Ilusões, Tentativas e Recomeços escrita por gataportuguesa, Darknana
Notas iniciais do capítulo
Mais uma vez, nós agradecemos a Sara Lecter (isso é muito Hannibal), por ter nos ajudado em mais um cap. Sara, dessa vez a Gatz deixou eu fazer a dedicatória, mas eu num tava inspirada, foi mal i.i
O telefone tocou novamente:
– O que foi dessa vez? - a catarinense perguntou sem vontade de ser educada.
- Desculpe, Naná. Não quis atrapalhar.
- Babs? Nossa, me desculpe. Achei que era outra pessoa. Tudo bem?
- Sim... - a outra respondeu meio triste. - Posso ir na sua casa entregar o seu casaco?
- Não precisa ter pressa...
- É que também quero conversar contigo. Daqui a pouco passo ai, ok?
- Ok!
- Então tá! Beijo.
A catarinense mal desligou e ouviu o interfone tocar ficando assustada com a rapidez que a vocalista chegara até lá.
Helena abriu a porta com cara de poucos amigos e viu que os olhos da carioca denotavam um transtorno que ela só vira em seus pais, quando lhe contaram sobre o divórcio. Pensou em fechar a porta novamente, mas sua personalidade jamais permitiria tal atitude. Mais do que no momento que acordara, sentiu-se fraca. Levou a amiga para o seu quarto e não se esforçou para ser agradável.
- Naná, eu sei que... bom, eu acho que lhe devo desculpas pelo que aconteceu ontem à tarde. Agi infantilmente com você.
Helena não respondeu. Manuella continuou falando depois de algum tempo:
- Eu sei o que você sente por mim. - ela viu sua amiga balançar a cabeça tristemente. - E tal como eu lhe disse há algum tempo, ainda não estou preparada.
- Tudo bem. - respondeu Helena, encarando a janela.
- Sei que é canalhice dizer isso depois de ter te beijado. Ouça, a sua amizade é muito importante pra mim, eu nem posso contar quantas coisas boas aconteceram na minha vida desde que você veio morar aqui no Rio... A própria banda, o colégio, tudo ficou melhor!
- Eu já disse que tá tudo bem.
- Mas não parece, Naná.
- Vai ficar. Só me dá um tempo.
Pierrot tentou apanhar a mão da amiga, mas Helena a tirou de seu alcance rapidamente.
- Se eu tivesse uma forma mais amena de dizer isso, juro que usaria, mas não dá. Eu só queria que você entendesse que eu te amo, de verdade, mas que não é do jeito que você espera. E isso não quer dizer que eu não te ame muito ou que esse amor seja menor, menos importante.
- Tudo bem. - Colombina mordeu os lábios e prendeu a respiração, tentando controlar suas emoções.
- Isso tava me sufocando há muito tempo. A verdade é que eu morro de medo de perder a sua amizade e ontem de tarde quando você falou em se afastar de mim, eu perdi o controle, fiz a única coisa que achei que pudesse mudar a sua decisão.
- Eu falei sem pensar, você não vai perder a minha amizade.
- Agora eu sei disso. Não me lembro do que aconteceu, mas devo ter sido uma amiga bêbada muito chata e mesmo assim você se preocupou em cuidar de mim.
"Você não sabe da metade..." pensou Helena, rapidamente afastando aquilo de sua mente.
- Você teria feito o mesmo por mim. - disse qualquer coisa para apressar o final da conversa.
- Talvez. Eu nem sei como lhe agradecer. E... foi pensando nessa amizade que eu vim até aqui. Não consegui me imaginar conversando sobre isso com mais ninguém...
- Que houve?
- Tive um sonho essa noite.
Helena apertou os olhos com força. Sabia o que estava por vir e julgou que não conseguiria agüentar ouvir Manuella falando da ex-namorada sem saber - ou sem lembrar - que fora ela, o tempo todo, e que o que acontecera não era um sonho. Não no sentido prático, pelo menos.
- Tive um sonho com a Beta e... isso já aconteceu outras vezes, mas eu nunca acordei com uma sensação tão clara de que ela realmente estava, ou esteve, do meu lado.
- Hum.
- De certa forma foi como todos os bons momentos que eu tive com ela. É tão injusto! Já faz tanto tempo e eu ainda sinto que ela está aqui, que ela pode me ligar daqui a pouco, que eu vou vê-la amanhã... Todo mundo me diz para esquecê-la e seguir a minha vida, mas você sabe melhor do que ninguém, Colombina, você leu os meus textos, você tem a dimensão exata de como a Beta nunca saiu do meu coração e meu amor por ela ao invés de desaparecer, parece cada vez mais forte.
- É, eu sei.
- Tô machucando você, tocando nesse assunto?
A catarinense suspirou cansada e desistiu de bancar a fortaleza.
- Você não faz idéia do quanto.
Manuella demorou a reagir e quando o fez se levantou e andou até a amiga.
- Desculpa. Me dá um abraço, já é o suficiente, eu não quero magoar você.
Helena se afastou bruscamente.
- Por-favor-não-toca-em-mim!
- Naná?
- Aceito as tuas desculpas, apenas não toque em mim.
- Tudo bem, tudo bem. É melhor nos falarmos amanhã, no colégio.
- Me dá um segundo, eu te levo até a porta.
A vocalista viu a amiga entrar no banheiro e imaginou que Helena estava lavando o rosto e tentando esconder as lágrimas que ela já percebera, além da voz embargada. Fora à casa da amiga para se livrar da sensação incômoda com a qual acordara e só conseguira um novo problema. A amiga estava demorando e Manu parou diante do espelho, lembrando ainda do sonho que tivera. Fechou os olhos e suspirou cansada, tentando resgatar as sensações que ficavam cada vez mais claras, os lábios de Beta percorrendo seu corpo, a preocupação constante de lhe agradar. Correu as próprias mãos sobre sua pele, como se aquilo tornasse o sonho novamente real, sentindo seu abdômen, quase chegando nos seios, resvalando para as costas. E então sentiu dor. Ergueu a blusa, assustada, e cambaleou de costas até a cama. Todos os sonhos que tivera com Beta, até os mais explícitos, nunca haviam deixado marcas no seu corpo.
Deixou-se cair sobre a cama com os braços roçando o chão e sentiu que tocava numa folha de papel toda amassada. Recuperando-se um pouco de todas aquelas recordações, levantou-se, pegou o papel que jazia debaixo da cama e o abriu.
Não sei mais se eu te quero
Essa paixão me pegou de jeito
E quando a gente se apaixona
Tudo é perfeito, não há defeitos
Achei que ninguém mais
Nada mais, ia tirar você de dentro do meu peito
Mas, de repente, tudo se modificou
Você já não é mais aquele grande amor
Melhor é resolver pra gente não sofrer
Ontem não vivia sem você
Hoje não me importo em te perder
Acabou, chegou ao fim a nossa história
Acabou, vai ficar guardada na memória
Nossas trocas de beijinhos
Os momentos de carinho
Acabou...
A carioca sentiu suas forças a abandonarem e caiu novamente na cama.
– Nossas trocas de beijinhos, os momentos de carinho? - se perguntou sem entender nada.
Então as lembranças da noite passada apareceram como slides pela sua mente e ela ficou tonta. Lembrou do momento que a catarinense a encontrara e de como ficara feliz ao vê-la. Lembrou de como a guitarrista a beijara e de como retribuíra com muitos outros beijos. Lembrou de como foi tirando a roupa da mais nova e de como se deliciou ao explorar o corpo virgem da amiga.
Com essa última lembrança, levantou-se transtornada. Aquilo não podia ser verdade!
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
"beijinhos e carinhos", isso é tosco demais!