Meu Anjo Vampiro escrita por Lice Lutz


Capítulo 27
Capítulo 25 - Lua Nova


Notas iniciais do capítulo

Avisos:
— MUITOS spoilers de Lua Nova, tanto do livro quanto do filme.
— Qualquer semelhança com o capitulo 23 do livro citado acima não é mera coincidência. Vocês vão entender o porquê depois do FIM.
— Tenham uma ótima leitura!



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Por Isabella Swan

O eco da sexta badalada soou por toda a grande praça e adentrou nos meus ouvidos. Senti o ar entrar rasgando nos meus pulmões. Eu estava ficando sem tempo. Em pânico, olhei ao meu redor, tentando focalizar a grande torre do relógio, bem ao centro da praça. Estava inacreditavelmente longe ainda. Como em resposta a essa constatação, senti minhas pernas amolecerem debaixo de mim. Mas eu não iria desistir.

Sem tirar os olhos da torre, eu voltei a correr, a cair, me levantar, esbarrar nas pessoas e ignorar seus protestos em italiano. Eu não tinha tempo para tentar ser educada. Havia coisas mais importantes que me preocupavam, como salvar uma vida.

A sétima badalada soou. Eu caí como se a repetição daquele som tivesse algum poder físico sobre mim e quisesse mesmo me impedir. Rezei para que a dor nos meus joelhos não viesse acompanhada de sangue. Aquilo definitivamente seria um problema estando numa cidade infestada de vampiros e correndo para encontrar um.

Encontrar Edward e salvar sua vida. As nossas vidas, corrigi. Meu coração pulsou forte, expulsando o ar em meus pulmões e os buracos em meu peito arderam. E depois dessa espécie de sinal, eu vi. Vi e senti como seria uma vida sem Edward. Não exatamente sem ele ao meu lado, mas como se... Se ele morresse porque eu não consegui chegar a tempo.

Senti o gosto de nosso ultimo beijo regado a lagrimas. Vi a fumaça densa e arroxeada do fogo que queimava o seu corpo. Fui ao seu enterro e depositei uma rosa branca em sua lápide. Peguei a arma que meu pai escondia no guarda roupa e apontei-a na minha cabeça. Ouvi a voz de Edward implorando para que eu não fizesse aquilo. Acordei num hospital. Chorei com Alice a morte do seu irmão. Quebrei o espelho do banheiro e peguei um dos cacos afiados para cortar a veia do meu pescoço e sangrar até morrer. Ouvi a voz de Edward de novo, vi seu reflexo no espelho. Sorri, ao perceber que mesmo depois da morte ele estava ali comigo. Voltei para casa e senti sua ausência mais gritante do que nunca. Comecei a me tratar com psiquiatras e a tomar remédios controlados fortíssimos. Gritei por Edward. Fui buscá-lo, me atirando do penhasco de novo. Renasci, quando abri os olhos e o vi na minha frente, com vincos negros no rosto e nas mãos, mas vivo. Vivo! Fugi com ele até uma casa de campo dos Cullen e unimos nossas almas fazendo amor. Encontramo-nos com Deus e soubemos que naquele dia, a meia noite, o tempo voltaria e nos esqueceríamos de tudo aquilo. Teríamos uma segunda chance.

Eu não sei dizer como e porque, mas eu vi, enquanto a oitava badalada adentrava nos meus ouvidos. E eu acreditei naquilo. Foi tudo verdade, mesmo sendo inacreditável. E agora estávamos tendo uma segunda chance para ficarmos juntos sem infringir nenhuma das regras de Deus. E estava tudo nas minhas mãos.

Traguei o ar com força. As imagem da minha outra vida ainda preenchiam a minha mente e eu me concentrei nelas. Iria fazer delas o meu combustível para que eu pudesse ter forças para chegar a tempo até Edward. Eu não o deixaria morrer. Não deixaria que aquelas imagens se tornassem reais. Elas ficariam apenas ali, guardadas na minha mente como uma prova do quão forte é o nosso amor e eu não as esqueceria. Eu sabia que ainda passaria por muitas coisas ao lado de Edward e que seria bom sempre lembrar de que tudo era possível porque nos amávamos. Como a Lua que nunca ignora os seus ciclos anteriores e sempre recomeça, eu faria o mesmo: não esqueceria o meu futuro-passado, mas sabia que ele era importante para que eu tivesse forças para continuar.

E só dependia de mim para que a minha Lua Nova começasse, levando consigo todo um passado de escuridão.

A nona badalada soou.

Coloquei mais velocidade nas minhas pernas, mas mesmo assim não era o suficiente. Parecia que eu estava presa naqueles sonhos, onde você tem que correr, tem que fugir, mas não consegue. Não importa o quanto você se esforce, ainda parece que você está correndo em câmera lenta, por mais que seja preciso se salvar.

Mas naquele momento, eu não estava correndo para salvar a minha vida no sentido literal. Eu corria para salvar algo muito mais importante e que estava diretamente atrelado com isso. Eu corria para salvar Edward e impedir um futuro desastroso para nós.

Dez badaladas.

Agora a torre do relógio já estava bem maior aos meus olhos. Eu quase sorri com isso, mas estava cansada de mais e respirar era mais importante. Havia ainda um grande obstáculo no meu caminho: uma enorme fonte pairava bem no centro da praça. Olhei rapidamente ao meu redor. O caminho contornando a fonte era muito maior e o meu tempo estava acabando.

Comecei a correr diretamente para fonte. As pessoas olhavam para mim como se eu fosse louca. Mas não importava. Saltei a mureta da fonte que impedia a água de cair e comecei a correr dentro dela. A água gélida e até meus joelhos dificultava ainda mais o movimento das minhas pernas.

Eu já podia ver bem de perto a torre. E bem abaixo dela, envolto pelas sombras estava Edward. Quase senti meu coração parando ao ver ele ali, tão perto. Tão real. Vivo.

Onze badaladas.

Meu coração pulsou tão forte quanto o detestável som grave que ecoava em meus ouvidos. Meu tempo estava acabando. Desesperada, comecei a gritar, rezando para que ele acreditasse que a minha voz era real.

– Edward! Edward!

Vi um sorriso crescer em seu rosto impossivelmente mais pálido do que de costume. Ele já podia me ouvir, eu tinha certeza disso. Mas ouvir-me ainda não era o suficiente para ele acreditar que era real.

– Edward! Não... – Cai enquanto gritava-lhe sem fôlego – Não faça isso!

Finalmente cheguei até o outro lado da fonte. Saltei-a e continuei correndo. As pessoas agora saiam do meu caminho para não se molharem, embora eu as visse apenas com a minha visão periférica, porque ele era tudo o que realmente me importava ali. Edward deu um passo em direção ao Sol do meio dia. As mãos desabotoando sem pressa a camisa e os olhos fechados.

Eu já quase podia sentir o peso do fracasso dobrado cair sobre meus ombros. E a dor já vivida por perder-lhe uma vez voltou, rasgando meu peito. Eu estava fracassando...

Mas eu não podia. Porque Edward estava ali ainda. Vivo. E deveria continuar assim, para que eu pudesse ao menos respirar sem sentir dor. Para que aquela outra vida, não se tornasse a minha realidade.

Edward levantou uma perna para dar um passo em direção ao Sol.

– Não! Edward não!

Ainda mergulhada nas memórias daquela outra vida, eu me atirei em sua direção. O eco da décima segunda badalada soou em meus ouvidos. Eu sorri aliviada. Havia conseguido afinal. O choque entre nossos corpos foi tão grande, que eu só não caí, porque Edward me segurou forte em seus braços.

– Paraíso. – ele disse e eu quase desmaiei por estar ouvindo a sua voz depois de tanto tempo.

Edward sorria linda e tranquilamente, como um anjo que retorna ao seu lar. Aquilo tornava mais difícil acreditar que ele era mesmo real. Passei minhas mãos por seu abdômen, peito, até chegar ao seu rosto. E sim, ele estava ali.

– Foi tão rápido... Fácil até.

Eu sabia que ele achava que só tinha me encontrado por ter morrido também. Já havíamos passado por isso uma vez, só que a situação era inversa. A lembrança fez a felicidade do reencontro se multiplicar, fechando assim todos os buracos em meu peito. Eu não estava totalmente curada, mas como se nunca tivesse sido ferida. E aquilo era mais do que eu podia pedir.

– Edward... Abra os olhos. Eu estou aqui e ainda estamos vivos.

Ele fez o que pedi. E quando nossos olhares se encontraram, eu pude ver nossas almas refletirem-se. E eu soube que ele também se lembrava.

FIM*

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* “Meu Anjo Vampiro" terminou. Mas a história de Bella e Edward ainda continua a partir do livro “Lua Nova” – cap. 20. Volterra, pág. 208. §A compreensão foi...


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Notas finais do capítulo

AGRADECIMENTOS.
Foi no dia 6 de janeiro de 2011, às 01:38 pm que eu terminei de escrever MAV. Incrivel como o tempo passa não? Mas certas coisas são eternas, graças a incrivel capacidade humana de se lembrar. Eu ainda posso sentir com perfeição a sensação de vazio que me preencheu quando eu coloquei o ultimo ponto final dessa fic. Doeu, mas era necessário.
Assim como certas coisas são eternas, outras tem que ser finitas. Talvez para que assim tudo possa devidamente existir ou talvez para manter o equilibrio do cosmos talvez, eu não sei.
Mas como diz sabiamente a musica do NX zero "nem tudo o que acaba tem final", assim é MAV. Ela será eterna, porque todos nós (assim presunçosamente espero eu), carregaremos um pouquinho dela conosco. Essa é a magia que tanto me encanta nas palavras, o motivo pelo qual eu escrevo: são as palavras que fazem e transformam o mundo. E, se as minhas palavras alguma vez tocaram realmente a alma e o coração de vcs, eu sinto que a minha missão com essa fic foi enfim concluida e por isso agora ela tem que terminar. Açém do mais, Bella e Edward estão ai, lindos, gelados e se amando para sempre.
Meus mais sinceros agradecimentos à todos os leitores. Sem vcs, MAV não teria chegado onde chegou. Agradeço também à criadora mor de tudo isso, Sthephanie Meyer *todos reverenciam a deusa* , óbvio que sem ela não existiria o nosso anjo vampiro.
Obrigada pela compreensão com os meus travamentos. Obrigada pela paciência com a demora de novos posts. Obrigada por cada tarde aqui passada, por todos os momentos compartilhados. Obrigada por acreditarem em mim, por lerem a minha estória. Obrigada, muito, muito obrigada àqueles que vieram no comecinho, mas que por algum motivo deixaram de ler a fic e àqueles que vieram e continuam fielmente até hoje aqui. Vocês é que ajudaram a construir o meu lado aspirante a escritora e eu sou grata a isso em cada texto que eu escrevo hoje.
Enfim, eu não consigo encontrar mais palavras para lhes agradecer e dizer o quão importante tudo isso foi pra mim. Eu vou levar o Nosso Anjo Vampiro comigo pra sempre.
Com os olhos transbordando em lágrimas e a mente e o coração trabalhando para não esquecer, Lice Lutz.
Beijos e mordidas, nhac!