Ilusões, Tentativas e Recomeços escrita por gataportuguesa, Darknana


Capítulo 17
Capítulo 17




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Manu voltou para o quarto e copiou sua carta numa folha. Depois procurou informações para descobrir o melhor jeito de fechar uma garrafa e jogá-la no mar.

Após conseguir deixar a garrafa protegida da água, a carioca resolveu publicar sua carta como uma última homenagem ao seu primeiro amor.

Em seguida, desligou o computador e se dirigiu ao Arpoador...

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Helena foi acordada pela senhora que viajava ao seu lado e queria ir ao banheiro. Só então percebeu que dormira durante praticamente todo o vôo.

Já estavam chegando em Florianópolis, sua cidade natal, e ela sentiu o coração disparar.

Estava longe da mãe, de Manu, de Babi e da banda, longe de tudo que conquistara durante o tempo que morara no Rio.

Após vinte minutos a garota já pisava no solo catarinense e logo depois de pegar sua bagagem, já dava um abraço apertado no pai e no irmão.

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Pierrot não sabia se era por ser o último dia do feriado ou se era por causa do forte calor na capital, mas tinha absoluta certeza de que nunca vira aquela praia tão cheia.

Então lembrou-se que só vinha ali quando estava triste e sempre no fim da tarde e que, por isso, estranhava tamanha movimentação.

Apertou a garrafa firmemente e subiu a pedra. Passou pelo cacto onde uma vez escrevera sua inicial e a da ex e que era exatamente o mesmo onde há pouco tempo escrevera a sua e a de Naná.

Ela afastou a lembrança da catarinense que insistia em aparecer e seguiu em frente.

Beijou a garrafa como se beijasse a ex-namorada e a jogou com toda a força que possuía.

– Hoje é o triste dia que aceitarei a tua partida... Adeus, meu amor...

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Helena ligou o computador do irmão querendo ir logo para o Nyah!. Precisava mergulhar no mundo das fics e esquecer que sua vida amorosa era um completo desastre.

Surpreendeu-se ao ver que a vocalista postara um novo texto. Deixando a curiosidade lhe dominar, clicou na história e sentiu sua face se modificar a medida que avançava na leitura.


Sempre achei que tinha nascido para te proteger e para te envolver nos meus longos braços. Achei que tinha nascido para receber teu amor eterno e que tinha te encontrado porque não existia nenhuma outra pessoa para ser meu grande amor.

Talvez por isso tenha sido tão difícil ficar sem você... Talvez se eu tivesse tido a chance de reviver aqueles dias e te mostrar em cada ato, em cada gesto e em cada palavra que eu te amaria eternamente, a dor não teria sido tão grande... Mas fui tola e tive vergonha de mostrar a intensidade desse sentimento.

Hoje sei que minha alma aceitaria essa situação mais rapidamente se eu tivesse mergulhado completamente no nosso relacionamento.

Aprendi a conviver com o remorso que me consumiu a cada novo dia e aprendi a ter você apenas nos meus sonhos.

Tive pena de mim, da minha sina, do meu destino e desisti de ver o que acontecia ao meu redor. Me fechei na minha dor e com isso me fechei pra vida.

Mas graças a ti, hoje sei que não posso apagar ou substituir esse sentimento e sim que preciso guardá-lo e relembrá-lo com nostalgia. Hoje sei que não posso ficar aqui parada, sempre olhando para o céu, imaginando o teu rosto e te desenhando num papel. Hoje sei que preciso seguir com os meus planos e seguir com os meus sonhos. Hoje sei que preciso te libertar e te deixar seguir o teu caminho...

Vou em busca da minha felicidade, meu amor... E se pra isso preciso te deixar partir, estou pronta. Finalmente estou pronta para recomeçar...

Descanse em paz, minha linda...

A guitarrista sentiu os olhos começarem a se encher de lágrimas. Não esperava que Pierrot finalmente se libertasse de Roberta e sentindo-se confusa, não soube definir o que sentia naquele momento.

Devia estar muito feliz e se preparando para voltar ao Rio de Janeiro, no entanto não se sentia assim. Algo mudara! Ela tentou saber o que tinha sido, mas não conseguiu formular nenhuma idéia a não ser a de que não gostava mais de Manu como antes.

Achou aquilo um completo absurdo. Estava apaixonada pela escritora, qualquer um podia ver isso. Porém paixão nem sempre era amor e aquilo lhe confundiu novamente. Será que tudo não passara de uma paixonite de adolescente? Pensou em Bárbara e na emoção que sentira ao beijá-la. A lembrança daquele momento lhe fez sorrir. O que realmente sentia pela baterista?

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A vocalista chegou em casa e foi logo ver se Colombina tinha lido seu texto. Sentiu-se frustrada por ver que a mais nova estava logada, mas não deixara nenhum comentário e resolveu escrever uma mensagem privada.

“Olá, Naná!

Tudo bem contigo? Pensei muito no que você me disse na tua casa e vi que estava errada, que precisava deixar a Beta partir. Finalmente estou livre, minha querida! Finalmente posso seguir em frente, posso amar sem reservas e ser amada sem medo. Quero muito te encontrar e te mostrar o quanto gosto de você, pirralhinha!!

Quer ir ao cinema mais tarde?

Pierrot”

A catarinense leu o recado e se preocupou por não sentir nada. Será que realmente não a amo? se perguntou.

“Não estou no Rio, Manuella. Estou em Floripa. Fico feliz que tu tenhas percebido o teu erro, mas vou ser sincera contigo... Isso não muda em nada o que aconteceu... Não quero ser dura e nem que tu penses que estou me vingando. Apenas te acho uma pessoa muita bacana e prefiro ser sincera. Acho que nunca te amei, Manu... Acho que foi apenas uma paixão, uma ilusão, coisa de adolescente que fica impressionada por conhecer alguém que admira, tu entende? Enquanto eu não tiver certeza, é melhor que a gente se afaste, ok?

Fica bem!”

A escritora sentiu uma pequena dor ao ler a resposta. Não esperava que a mais nova pudesse ter ficado tão sentida.

“Entra no MSN! Preciso falar com você!

Por favor!”

– Manu, o que foi?

– Não me trata assim, Naná! Tua indiferença me machuca muito.

– Não quero te machucar, mas também não posso fingir que está tudo bem.

– Por que você foi embora?

– Precisava ficar sozinha, pensar um pouco na minha vida...

– Mas e eu? E a banda, o colégio, o vestibular?

– Só vou ficar fora essa semana. Preciso de um tempo pra mim. Muitas coisas aconteceram em muito pouco tempo e eu nem tive tempo pra pensar em tudo.

– Eu sempre quis conhecer Floripa. Me dá o teu endereço.

– Não! Não quero que te ver aqui, Manuella. Preciso de um tempo sozinha, será que é tão difícil de entender?

– Desculpe...

– ...

– Desculpa por tudo. Queria que você soubesse o quanto estou arrependida...

– ...

– Poxa, eu estou tentando...

– Preciso sair.

– Mas nem falamos direito.

– Marquei de ir ao shopping com uns amigos.

– Espera só um pouco.

– Por quê?

– Aceita a webcam.

– Pra quê?

– Por favor! – pediu a carioca se levantando e indo pegar a sua guitarra.

– Cuidado pra não estragar esse instrumento! – a catarinense brincou ao vê-la voltando para o computador.

Manu sorriu e aquilo doeu na guitarrista. Por um instante desejou que toda aquela confusão de sentimentos fosse apenas pela dor do que tinha ocorrido, mas algo dentro de seu coração lhe disse que não era só isso e ela passou novamente a prestar atenção no que a mais velha dizia.

– Nessa madrugada fiz uma música pra você. – ela disse começando a tocar.

De novo estou aqui não sei o que dizer
Parece que as palavras sempre fogem ao te ver
Mas sei que tudo pode acontecer, eu e você
Sentadas conversando na beira do mar
As risadas quando a gente não sabia o que falar
Você me apareceu foi como um sonho
E hoje eu sei que foi você quem fez o meu mundo girar...

Então, me diz, que ouvindo a nossa música você chorou
E lembrou, do fim, que já não é tão doce quanto o nosso amor
Ficou pra trás, já não sei mais, e agora?

Pra quem eu vou falar de amor?
E agora, pra quem eu vou falar?

Será que essa canção que eu fiz para você te faz tremer, alucinar?
Nem sei se o seu coração bate como o meu coração bate
Ao te ver, nem sei porque
Só quero que você saiba que eu andei pensando muito em você
Sentadas naquele banco do parque, eu sempre rindo do teu sotaque
Seja hoje ou qualquer dia, você é minha estrela-guia.

Então, me diz, que ouvindo a nossa música você chorou
E lembrou, do fim, que já não é tão doce quanto o nosso amor
Ficou pra trás, já não sei mais, e agora?

Pra quem eu vou falar de amor?
E agora pra quem eu vou falar de amor?

– E então? Gostou?

Nenhuma resposta.

– Gostou, Naná?

Novamente nenhuma resposta.

– Aconteceu alguma coisa?

– COMO TU CONSEGUIU TOCAR DESSE JEITO?

– Você foi uma ótima professora! – gracejou.

Nenhuma resposta.

– Você não gostou?

Mais uma vez ficou sem resposta.

– Helena?

– CARALHO, TU MENTIU PRA MIM ESSE TEMPO TODO!?!

– Helena...

– NÃO ACREDITO QUE TU FEZ ISSO, MANUELLA!

– Helena, calma...

– CALMA O CARALHO! TU ME ENGANOU ESSE TEMPO TODO!








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Notas finais do capítulo

Na carta da Manu tem um pedacinho que foi tirado da música "Sorrir chorando" do Catch Side *..*e a música que ela toca também é dessa banda. chama-se Eu e Você...E quanto ao final do cap, hihihihihi... acho que a Manu se deu mal, i.i Mas como muitos, ainda espero que ela consiga reverter o jogo (assim como espero que a Babi conquiste o ser amado :P)bjããão galera e não se esqueçam dos reviews, xDDDD (será que essa fic consegue entrar no top 10 das fics com mais reviews??? ainda falta um bocado de capítulos e se todos que gostam deixarem um review em cada próximo cap, acho que conseguimos o/ e se eu não estou enganada, hehe, vai ser a primeira fic yuri por lá o/)