Minha mãe e Lia me ajudaram a trocar de roupa, por causa do gesso na perna e 99% das minhas calças serem justas tive que colocar uma bermuda de skatista de quando eu tinha treze anos, uma blusa branca com um coelho cinza fazendo careta, eu tinha tirado as faixas da cabeça e tinha um band-aid no lugar, em um dos pés um allstar preto e o outro... O gesso.

_Prontinha. – disse a minha mãe.

_Tão pronta quanto um canguru arrebentado por um avião – eu retruquei.

Saí do quarto vestida com aquela roupa escolhida a dedo pela mamãe, o pessoal estava segurando riso.

_Eu ainda tenho um pé e uma mão sobrando – eu disse – e o gesso é bem pesado.

Calaram a boca de imediato, na verdade eu estava tão grog e dolorida que seria um milagre eu levantar da cadeira de rodas.

Saímos rapidamente do hospital e fomos para casa.

Problema Número 1: Subir as escadas

_Podem deixar, eu durmo na sala! – eu disse

_De jeito nenhum! – gritaram todos, eu ainda posso ouvir zumbidos no meu ouvido ç.ç

_Okay... Mas como eu vou subir? – perguntei

Allan me colocou no colo e começou a subir as escadas, que saudade daquele corpo duro e malhado, eu não resisti e dei uma mordida no ombro dele.

_Ai! – ele disse

_Isso é por sua falta de delicadeza. – eu disse

_Isso não se faz... – ele pareceu conformado.

_Vou para a escola amanhã... – disse quando ele me colocou na cama

_Nem por cima do meu cadáver. – ele disse saindo

Tentei dormir, mas tive aquele sonho de novo e de novo.

Eu queria ver o rosto da pessoa que me salvava, mas eu não conseguia,

Sentei na cama e levantei, peguei minha escova e penteei o cabelo, os dias se passaram assim, e depois de duas semanas, me permitiram voltar a escola, entreguei todas as tarefas e trabalhos e fiz as provas que havia perdido.

Recebi mais presentes e flores, e mais duas semanas e fui tirar o gesso do braço e o da perna obviamente o coitado estava rabiscado... “Melhoras”, “Eu amo você”, “Volte às lutas”, coisas desse tipo, além de poeminhas e desenhos toscos.

Allan estava me esperando do lado de fora, eu queria muito dizer a verdade a ele, que o amava, e muito...

Sentia os olhares dele para mim, parecia preocupado e ansioso, entramos no carro e ele me levou a doceria, eu enchi a cara de bolo.

_Vai engordar. – ele disse me olhando e tomando capuccino

_Não vou não, senhor Maduro – respondi fazendo careta

_Seu rosto está todo sujo de chocolate. – ele disse pegando o guardanapo e limpando.

_E você está com bigode de capuccino! – eu disse limpando-o também.

Depois um de um tempo, Allan pediu a conta, a primavera já havia chegado, mas ainda era necessário um agasalho, eu estava de muletas, boina listrada marrom e marfim, um agasalho fino e branco e por cima uma blusa preta com a estampa de um dragão azul, e uma bermuda jeans claro. Allan, vestia um agasalho cinza claro e jeans escuros e um allstar.

Estávamos passando pelo parque que era um atalho para casa, quando eu pedi para ele parar, eu desci do carro e ele desceu comigo, quando ele me ajudou a levantar eu escorreguei e ia dar de cara no chão, mas Allan me segurou, entretanto, ele desequilibrou com o meu peso, e nós dois caímos dentro do carro, só que eu em cima dele.

_Que herói eu fui arrumar – disse sentando sobre ele.

_Deveria me agradecer – ele disse – e saia de cima! Você é pesada!

_Agora que eu não saio! – disse colocando minhas mãos ao lado de sua cabeça.

Meu cabelo caiu pelo meu ombro tocando o rosto dele, os olhos dele estavam tão lindos... Senti a mão dele por trás da minha cabeça, e o beijei, não foi um beijo desesperado, foi tão calmo e gentil, o corpo dele estava tão quente, quanto mais aprofundávamos o beijo, melhor eu me sentia.

Uma das mãos dele estava na minha cintura, a outra acariciava meus cabelos, nos beijamos tantas vezes...

_Chega – ele disse me retirando de cima dele com cuidado – não podemos fazer isso.

O ignorei e voltei a beijá-lo, dessa vez quente e necessitado, ele se jogou sobre mim, exigindo mais, querendo mais.

Uma névoa branca na minha mente, que só se dissipou quando meu celular tocou, e naquele momento, eu estava sentada no colo dele,sem sutiã, e chupando meu seio e ele sem camisa.

Ele também parou, surpreso ao me olhar, em seu colo naquele estado, meu pescoço e todo o meu tórax marcado por chupões e mordidas.

_Mia... – ele me olhou

Por algum motivo, ao olhar para meu corpo, me assustei, e me cobri com o agasalho de Allan.

Ele me ajudou a vestir sem olhar para mim, estava bem sério, como se irritado consigo mesmo.

A viagem de volta foi em total silêncio, eu olhava perdida para a janela, lembrando dos toques quentes dele, e ele sério fixando seu olhar em frente.