Ashita Hareru Kana escrita por annaLI


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demorinha 'básica'... O cap. já estava pronto há um tempo, mas veio a manutenção do Nyah e estive longe do meu note, onde tenho a história salva, até hoje. Bem, chega de enrolação... Espero que gostem :)



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Dare mo ga hitori hitori mune no naka de

(Dentro do coração de cada um)

Sotto sasayaite iru yo

(Há um sussurro suave)

‘Ashita hareru kana...’

(‘Será que amanhã o sol vai aparecer...’)

Haruka sora no shita

(Sob o céu distante...)

Syaoran chegou a pensar por alguns instantes que não tinha voltado ao presente. Esperava voltar à recepção do casamento, mas se surpreendeu com o sol de primavera que batia em seu rosto. Estava na rua.

- ...Se tivéssemos conseguido, eu poderia até ter deixado você ficar com ele. – Eriol falava ao seu lado, enquanto andavam.

Ele pensou rápido e decidiu agir da maneira mais natural possível, para evitar perguntas do outro. Soube do que ele falava. Depois de tudo pelo que tinha passado parecia ter sido há séculos, mas só fazia algumas poucas horas que aquilo tinha acontecido: A corrida pelo ursinho de pelúcia que prometia sorte eterna no amor e eles agora voltavam de sua missão mal sucedida. "Então seria isso o ‘economizar tempo’ ao qual ela se referiu?... Que besteira! De nada vai me adiantar!"

Como antes, assim que chegaram, Sakura veio ao seu encontro, sorridente.

- Então aí está você... Ainda bem que apareceu!

De novo, ele não disse nada, mas era só porque tinha involuntariamente prendido a respiração.

- Syaoran-kun, posso te pedir um favor? – Ela perguntou, segurando as mãos dele.

- O quê?

- Me pediram para escolher um amigo para falar algumas coisas antes dos slides e você foi o primeiro que me veio à cabeça. Você poderia fazer isso?

"Fala sério! Eu realmente esperava que ela dissesse outra coisa?"

Ele lançou um olhar rápido às mãos deles juntas e respondeu, como se não tivesse outro jeito:

- Tudo bem.

- Obrigada! Você é um grande amigo, Syaoran-kun. – E ela se afastou.

Pareceram demorar muito mais do que deveriam as outras pessoas que falaram antes dele. Dessa vez, Eriol estava junto de Tomoyo no microfone e foi ele quem o anunciou. Quando foi até lá, começou a dizer como quem recita um discurso decorado, conseguindo lembrar de tudo que já tinha dito:

- Antes de tudo, parabéns Oshima-san e Sakura. – Curvou-se para eles que lhe retribuíram com uma inclinação da cabeça – Eu conheço a Sakura desde o primário. Até nos formarmos no colegial fomos colegas de classe. Quando tínhamos 11 anos, ela escreveu num álbum que um de seus desejos para o futuro era ser uma noiva bonita. Esse sonho eu acho que ela já realizou... – Sem perceber, ele lançou-lhe um olhar como fizera antes.

- Com certeza! – Tomoyo disse em voz alta, fazendo muitos rirem. Mas, mesmo depois que silenciaram, Syaoran não voltou a falar. Ter olhado para Sakura, acabou fazendo com que se lembrasse das palavras de Yuuko Ichihara sobre viver o presente, aprendendo com os erros do passado e sem ter medo de aproveitar as chances. Não queria carregar aquele arrependimento pelo resto da vida...

- ...Eu... – Decidindo continuar, ele respirou fundo e tomou o cuidado de desviar os olhos das famílias do noivo e da noiva sentados bem perto dali - Sinto muito Oshima, mas... Na verdade eu não queria que Sakura se casasse. – Ninguém entendeu nada e o salão continuou em silêncio – Algumas vezes pensei em tentar levá-la embora.

- Você está bêbado? – A voz de Meiling foi ouvida por todos e Eriol e Tomoyo, em pé atrás dele, trocaram um breve olhar, parecendo não acreditar no que estava acontecendo, embora não estivessem de todo surpresos.

Syaoran fingiu não ouvir nada.

- A Sakura que esteve sempre comigo por 14 anos... Eu faria qualquer coisa para fazê-la feliz... A Sakura que vivia atrasada para a aula... Que é a pessoa mais determinada que eu conheço, mesmo que não consiga evitar ser desastrada... Que está sempre pronta para fazer alguém se sentir melhor com seu sorriso ainda que ela mesma se sinta mal... Tudo que eu queria era poder tê-la ao meu lado para sempre... – Ele não se atrevia a olhar para os dois, mas, se o fizesse, veria um Oshima estupefato e um pouco confuso ao lado de Sakura, boquiaberta e com os olhos muito arregalados. Ele sentia os olhos umedecerem e a voz fraquejar: - Esses sentimentos estiveram no meu coração por muito tempo, mas eu nunca fui capaz de ser honesto com ela... Mesmo com todo o tempo que passamos juntos, as palavras que eu achei que poderia dizer a qualquer hora... acabaram nunca sendo ditas... Que eu... que eu... amava a Sakura... e isso nunca mudou, mesmo agora... ainda amo... Mas hoje... ela está se casando... e isso não faz mais nenhuma diferença... M-me desculpe... mas só queria que soubesse. – Syaoran tinha se virado para encarar a noiva que baixou o rosto, com os olhos muito úmidos – Sakura – Ela se forçou a voltar a encará-lo, sem conseguir mais conter algumas lágrimas - ...Parabéns pelo casamento. – Ele completou com uma reverência – Por favor... – Aqui sua voz falhou de vez e ele continuou rápido, antes que caísse no choro – Por favor, seja feliz.

Oshima olhava de um para o outro, melancolicamente surpreso. Entre os convidados, alguns reagiam quase do mesmo jeito, simplesmente sem saber como agir. Vários outros, no entanto, tinham se emocionado com as palavras de Syaoran. Entre estes estava Tomoyo que chegou a derramar lágrimas e começou a aplaudir. Eriol se juntou logo a ela e também Meiling que se levantou da cadeira onde estava, sem saber se batia palmas ou enxugava o rosto. Os outros na mesa se juntaram a ela e depois todo o salão, enquanto Oshima e Sakura se levantaram para lhe retribuir a reverência antes que deixasse o pequeno palco.

- Você é um grande bobo, Syaoran. – Sua prima disse, entre alguns soluços quando ele se aproximou. Todas as pessoas da mesa olhavam-no com um ar amistoso de apoio, mas ele apenas encarou-os agradecido por poucos segundos antes de se afastar para o corredor que levava à saída. Pôde ouvir a voz ainda fraca de Tomoyo anunciando a apresentação de slides, antes que estivesse do lado de fora. Era um pátio de entrada cercado de colunas e que mais parecia um jardim, onde havia até mesmo um tanque do qual jorrava uma fonte. O lugar era como um anexo da igreja ao lado, para onde ele acabou se dirigindo e sentando num dos bancos, para chorar à vontade por um tempo.

SSSSSSS

- Sakura. – A projeção de fotos acabava de terminar e Oshima falou pela primeira vez desde o discurso do amigo da noiva, tocando de leve o ombro dela que enxugou o rosto da melhor maneira que pôde antes de tentar sorrir, encarando-o rapidamente.

- Sinto muito. – Ela disse, engolindo um soluço - Todas essas fotos trazem muitas recordações...

Pouco depois disso, eles se retiraram para uma sala fechada, onde deviam se preparar para se despedir dos convidados antes de irem embora.

Oshima foi até o lado de Sakura que tinha se dirigido a uma porta de vidro e observava o lado de fora com um olhar distante, tinha estado assim desde que conseguira manter os olhos secos.

- Você devia ir. – Ele falou, depois de uns segundos.

- Anh? Ah! Não, não! Eu... eu só estava... ehh...

Ele esboçou um sorriso diante da reação dela.

- Você devia ir e tentar resolver o que a incomoda. Não se preocupe. Eu cuido de tudo. – Apontou com a cabeça a direção do salão.

- Não... – Os olhos dela voltaram a ficar úmidos, olhando-o, surpresa – Eu não poderia...

Oshima desviou os olhos, e disse, olhando para fora:

- Você tem sido uma pessoa muito importante para mim... Hum, acho que posso dizer que, literalmente, não sei o que teria sido de mim se não a tivesse conhecido... Juro que pensei que podíamos ser muito felizes juntos... Peço desculpas por ter sido egoísta e só ter visto o que quis ver até agora...

- Não... – Antes que ela continuasse, ele a impediu com o dedo indicador.

- O arrependimento que está sentindo só vai aumentar... Você tem que acabar com ele agora.

Ela desistiu de contestar, mas não sabia o que responder.

- Se está em dúvida... por que não apostamos?

- Apostar?? – Sakura perguntou, vendo-o colocar a mão por dentro da manga do terno e arrancar um botão da camisa.

- Se não escolher a mão que tiver o botão – Ele mostrou a ela o pequeno objeto, pondo em seguida as duas mãos para trás. – Esquecemos isso completamente. Mas, se for o contrário, você deverá ir... Tudo bem. Se for nosso destino estar juntos, não devemos nos preocupar. – Ele tentou dar um sorriso maior para animá-la, pondo as duas mãos fechadas à sua frente e disse: - Vamos lá, escolha.

Sakura, ainda se sentindo confusa, tocou de leve a mão direita dele depois de alguns segundos de hesitação. Depois disso foi a vez de ele também hesitar por alguns instantes antes de abrir a mão na qual apareceu o botão branco e prateado.

- ...Vá. - E, vendo que ela ainda parecia receosa: - Foi você que escolheu... Sakura!

Depois de encará-lo por mais um tempo, o que fez com que as lágrimas voltassem a cair fortemente, ela respirou fundo e disse, curvando-se:

- Me perdoe, Matsuo-kun.

E saiu depressa pela porta. Ele a observou sumir de vista, com um olhar deprimido e se jogou no sofá, suspirando.

- O que é que estou fazendo? – Perguntou para si mesmo, observando o outro botão que estava na mão esquerda e colocando os dois na mesinha de mármore à sua frente.

SSSSSSS

A porta pela qual Sakura saiu dava para o pátio de trás. Era bom que as janelas do salão estivessem bem cobertas por cortinas, pois os convidados teriam visto a noiva andando o mais depressa que o vestido permitia mesmo sem nem saber para onde deveria ir. Aonde Syaoran teria ido?

Ao chegar na calçada, ela teve uma surpresa ao percebê-lo entrando num táxi perto dali.

- Syaoran-kun... – Ele já tinha entrado e não ouviu. - Syaoran!... - Estando de costas e com a cabeça abaixada, tampouco percebeu ela tentar alcançá-lo correndo - SYAORAN! – Ele só se distanciava mais. – SYAORAAAN!!! – Ela parou, ofegante. Era impossível.

Agora definitivamente não sabia para onde ir. Estava longe de qualquer parte da cidade que conhecesse bem e tudo que fez foi caminhar de volta pelo mesmo caminho de onde viera e subir as escadas da igreja. Ficar observando o altar onde mais cedo tinha aceitado Oshima como marido só a fez se sentir pior. Quando pensava que já tinha chorado tudo que podia, mais lágrimas insistiam em cair.

- Deixe-me ver se adivinho. – Levou um grande susto ao ouvir a voz que descobriu ser de uma mulher sentada no banco de trás. Claro que ela não podia saber, mas se tratava de Yuuko Ichihara que, sem se importar com sua reação, continuou a falar calmamente - Você se convenceu de que seus sentimentos não eram recíprocos e decidiu esquecê-los... Resolveu tentar se apaixonar por quem estava apaixonado por você... Ajudava o fato de ele ser seu grande amigo por quem sempre teve um carinho especial... Sentia que já tinha superado tudo isso, não é?

Sakura continuou onde estava, com o olhar vago, sem vontade de dizer nada.

- E agora... – Yuuko se levantou e chegou até o lado dela – Você gostaria de poder voltar ao passado para reparar seus erros... Não estou certa?

Sakura pensou seriamente naquilo por algum tempo.

- ...Não... – Era observada atentamente, enquanto dizia: - Eu não quero isso! – Ela também se levantou, de repente, encarando a outra e parecendo surpresa com a própria constatação – Syaoran teve coragem de se declarar para mim no presente... Também quero ter coragem... – Mas se sentiu desanimada ao lançar um olhar às pesadas portas duplas de madeira e começar a pensar melhor na situação complicada que a esperava do lado de fora.

A outra mulher tinha um sorrisinho no canto dos lábios, ao voltar a se sentar e comentar:

- Isso é uma coisa interessante de se dizer... O que é que ainda está fazendo aqui, então? No fundo sabe para onde deve ir, não é?

Sakura não pensou por muito mais tempo e foi embora apressada sem dizer mais nada.

- ...E finalmente as portas do milagre são abertas. – Yuuko definitivamente sorria, ao falar para si mesma em voz baixa. – Depois desses dois, acho que preciso de férias...

SSSSSSS

- Isso é brincadeira, né? – Syaoran não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir do motorista do táxi. Eles mal tinham se afastado uns três quarteirões da igreja quando o automóvel começou a parar. A gasolina tinha acabado.

- Olha, eu sinto muitíssimo senhor, mas imprevistos acontecem, né? O senhor pode me dar uma mãozinha?

- Como é que é?

- Tem um posto de gasolina numa esquina daqui a duas ruas... Fica até no seu caminho. - O homem respondeu com um risinho - Por favor! – Completou, juntando as duas mãos num gesto de súplica e inclinando a cabeça o máximo que pôde.

Syaoran ainda resmungou um pouco antes de tirar o terno e decidir sair do carro.

- O senhor poderia ajudar, né? – Falou enquanto o homem agradecia profundamente, sem fazer menção de também sair.

- Ah, meus ossos andam fracos, sabe meu filho... É melhor não.

Bufando, Syaoran foi até a parte de trás e começou a empurrar. De repente, o sol do dia fresco de primavera começou a se tornar muito incomodativo a cada metro. Aquilo era um absurdo! Tudo que queria era ir para casa e ficar em paz. Será que era querer demais?

- Syaoran!? – Aquela voz o fez parar de imediato, endireitando o corpo e apurando os ouvidos, sem coragem de se virar e provavelmente descobrir que estava enlouquecendo de vez.

E então ele ouviu por um segundo passos muito rápidos se aproximando e no segundo seguinte estava sendo abraçado com força por trás por alguém que também chorava em suas costas.

- Sa-Sakura? – Ele perguntou, tocando de leve um dos braços cobertos por luvas que enlaçavam seu tórax.

Ele foi solto e se virou depressa. Era ela, ainda vestida de noiva. Estava ofegante e com os cabelos meio desarrumados, além de parecer agora envergonhada pelo que tinha feito num impulso de felicidade por vê-lo ali.

- O que houve? – Syaoran perguntou, preocupado.

Sakura permaneceu de cabeça baixa por um tempo. Agora buscava a coragem para dizer o que vinha pensando durante a corrida até ali.

- Na verdade, tudo que queria dizer... – Ela começou a falar, levantando o rosto, mas sem conseguir encará-lo. – é que estou muito, muito feliz de poder continuar estudando com o Syaoran-kun... Mais do que um grande amigo, você é para mim uma pessoa muito, muito especial de quem... eu gostaria de poder estar sempre perto. – Depois de dizer isso, ela olhou rapidamente para ele que visivelmente não tinha entendido nada. – ...E-essas foram as últimas coisas que eu escrevi numa carta que ia entregar a você no nosso primeiro dia de aula no colegial Seijo... depois de pensar na razão de ter ficado tão aliviada por você não estar indo para o outro colégio que seus pais queriam... Eu acordei cedo e fui para o parque esperar que você passasse... Mas você não apareceu. – Ela respirou fundo para manter a voz firme antes de continuar - Depois de desistir, saí correndo para a escola e descobri que você tinha chegado ainda mais cedo que o de costume porque Meiling-chan precisava cuidar da transferência. – Aqui, ela riu, sem graça – Eu nem sabia que você tinha uma prima de quem era ‘noivo’... Com certeza eu só estava confundindo meus sentimentos mais uma vez, foi o que eu pensei... Eu sinto tanto!... – Ela disse por fim, parecendo um pouco desesperada, encarando-o - Eu não queria fazê-lo sofrer, eu não queria fazer ninguém sofrer...

Algumas pessoas que passavam nas calçadas e nos carros lançavam olhares curiosos e intrigados à cena, mas nenhum dos dois parou para pensar nisso. Vendo-a voltar a chorar, Syaoran pareceu despertar do estado perplexo em que estava. Ainda estava tentando assimilar tudo que tinha ouvido, mas a única coisa que sabia no momento era que não gostava de ver Sakura chorar e quis pensar em alguma coisa para dizer. Quando colocou uma mão no ombro dela, imaginando o que seria melhor, foi que percebeu o quanto aquela situação era maluca e riu.

- Está tudo bem... – Ele disse, enxugando as lágrimas das bochechas dela - Acho que só precisamos deixar de ser tão burros... – Isso fez ela também abrir um sorriso.

- Falta bem pouco até o posto... – Tirou as mãos dela rapidamente, assustado com a voz do taxista que tinha colocado a cabeça para fora - Eu realmente sinto muito...!

- Ehh... Eu só tenho que levar isso até a próxima esquina... – Ele disse, sem jeito de encará-la direito.

Sakura deu uma risada, vendo aquilo.

- Eu posso ser desastrada, mas você também sempre foi bom para entrar em situações assim.

Era a pura verdade e Syaoran voltou a sorrir, mais descontraído.

SSS 5 meses depois SSS

- Acho que está bom... – Sakura comentava mais para si mesma, terminando de colocar um colar no pescoço.

Nesse momento, Syaoran entrou pela porta do quarto e abriu um sorriso.

- Você... está perfeita... – Ele verbalizou o primeiro pensamento que teve ao vê-la. Achava que Sakura não precisava se esforçar nem um pouco para estar linda, mas naquela manhã achou-a particularmente bonita com o vestido verde oliva até os joelhos que lhe caia muito bem – E se arrumou mesmo bem rápido.

- Obrigada Sr. Li. – Ela se aproximou de onde ele estava com um sorriso radiante e um pouco corada - Viu só? Eu disse que não era preciso acordar muito cedo.

- Ah, é. Eu só tinha pensado que não queria se atrasar... – Ele levantou um pulso e afastou um pouco a manga do terno e da camisa para que ela visse o relógio.

- Ai, ai, ai! Nós já temos que ir... – Sakura se afastou depressa e começou a tentar colocar algumas coisas numa minúscula bolsa – Mas não se preocupe, não estamos atrasados ainda!

- Não estou preocupado. – Syaoran falou rindo enquanto a seguia até a saída.

Fazia um belo dia de outono do lado de fora e o lugar para onde iam era um hotel perto de um lago e cercado de um pequeno bosque, o que lhe dava a impressão de ser muito longe da cidade. Sakura estava certíssima ao comentar que parecia até que nem estavam mais no Japão, principalmente com o estilo do hotel sendo completamente europeu. Do lado de fora estava tudo pronto para um belo casamento ao ar livre, com as rosas vermelhas da decoração fazendo contraste com os vários tons de laranja e amarelo das folhas nas árvores e no chão. Os dois cumprimentaram os pais de Eriol e depois foram procurar os noivos.

SSSSSSS

Sakura encontrou Tomoyo terminando de se arrumar. Sua mãe prendia o véu junto a um enfeite de três rosas de renda branca no coque.

- Tomoyo-chan, você está tão bonita!!

- Obrigada Sakura-chan...

- Está mesmo linda! – Sonomi Daidouji disse, admirando a filha pelo espelho. – Vamos, vocês três deviam tirar uma foto...

Depois de fazer Tomoyo, Sakura e Meiling se juntarem para alguns cliques, ela disse:

- Certo, vou deixar vocês em paz agora. Daqui a pouco... daqui a pouco será a hora... – E limpou uma lágrima do canto do olho, lançando um último olhar à Tomoyo antes de sair.

- Sua mãe já até começou a chorar... – Meiling comentou.

- Isso já faz algumas semanas... – Tomoyo falou, com uma risadinha e completando com um suspiro: – Ela esteve tão empenhada em me ajudar com os preparativos...

- Casamentos realmente dão trabalho, né? Chego quase a pensar que Sakura e Syaoran é que estão certos... – Meiling disse, fazendo Sakura dar um sorriso amarelo – Ai, não! O que eu estou dizendo? Que graça tem um casamento sem festa?... Minha tia falou que quando vocês aparecerem em Hong Kong, a primeira coisa que vai ser feita é uma grande celebração!

Impressionantemente, Meiling era sincera quando dizia que achava que Sakura e Syaoran deviam ter feito uma festa para celebrar um casamento quatro meses depois de Sakura ter ‘saído’ da outra cerimônia.

- Mas vocês dois estão felizes, não é? – Tomoyo perguntou.

- Sim! – Sakura respondeu prontamente, com um sorriso.

- Bem, isso é o que mais importa...

- Certo, mas isso não me faz mudar de idéia. E agora que somos parentes, saiba que eu me sinto ainda mais à vontade para expressar minha opinião... – Todas riram juntas. Sakura se sentia muito aliviada por Meiling ter aceitado bem tudo aquilo. No fundo sempre tivera medo da reação dela, que já fora tão apaixonada por Syaoran e a quem considerava uma grande amiga.

SSSSSSS

Deixando Eriol numa conversa com alguns amigos ingleses na sala da recepção, Syaoran foi até uma espécie de varanda que rodeava praticamente todo o hotel, foi quando se deparou com um homem a pouquíssimos metros, de cabelos negros e olhar perdido na paisagem e teve vontade de sair dali o mais depressa e silenciosamente possível... Mas não tinha chegado a tentar quando o outro se virou de repente, deixando-o paralisado. Por alguns segundos, eles apenas se encararam à distância, então Syaoran respirou fundo e decidiu se aproximar. Sem ter pensado no que faria depois disso, o que acabou fazendo foi uma profunda reverência. Talvez depois disso, pudesse simplesmente sair dali depressa.

- Li-san, p-por favor... Isso não é preciso... – Matsuo Oshima disse, um pouco constrangido diante da cena. Syaoran quis aproveitar que depois disso ele tivesse voltado o olhar novamente para a paisagem, para se afastar. Já estava dando meia-volta quando sua consciência o fez parar, sabia que era a coisa errada a fazer. A figura dele vinha lhe causando certo incômodo até então, era algo do qual simplesmente não conseguia se desligar.

- Desculpe. Eu... – Mas não sabia como continuar. Seguiu-se um longo silêncio, bastante incômodo para ele que já se arrependia de ter ficado.

- Não há o que desculpar... – O outro falou então, de repente. Eles se encararam novamente por alguns instantes, mas Oshima desviou novamente os olhos ao continuar – O que aconteceu naquele dia... Foi que eu percebi que as lágrimas de Sakura vinham do fundo de seu coração... Mas, infelizmente, não eram de felicidade pelo nosso casamento... Quando entendi o motivo delas, percebi que só havia uma coisa a fazer... E não me arrependo... Não estou só tentando bancar o forte – Ele acrescentou, esboçando um sorriso para Syaoran que tinha se aproximado mais – Apesar de ter sido difícil... Me sinto bem por ter tomado a decisão certa...

Syaoran também passou a olhar a distância. Só depois de ouvir aquelas palavras conseguiu perceber o tamanho real da culpa que às vezes sentia por estar feliz junto de Sakura.

A atenção dos dois foi então tomada pelo som de passos que se aproximavam e ao se virar viram que era ela. Sakura ficou parada, olhando um e outro, surpresa e sem jeito, até conseguir dizer um "Bom dia" dirigindo-se a Oshima com uma inclinação de cabeça.

Ele respondeu, dando um pequeno sorriso.

- Já... está na hora.

Ela ainda teve que se explicar melhor porque os dois tinham chegado a esquecer que estavam todos ali para assistir ao casamento de Tomoyo e Eriol. Enquanto se afastavam, Oshima caminhava à frente deles e ela lançou um olhar confuso e indagador a Syaoran que simplesmente sorriu largamente, segurando sua mão.

A cerimônia e a festa combinaram bastante com a decoração, sendo um pouco diferentes do que todos ali estavam acostumados, exceto os parentes e amigos ingleses de Eriol, claro. Depois da dança dos noivos ao som de uma música muito romântica, a pista esteve bem movimentada pelo resto da tarde.

- Agora saia moleque, eu quero dançar com minha irmã. – Touya se aproximou de Sakura e Syaoran ao final de uma música.

- Touya! – Sakura falou juntamente com Kaho que se aproximara junto com ele e esta continuou: - Desculpem... Li-kun, que tal dançarmos um pouco também enquanto isso?

Syaoran aceitou depois de lançar um olhar bem pouco amistoso ao cunhado.

- É irritante ver você grudada nesse moleque o tempo todo... – Touya comentou depois.

- Syaoran não gosta de dançar... Desde que Tomoyo-chan contou sobre os músicos, eu venho tentando convencê-lo... – Sakura dizia, parecendo não ter ouvido o comentário dele e lançando um ou outro olhar apreensivo aos outros dois ali perto.

- Pois ele me parece bem à vontade... – Touya cortou a irmã – Ihh espero que ele não tente fugir com a minha mulher...

- Ai, você é impossível! – Ela disse, irritada. – Às vezes sua idade mental é menor que a do seu filho...

Bem perto dali, Meiling e Oshima deixavam a pista, dirigindo-se a uma mesa com todas as cadeiras vazias.

Depois que ele se afastou para pegar bebidas, não demorou nada e alguém se sentou na cadeira ao lado, comentando:

- Você está se divertindo, hein.

Para surpresa dela, era Eriol e do seu outro lado Tomoyo também se sentou, com um sorriso esperto que parecia ter aprendido com ele.

- O que é que vocês querem? – Meiling falou com um muxoxo.

- Vimos você em Tóquio há... o quê? Umas três semanas? – Tomoyo disse.

- Acho que foi.

- É, vocês sabem que eu moro lá agora... – Meiling tentou disfarçar a leve surpresa e respondeu com indiferença.

- A gente não foi falar com você porque não queríamos atrapalhar... – Eriol continuou.

- Olha aqui... Vocês não precisam de tudo isso, tá? Eu digo o que aconteceu. Eu o encontrei no shopping e ele me convidou para tomar um sorvete...

- Foi você que o convenceu a vir aqui?

- Olha, eu acho que sim... – Ela começou a dizer, como quem conta um segredo - Perguntei se ele vinha e ele disse que não sabia se ia poder, aí eu disse que entendia que ele não quisesse ver Syaoran e Sakura juntos... - Os dois arregalaram os olhos, mas estavam já muito acostumados com a personalidade de Meiling para não acreditar que ela tivesse mesmo dito aquilo - Ele ficou todo atrapalhado e disse que não tinha nada contra eles, pelo contrário... Sabe, eu me surpreendi em ver que ele estava sendo sincero!... É realmente uma ótima pessoa. Chega até a ser bom que não tenha se casado... – Ela concluiu com uma risadinha.

- Olá... - Oshima tinha voltado e Eriol e Tomoyo se levantaram.

- Ah, mais uma vez obrigada por ter vindo, Oshima-kun. – Tomoyo disse.

- Não... A festa está maravilhosa...

- Obrigado... Com licença. – E eles se afastaram, fazendo comentários aos sussurros depois de lançar olhares para trás.

A noite já tinha caído há algum tempo e praticamente todos os convidados já tinham se despedido quando Syaoran e Sakura caminhavam abraçados à beira do lago.

- A festa foi realmente divertida... – Ela comentava alegre.

- Tem razão... – Ele respondeu sorridente e depois de vê-la parar para encará-lo, perguntou: - O que foi?

- Desde manhã você não para de sorrir...

- Bem... Me desculpe. – Ele falou em tom de brincadeira.

- Não e isso... Na verdade, me deixa feliz... – Ela concluiu com simplicidade.

Era o tipo de coisa que quando ele ouvia, fazia com que se sentisse o homem mais feliz do mundo por poder tê-la ao seu lado. Segurou o pescoço dela, passando o polegar com delicadeza por sua bochecha e os dois se aproximaram para um beijo terno e apaixonado que durou o quanto a necessidade de respirar permitiu.

- Eu amo você. – Syaoran disse num quase sussurro, abraçando-a.

- Eu também. – Foi o que ela falou sorrindo, retribuindo seu abraço.

- Sabe... – Ele começou a falar quando se separaram e voltaram a caminhar – Eu também fiquei com vontade de comemorar nosso casamento... Sei que decidimos que não deveríamos – Acrescentou, vendo o olhar espantado dela. - Mas você realmente não gostaria?

- Bem... Eu só desejo que estejamos juntos... Mas não posso negar que gostaria de fazer isso com você... - Estava constrangida por admitir isso - Mesmo que acabe parecendo muito estranho...

- Podemos só não nos importar se alguém achar isso... – Ele deu de ombros.

- Meiling-chan falou que sua mãe gostaria de organizar uma grande celebração... – Ela comentou, já sabendo qual seria sua reação.

- Hum. – Syaoran fez uma careta. – Eu definitivamente não estava pensando em algo assim. Talvez... Sei lá... O inverno está chegando, que tal... o Havaí?

- Hmm, acho que seria divertido! – Sakura disse animada, agarrando o braço dele e apoiando a cabeça em seu ombro enquanto andavam, também sentia que nunca tinha sido tão feliz.

S.S.S FIM S.S.S


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Notas finais do capítulo

E acabou T.T
E aí, o que acharam? Gostaram? Odiaram?


Muito obrigada a todos que acompanharam a história até aqui, seus reviews realmente me motivaram :D
Até logo, talvez ^^
Bjões!!!