. Claro que não estava acostumada àquele tipo de “emoção” com os jogos da escola. Quando ela finalmente entrou para vê-lo, concluiu através de um exame um tanto doloroso que provavelmente não estava com o nariz fraturado.

    - Se a dor não passar em um ou dois dias, você deve ir ao hospital, mas não deve ser nada grave. – Ela concluiu, dando-lhe um anestésico - Agora, eu preciso resolver algumas coisas... – E se retirou, apressada.

    Syaoran sabia que ela não voltaria tão cedo. Seus pensamentos continuavam agitados. Apesar da dor que sentia e de um certo remorso pelo que fizera ao magricela, achava que se tivesse conseguido evitar que perdessem, tudo poderia ficar bem. Uma comemoração de vitória depois seria um bom momento para que pusesse em prática seu plano de se declarar para Sakura, afinal era esse o motivo de estar ali agora. Por mais estranho que aquilo tudo fosse, estava determinado. Devagar, ele se dirigiu à única janela do lugar. Afastando as persianas, era possível ver através do vidro metade do campo onde estivera jogando, provavelmente já tinha acabado. “Será que impedir aquele gol foi suficiente...?”

    Nesse instante, a porta da enfermaria voltou a se abrir e quem apareceu foi Eriol, de uniforme e com um sorriso amarelo no rosto.

    - O jogo já acabou? – Syaoran perguntou.

    - Ahn.. Acho que já. Demorei um tempo para achar você... – Ele respondeu, consultando o relógio de pulso.

    - Se ficou empatado, então...

    - Não ficou empatado.

    - O quê?

    - Bem pouco tempo depois que você... saiu, Tadami fez um gol... – Eriol falava como se pedisse desculpas.

    - Droga! – Syaoran exclamou, se jogando de volta no leito, ignorando a dor que os movimentos bruscos o faziam sentir no rosto.

    - É... – Eriol concordou, triste. Depois de um breve silêncio, completou: -Estão todos preocupados com você... Muto-san me pediu que fosse ver como estava... Você está melhor?

    - ... Sim.

    - Não vai para o vestiário encontrar o time?

    - Daqui a pouco. Eu... quero descansar um pouco.

    - Certo. Eu vou até lá, avisá-los.

    Uns quinze minutos depois, ele saiu dali e caminhou lentamente de volta ao campo, com a cabeça baixa. Ao seu redor, jogadores e outros alunos comemoravam. O clima era típico de fim de inverno. Ele nem sabia qual era o caminho para os vestiários e se dirigiu para as arquibancadas, agora vazias, onde ficou sentado, pensativo. “Mesmo conhecendo o futuro, eu não fui capaz de mudar nem um simples resultado de jogo... Talvez existam algumas coisas que simplesmente não podem ser mudadas...”

    - Ah, você está aqui, Syaoran-kun... – Ele se sobressaltou diante daquela voz tão próxima.

    - Desculpe, eu não queria assustá-lo. – Enquanto ele pensava, Sakura tinha se aproximado. Vestia um casaco por cima da roupa de torcida e carregava uma mochila. Dois assentos abaixo de onde ele estava, ela começou a desamarrar uma faixa presa à grade de proteção da arquibancada. – Pensávamos que ainda estava na enfermaria... – Ela continuava a falar, de costas para ele.

    Syaoran permanecia calado, observando-a. Seu coração tinha voltado a bater forte. A sensação que tinha diante dela era uma mistura de felicidade com alivio. A vontade que tinha era de abraçá-la, dizer o que sentia e implorar que ela nunca se casasse com outro. Mas respirou fundo, sabia que precisava ter calma. Não podia se precipitar como fizera no jogo.

    Ele foi até ela, ajudando-a a desamarrar a faixa. Sakura parecia ainda mais triste que Eriol e olhava com certo rancor uma pequena comemoração no campo.

    - Fiz de tudo para acordar cedo hoje... E passei no templo para comprar um amuleto... – Ela disse como para si mesma e depois deu uma espécie de risada só com a garganta. Eles tinham soltado a faixa e ela agora dobrava. – Afinal, esse foi meu último jogo como animadora...

    - Como assim???

    - Já não disse a você que estava querendo me dedicar só à ginástica no próximo ano? – Ela perguntou meio confusa, encarando-o longamente pela primeira vez – Ai, isso não precisa de um curativo? – Apontava para um ferimento no canto da boca dele que a enfermeira pareceu nem reparar ou achou que era banal demais numa situação de emergência.

    - Cuido disso depois.

    Ela fez um gesto negativo com a cabeça e abriu a mochila para pôr a faixa.

    - Tenho algo que pode ajudar... Sente-se aí.

    Tinha tirado da mochila, um vidrinho de anti-séptico.

    - Me desculpe. – Ele disse, enquanto a mão dela se aproximava.

    - Porque está se desculpando? – Ela perguntou, parando a meio caminho.

    - Por termos perdido o jogo...

    - Mas isso não foi sua culpa... – Ela disse, começando a passar o medicamento – Acho que deve desculpas é ao pobre menino que você derrubou naquela hora... – Ela continuou, tentando sorrir – Nossa! Você parecia desesperado... Porque tanta violência para deter um jogador que mal sabia conduzir a bola?

    Ela guardara o vidrinho e agora remexia a bolsa, atrás de alguma outra coisa, fazendo aquela pergunta num tom casual.

    - Acho que tive um tipo de... pressentimento... sei lá. Não podíamos perder... Eu sabia que você queria liderar a torcida no campeonato nacional...

    Sakura levantou os olhos da mochila e encarou-o.

    - Você é impossível, Syaoran-kun. – Ela disse, abrindo um sorriso sincero e voltando a se aproximar dele, agora com uma caixa de band-aids.

    Quando ela voltou a tocar em seu rosto, ele segurou sua mão, fazendo-a encará-lo.

    - Eu...

    - Syaoran!!!! – A dona dessa voz era Meiling e pareceu surgir do nada ali à pouca distância deles. – O que vocês estão fazendo?

    - Eu só estava ajudando o Syaoran-kun com um machucado... – Sakura respondeu, guardando os band-aids de volta na mochila. Ela não parecia nem um pouco perturbada com a aparição da outra, ao contrário de Syaoran.

    - Eu quis ir ver você na enfermaria, mas Hiragizawa-san disse que você queria ficar sozinho... – Meiling falou, sentando ao lado de Syaoran e agarrando-lhe um braço.

    - E ele estava certo. – Respondeu Syaoran, tentando se desvencilhar.

    - Você está bem?

    - Estarei melhor se você parar de ficar me agarrando! – Ele disse, conseguindo soltar as mãos dela.

    - Ai, você é um chato!... – E depois falou, ficando de pé: - Eu vim dizer que Muto-san quer reunir os jogadores e as garotas da torcida para uma foto.

    - Pra quê vamos tirar uma foto depois de perder? – Syaoran disse, irritado.

    - Nós ficamos em segundo lugar... Não é tão ruim assim, né? – Sakura falou.

    - Mesmo que fôssemos os favoritos... – Meiling comentou, com ironia, enquanto os três saiam juntos. Depois ela voltou a agarrar o braço de Syaoran, dizendo: - E você, Syaoran! Eu entrei no clube da torcida só por sua causa... e você me faz uma coisa daquelas! Onde já se viu acabar expulso por causa de um garoto desengonçado daqueles...

    - Eu não planejei ser expulso! – Syaoran já tinha esquecido daquele jeito irritante de Meiling de quando ela chegara no Japão. No primeiro ano do colegial, ela conseguira convencer a mãe dela e a de Syaoran e fora estudar na mesma escola que ele, se instalando no quarto de hospedes de sua casa. Lembrando de uma promessa absurda que ela o tinha feito fazer quando ainda eram muito pequenos, de que se casaria com ela se não apaixonasse por mais ninguém, declarava a todos que era sua noiva.

    Lá no campo, todos se arrumavam para a foto.

    - Olha só quem está aqui! – O treinador disse, bagunçando os cabelos do alto da cabeça de Syaoran, quando este se aproximou – Precisamos ter uma conversinha depois... Todos nós. – Ele completou, dirigindo-se a todos os  garotos do time.

    Depois de responder a mais algumas perguntas se estava bem, Syaoran se posicionou para a foto junto com todos, pensando se suas previsões estariam corretas sobre o que aconteceria quando ela fosse tirada. E foi dito e feito. Assim que ele ouviu o clique, aquela grande luz voltou a apagar tudo a sua volta e em instantes, ele estava de volta à recepção do casamento. As pessoas rindo, bebendo e conversando enquanto assistiam ao slides. “Será que eu estive sonhando?...” Syaoran voltou a olhar desconfiado para o copo de cerveja ainda em sua mão. Foi quanndo notou ao seu lado, um homem que sentia falta do camarão frito que estivera segurando e olhava o chão ao seu redor, confuso. Mas a prova definitiva de que tudo tinha sido real, ele encontrou na foto projetada na parede diante de si. Ela ainda mostrava o time de futebol com as meninas da torcida, mas dessa vez havia para ele uma importante diferença: Sakura sorria.

    Syaoran chegou mais perto devagar, como para ter completa certeza. “Fui eu que fiz isso...?... Mas foi só isso que mudou...” E lançou um olhar amargo para os noivos, que ainda estavam sentados com suas expressões muito felizes no mesmo lugar. Ele voltou a se assustar quando todas as luzes se apagaram, tudo paralisou de repente e Yuuko Ichihara estava de volta.

    - Ora, você não pensou seriamente que fazê-la se sentir melhor depois de terem perdido um jogo, mudaria todo o seu futuro, não é? – Ela falou, ao seu lado.

    - Por favor, me dê outra chance! – Era tudo em que ele conseguia pensar.

    - Ah, claro, quero ver como você se sai dessa vez.

    Antes que ele pudesse falar alguma outra coisa, tudo voltou a voltar ao normal e na parece havia outra foto segundos depois. Essa mostrava ele, Sakura, Tomoyo, Meilig e Eriol, sentados numa mesa e com um pequeno bolo confeitado à frente. O “detalhe” é que Sakura o empurrava para o lado, como numa espécie de brincadeira, embora tivesse no rosto uma expressão zangada de choro.

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Estou bem contente com os reviews C:
Coninuem dizendo o que estão achando. Qualquer coisa que esteja confusa digam ^.^
Bjus :*