O aniversário de Hitsugaya

            Não é costume os Shinigamis comemorarem o seu aniversário. Diz-se que os Shinigamis não têm idade, mas isso é uma treta.

            Hoje é o centésimo quinto aniversário do capitão Hitsugaya, e ele nem dá importância. Em vez de comemorar, vagueia pelos corredores da Soul Society, com a sua habitual expressão fria e indiferente. O que ele não sabe, é que há mais alguém que não se esqueceu do aniversário…

            -Alinhem bem as mesas! Estes bolos não estão suficientemente doces. O que é que eu disse? Quero a mesa de centro cheia de doces! Estamos a falar do aniversário do Capitão Hitsugaya, e ele adora doces! Rápido, rápido! – Gritava Matsumoto nervosa e stressada por organizar uma festa para o seu capitão.

            -Rangiku-san… Eu não acho muito boa ideia fazer tanto alarido no aniversário do Shiro-chan. Ele nunca gostou…

            -Ahh, Hinamori-chan, está tudo controlado… - dizia Matsumoto, animada como sempre. – Então? Rapazinho, quero isso direito, ouviu?

            -Está descontrolada? – Perguntou Kira

            -Sim.

            Hinamori estava realmente preocupada. Ela sabia o quanto Toushiro odiava festas. Quando ele era mais novo, ela tentava celebrar o seu aniversário, mas ele acabava sempre aborrecido. Com o passar do tempo, ela já nem tentava fazer uma festa. Dava-lhe os parabéns e comiam melancia sob o luar.

            “Ele realmente vai ficar chateado…” pensava ela, enquanto via as mudanças repentinas na sede do 10º esquadrão.

            Enquanto tudo acontecia, Hitsugaya tentava voltar para o esquadrão. Digo tentava, pois Hisagi estava a "desabafar" com ele. Não que o capitão tivesse muito interessado, mas não lhe podia virar as costas.

            -Eu sei que a bebida faz mal, mas eu não consigo largar. O capitão acha que devo de inscrever-me nos Alcoólicos Anónimos? – Perguntava Hisagi, a fazer conversa, para impedir que o capitão voltasse para o esquadrão.

            -Eu realmente não sei… A decisão tem que ser tomada por ti. – Na verdade, Hitsugaya achava que Matsumoto e Kira deviam de aderir a este movimento de Hisagi – Mas estou orgulhoso que finalmente admitas o teu vício.

            “Eu estava só a fazer conversa, não era a sério”   Pensava Hisagi.

            -Seja como for, tenho que voltar ao esquadrão.

            -NÃO PODE! – Gritou Hisagi – Quero dizer… Eu… eu… Eu tenho problemas com drogas! Não sei o que fazer! Preciso de ajuda! – “Bolas!”

            -O quê? Desde quando? Espera, há drogas na Soul Society?

            -Ham… er… Ah! Trouxe-as do Mundo Real, quando estive lá. Ahh… Vou lá secretamente buscar mais…

            Hisagi já não sabia o que inventar mais. Estava a afundar-se cada vez mais.

            -Já pensaste em falar com a Capitã Unohana? Ela pode ajudar… - dizia Hitsugaya, a acreditar em tudo o que Hisagi dizia.

            -M-m-mas ela… é assustadora… - desta vez, Hisagi não estava a brincar.

            -Pois, lá isso é verdade.

            Enquanto Hisagi empatava o capitão com mais problemas que lhe vinham à cabeça, Matsumoto arranjava os convites.

            -Muito bem, que vou convidar? Claro! O Comandante, os capitães e os tenetes, e claro, não me posso esquecer da Kuchiki Rukia e o Kurosaki Ichigo. Ahh! A Yoruichi, o Urahara já podem voltar á Soul Society…

            -Rangiku-san, não achas que já chega? O Shiro-chan não gosta de coisas muito elaboradas… - voltou a dizer Hinamori, que mais uma vez foi ignorada.

            -O capitão vai adorar! Hinamori, podes dizer ao Hisagi que já pode deixar o capitão entrar? – pediu Rangiku, enquanto mandava uma mensagem a toda a Soul Society. – Ele sabe o que fazer.

            Minutos depois, a sede do 10º esquadrão estava cheia de pessoas. Todos os capitães e tenentes lá estavam. Hinamori foi, a passos curtos, chamar Hisagi.

            -Hisagi-san, podes vir comigo?

            -Claro – Hisagi já estava a inventar uma história sobre frequentar casas de gueixas em Rukongai – Vamos …

            Hitsugaya voltou à sede do esquadrão, e Hinamori e Hisagi foram também, mas escondidos dele. Quando chegaram lá, esconderam-se e apagaram as luzes.

            -Já sabem! Quando o capitão entrar, gritem “Surpresa”, ouviram? – Matsumoto dava ordens a todos. Até ao comandante, que já tinha um chapelinho de aniversário na cabeça.

            Hitsugaya pensava em alguma coisa para ajudar Hisagi, mas não lhe ocorria nada. Ele nunca pensou que ele fosse um delinquente. Suspirou e entrou na sede do esquadrão. Estranhou quando viu tudo escuro, e pensou logo que se tinha esquecido de pagar a conta da luz. Só depois se assustou quando as luzes ligaram e toda a Soul Society gritou:

            -Surpresa!!!

            -O-o quê? – ele não sabia o que dizer. Estava aterrado com aquilo tudo, e ficou mais nervoso quando viu uma enorme faixa a dizer “Parabéns Toushiro-chan”.

            -Capitãããoo! Muitos parabéns. Já está um bocadinho mais alto, não? – dizia Matsumoto animada. – Venham tragam o bolo e os presentes!!

            Logo apareceu um bolo enorme azul e em forma de dragão. Ele via a velas reluzentes em cima do bolo, mas nem reparou que todos estavam á espera que ele as apagasse.

            -Capitão, sopre! – Matsumoto ainda estava animada – Ok, sopro eu – soprou – Tragam os presentes!

            Hitsugaya continuava calado, e super enervado. Deu por si no meio de uma montanha de presentes. Estava terrivelmente assustado.

            -Está aqui a minha prenda. Parabéns. – Kuchiki Byakuya passou um embrulho a Hitsugaya com algo fofo lá dentro.

            A medo, Hitsugaya abriu e deparou-se com um urso cor de rosa.

            -o-o-obrigada. – só lhe apetecia fugir dali.

            Kempachi ofereceu-lhe uma máquina de barbear, disse-lhe que era para ele a guardar até ter idade para a usar. Ukitake deu-lhe um cesto com os mais variados doces.

            Ele já não aguentava mais. Todos começaram a dar-lhe as prendas ao mesmo tempo. Hitsugaya já via tudo à roda, enervou-se ainda mais.

            -PAAAAAAAAAARREMMMMMM!!! – gritou, olhou para todos e saiu dali.

            Hinamori já estava á espera desta reacção, pelo que não se admirou. Seguiu-o até ao lago, onde se sentaram ambos. Ela pegou num prato que tinha levado com ela e esticou-o.

            -Parabéns, Shiro-chan. – disse ela, tímida como sempre.

            O capitão sorriu e pegou um pouco da melancia do prato. Hinamori fez o mesmo e ambos olharam para o luar.

            -Obrigada. – disse Toushiro.

            Ele abraçou a amiga, e ali ficaram, como nos velhos tempos.