Você Me Pertence. escrita por Vaani


Capítulo 2
James.


Notas iniciais do capítulo

3 anos depois eu dou as caras aqui de novo e posto o segundo capítulo, shame on me.



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Eu gostava dele desde sempre mas nunca, nunca eu tinha estabelecido nenhuma relação de posse – até porque nem idade pra isso eu tinha. Imagina? Uma maníaca apaixonada de treze anos que acha que o cara que ela gosta é dela. Ah puff! Não eu.

Mas então de repente, logo após os meus treze anos, umas coisas tinham mudado entre a gente.

E pela ‘gente’ eu digo James e eu, Lily Evans.

De qualquer forma, as coisas mudaram, eu parei de sentar com eles – os populares, James virou capitão de time de futebol, meu nerdismo se manifestou, eu fiz novas amigas, ele decidiu que queria ter toda e qualquer menina da escola e blá blá blá. Só que em meio a tudo isso o que se esperava era que a nossa amizade sumisse por completo, tipo eu passando do lado dele e virando a cara, não é?

Graças a Deus não foi isso que aconteceu, nossa amizade mudou um pouquinho mas no fim das contas a gente ainda conversa muito pela janela do nosso quarto e quando ele me vê na rua ele para pra falar comigo, na verdade, ele ainda me chama pra sair com ele de vez em quando. E, durante todo esse tempo, eu estava conformada com isso, não exatamente satisfeita mas eu sabia que não havia nada que eu pudesse fazer.

Nada até agora.

Porque eu não quero mais ser a amiguinha de infância dele, poxa. Aquela que ele abraça e chama de amor quando a namorada não está olhando.

Eu quero ele pra MIM.

Tipo meu... forever.

Entende?

Então pra acompanhar toda a lógica do meu raciocínio... você concorda que eu deveria conquistar ele né?

... fazendo uma transformação de Hollywood, virando mulher fatal. Abalando as estruturas dele e tudo mais.

NÃO.

Senhor! Isso só acontece em filmes, acorda! No way eu me transformar na Barbie Primavera só pra conquistar ele, nem pensar. O máximo que eu poderia fazer é começar a usar uma maquiagem mínima e olhe lá.

Eu não sou a Em Watts se transformando em Nikki Howard never! JAMAIS.

E essa é a raiz do meu problema, veja só. Se eu não vou mudar minha aparência e seduzir ele mostrando a minha beleza escondida, oculta e reprimida...

... WHAT THE HELL EU VOU FAZER?

Bem, o relógio na parede sugere que eu comece terminando minha prova de cálculo. Ser cérebro de verme podre igual a Nora não vai seduzir ele, não mesmo.

__

Terminei a prova e continuei não vendo a Fernanda em lugar algum.

E isso era mal, não exatamente não ver ela – porque isso era mal mesmo, mas o fato de eu chamar ela de Fernanda.

Isso só pode significar duas coisas:

1 – eu to brava com ela.

2 – eu to super preocupada com ela.

Adivinha qual?

Eu não teria mais nada pra fazer pelo resto da tarde, nem uma detenção, nem um ensaio das Cheerlindas, nem um clube de Xadrez pra me livrar do tédio total, NEM DO GRUPO DE ESTUDOS DE MATEMATICA EU FAÇO PARTE.

Que miséria, eu sempre fui preguiçosa, acabei de perceber isso.

 É triste pensar que a gente é preguiçosa, mas é pior ficar colocando essas bobagens na cabeça só pra ignorar o fato de que eu não quero pensar nele, James.

Ele estava lá no campo, comandando os treinos porque daqui a dois meses e doze dias eles teriam um jogo contra os meninos de outra cidade, eles ganharam os interclasses, os interescolares, e se ganhassem esse jogo estariam classificados pro interestadual, esse seria o ápice da adolescência de James, eu sabia.  Ele estava fazendo tudo que fosse possível para chegar ao interestadual.

Não resisti, tive que ir ao campo ver ele treinar. Futebol de salão era uma de suas paixões e era realmente engraçado vê-lo comandando o time.

-VAI TIME! ISSO! – Os berros de incentivo dele ecoavam por todo lugar, eu não me lembro de ter presenciado muitos gritos de raiva quando dava uma passadinha aqui. Acho que assistir ele gritando a plenos pulmões com raiva não seria uma experiência das mais agradáveis.

Sentei nas arquibancadas e fiquei ali, teoricamente assistindo o jogo, mas minha cabeça estava na lua, pensando sobre nada, só repassando alguns fatos da minha vida.

-Oi gêmea. – Se eu estivesse um pouco menos desconcentrada eu perceberia Nanda vindo em minha direção, nos chamávamos de gêmeas desde... muito tempo, quando descobrimos que éramos gêmeas mentais.

-Hey, oi! Onde você estava?

-Ai gêmea, você nem vai acreditar... passei mal de manha cedo, aquela enxaqueca horrível, daí só vim pra fazer a prova.

-Pensei que você tivesse tomando os remédios pra dor.

-Eu tomei, por isso consegui levantar o traseiro gordo pra fazer a prova.

-Você me deixou preocupada e em maus lençóis. Fui atacada pelo bando de sanguessugas e quase tive meu liquido precioso sendo drenado de mim.

-Credo, o que elas queriam?

-Ir na minha casa pra fingir estudar cálculo na esperança de ver o James pelado pela minha janela.

-O James não anda pelado pelo quarto. – Ela fez uma careta estranha, foi engraçado.

-Explica isso pro bando de jararaca acerebral que cruzou meu caminho essa manha.

-Você falou com ele?

-No segundo seguinte, mas ele só disse que logo elas esqueceriam...

-E durante o processo ele te abraçou e ficou injetando doses de ilusão na sua veia, é... eu já posso imaginar – A cara dela não parecia muito feliz, ela ficava assim quando tinha crises de enxaqueca.

-Eu sei o que você vai dizer com isso, mas eu não posso simplesmente mandar ele pro inferno. – Tentei me justificar.

-Você deixar ele passar a mão em você não vai te dar ele de natal, você bem sabe.

-Ele não passa a mão em mim! – disse na defensiva – você sabe que ele não me vê assim. – Meu tom deprimido dava pra notar a quilômetros de distância.

-O negocio é Lily, que ele sempre te teve na mão, em todos os momentos que ele precisou você estava lá, ele se acostumou em ter a amiga ruiva segurando as pontas nos bastidores enquanto ele agarrava a morena nojenta no palco, mas está na hora disso mudar, ou você entra em cena, ou segue em frente e deixa de ser figurante na sua própria vida. Tá na hora de tomar o papel principal.

-Tipo seduzir ele muito?

-Tipo encontrar alguém que goste de você do jeito que você merece. O James te ama, eu sei... mas depois de tantos anos acho que esse amor não é exatamente do jeito que você espera. – Ela parecia apologética em ter que me dizer aquilo.

-Você acha que o problema é a minha aparência?

-Fala sério Lily, você é linda... tem esses olhos verdes encantadores, o cabelo perfeito com essa cor exótica, você é bonita sim e não tem que duvidar disso.

-Mas eu não sou bonita suficiente pra ele me querer, né?!

-Lilian, acorda pra vida! Ser bonita ou não, não é o que determina ele se apaixonar ou não por você. Pensa bem e me diz do fundo do coração... a sua amizade com ele te satisfaz, pouco, mas satisfaz, não é?

-Claro!

-Você acha que ele sente o que? Pra ele está mais que perfeito isso, ele tem uma relação sadia com você e sem os problemas de um namoro. Ele está confortável.

-E?

-E você tem que mudar isso, pelo seu bem. Pode até ser que ele não venha correndo atrás de você, e eu não vou mentir... as chances são grandes, mas ao menos você corre sérios riscos de encontrar alguém. Você já está com 17 anos e nunca saiu com uma cara legal, de verdade! E o pior é que não foi por falta de pedidos, você simplesmente recusa todos eles. Pode te magoar Lily, mas parar sua vida pra ele não vai diminuir as coisas que ele faz.

Ok, ela estava sendo dura. Eu não culpo só a enxaqueca, ela tinha um pouco de razão. Não vou mentir que não odiava ouvir aquilo, que eu não queria que ela só me confortasse e me ajudasse a bolar planos mirabolantes de sedução enquanto nos distraímos. Mas ninguém mantém melhores amigas por perto pra elas te dizerem somente o que você quer ouvir, não é?

-Eu não sei o que fazer. Como eu faço ele prestar atenção em mim?

-Pergunta errada Lily! Você deveria se perguntar como fazer você prestar atenção em você mesma.

-Eu presto atenção em mim!

-Então porque você engole todos os seus sentimentos quando se trata dele? Porque com ele você finge que está tudo bem, que não se importa de dar suporte por trás enquanto ele farreia com os outros? Parece que você está só ignorando o que você pensa e quer pelo bem dele. Isso  não é prestar atenção em você.

-Isso significa que eu tenho que recusar tudo o que ele me pedir?

-Não, claro que não, significa que você tem que fazer o que você quer e o que sabe que não vai te magoar.

-Mas eu adoro ficar na companhia dele!

-Eu sei, mas a troco de quê? Eu me lembro de você me ligar triste depois de ouvir durante a tarde ele dizendo o quão bons amigos vocês são.

-Você sugere o que?

-Não se coloque em situações que você sabe que vai te magoar... você adora ficar com ele, é... tudo bem, mas não faça isso se você sabe que tal hora ele vai ter que te largar pra ir encontrar a namorada. Saia antes que isso aconteça e ele venha com uma desculpa qualquer.

-Eu não entendo – e eu realmente não entendia, eu tinha que tratar ele diferente?

-Não exatamente diferente Lily, mas indiferente! Você precisa saber se ele faz questão de algo mais que a sua amizade e pra isso, você vai ter que tirar o doce... e não aos poucos.

-Eu tenho que dar um gelo nele?

-Não, você só não vai estar a disposição dele o tempo todo... acho que já é um bom começo.

-E se ele não sentir minha falta? – Eu ficaria aterrorizada com a ideia.

-Então você vai estar livre pra prestar atenção nas pessoas ao redor de você.

-O que você quer dizer? – Perguntei sentindo o coração acelerar, ela se sentia negligenciada?

-Quero dizer que tem muitos caras legais por ai que estão solteiros, esperando você desviar o olhar do James e se virar um pouco na direção deles.

-Por um segundo pensei que estivesse negligenciado você. – Confessei.

-Que isso, eu cortava o pipi do seu namorado antes disso acontecer – Ela disse me abraçando e fazendo graça, dizer que o James era meu namorado e ameaçar as partes intimas dele era a forma que ela encontrava pra me dizer que tudo estava bem.

-Obrigada gêmea, eu vou pensar bem em tudo que você disse.

-Que tal por em pratica agora? Ele está vindo em nossa direção, pense no que você faria e no que deveria fazer. – Eu gelei, era como o meu primeiro teste de resistência. O que eu faria?


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Notas finais do capítulo

Comentem :*