Bella POV

***

- Mas Bella, todos sabem que a Nessie adotou um lobo daqui e que é apaixonada por essa espécie, então por que ela tem essa aversão à lobisomens?

- Bem, a história é um pouco complicada... quando agente era criança nós... – eu estava começando a contar a história da Ness com os lobisomens, minha mente estava aberta, por isso consegui ouvir os pensamentos dela, ela estava na varanda e ia entrar, se ela me visse falando sobre isso, ainda por cima com o Jake, tenham certeza que 2012 iria chegar mais cedo e ia ser bem mais desastroso do que deveria ser – eu tenho que ir embora, não digam de jeito nenhum que eu estive aqui! – e dizendo isso eu me transportei para casa.

Graças ao meu desespero na hora de sair, não calculei direito onde eu ia aparecer. Acontece que eu acabei surgindo em pleno ar, a uns 3 metros da superfície da piscina.

- Aaaahhhhh... – só deu eu gritando enquando caia com tudo na água.

Voltei para a superfície guspindo água parecendo um chafariz, e com o cabelo todo na cara e me chingando de todas as formas que conheço, então eu começo a ouvir uma risada nada discreta, tipo aquela risada que ficou presa por anos, que foi se acumulando e então solta de uma vez só?! Foi dessa mesmo.

Passei a mão no rosto para tirar a água e conseguir ver melhor, e foi aí que avistei um certo Cullen sentado em uma espreguissadeira na beira da piscina, praticamente rolando de tanto rir.

- Achou isso engraçado Edward?! – eu gritei irritada.

- Não não, imagine... estou rindo porque foi dramático, super triste isso – ele usou todo o seu dom do sarcasmo e recomeçou a rir.

Do nada um jato te água vindo da piscina acertou-o tão forte que o bobo alegre chegou a cair. Ele ainda estava no chão e eu consegui sair da piscina e ficar na frente dele.

- Ainda esta achando graça sangue-suga? – perguntei sussurrando enquanto ele se levantava e levava um susto ao ver que eu já estava tão perto.

- Como foi que você...

- Sai tão rápido da piscina? – completei a frase – simples, nadando...

Pela sua cara de vai-se-ferrar ele não tinha gostado da piada, abriu a boca para me responder mas eu o interrompi.

- Aí sangue-suga, ta sujinho aqui... – eu disse como se falasse com uma criança passando o dedo no canto na minha boca.

Ele entendeu o recado e limpou o restinho de sangue do canto da própria boca.

- Desculpe, você sabe que eu saí da reserva correndo e vim almoçar néh? Estava com pressa, não tive tempo de me limpar direto.

- O que você abateu agora Cullen? Um pobre viadinho? – eu disse crusando os braços e zombando com ele.

Dessa vez ele nrealmente não gostou, uma Riga apareceu em sua testa e uma veia saltou em seu pescoço, mas foi só abrir a boca que uma pequena criaturinha apareceu do nosso lado com um belo sorriso.

- Boa tarde senhorita Bella – a Ginx disse me estendendo uma toalha – Ginx viu a senhorita caindo na água então Ginx lhe trouxe uma toalha. Ginx não quer ver senhorita Bella doente.

- Muito obrigada Ginx – eu disse pegando a toalha e me enrolando nela – e não me chame de senhorita, só Bella está ótimo.

- Tudo bem senh.. Bella – ela disse com um sorrisinho, depois olhou de lado para o Edward que estava com a mesma expressão de alguém que visse um cachorro indo ao banheiro levando um jornal – Ginx deve avisar senhorita Niny que tem um ser da espécie 5?

- Por tudo que é sagrado, não faça isso... – eu disse quase arregalando os olhos.

- Código cinza então? Ou quem sabe o vermelho? – ela perguntou ansiosa.

Eu encarei o Ed super confuso por um tempo, então ri internamente e me voltei para a Ginx.

- Não é necessário Ginx, mas eu adoraria um chocolate quente com marshimellow no meu quarto...

- Considere feito sen... Bella – ela engasgou um pouco para falar – Ginx mesmo vai fazer! – depois disso ela saiu correndo com aquele corpinho miúdo sacudindo e sumiu pela porta da cozinha.

- O que foi aquilo? – o Ed perguntou ainda com cara de besta, pensando bem não estava muito diferente da cara dele mesmo.

- Bem, aquilo – eu forcei a ultima parte para dar ênfase e comecei a andar em direção a porta da frente – ouve e tem sentimentos ok!? Ela é a Ginx, a lider dos outros elfos.

- Elfos? Quer dizer que elfo existe!?

- Lógico que existem! – eu disse já entrando em casa e parando ao pé da escada – mas na verdade a Ginx não é um elfo sabe... ela e os outros que trabalham aqui são demônios – sussurrei essa parte, lembram que eles não gostam de ser chamados de demônios? – demônios da limpeza na verdade, mas preferem o termo elfo.

- Mas essa coisa de demônio não existe! – ele disse numa mistura de riso e nervosismo.

- Ah claaaaaaro, assim como não exitem vampiros, lobisomens e meninas que sabem fazer isso – eu terminei com um sorrisinho de lado fazendo o sofá subir meio metro e voltar.

- Primero: eu nunca vou conseguir me acostumar com isso... FATO – ele disse engulindo em seco – e segundo: você quer dizer que todos esses seres de faz de conta existem?

- Uhuum – eu afirmei balançando a cabeça – desde anjos, demônios e vampiros até fadas, gnomos, fantasmas e blá blá blá. Alguns são bem pacíficos na verdade, vivem se escondendo ou tentando conviver com os humanos. Mas a maioria não é tão... educado, e é aí que eu e as meninas entramos. Agente vai atrás desses seres que estão fazendo mal as pessoas, as vezes até briga entre eles... digamos que tem inimizades entre espécies.

- Ok... isso eu entendi. E do que foi que a elfo me chamou? Espécie 5? O que quer dizer? – ele perguntou.

Como eu vi que essa conversa ia demorar me enrrolei melhor na toalha e fui sentar no sofá. A Ginx já estava subindo as escadas com a caneca de chocolate na mão, mas como me viu na sala foi até mim e me entregou a caneca com um sorriso e saiu, mas não sem lançar um olhar torto para o Ed.

- É impressão minha ou ela não vai com a minha cara? – ele perguntou puxando um pufe e sentando na minha frente.

- Ela é muito apegada em nós, e não gostou nem um pouco quando eu e a Ness chegamos aqui em coma depois da nossa briguinha – terminei tomando um belo gole e rindo internamente da espressão de eu-sei-que-fiz-merda,-pare-de-me-torturar que o Ed fez – mas respondendo a sua pergunta, ela te chamou de espécie 5 porque é o que você e os outros Cullen são.

- Agora traduz...

- Existem muitas espécies diferentes de... mostros, seres sobrenaturais, tipo vampiro – eu comecei, tomei outro gole e continuei – e a maioria dessas espécies tem sub-espécies. Por exemplo, tem muitas espécies diferentes de vampiros, e de acordo com o “catalogo” que os melhores caçadores de todos os tempos fizeram, a sua raça é a quinta.

- Ah... e deixe-me adivinhar, esses caçadores são vocês? – ele perguntou irônico com cara de deboxe.

- Quase, nossos pais – eu disse séria levantando uma sombrancelha, deu até pra ver ele engolindo em seco depois dessa – mas enfim... Essa separação foi feita a partir da dificuldade de lidar com a raça – como ele fez cara de que não entendeu eu completei rolando os olhos – de matá-los Cullen, entendeu? Na lista a sua raça é a quinta pior.

- OK, vou ficar me achando depois dessa – ele riu um pouco – e você disse alguma coisa sobre inimizade entre espécies...

- É... por exemplo: tecnicamente vampiros e lobisomens vivem em conflito constante, não conseguem nem passar perto um do outro, não se suportam, isso é lei! Quer dizer, era lei, porque graças a vocês e o Jake essa regra foi pro espaço.

- E vocês? Tem algum mostro em particular que não suportam?

- Na verdade tem sim... eu acabei de contar essa história pro Jake, então detalhes você pede pra ele, vou resumir aqui – disse antes de dar outro gole no meu chocolate – a Ness tem uma verdadeira aversão a lobsomens... que dózinha do Jake. A Niny tem um ódio puro com demônios, e eu simplismente não suporto v... – parei de falar e olhei a expressão do Ed, eu nem precisei terminar, ele sabia o que eu ia disser.

- Vampiros... – ele não perguntou, foi uma afirmação – mas por que?

- O caso da Ness é meio complicado, agente passou por momentos bem difíceis por causa de um lobisomen. Eu porque não consigo aceitar a ideia de que um ser só pode viver da morte de outro, e a Niny é ainda mais tenso – me inclinei para frente para ficar mais perto do Ed e sussurrei – ela está lá em baixo testando um equipamente novo que ela fez, mas ela tem aversão a demônio por causa do meu quase cunhado...

- ISABELLA MARIE!!! – fui cortada por uma voz que vinha do ardar de baixo, super furiosa e estridente – QUANDO EU CHEGAR AÍ EM CIMA CONSEIDERE-SE UMA QUASE DEFUNTA!!

- Corre!! – eu gritei agarrando a camisa do Edward e correndo para fora de casa, nisso eu deixei a toalha enxarcada no sofá e a caneca de espatifou no chão da sala.

Só parei de correr quando estávamos no meio da trilha a um kilometro de casa. Me apoiei nos joelhos e comecei a respirar muito rápido e fundo, estava com frio, tremendo, molhada e cansada!

- Vem aqui – o Ed me pegou no colo e correu mais um pouco até chegar numa pequna clareira, eu não me lembro de ter vindo pra cá antes, ele parou de frente de uma pedra gigantesca, cerca de dois metros maior do que ele ((e olha que o Edward é bem grandinho)), ele pegou um pouco de impulso e pulou tão alto que caiu de pé no alto da rocha, me sentou e se sentou do meu lado – pode continuar agora...

Fiquei um tempo paralizada, eu não acredito que estou no meio do nada conversando civilazadamente com um vampiro sobre a vida pessoal minha e das minhas irmãs!

- Huum... a história da Niny é meio enrolada... – eu comecei a esfregar o braço pra ver se esquentava mas não estava funcioando muito, maldito frio!

- Espera, pega aqui – o Edward tirou a jaqueta que estava usando e colocou sobre meus ombros, eu e as meninas temos os sentidos bem mais apurados e eu costumo até passar mal como cheiro de vampiro quando está tão perto, mas dessa vez não, estava até... confortável.

- Obrigado... – eu disse segurando um sorriso e olhando pra ele – nossos pais tinham poucos amigos sabe, mas os que tinham eram como irmãos. O Billy, pai do Jake, nosso ‘tio’ Marcos, e o Bob, todos eles grandes caçadores. Esse Bob meio que apadrinhou dois garotos, filhos de um amigo dele, o Sammy e o Dean. Todos eles sabiam que nossos pais tinham nos adotado, mas só o tio Marcos sabia o que podíamos fazer, os outros poderiam surtar se descobrisem! E bem, foi o que aconteceu.

- Como assim Bella? – a voz dele estava preocupada e um tanto alarmada, acho que isso foi porque eu estava com os olhos marejados.

- Os meninos passavam muito tempo com agente, principalmente quando o pai deles estava caçando e os deixava pra trás. E o Dean e a Niny ficavam muito próximos sabe, começaram a namorar e tudo. Nossos pai já tinham morrido a um tempo e a Niny ficou responsável por mim e pela Ness, o tio Marcos ajudava mas nesse dia ele não estava em casa. O Bob apareceu lá sem avisar e nos viu treinando os dons. Ele foi correndo contar para os meninos, e os três acharam que nós éramos uma espécie de monstro, demônios na verdade. O Dean ainda estava com a Niny e ficou arrasado, se sentiu traído e o Sammy para impedi-lo de fazer alguma burrice o prendeu em casa e foi correndo falar com agente pra pedir uma explicação. Ele me achou junto com a Ness numa sorveteria perto de casa e já veio brigando com agente, mas explicamos tudo e corremos pra casa e... – eu não conseguia terminar, minha garganta fechou e algumas lagrimas escorreram pelo meu rosto.

- Esta tudo bem Bella – o Ed disse passando a mão na minha buchecha e secando a lagrima, depois segurou a minha mão e me olhou nos olhos como se me incentivando.

- O Dean conseguiu fugir e foi direto para nossa casa, a Niny estava la sozinha e quando viu que era o Dean foi toda feliz abrir a porta. Vi aquela cena milhões de vezes na cabeça dela. Ele não foi para conversar, ele foi lá para nos matar, e quase conseguiu fazer isso com a Niny mas agente chegou antes e o impediu. A Niny podia fazer o cara cair só tocando nele, mas não fez nada! Só correu, gritou, tentou se esconder, porque ela realmente gostava dele, muito... e ele atirando nela e nos chamando de demônios... Aquilo traumatizou todos nós, mas a Niny ficou arrazada, ela nunca mais foi a mesma, nunca se envolveu com ninguem e ficou super protetora com agente. É só tocarmos no assunto ou falarmos o nome deles que a menina surta! Eu e a Nessie desculpamos eles, agente se fala de vez em nunca, mas a Niny nunca vai esquecer aquilo.

- Woow, depois dessa eu paro de reclamar da minha vida – ele disse com a testa franzida olhando para o chão – agora eu entendi porque ela é daquele jeito... Mas e você Bella? Me da uma explicação decente porque não gosta da  minha espécie – ele disse risonho.

- Não te devo explicações Cullen, agora com licença – eu disse escorregando da rocha e aterrissando no chão com um baque surdo, mas assim que olhei para frente o Ed já estava lá me encarando, levei um susto e dei um passo pra trás ficando encostada na pedra.

- O que foi isso? A caçadora treinada ta com medinho do quinto pior vampiro da lista é? – ele perguntou ironizando a frase, chegando tão perto de mim que estava até difícil de respirar, colocou um braço de cada lado meu e abriu um sorriso meio sádico – teve alguma esperiência traumática com alguém como eu Bellinha? Por que se tiver tido, isso pode ficar um pouco estranho pra você.

Essa história de ter o pensamento atravessado por um ato de alguém que nos corta esta ficando massante, mas foi o que aconteceu! Eu não tive tempo de pensar em algo para responder, porque minha boca foi prensada pela dele, forte e delicada ao mesmo tempo. Para me fazer reagir ele escorregou a mão pela lateral do meu corpo e me deu uma apertada na bunda, foi só eu abrir um pouco a boca que sua língua me invadiu, eu ainda estava em choque mas retribuí o beijo, ele foi longo e meio urgente, eu tive que empurrá-lo para poder respirar.

- E então? Foi bom ou você teve experiência traumática? – ele perguntou.

Quando eu olhei para ele, seus olhos estavam vermelho sangue, seus caninos cresceram tanto que saiam da boca, afiados e cheios de veneno, sua expressão um pouco animalesca. Tudo isso foi como um soco no meu estômago, e cenas após cenas passaram pela minha cabeça, minha visão começou a ficar turva.

- Tive... – disse baixinho e tudo escureceu.

Edward POV

- Tive... – ela respondeu com a voz falha e caiu desmaiada.

Eu a segurei antes que caísse no chão, e foi só aí que percebi como eu estava. Essa maldita história de cantante! Eu chego perto dela e começo a ficar com água na boca, meu lado assasino grita pra eu fazer alguma coisa, mas ao mesmo tempo meu outro lado me mataria se eu fizesse, literalmente.

Voltei os olhos ao normal e precisei dar uma forcinha para fazer os dentes voltarem, depois que estava de volta ao normal eu a ajeitei melhor no meu colo, a cobri com a minha jaqueta e fiquei alguns segundos só mirando seu rosto, calmo e tranquilo, apenas com uma pequena ruguinha entre as sombrancelhas. Era como se ela estivesse pensando em alguma coisa.

- É melhor eu te levar pra casa... – eu pensei alto, falei mais comigo mesmo.

“É, você deve estar louco pra me por na cama néh!” levei um susto tão grande ao ouvir a voz da Bella que juro que se meu coração ainda batesse eu teria acabado de ter infartado.

- B-Bella? – eu perguntei olhando para seu corpo inerte em meu colo.

“Lógico! Estava esperando quem? A fada do dente?” ouvi a voz dela de novo, mas a sua boca nem se mexeu, ela continuava desacordada, então como...? “Deeer, qual a parte do telepata o sangue-suga não entendeu??” ela retrucou.

- Mas você ta desmaiada, ta no meu colo, era para o seu cérebro estar desligado ou sei la! E você não costuma fazer isso comigo... – eu disse ainda olhando para seu rosto para ver se via alguma mudança.

“ Simples, vampiro é a raça mais birrenta que existe! Meus dons só funcionam direito se eu estiver em contato com eles, e como eu estou no seu colo...”

- É... acho que vou ter que ficar assim com você mais tempo, assim vou ouvir o que você está pensando – eu murmurei rindo.

“Ah seu... deixa eu acordar para você ver o que te acontece! Vou arrancar essas presas com alicate!” ela gritou irritadinha.

Isso só fez eu rir ainda mais, foi então que percebi que já estávamos na frente da casa delas.

“Se eu fosse você eu não entrava pela porta da frente, lembre-se que agente fugiu daí pra Niny não nos matar”

- Relaxa Bella Adormecida, eu não ia entrar pela porta mesmo. Deixa eu ver, sua janela fica dequele lado... – eu disse com um sorriso de lado e imaginando a expressão dela se estivesse consiente.

“A minha o que?!?! Como assim você sabe onde é a minha janela?”

- Digamos que eu já estou familiarizado com ela... – disse rindo abertamente dessa vez.

Andei até parar em baixo da janela do quarto dela, peguei um leve impulso e saltei aterrisando com um baque suave no parapeito. Entrei no quarto e a depositei na cama, eu fiquei um tempo só a olhando... naquela calmaria, naquela paz, e me xingando horrores em pensamento.

Comecei a olhar ao redor, ver se estava como da ultima vez que eu tinha estado aqui, e tinha algumas coisas diferentes. Ainda tinha um mural de fotos na parede, e a foto do meio continuava a ser a das três irmãs abraçadas com seus respectivos nomes escritos a mão. A porta do closet aberta mostrava um organização imaculada, duas prateleiras na parede cheias de livros de todos os jeitos imagináveis, um tapete felpudo do lado da cama... Mas uma coisa me chamou a atenção, um diário rosa com um cadeado bem estranho em cima do criado mudo. O estranho é porque além de não estar lá da ultima vez, o cadeado era todo de prata, cheio de símbolos que eu não conheço e não tinha fechadura.

Andei até lá e estiquei a mão para poder pegá-lo, mas assim que encostei no diário senti uma dor lascinante, foi como por a minha mão no fogo e ter uma faca sendo passada por ela ao mesmo tempo. Tirei a minha mão  o mais rápido que pude e vi que ficou uma marca feia de queimadura, mas sumiu em segundos, tenho certeza que se eu fosse humano teria ficado lá por muito tempo.

- Cadeado encantado, são muito úteis – levei outro susto ao ver a Bella já sentada na cama me olhando com um ar cômico – magia antiga isso, só funciona graças a essas inscrisões feitas a mão.

- Inscrisões? Achei que era só símbolos estranhos...

- Nãããoo, são inscrisões... é um feitiço de proteção, pra ninguem dar uma de engraçadinho e mexer nas minhas coisas – ela terminou a frase num tom meio irritado.

- Se eu coração ainda batesse  ele teria já teria explodido com os sustos que você me deu hoje sabia? – Eu disse meio irritado e dei as costas para ela voltando para a janela.

- Sente falta de sentir seu coração batendo Edward? – parei de andar por dois motivos: ela disse meu nome certo pela primeira vez nessa conversa, e falou do mesmo jeito que aquelas ciganas dos becos de Paris falavam para nos convencer a deixá-las fazer as mandigas nagente a tantos anos atrás.

- E se eu disser que estou? Até que as vezes desejo isso? Não mudaria nada não éh? – eu disse virando um pouco a cabeça para poder vê-la pelo canto do olho.

- Seu desejo pode ser realizado... – ela respondeu com a voz baixa e suave, até com um certo mistério, seus olhos começaram a brilhar num azul meio sombrio e juro que um tipo de névoa começou a surgir perto dela.

Ouvi-a falando algo bem baixinho, algo numa língua que eu não entendi ao mesmo tempo que levantava o braço esticado e começou a abrir e fechar a mão devagar. Na sétima vez que fez esse motimento, senti uma coisa no meu peito, um tipo de aperto... Fechou a mão de novo, e esse aperto aumentou. De novo, senti algo correndo por todo o meu corpo. De novo, senti a temperatura do meu corpo subindo. De novo, ouvi meu coração batendo.

A ponta dos meus dedos ficaram rosadas e o som do meu coração ficou mais rápido e ritmado, ele estava batendo, meu sangue corria. MEU CORAÇÃO ESTAVA BATENDO! Tremendo de nervosismo coloquei a mão lentamente sobre meu peito, por alguns momentos eu senti todo meu corpo vivo outra vez. Na verdade eu até gosto de ser vampiro, já aceitei isso a muitas décadas, mas eu queria voltar a ser humano pelo menos para poder ficar junto de uma mulher, que só para ajudar é caçadora! Mas se mesmo uma pessoa assim pode me realizar esse desejo, pode me fazer o coração voltar a bater...

Me virei para encará-la com o maior sorriso que agüentava dar, e ela continuava lá, com o braço estendido e fechando a mão repetidas vezes com um sorriso sincero estampando seu rosto, mas também estava com um veia estourando em sua testa, e seu nariz começou a sangrar tenho certeza pela força que estava fazendo.

Dei um passo em sua direção com uma expressão tensa e preocupada, e ela não agüentou mais. Deixou o braço cair e respirava fundo e de forma arqueada, como um asmático depois de uma corrida, corri até ela e assim que cheguei a cama meu corpo voltou a esfriar, só ouvia um eco distante do meu coração e o ultimo sopro de vida que me restou já estava bem longe. O pior é que eu não sintia isso, mesmo com o meu coração parado, morto, meu sangue congelado nas veias, me sentia mais vivo do que nunca!

No meio do meu devaneio ela deitou e fechou os olhos, eu ouvia seu coração batento forte e rápido. Acho que algumas coisas são cansativas de mais e podem descarregá-la, mesmo sendo uma caçadora treinada como ela diz. Me esforcei a ao maximo para ouvir o que ela estava pensando, o que se passava em sua mente depois de ter me dado a chance de me sentir vivo de novo, mas novamente não ouvia nada.

- Sabe... acho que gosto mais de você durmindo – eu disse brincando chegando bem perto dela. Ela se sentou, foi para a beirada da cama com as parnas afastadas e eu me ajoelhei entre elas, para ficar na sua altura – pelo menos aquela hora eu sabia o que se passava na sua cabeça.

- Quer saber o que se passa na minha cabeça? – ela me perguntou com um olhar meio sinistro  - não é uma coisa que eu recomendo, a das minhas irmãs são bem mais confusas, mas a minha também não é um lugar nada agradável – ela terminou com um sorriso de lado tão sinistro quanto seus olhos.

- Você acabou se fazer um órgão voltar a vida e quase desmaiou de novo, isso é que é vontade e energia enn... E se você acha que a sua mente é bizarra, é por que não viu a minha ainda... teria pesadelos – eu disse retribuindo sua expressão com a mesma intensidade.

- Quer apostar? – ela perguntou enquanto seu sorriso aumentava e seus olhos ficaram em neon liquido num flash.

Numa reação brusca ela fechou as pernas ao redor do meu corpo e depositou uma mão de cada lado da minha cabeça com força e fixou seus olhos fluorescentes nos meus e cheguei a pensar por um segundo que ela estava vendo dentro da minha cabeça, ou enxergando a minha alma ((isso se eu tivesse uma)), mas só durou um segundo, porque logo após disso eu senti uma pressão tão grande no meu cérebro que comecei a ver tudo turvo, foi como se eu tivesse levado um soco de um lutador de luta livre na boca do estomago, mesmo não precisando respirar me faltou ar, se não fosse por ela me segurando eu já teria caído a muito tempo.

Cenas escuras, confusas e bizarras, cheias de gritos, dor e sentimentos fortes passavam como um filme diante dos meus olhos. Eu os fechei o mais forte que pude mas as imagens não pararam. Então com outro solavanco de quase me fazer cair veio  outra remeça de imagens, mas dessa vez eram boas, passavam muito rápido mas pude reconhecer a Bella, as meninas e seus pais adotivos, ouvi risadas, fogos de articicio, palmas, uma musica ao piano...

“O que acha da minha mente agora?!” – ouvi sua voz como se estivesse num alto-falante, quase insurdecedor e fazendo vários ecos na minha cabeça, isso junto com outra onda psíquica.

Nem percebi que ela tinha me soltado, só estava com as mãos no meu rosto então com a força da onda fui arremeçado pra trás, caí de costas e fiquei respirando bem fundo e rápido como um maratonista depois de uma corrida e a encarando com os olhos o mais arregalados possíveis.

Pelo menos ela também estava num estado deplorável, respirava até mais fundo do que eu, estava tremendo, com uma expressão de puta-que-pariu-to-morrendo!

- Eu sabia que ia ser complicado, mas não achei que ia me sugar tanta energia... – a Bella disse um um sorriso fraquinho – eu não funciono direito com vampiros, achei que se estivesse bem perto daria certo.

- E deu – eu respondi ainda respirando feito um doido – pelo que eu entendi, tudo aquilo eram suas memórias...

- Eram, enquanto você via as minhas, eu via as suas – agora fudeu! Há coisas lá que ninguem deveria saber, muito menos a Bella – mas estava muito confuso... as cenas se embaralharam, não consegui entender muita coisa... finalmente achei outra pessoa com os pensamentos tão desalinhasdos quanto os meus – ela disse rindo e tentando se levantar, mas perdeu o equillibrio e caiu meio que de lado no chão.

- Bells, tudo bem? – eu disse me levantando e indo ajudá-la, e agradecendo a tudo quanto é divindade por ela não ter descoberto nada da minha vida.

- Ta sim, eu vivo fazendo isso – ela disse rindo e se levantando com a minha ajuda.

- Eu só acho que tinha pouco contato físico, por isso você se cansou tanto – eu disse ainda a segurando, e dessa vez colei seu corpo no meu e falei a centimetros do seu rosto.

- Olha só... você pode ter razão – ela confirmou entrando na brincadeira – e quem sabe de desse jeito fica melhor...

Nem percisei ler a mente dela para saber suas intenções, num segundo sua mão já estava na minha nuca, me puxando para ela fazendo nossos labios se encaixarem e um rouco gemido me escapar. A segurei pela cintura com uma mão enquanto a outra se afundava em seus cabelos. Ela abriu um pouco a boca para puxar ar e eu a invadi, massagiei sua língua com a minha o que causou alguns arrepios nela e a fez soltar um fraco gemido. Sua mão livre foi para de baixo da minha camisa e ficou vagando nas minhas costas, onde passava a unha algumas vezes e me fazia surtar.

- Espero estar interrompendo alguma coisa, odiaria saber que apareci de surpresa e não atrapalhei nada aí – me virei com tudo e vi a Ness encostada na porta, com uma mão no bolso da bermuda e a outra coçando a cabeça do Tayco, que estava do seu lado com cara de nenhum amigo com os dentes a mostra.

Eu e a Bella nos entreolhamos rapidamente, ela com uma expressão de que estava pensando muita coisa em pouco tempo, quase dava para ver as engrenagens mexendo e a fumacinha saindo pelos ouvidos.

- Lamento desapontá-la maninha, mas não estava acontecendo nada... – a Bella disse bem irônica e olhando pra cima.

- Ah não? E aquele desentupimento que eu vi? Aquilo não foi nada? – a Ness disse arregalando os olhos e apontando da Bella pra mim.

- Isso aí, não foi nada maninha, você só pensou ter visto isso, do mesmo jeito que eu já pensei ter visto muita coisa sua, sabe... – a Bells respondeu dando risada e indo para o banheiro – eu tenho que tirar essa roupa úmida... me passa alguma coisa aii Nessie – ela gritou já no banheiro fechando a porta.

- Mereço essa folga! – a Ness resmungou jogando os braços pra cima e revirando os olhos, depois foi para o closet e pegou uma muda de roupa – e você chupa-cabra? Fazendo o que por aqui?

- Conversando e ganhando uma puta dor de cabeça e um infarto – eu ri da piadinha interna.

- Sei... – ela disse abrindo uma fresta da porta do banheiro e pondo a roupa para dentro, só vi a mão da Bella puxando-as e fechando a porta de novo.

- E você Ness... – a Bella começou – onde estava?

- Resolvendo as coisas com o Jake... – ela disse indo sentar na cama – fui ajeitar as coisas...

Então ela começou a pensar na conversa que tiveram, até aí tudo bem, mas quando ela começou a lembrar dos beijos...

- Eu sei que o Jacob é meu melhor amigo mas eu realmente não preciso saber desses detalhes Nessie!

- Aaaah não, esqueci que tem outro metido a paranormal aqui! Isso me percegue, não é possível! – ela disse jogando os braços pra cima e bufando – quer saber? Eu vou ver se a Niny precisa de mim, pelo menos ELA não invade a minha mente! Tayco, fica aí no meinho deles e faça-os se comportar.

Nisso a Bella colocou a cabeça pra fora do banheiro e encarou a Nessie com cara de tédio.

- Se manda Nessie, se não eu vou acabar deixando escapar alguma coisa sua no meio do jantar hoje...

- Nojenta... – a Ness sussurrou.

- Eu sei, por isso você me ama – a Bella respondeu com voz de fada e carinha de criança feliz, então voltou a sumiu atrás da porta.

A Ness bufou novamente e ainda sentada, passou pela cama indo parar no piso de baixo, o Tayco ao ver que a sua dona sumiu simplismente deu meia volta e saiu pela porta. Segurei o riso e fui sentar na cama. Me aconxeguei entre os vários travesseiros e almofadas e coloquei as mãos atrás da cabeça, fechei os olhos por alguns segundos só para sentir melhor o cheiro dela ao meu redor, até que ouço a porta do banheiro se abrindo e ela limpando a garganta para chamar minha atenção.

Quando abro os olhos me deparo com aquele ser encostada na soleira da porta numa posse sensual, uma camiseta decotada, uma mini-saia jeans toda desfiada, descalça, seu cabelo todo molhado e bagunçado, seu lábio bem róseo pela mordida que estava dando e uma das sombrancelhas levemente arqueada.

Agora eu acredito em divindade, por que ela não pode ser humana e nem outro ser terrestre... é uma mistura de anjo e demônio e esta vindo diretamente pra mim...