A Dança escrita por Senhorita Mizuki


Capítulo 5
A Aposta


Notas iniciais do capítulo

Tema: #9 competição
Beta: Mudoh Belial
Personagens: Camus, Milo
Censura: PG-13
Sumário: "Eu aposto que consigo tirar seu cinto em quinze minutos."



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A aposta

- O que eles estão fazendo?

- Eles apostaram.

- E desde quando Camus aposta?

- Desde que Milo o fez apostar.

- Ah.

Milo ouviu esse pequeno interlúdio entre Mu e Shura, lançando um sorriso de escaninho para o rapaz pálido a sua frente. Camus virou os olhos para cima, com cara de quem não queria estar ali. Muitos aprendizes e cavaleiros se espalhavam pelos assentos de pedra da arena, ouvia-se um burburinho das conversas entre os adolescentes.

Era um dia normal de treinos, mas o que estavam prestes a fazer não fazia parte deles. Ou fazia, parcialmente. Não sabia de onde viera a idéia, só que pareceu muito atrativa a Milo naquele momento.

Uma hora atrás faziam os rotineiros exercícios de aquecimento. O sol já estava forte logo de manhã, e os garotos bastante despertos se espalhavam pela arena se exercitando e tagarelando. Milo, Máscara da Morte (Milo achava o título ridículo, mas o italiano achava que assustava) e Shura costumavam contar vantagens, chegando a apostar coisas ridículas. Estavam numa dessas conversas, sobre quem era mais rápido ou esperto, quando Milo fitou Camus. O francês se mantinha um pouco afastado dos demais, alheio às conversas e parecendo distraído, enrolando a gaze nos punhos e braços.

E, interrompendo Shura e Máscara, Milo apontou de repente para Camus, elevando seu tom de voz, fazendo o burburinho diminuir:

- Eu aposto que consigo tirar seu cinto em quinze minutos.

Obviamente que Camus não lhe deu atenção, erguendo uma sobrancelha para ele, olhando para seu próprio cinto de couro e então voltando a prender a gaze bem apertada nos braços. Milo baixou o braço, com uma expressão indignada no rosto e se aproximou do outro. Disse que falava sério e que apostava qualquer coisa.

O francês devolveu dizendo que apostava nada. Teve de apelar, dizendo que o outro estava era com medo de perder, que era covarde, e que sabia muito bem que era bem melhor que ele. Continuou pressionando até que ganhou, como muitas vezes, pelo cansaço.

E assim estavam ambos no meio da arena, com alguns colegas de treino assistindo.

Seria um combate corpo a corpo, com apenas seus punhos e pernas como instrumentos, nenhuma manifestação de cosmos era permitida. Não seria muito inteligente destruir a arena, ou iniciar uma batalha de mil dias em um treino. Apesar de adorar uma aposta e sempre querer ganhar, Milo tinha outro objetivo em mente.

Era uma oportunidade para tocar Camus, mais do que se permitia fazer.

Andavam em círculos encarando um ao outro, esperando quem atacaria primeiro. Milo se antecipou, e parecia que Camus já o esperava, desviando facilmente. Mas o grego não se fez de rogado, avançando mais e mais, até que conseguiu prendê-lo em um abraço por trás. Sua mão passou pelo peito do outro, roçando o dedo no mamilo coberto, seu nariz inspirou o perfume da nuca. Camus ofegou surpreso, enquanto a outra mão partia para o fecho do seu cinto.

O francês o puxou, jogando-o por cima de si. Milo bateu as costas no chão e a poeira levantou. Viu Camus encará-lo muito irritado:

- Lute a sério! - vociferou.

- Mas eu estou sendo sério. - respondeu, rindo.

Camus não avançava muito, como se tivesse medo de se aproximar demais. Milo achou divertido, tinha medo das mãos dele. Havia tempos que esperava aquilo, de ver Camus corar e reagir aos seus avanços. Ainda não estavam onde queria, mas tinha sido bem paciente, coisa que não fazia muito, porque sabia como as coisas funcionavam com o francês.

Bufando de indignação, Camus o empurrou, levando ambos a caírem no chão e ficarem rolando, disputando quem ficaria por cima. O francês conseguiu dominá-lo, segurando seus pulsos acima de sua cabeça e prendendo suas pernas sentando em cima delas. Milo viu o rosto afogueado poucos centímetros acima do seu e riu, sem lutar para se soltar.

Ofegando, o francês passou a língua pelos lábios secos, sem deixar de notar que Milo acompanhou o movimento, encarando-o, e depois sorrindo maliciosamente. Blasfemou baixinho e fitou um ponto acima da cabeça de Milo, respirando fundo. Segundos depois, soltava os pulsos do grego, indo até a cintura tentando desafivelar o cinto deste.

Ainda rindo, Milo levantou-se, pegando os pulsos de Camus e os prendendo atrás das costas. Enterrou o rosto no pescoço longo, para abafar as risadas que o sacudiam todo. Podia sentir a irritação do outro aumentar. Camus tentou se soltar, remexendo-se impaciente, sentado no colo do grego. Milo reagiu ao movimento, soltando um gemido baixo que só Camus ouviu.

Pode imaginar o quanto aquilo perturbou Camus, que o xingou e enterrou os dentes no seu ombro.

Milo soltou um berro um tanto quanto exagerado, fazendo muitos que continuavam alheios a virarem suas atenções para os dois. Camus conseguiu se soltar e levantou-se, recuando a bons passos de distância. O grego ergueu-se esfregando o ombro dolorido, blasfemando ruidosamente. Mas dessa vez Camus não lhe deu chance, partindo pra cima, muito nervoso, com socos e chutes.

O grego bloqueava todos, algumas vezes desviando, mas sem perder seu foco. Então Camus conseguiu acertar um soco em cheio no estômago do outro, fazendo-o voar alguns passos, arrastando os pés no chão poeirento. Camus ficou estático ainda com o punho fechado, olhando sem acreditar e entender. O público ficou em silêncio, vendo Milo ajoelhado e de cabeça baixa, parecendo segurar alguma coisa.

Fazendo um suspense, Milo permaneceu assim por um minuto inteiro, quando, então, ergueu o punho, segurando um cinto gasto de couro. Os adolescentes gritaram, assobiaram e bateram palmas. O alvoroço logo foi abafado por um cavaleiro de prata bem mais velho que os mandou voltar aos treinos.

Milo continuou fazendo reverências, mandando beijinhos, dando tchauzinhos, no seu jeito irreverente de ser. Um grupo de aprendizes a cavaleiros de ouro se aproximaram, entre eles Mu, que parou cruzando os braços na sua frente, com um sorriso malicioso nos lábios.

- Muito bem, Milo. O que você apostou?

- Qualquer coisa. – o grego ergueu o queixo.

- E...? – disse Mu em expectativa, vendo Camus se aproximar com cara de que poderia exterminar alguém.

- E Camus vai ter de preparar o jantar pra mim. – disse orgulhoso de sua escolha.

Mu exclamou indignado, dizendo que era um completo desperdício.

- Achei que Camus não soubesse fritar nem um ovo. – Aioria se meteu na conversa.

- Se acabar envenenado depois não me culpe. – murmurou Camus, arrancando seu cinto da mão de Milo.


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