Meu Anjo Vampiro escrita por Lice Lutz


Capítulo 19
Capítulo 17 - Limite


Notas iniciais do capítulo

Atenção: como já aconteceu anteriormente, este capitulo é narrado simultaneamente por Edward e Bella.
Tenham uma ótima leitura e se preparem para mais drama e lágrimas!



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Edward Cullen

O que Bella pretendia com todo aquele histerismo? Ser encaminhada para um hospicio? Levar-me a loucura? 

Agarrei a relva umida a minha volta. Meus dedos transpassavam a grama, sem realmente toca-la. Eu podia sentir o sofrimento de minha Bella. Podia sentir o quanto que ela me queria ao seu lado. Todas as suas lágrimas derrubadas, pesavam em mim massivamente, sem piedade - eu não era uma criatura digna de misericordia alguma, afinal. Elas me machucavam, corroiam quase que fisicamente minha alma. 

Era cada vez mais dificil manter-me afastado dela. O elastico que nos unia, me puxava para ela incansavelmente. Feroz. Como um monstro quando contrariado. Eu estava lutando contra vontade de correr para seus braços. Contra o desejo de perder-me no mar infinito de seus olhos chocolate. Contra o amor que nos unia, e nos forçava a ficar juntos. Uma batalha claramente inutil. E que só acabaria, quando uma das partes cedesse por completo.

Mesmo à distancia, eu monitorava cada um de seus passos, atravez da mente de quem quer que estivesse ao seu lado. A mente de Charlie, trabalhava de forma límpida, muito clara. Mas a sua preocupação com o estado de Bella, me deixava ainda mais angustiado. Ele estava desesperado, buscando qualquer solução. 

O medo, estava presente em cada um de seus pensamentos. E se Bella nunca mais voltasse a ser normal? E se ela continuasse afundando cada vez mais naquele abismo de desilusões? Ela era jovem, não devia estar ao menos tentado seguir em frente? 

E depois de todos esses questionamentos, sempre vinha a pergunta letal. A pergunta que me fazia gritar; que me matava, apenas ao ouvi-la. E se Bella tentasse suicidio outra vez? Ou pior ainda: e se ela tivesse sucesso em sua tentativa? 

Imediatamente, meus instintos levavam-me ao seu encontro. Para ver com meus proprios olhos, se ela estava bem. Intacta. Era ai que o meu tormento começava. Eu precisava me manter distante. Tinha que protege-la de mim mesmo; assegurando sua saniedade mental. Não que eu duvidasse do quanto minha Bella estava lúcida, mas todas as pessoas ao seu redor pensavam exatamente o contrario. Que minha Bella estava beirando a loucura. E claro, me culpavam por isso - o que não deixava de ser verdade.

Numa tortura infindável, lutava contra mim mesmo. Uma parte de mim, dizia que eu devia deixar de lado todos os medos, e ir ao encontro de Bella. E ficar para sempre ao seu lado. Afinal de contas, minha função era essa: proteger-lhe, como seu anjo da guarda. Eram agurmentos fortissimos, o que tonava tudo ainda mais conflitante. 

A outra parte - a que eu me obrigava a escultar - era a dona de todos os meus medos, afirmando que eu devia me manter distante. Que se eu caisse na tentação de estar com minha Bella, tudo estaria perdido. Eu me materializaria, e não saberia como voltar. Ou então, Bella me veria, e isso só pioraria o seu estado. Ela começaria a me buscar de todas as maneiras, apenas para ver-me novamente. Como um bom imã para o perigo que era, buscaria os piores caminhos, machucando-se ainda mais - tanto fisicamente, quanto emocionalmente. 

Minha espionagem não tinha hora para começar, quem dirá para acabar. Ao contrario da mente de Charlie, a de Jacob era extremamente confusa e impulsiva. Ele tutava consigo mesmo para manter-se humano. Ao mesmo tempo, em que buscava alguma maneira de confortar Bella. Maneiras a quais, eram totalmente desaprovadas por mim.

Jacob tivera audacia o sufiente para pensar em beijar minha Bella, demostrando-lhe assim, que existiam caminhos além da vida que tivera comigo - ou morte, como ele se referia a uma existencia ao meu lado. Não era o momento para tal atrevimento. Bella não estava preparada. O quão insensivel, podia ser aquele cachorro? O limite de sua insensibilidade, eu não sabia. Mas o bom senso, de alguma forma, existia naquele corpo mutável. Rapidamente, ele desisitira da ideia, passando somente ao papel de melhor amigo, guardando suas más intenções para si.

Quando eu não estivesse mais na forma de anjo, Jacob poderia ser uma boa opção para minha Bella. Mas não imediatamente. Ela precisava de tempo para superar minha morte. Precisava de apoio incondicional e compreensão o suficiente, para fazer entender que ela jamais voltaria a ser a mesma, e que suas feridas não seriam cicatrizadas. Além, de claro, alguém forte o suficiente, para salva-la de si mesma. Jacob se encaixava perfeitamente nesse perfil. 

Eu renunciaria o meu amor por ela, em troca de uma possivel chance de ver um sorriso sincero em seus lábios. Eu a amava com todas as forças do meu novo ser. Mas o seu bem estar, vinha acima disso. Se ela estivesse feliz, eu estaria também. Eu só queria ve-la bem. E o que aconteceria comigo, depois disso, não importava.

Apesar de Jacob ser um bom amigo para minha Bella, ele precisava aprender duas coisas: auto-controle e pensar. Paciência também era uma das virtudes a serem aprendidas. Numa atitude descontrolada e totalmente irracional, Jacob brigara com minha Bella. Gritara para ela que eu jamais voltaria. É claro ela não estava pronta para escultar - e enteder - aquilo. Mesmo sua mente estando completamente tinginda pela negritude da furia, eu pude ver o quanto os olhos de minha Bella estavam feridos com suas palavras. E para piorar ainda mais a situação, Jacob a segurara pelos ombros, chacoalhando-a. 

Eu quiz arrancar a sua cabeça naquele momento. Tive vontade de despedaçar o seu cerebro com minhas proprias mãos. O monstro sanguinario que pensara que tivesse sido destruido junto com o meu corpo, rugia descontrolado. Matar. Era isso que ele ordenava que eu fizesse. O que não era possivel - para seu total desapontamento - por conta deu não possuir uma forma fisica. Pouco a pouco, ele fora se acalmando, até voltar a ser apenas uma parte adormecida em mim. 

Ao contrario do que acontecera com Jacob. A cada mili-segundo passado, a furia tinha mais controle sobre sua mente. Seu ódio por mim, aliara-se a furia, despertando, consequentemente, o lobo matador de vampiros. Seu corpo tremia furiosamente, chegando ao ponto de balançar minha Bella com ele. Um rugido mortifero, vindo de mim, ecoara em meio a solitaria floresta. Até que um pensamento trouxera-lhe saniedade o suficiente, para que ele parasse de machucar Bella. Agarrando-se ao sano pensamento, ele soltara Bella, decidindo que ir embora, era o melhor a se fazer. 

Jacob virara-se uma ultima vez para minha Bella. Ela estava jogada na cama. Havia medo e confusão em seu olhar. As lágrimas encharcavam a sua face. Fora a ultima imagem que tive de minha Bella naquela noite. Jacob virara-se para a janela, e saltara, deixando o lobo furioso, tomar conta de seu corpo. 

Abandonei sua mente, e comecei minha proria luta. Obrigando-me a permanecer no meio da floresta, longe de Bella. Vê-la machucada, era uma ideia insuportavel. Doloroza. Eu não queria ser a criatura, que lhe provocaria mais danos. Não queria ve-la chorar mais. Eu deveria protege-la. Mas a minha presença, só lhe trouxera mais feridas incuráveis. Levando-lhe, diretamente aos caminhos da loucura, em que o desespero, tornara-se a unica voz a ser ouvida. Uma voz tão forte e controladora, que a fizera gritar por mim. Procurar por um corpo invisivel. Até que ponto chegariamos? Haveria um limite para todo aquele desespero que queimava o coração de ambos?

Não.

Não haveria um fim para toda aquela tortura. Quiza para a busca de Bella. Ela era teimosa, e não desistiria, até dar-se por vencida. Ou até acabar comigo de uma vez. Se ela soubesse o quanto custava para mim ficar longe... O quanto seus chamados ragavam meus ouvidos inexistentes, e o som da sua voz queimava as beiradas da minha alma...      

Dois dias se passaram desde que Jacob partira. Meu monitoramento era feito atravez da mente de Charlie e de Alice, com suas alidas visões. Nesse meio tempo, Bella mergulhara nas profundezas obscuras da solidão.

Por mais que Alice tentasse compreende-la, ou anima-la, nada surtira efeito. Decidira-se então, por dar tempo a Bella. Charlie optara pelo mesmo. Jacob - que sumira nesses dois dias - voltara, no meio da ultima crise de Bella. Ele estava apavorado, sem saber o que fazer. Sentimento o qual, fora passado para mim rapidamente. Seu pavor era tanto, que sua mente estava paralisada, apenas observando a cena. 

Aquela fora a pior noite desde que nos afastamos. Seus chamados, rasgavam minha alma de dentro para fora. E eu sabia, que a unica maneira de nos manter a salvo, era estarmos juntos. Mas eu não podia ceder. Não naquela noite. Eu iria até o seu encontro. Mas o que aconteceria depois? Nem Alice poderia prever...Era arriscado, para ambos. Estavamos infrigindo as regras de Deus, isso traria enormes consequencias para todos. E principalmente, para ela.

Bella se acalmara somente depois de ingerir compridos. Aos poucos, fora sucumbinco a exaustão daquele dia. Atravéz dos olhos de Jacob, pude ver que minha Bella já havia se entregado ao sono. Mas não era o que acontecia com sua mente. Ela continuava a me atrair para si, chamando por mim em seus sonhos. Fora uma longa noite para mim, até que finalmente a escuridão transformara-se num novo dia.

Bella Swan

Eu estava no meu limite. À beira do abismo que denunciava o fim da esperança. Era uma manhã nublada, concerteza choveria mais tarde. Os raios de sol, eram obstruidos pelas grossas nuvens cinzas que ocupavam o céu. Uma solitária gota de chuva caira - a primeira, daquele longo dia. Um passarinho de asas verdes e violeta, misturadas a um azul petróleo, pressentira o que estava por vir: uma tempestade devastadora. E partira, voando livremente.

Era isso que eu precisava. Voar. Não no sentido literal - nunca cogitara a possibilidade de pular de para-quedas, ou algo do gênero. Eu precisava fugir da chuva incontrolável de lágrimas; me agarrar a alguma esperança de salvação. Eu sabia do que precisava para me salvar. Só ele poderia trazer algum resquicio de vida para mim, Edward Cullen.


Respirei fundo, permitindo que o ar queimasse minhas entranhas. Eu precisava agir. E rápido. Seis dias se passaram, desde que ele decidira me abandonar. Por quanto tempo aquilo continuaria? Por quanto tempo, meu coração continuaria resistindo teimosamente? 

Fitei o teto do meu quarto, em seguida, dirigi meu olhar para a bandeja de café da manhã que pairava ao lado da cama, intacta. Leite frio e cereal. Nada apetitoso. Charlie viria dali alguns minutos, me repreenderia por não ter comido, e sairia balançando a cabeça, frustado. Todo dia era assim. Eu quase podia prever aquela monotomia sufocante.

Prever o futuro. Logo a imagem de uma vampirinha pequena e saltitante, com cabelos espetados, viera a minha cabeça. Como se ela fosse a leitora de mentes - inclusive uma mente defeituosa como a minha - entrara no meu quarto. Seu rosto trazia um sorriso delicado.

Edward Cullen


Alice e Bella travaram uma converssa despreocupada sobre o quanto cafés da manhã eram desapetitosos. Aquilo era apenas um teste para saber como Bella estava depois da ultima noite. Alice queria confronta-la, saber exatamente o que acontecera. Por conta de Jacob ter aparecido, ela não pudera ver exatamente o que acontecera. E deixar Alice curiosa, não era algo bom de ser assistido.

Um momento de silêncio pairara. As perguntas na mente de Alice, estavam prestes a explodirem em sua voz. No entanto, ela sabia que devia tratar do assunto com delicadeza. Bella ainda estava muito fragilizada, principalmente depois da ultima noite. 'É a hora', pensara, antes de preparar-se para começar a falar.

Bella Swan


Alice estava sentada na poltrona ao lado de minha cama, suas mãos dedilhavam delicamente sobre a mesinha de cabeceira. Encarei-a por um mili-segundo. É claro que ela percebera. Desnecessariamente, pigarreara. Seria o inicio do interrogatorio.

- Você deve saber o porque deu não ter vindo aqui ontem Bella. - ela se interrompera, brevemente, olhando diretamente em meus olhos. Eu, como uma boa covarde, desviei. - Lobisomens são instavéis, não possuem o minimo auto controle. Eu não queria que você se machucasse, e nem que Charlie tivesse um ataque cardiaco, ao ver um menino explodir em forma de lobo. 

- Pode pular a introdução, Alice - resmunguei. - O que você quer saber?

Ela fitara o vazio. Seus olhos estavam distantes. Mas não como quando ela tinha uma visão. Sua expressão era pensativa, como se estivesse se recordando de algo, para montar um quebra-cabeça. 

Edward Cullen


Em sua mente, Alice recordava suas ultimas visões, até elas ficarem completamente embaçadas e por fim desaparecerem. Fora como reviver a ultima noite.

- Edward - a voz de Bella clamava por mim, puxando-me imediatamente em sua direção.

'É apenas uma lembrança', lembrei a mim mesmo. 'Não esta acontecendo agora', reforcei. Mas era inutil. Bella me atraia para si como, com a mesma força que um planeta tem, para manter seus satilites ao seu redor. Ela era o meu mundo. Tudo para mim. Ficar separados, era o mesmo que contrariar as leis da natureza; era o mesmo que tentar afastar a Lua da Terra. Entretanto, ficar juntos, obrigava-nos a desafiar as leis de Deus. 

Como poderiamos continuar a existir em dimensões tão contraditórias? Estava claro, que um de nós, deveria entrar para o mundo do outro. Mas como fazer isso sem criar caus? Bella vir para o meu mundo significava apenas uma coisa: morte. Como sempre fora, desde que nos conhecemos. E era impossivel eu voltar a viver. Ressucitar. Não para um monstro devorador  de sangue. 


Todas as lembranças, as perguntas e minha eterna luta, ocorreram em apenas dois segundos e meio. Alice voltara ao presente, e logo responderia à pergunta de Bella.

Maneando a cabeça, ela cruzara as pernas, elegantemente, e soltara o ar preso em seus pulmões.


- Eu só pude ver você andar pelo quarto, tateando o nada e gritando por Edward. Pode me explicar o que isso de fato significa?

Bella Swan


Ofeguei, ao lembrar-me da minha tola tentativa de encontrar Edward. Procurando por seu corpo invisivel e gritando o seu nome. É claro que aquilo não seria o suficiente para chamar a sua atenção, e traze-lo de volta para mim. Eu precisava de algo mais forte. Um lugar em que pudesse senti-lo plenamente. Forcei meu cerebro a adentrar nas lembranças mais dolorosas - que pareciam ter acontecido a milhares de anos atras. Lembrei-me da clareira, onde ele ia para pensar, e me mostrara sua verdadeira identidade.

- Você irá se perder. Estar ali não te fará nenhum bem, Bella. - Alice rompera o silêncio, sem me encarar.

Suspirei. Eu não tinha considerado ir até lá. Eu realmente não tinha certeza se conseguiria chegar na clareira outra vez. Iria me perder - Alice já tinha o visto. Mas aquilo nem de longe seria um obstaculo. Eu não desistiria. Iria encontrar Edward novamente. Só precisava pensar num lugar onde pudesse senti-lo; onde sua presença fosse forte o suficiente para acalmar a sensação de abandono arrebatadora em meu peito.

Edward Cullen


Bella não desistiria de me encontrar. Eu sabia disso, e agora estava mais do que confirmado com as visões de Alice. Imitando um gesto desnecessariamente humano, suspirei. O que mais ela faria para aumentar a minha tortura?

Bella Swan


- Por que é tão importante encontra-lo, Bella? - Alice trouxera-me de volta para a realidade.


- Eu só preciso senti-lo mais uma vez. Preciso saber que ele não me abandonou - disse num murmurio baixo. - É a unica forma de me dar um pouco mais de vida, Alice.

Edward Cullen


A minha ausencia era tão gritante assim para ela? Estar longe dela, doia mais em mim no que nela. Eu não havia a abandonado, de fato. Eu estava sempre ao seu lado, acompanhando cada um de seus passos, atravez da mente das pessoas que estavam ao seu redor. Aquilo era dolorozo, mas eu não podia nos arriscar, estando ao seu lado, abraçando-a, como meu corpo invisivel clamava por ela. Eu tinha que me manter afastado, por pura precaução. 

Bella Swan


- Bem, gritar por ele não funcionou. Como pensa em tornar isso real? Se é que é possivel...


Alice ainda duvidava de minha sanidade mental. Estava explicito. Ao menos, naquela manhã, ela tentara me compreender. Sorri timidamente para ela, gesto que ela retribuira no mesmo momento. 


Fitei novamente seus olhos dourados. Sua pele palida, assim como a de todos os outros integrantes de sua familia, permanecera imutavel mesmo com o passar dos anos. Eram as mesmas caracteristicas de Edward. Mas nenhum deles - nem qualquer outra criatura no mundo - seria capaz de sustitui-lo. Nunca. Eu precisava dele e de mais ninguém.


Fora quando todas as peças, subtamente se encaixaram. Era inegavel, que seria praticamente impossivel encontra-lo num lugar tão simbólico. Fechei meus olhos, recordando o dia em que o céu de Forks chorara por sua morte. Ele estivera ali comigo. Cercando-me, assim como o anjo estampado no mosaico da capela. Eu não tinha duvidas daquilo.
Seria o lugar onde eu depositaria todas as minhas esperanças. Mesmo que todo aquele cerimonial tenha sido completamente nulo, tratando-se do enterro de um vampiro, deveria haver alguma conexão ali, entre almas e corpos. 

Edward Cullen


'Bella estava encharcada. Suas lágrimas, confundiam-se com as gotas de chuva que escorriam por seu rosto. Em suas mãos, havia uma pequena rosa branca murcha. Ela apertava a flor com tanta força, que os espinhos adentraram em sua pele. Bella parecera não sentir. Estava tão submersa em sua propria dor, que era incapaz de sentir qualquer outra emoção vinda do meio externo. Seus olhos moveram-se lentamente, atravez das letras em ouro gravadas na lápide: Edward Cullen. Imediatamente, seus lábios reproduziram o nome lido.'


Maneei a cabeça, no intuito de desconectar-me da mente de Alice. Fleshes de sua visão ainda ecoavam no meu cerébro. Bella iria até o cemitério. E o porque dessa visita repentina, era o que mais me surpreendera - o mesmo ocorrera com Alice: supresa; descrença. Ela iria até lá, para me procurar. Para saber se ali, finalmente nos encontrariamos. 
Bella era realmente inacreditavel. E me levaria à loucura.

Bella Swan

Olhei para Alice. Sua visão estava distante. Provavelmente, ela tomara conhecimento de minha decisão. Num piscar de olhos, ela virara para mim. Sua voz delicamente musical, soava como sinos em meus ouvidos.

- Isso é loucura. É impossivel, Bella. Mas eu não vou deixar você sozinha. - sorri para ela - Não posso assegurar nada. Espiritos não estam na cota de criaturas que eu posso ver.


Levantei-me da cama e corri para abraça-la, pensando em algo melhor do que moletons velhos e furados, para ir a um cemiterio. Antes que eu pudesse abrir o meu guardaroupa, Alice estava na minha frente.

- Oh, por favor. Deixe que eu escolho algo no seu vesturario que possa ser considerado no minimo usavel. Uma missão praticamente impossivel aqui...


Dei de ombros, ignorando sua critica as minhas roupas. Continuei fitando o céu chuvoso. A esperança crescia em meu peito, na mesma ferocidade em que as nuvens despejavam a sua dor. 

Em menos de dois segundos, Alice estava com uma calça jeans escura, um sueter justo azul, e angle boots verde-musgo (quase negras) nas mãos. Ela sorria para mim, estendendo os braços.

- Bem, se você acha que vai encontrar Edward, deve estar no minimo apresentável para a ocasião. - pausara, esperando minha reação ao nome citado. Eu apenas sorri. - Ele adorava azul em você... - dissera, seus olhos fitavam os meses em que eramos felizes.

Edward Cullen

Recordei o dia em que levei Bella até a campina. Nós estavamos combinando, ambos de azul. Ela ficava esplendorasamente magnifica naquela cor. Contrastava com o tom naturalmente pálido de sua pele.

Talvez, eu ficava tão encantado ao ve-la vestida com aquela cor, pelas dimensões naturais que o azul cobria. O céu, o mar, algumas flores, todos encobertos por variados tons de azul. Desde o mais claro, ao mais escuro. 


O meu amor por ela, poderia ser comparado, ao tamanho infinito do céu e do mar juntos. Brilhante como as estrelas. Rebelde como as ondas do mar. Incrivelmente intrigante; indiscutivelmente belo. O céu e o mar, nunca poderiam se unir plenamente. Estariam sempre separados, era impossivel junta-los. Mas ainda assim, havia uma conecção entre eles. O azul.

O mesmo acontecia comigo e Bella. Estavamos irremediavelmente separados por dimensões extremas; a vida e a morte. E mesmo assim, estavamos entrelaçados, por apenas uma ponte inquebravel. O amor.

Bella Swan

Peguei as roupas que estavam em suas mãos, Alice saira, dando-me um pouco de privacidade. Poucos minutos depois estava pronta.

Fisicamente, é claro. Eu queria com todas as forças do meu ser, encontra-lo. Mas, o que eu faria depois que o visse e ele tivesse de partir? E se na pior das hipoteses, nada acontecesse? O que eu faria? Esse possivel encontro ou sua inexistência, trariam quais consequencias para mim?

Buscando equilibrio, sentei na beirada da cama. Não era hora para ter aquele tipo de pensamento. Finalmente tivera a chance de comprovar de uma vez por todas que ele estava comigo - ou não - e concerteza não devia sequer cogitar a possibilidade de desistir. Eu iria encontra-lo. O futuro, bem, não poderia ser muito pior do que a minha realidade.

Respirei fundo, antes de descer as escadas. Fazia quase uma semana em que não saia de casa para nada. Alice terminava de explicar ao pai aonde iriamos. Assim que me vira, sorrira, demonstrando um certo otimismo. Tentei retribuir o gesto, sem apresentar muito sucesso. Charlie me fitara. Apreensão e surpresa, cobriam sua expressão.

- Você tomou seu café, Bella? - perguntara, arqueando uma sombrancelha.

Antes mesmo que eu pudesse pensar em algo para responder, Alice já falava.

- Não se preocupe, Charlie. Comeremos algo no caminho. Talvez seja isso o que ela precisa. - dera uma curta pausa, apenas para forçar o seu mais convincente sorriso - Novos ares; sair um pouco.

Charlie nada dissera. Suspirara, dando-se por vencido.

- Está bem, então. Cuidem-se. - dera alguns passos até mim, olhando em meus olhos - Não se sobrecarregue, querida. Se perceber que foi o suficiente, volte para casa imediatamente. - dera um beijo em minha testa, em seguida afastara-se, caminhando até o sofá.

- Tudo bem. - respondi simplesmente, já saindo de casa.

Alice se despedira de meu pai, e em poucos minutos, estavamos na Mercedes de Carlisle, rumo ao cemitério da cidade. Sem nada ver, fitava a paisagem passar por nós como um borrão. A chuva nos acompanhava, incansavél. 

Edward Cullen


Oscilando entre o presente e o futuro, Alice dirigia a uma velocidade constante. Quando seus olhos fitaram Bella, um sentimento conhecido apoderara-se de meu peito. Eu sabia o que estava por vir - as visões de Alice, deram-me o real motivo para Bella estar indo até o cemitério. 

Ela queria me encontrar.


Meus dedos transpassaram a relva úmida que cobria o solo da desconhecida floresta - àquela altura, eu já havia mudado tantas vezes de lugar, que nem sabia onde estava. Grossas gotas de chuva atravessavam o meu corpo invisivel, num ritmo constante. Era praticamente o mesmo de cenário quando resolvi abandonar minha Bella, pela segunda vez. O céu emprestando-me suas lágrimas, mas ao mesmo tempo, lembrando o quanto a minha existência era inútil. Meu corpo não podia suportar sequer o peso de simples gotas d'agua, quem dirá, seria forte o suficiente para proteger Bella. O mesmo dilema que preenchera cada pensamento meu daquela madrugada, retornara. Deveria protege-la, mantendo-me afastado, ou deveria ir até o seu encontro, como a alma de ambos implorava? 

Sem nenhum aviso prévio, minha mente inundara-se de cenas que ainda não haviam acontecido. Minha visão tornara-se parcialmente nublada. Meu corpo invisivel, de repente deixara de sentir o meio externo. Eu estava num outro lugar, a milhas dali. O cenário, era o cemiterio de Forks.

"Bella caminhava a passos lentos, apesar da ferocidade da chuva. Suas delicadas mãos, circundavam a sua cintura, como se estivesse tentando manter-se em pé, para chegar até seu destino. Ela ofeguava suavemente, embora não fosse a caminhada que a deixara cansada, e sim, a intensidade da dor transformada em lágrimas."

   
Apertei meus olhos, furtivamente, no intuito de desconectar-me da mente de Alice - suas visões só estavam aumentando a minha angustia, fazendo crescer uma ansiedade desnecessaria. Iriamos ser torturados o bastante naquela tarde, não havia motivo para antecipar tal acontecimento.

Concentrei-me no presente, buscando nos pensamentos de Alice, como estava minha Bella naquele momento. Por um instante - curto de mais para ser calculado - arrependi-me. Eu jamais suportaria fitar seu rosto por muito tempo novamente. Não enquanto o doce chocolate de seus olhos estivesse substituido por uma tristeza gritante, incapaz de ser ignorada. 

Minha Bella estava tão...frágil. Tudo nela exalava dor. Seus olhos, distantes, miravam a paisagem passar como um borrão. Seu corpo - visivelmente mais magro - transmitia uma fragilidade doentia. Ela se parecia com uma bonequinha de cristal. Um ser inanimado, que há muito perdera a magia incandescente da vida - mesmo que a preciosidade de sua existência, seja unica. Era como se o seu coração nunca tivesse batido, como se ela simplismente... existisse. Um impulso desesperador de cuidar-lhe, percorrera milimetricamente o meu ser. Eu queria trazer-la a vida novamente; queria protege-la com o mesmo cuidado que se emprega ao cristal mais raro do mundo. 

Mas como cuidar-lhe, se a qualquer toque meu, todos os vincos em sua superficie, poderiam vir abaixo? E mais do que isso; se com apenas a minha presença, pode-se tirar até a sanidade de um ser inanimado? Como ficar ao seu lado, como correr o risco de quebrar-lhe, se ela fora a unica força capaz de fazer um coração de pedra voltar à vida? Como faze-lo, como lutar, se a bonequinha em questão era minha Bella?

Abruptamente, abri os olhos, desconectando-me dos pensamentos de Alice. Ecos da frágil imagem de Bela, serpenteavam em minha mente. Deus, o que eu havia feito com ela? Como resistiria ao impulso de cuidar-lhe, vendo-a naquele estado? Teatralmente, supirei, sem que nenhuma particula de ar se dissipasse na atmosfera. Eu tinha que me manter longe, não podia correr o risco de quebrar o fino cristal que protegia a sua mente. 

Aquela seria uma longa - e dificil - tarde, lembrei-me.

Bella Swan

Com os olhos fechados, respirei fundo tentando acalmar minha pulsação. Minha cabeça estava a mil. Ansiedade, angustia, esperança, apreensão. Eu sentia tudo ao mesmo tempo. Uma bola se formara na minha garganta, impedindo-me de falar e dificultando minha respiração. Um milhão de perguntas gritavam na minha cabeça. Mas nenhuma delas, superava o meu maior medo: E se Edward não estivesse lá? 


Não pense no pior, ordenei a mim mesma. E como uma boa mente rebelde, as perguntas continuavam a vir. Eu podia sentir que a qualquer momento vomitaria de ansiedade. Desde quando Forks se tornara tão grande, ao ponto do cemitério ser tão longe? 


- Bella. - Alice chamara minha atenção. - Acalme-se. Já estamos chegando.


Sem nada dizer, fitei o portão arqueado do cemiério. Ofeguei. Era a hora da verdade. Respirei fundo novamente. Precisava manter o controle sobre mim mesma. Aguardei a velocidade do carro diminuir, até que parasse completamente. Outra pontada de ansiedade atingira-me. Com as mãos levemente trêmulas, abri a porta do carro.

- Tem certeza que quer fazer isso sozinha? - Alice perguntara.

- Sim. - afirmei.

- Se você não voltar logo, eu irei te buscar.

Não tive capacidade de formular alguma resposta - a ansiedade dominava cada um dos meus sentidos. Alice sorrira, encorajando-me. Fechei a porta, com um sorriso inseguro no rosto. Encarei o portão imponente do cemitério. Era todo em ferro esculpido com flores ornamentais. Rosas e orquideas, além de trepadeiras. Apesar de estar totalmente desgastado pelo tempo, ainda era possivel constatar a sua origem barroca.  


Dexei que o ar entrasse dentro de mim, na esperança de que ele tivesse forças o suficiente para desobstruir o bola que fechava a minha garganta e de quebra, me acalmasse um pouco. Fora em vão. Parecia que a bola crescera - em intensidade e tamanho - assim como um balão de borracha, cresce quando o ar é soprado em seu interior. Tudo o que eu sentia, atingira-me abruptamente, com uma força descomunal. O medo gritara para mim, torturando-me com a insistente pergunta: E se ele não estiver lá? E se ele tiver realmente desisitido de mim?


Um forte estrondo invadira meus ouvidos, silênciando - por um momento curto demais - todas as perguntas gritantes na minha cabeça, assim como os sentimentos que socavam impiedosamente o meu peito. Deixando-me num estado de topor tão profundo que tudo resumia-se apenas a ele. Eu respirava, apenas para conserva-lo por mais tempo. Meus pés continuavam cravados no chão. Eu sentia que precisava manter-me quieta. O topor não estava ali apenas para trazer-me a agradavél sensação da ausencia de sentimentos pertubadores. Ele estava agindo sobre meu corpo, trabalhando para reunir as poucas forças do meu ser. Para isso, tirara-me momentaneamente do meio externo - incluindo também dos torturantes pensamentos e sentimentos. 

Porém, a breve sensação de paz esvaira-se da mesma forma repente com que surgira. Eu ainda podia sentir os ecos do trovão serpentearem entre as ondas sonoras. Vi a intensidade iluminadora dum raio, transpassar meus olhos. O topor se fora. Mas ainda assim, eu podia senti-lo agir. Agora, as forças que ele reunira, concentravam-se apenas num objetivo, focalizando o mais belo dos rostos já visto. Edward. Todo o meu corpo, todo o ar respirado e cada um dos meus persistentes batimentos cardiacos, estavam voltados apenas em encontra-lo. Fora mais do que o suficiente, para fazer-me dar os primeiros passos rumo a sua lápide.


Imediatamente, arrependi-me por ter deixado o topor fugir tão rápido. Assim que dei o terceiro passo, fui bombardeada por uma nova explosão de sentimentos. Eram os mesmos, só que numa intensidade avassaladora. Parei de caminhar. Enquanto era fuzilada por todos os meus medos e pensamentos pessimistas, meus olhos encarregaram-se de expressar tudo aquilo na forma de densas lágrimas. Eu não podia segura-las, por mais que quizesse. Uma punhlada de desespero, circundado de dor, acertara-me em cheio. Vi-me cercada de lembranças. E de repente, toda a força reunida, esvaira-se. Voltei a ser apenas um corpo fraco e vazio, possuidor do coração mais teimoso do mundo. 

Cambaleante, dei mais um passo. Meu corpo dobrara-se sutilmente ao meio, tentando comportar as rajadas de dor que invadiam-me sem pedir autorização, ou sentir qualquer misericordia. As lágrimas, escorriam por meu rosto no mesmo ritmo da intensa chuva. Chuva, dor e lágrimas.

Exatamente os mesmos elementos que acompanharam o dia do enterro dele - e os seguintes também. Era impossivel não lembrar.

Impossivel me esquecer do quanto a simbologia da cerimônia machucara-me. O quanto as letras gravadas em ouro na lápide, arranharam as paredes ocas do meu coração. E no entanto, hoje, eu estava ali por vontade própria. Sozinha. Sem ninguém para amparar-me. Tão desprotegida, que eu tinha medo que um dia, tudo evaporaria e não passasse de um doce sonho com um final trágico. Sem nenhum resquicio de que a sua existência fora real.  

Eu precisava encontra-lo. Ou me entregaria ao abismo sem fim da loucura de uma vez. Abracei minha cintura, antes que o meu corpo caisse divido em dois no chão e assim não haveria como chegar inteira até o meu destino, a lápide. Pesadas gotas de chuva, batiam em minhas costas, provocando um certo desconforto. Mas aquilo não era nada, comparado ao o que é ser esmurrado de dentro para fora. Principalmente, quando cada murro, é seguido de uma frase lembrando incansavelmente que eu havia perdido tudo. E que a dor jamais acabaria, roubando toda e qualquer esperança de que um dia, cessaria.

Continuei minha lenta caminhada. O cemitério estava completamente vazio. O silêncio, era preenchido apenas com o som de trovões e o uivo desconsolado do vento. Não havia ninguém ali. No entanto, a minha solidão atingia limites muito maiores do que a simples ausencia de pessoas. Socava-me com tanta ferocidade, que senti-la era torturante. Mais do que um corpo perambulando sozinho, eu era uma alma solitária e ferida.

Talvez, Edward tenha desistido de mim, porque não se pode consertar um espirito sangrento. Seus cuidados, sua voz orquestral, ou seus braços gélidos a minha volta, estavam servindo apenas para remendar-me. Com pontos tão fáceis de serem desfeitos, que mais nada surtia efeito. Nada mais podia ser feito. E ele se fora. Eu estava condenada a vagar só, até que cruzasse a linha do fim da vida.

Apertei meus braços tão fortemente envolta da minha cintura, que eu mal podia respirar. Meus olhos transbordavam  lágrimas - eu não me supreenderia nem um pouco se me afogasse nelas. Meus pés moviam-se com dificuldade, sem se importar em desviar das profundas poças de água. Aos poucos, a parede repleta de lápides, parecia estar mais próxima.           

Edward Cullen


Bella caminhava exatamente como na visão de Alice: cada sutil avanço, era o reflexo inegável do tamanho do esforço que ela estava fazendo para manter-se inteira, embora tudo o que o corpo dela - e eu - implorasse a cada passo, era que ela desse meia volta e desistisse daquela loucura, que só nos destroçaria ainda mais. Mas quem disse que a teimosia de Bella, a deixaria escultar o certo?

Passei meus braços invisiveis em volta do meu peito, apertando-os com toda a força inexistente que me fora concedida. Mas diferentemente do que acontecera com minha Bella, eu não senti dificuldade alguma em respirar - o que inevitavelmente me lembrara do quanto eu era fraco. A unica dor que nos era comum, era a de estarmos separados - e sua intensidade era tão arrasadora, que sentia-me perdido e completamente entregue a ela, sem sequer poder imaginar um caminho para fugir de seu poder, tamanha era a escuridão depressiva que nos envolvia. 


Eu queria gritar, implorar para que mais nenhuma visão de Alice se tornasse real. Aquilo seria demais para Bella. Porém inevitável para mim. Mesmo que Bella não tivesse ido procurar por mim no cemitério. Mesmo que ela desistisse de gritar meu nome todas noites ou deixasse de me ver em cada um de seus pensamentos. Ainda assim, ela continuaria a me atrair para si, com a mesma intensidade que um planeta atrai o seu satélite.

Nossas almas estavam preenchidas por um magnetismo infinitamente mais poderoso do que a gravidade que aproxima corpos celestes.

Estavamos unidos pelo amor - um amor capaz de superar as barreiras da morte e ignorar as leis de Deus. Ela era o meu planeta - a unica razão para um satélite como eu - frio e morto - existir. 

A Lua não pode se separar da Terra - embora se conseguisse, o afastamento não duraria por muito tempo. O mesmo equivalia para mim: eu sabia que não conseguiria manter-me afastado por muito mais tempo, mas eu precisava ao menos tentar protege-la. A qualquer momento, a gravidade atrativa que emanava de seu corpo, exploridira duma forma exorbitante e eu definitivamente não poderia ignorar. Eu apenas lutava para não ceder tão facilmente - mesmo que isso rasgasse vorazmente a minha alma.

A razão ordenava que eu não desitisse. Minha alma, meu coração invisível e cada milimetro do meu novo ser, implorava justamente o contrario; que eu procurasse por ela o mais breve possivel. Não era uma luta justa, mas eu estava disposto a apoiar o lado mais fraco. Tudo apenas para protege-la.  

À medida que os lentos passos de Bella a aproximavam da vasta parede de lápides, eu já não podia vê-la tão nitidamente nos pensamentos de Alice, devido a distância entre as duas, é claro. Não que isso soasse como empecilho para minha vigilância, ou atenuasse a dor provocada pela minha luta interna - nem de longe. Apenas confirmava, o que eu - de uma forma ridiculamente infantil - temia: dali para frente, seria apenas minha Bella e eu. 

Poderia haver situação mais perigosa que essa?

Bella Swan

Estanquei em frente à parede. Meus olhos percorreram-na por inteiro, demorando-se em cada lápide, buscando fitar cada detalhe: o nome inscrito nela, se havia flores ou não, seu estado de conservação... qualquer coisa inútil que pudesse distrair-me momentaneamente - atitude semi-inconsiente que era absurdamente irracional, afinal, não fora eu que quisera ir até ali? Então por que agora, um medo incompreensivel habitara meu peito, controlando meus olhos e distraindo meus pensamentos para não caminharem em direção à ele? Se procura-lo - e a pertubável esperança encontra-lo - fora a unica força capaz de me mover até aquele lugar repleto de dolorosas lembranças?

Ignorando qualquer forma que meu subconsciente planejara para me proteger, forcei meus olhos a rumarem até a lápide dele. Antes mesmo que o caminho pudesse ser concluido, um bombardeio de imagens invadira minha mente - lembranças do dia do enterro dele, constatei rapidamente. O ar parecia fugir-me, a cada segundo mais escasso. De repente, eu já não estava mais ali, lutando contra meus olhos que repentinamente criaram vontade própria. 

O cenário era o mesmo que o do presente - o minusculo cemitério de Forks. A dor, inacreditavelmente mais branda; eu ainda não me sentia completamente só, abandonada e descontroladamente desperada, mas ainda assim, grande e com força o suficiente para fazer-me querer gritar, implorar pela morte - que hoje, eu ainda tenho certeza que é a unica rota de fulga e uma possivel salvação.  A chuva, companheira mais fiel, jogando suas pesadas lágrimas em minhas costas. Os motivos para minha estadia ali, é que diferiam, incapazes de ser ignorados. Na minha lembrança, eu estava ali, para enterra-lo, deixa-lo descançar em paz. Esse era o próposito de todo aquele cerimonial estritamente simbólico. 

E hoje, ali estava eu, justamente para ressucita-lo de uma vez por todas em minhas lembranças - sem importar-me com o quanto elas poderiam ser dolorosas. Eu queria senti-lo plenamente; reafirmar para mim mesma que ele existira, me amara e - impossivel de crer ou não - ele ainda estava comigo. Mais do que tudo, a minha visita ao cemitério, era como uma provação para mim. O que quer que fosse que aconteceria ali, causaria consequência enormes, que afetariam a minha vida - eu tinha plena ciência daquilo. Mas eu não me importava, com tanto que eu tivesse a confirmação do quanto ele me queria.

Como se o tempo subitamente começasse a demorar-se mais a cada pulso, meus olhos precisaram de um segundo eterno para chegarem até a  lápide. Aproveitei-me disso, para preparar o meu corpo. Suguei uma quantidade extra de ar e por um momento, concentrei-me nas batidas do meu coração, tentando acalmar a ansiedade que pulsava forte em meu peito. Fora em vão. Assim que meu campo de visão cruzara com as letras douradas cravadas na lápide, meu coração parara. Causara-me um choque tão grande e profundo, que, sem ter a minima noção do que estava fazendo, aproximei-me ainda mais, dando dois passos.

Encarei a lápide outra vez, fitando-a agora como um todo. Como uma engrenagem desgastada e com dentes falhos, meu coração voltou a bater, num solavanco sôfrego. 

Tum.Tum.Tum. Dor. Dor. Dor


Cada batida, era como uma facada que não atingia apenas o meu peito, mas sim o meu corpo todo, de uma forma tão intensa e cruel, que espasmos ecoavam até atingirem os meus pensamentos e fazer-me dobrar ao meio, por não aguentar tamanha dor que atingia proporções físicas.

Senti-me tonta, o que causara um ligeiro desequilíbrio. Minhas mãos trêmulas, repousaram suavemente sobre a superfície gélida e molhada da lápide. Permiti que os dedos de uma de minhas mãos explorassem aquele local, caminhando por entre as gotas de chuva, até que esbarrassem com as letras ali gravadas em ouro. Um novo pulso de dor, circulara por todo meu corpo. Arfei em busca de ar, mas logo em seguida tratei de ignora-lo.

Meus destemidos dedos, continuaram sua exploração, caminhando sobre o pequeno amontoado de letras em relevo. Terminado o percurso, impedi que aquelas letras, compusessem-se em um nome. 

Tapeando minha mente, distrai-me com a única rosa branca que repousava tranquilamente no vasinho acoplado à lápide. Por seu estado de conservação, deduzi que ela estava ali desde de quando a cerimônia fora realizada. Suas pétalas estavam murchas e o branco translúcido original, transforamara-se num marrom envelhecido - o mesmo tom de sangue seco. E as lágrimas de chuva, ao invés de conserva-la por mais tempo, apenas a afogara nas águas obscuras do fim da vida. Os espinhos - assim como o cabo que os suporta - estavam mais fracos, irresistentes. Mas ainda assim, podiam ferir. A flor antes tão bela e tão vivída, hoje encontrava-se frágil e praticamente sem vida.       

Assim como eu.

Aquela simples flor, era o meu reflexo metafórico. Seca pela torrente sem fim de lágrimas, que escorrem por minha face, afogam-me cada vez mais em minha própria solidão obscura e ainda assim, parecem não ser suficientes para atenuar a minha dor. Dor. Tão dura e cruciante, que transpassa os limites emocionais, obrigando meu corpo a reagir de formas físicas, palpáveis. São como os espinhos mais resistentes; apesar do tempo transcorrer, murchando-os, ainda são capazes de criar novas feridas que fazem sangrar. A garota que um dia possuira um coração ansioso por cada batida e olhos capazes de prender incompreensivelmente a criatura mais perfeita do universo, hoje não existe mais. Tudo o que restou, fora um corpo debilitado, desprovido de qualquer sinal de uma alma. A minha alma, me abandonara. Para sempre.

Apertei os olhos com força, impedindo que mais lágrimas escapassem. Deslizei minha mão até a rosa, pegando-a. Meus dedos a envolveram fortemente - eu estava caindo. Com os joelhos moles, encostei-me na parede, deixando meu corpo deslizar de acordo com a vontade da gravidade. 

Edward Cullen

Sem ter o mínimo controle sobre meus dedos transparentes e irresistentes, senti-os curvando-se ao redor da grama encharcada à minha volta, e é claro que nenhum átomo da vegetação sentira a pressão de meus dedos. Meu peito invisível pulsara num solavanco, e todo o restante do meu corpo parecera querer deslocar-se dali - à milhas e milhas de distância. 


Eu queria distrair minha mente, queria obriga-la a prender-se em qualquer outra coisa. Eu sabia o que estava por vir. Sabia como aquilo era claustrofóbico, impossivelmente doloroso e sua contrariedade despedaçava cada vez mais um pouco da minha alma - da alma dela] - e eu simplesmente não podia lutar contra aquela força. Eu não podia e tampouco queria lutar contra ela. Era como um suicida perdido na corrente furiosa do mar: cansado de lutar e insanamente masoquista, que escolhera o caminho mais difícil de destruir sua alma.

Sim, eu era um suicida. Porém um suicida já morto. O que poderia haver para mim, além daquilo? Quanto tempo eu ainda duraria como anjo? Que outra forma de tortura poderia haver para um masoquista já morto?

A única resposta que eu sabia para todas aquelas perguntas, era para a ultima delas. E eu estava ansioso por ela; ansioso para desfrutar da minha tortura estritamente particular.

Bella Swan

As letras inscritas na lápide, pareceram ganhar formas tridimensionais e brilhantes, obrigando-me a tomar consciência do nome que formavam. Era impossível ignorar que efeito tudo aquilo - o cemitério, a lápide, o nome escrito nela, a flor - tinha sobre mim. Como uma forma de escape - a única aceitável - meus lábios moveram-se, reproduzindo um lamurio de dor.


Ao contrario do que eu estava esperando, não foi um grito de romper vidros, ou o ecoar doloroso como um trovão. Fora apenas um murmúrio sussurrado, carregado com mais lamento, do que se é capaz de explicar.

- Edward Cullen.

Edward Cullen

Ah, finalmente. Finalmente.


Sua doce voz preenchera toda a minha mente. Seu hálito doce e inconfundível, trouxera um centésimo de seu cheiro inebriante à mim e o sopro de sua voz em meus ouvidos, transformara-se na mais bela canção ainda não imaginada. Parecia irreal, tamanha era sua perfeição. Eu só podia senti-la colorir tudo ao redor. De repente, minha luta interna já não tinha importância, parecia-me desgastante e totalmente sem sentido. No que mais eu poderia pensar e querer, enquanto aquela voz estivesse em mim, dando vida ao meu coração transparente e transformando-se no som de minha pulsação? 

Nada. Absolutamente nada. Todo o mais não tinha importância e um valor. A não ser ela. Apenas ela, Isabella Swan.


Pelo menos até que o som de sua voz já não fosse a única coisa a ser sentida.

Bella Swan

Ele era a minha única salvação e contraditoriamente, o causador de toda a minha dor. Eu ansiava, precisava dele com tanta força e desespero, que chegava a doer. Tanto quanto a saudade gritava dentro de mim, tanto quanto a sua ausência, sufocava - me. 

- Edward.

Impossível deixar de gritar por ele. Impossível conter as lágrimas que desciam ferozmente por meu rosto, queimando como acido. Como não chamar-lhe, como não implorar por ele, se ele foi embora e levou tudo com ele? Como simplesmente aceitar que sua alma lhe abandonara como um trapo desgastado e inútil? 

Edward Cullen

Mais uma vez sentia-me afogando. Era como nadar contra a corrente de todos os mares do mundo, das águas mais frias, às mais quentes. Por mais que eu lutasse para subir à superfície, a cada segundo, eu sucumbia um pouco mais àquela força atrativa. A cada instante passado, a cada novo sentimento de desespero, deixa-me levar por ela. Eu queria uma saída, procurava desesperadamente por ela, porém não tinha forças para nadar até o meu bote salva-vidas. 

Afinal de contas eu estava bem. Feliz, por ela ainda ter esse poder sobre mim. Feliz, por saber o causador daquela corrente que nos afundava. Era o nosso amor.

- Edward.

Chame por mim, querida. Grite o meu nome, e atraia-me como nunca antes. O quão masoquista eu ainda poderia ser? Haveria espaço para mais torturas?

Eu não sabia. Enquanto eu ainda tivesse controle sobre aonde eu estava, tudo bem.

Bella Swan


Será que ele não podia me ouvir? Não podia sentir o quanto eu precisava dele? Exclusivamente dele; da sua voz orquestral, do seu abraço gélido e protetor, de seus beijos capazes de fazer-me esquecer quem eu era e fazer nada mais importar, a não ser nós, dois amantes apaixonados possuidores de uma única alma?

Eu não estava pedindo para tê-lo de volta. Eu só queria sentir a presença do meu anjo. Era pedir demais?

- Edward...por favor...

Apesar de toda a chuva, minha boca estava seca. Encolhi meu corpo numa bola, abraçando meus joelhos, enquanto deixava-me cair de uma vez no chão frio e úmido. Apertei meus olhos e senti um tremor percorrer todo o meu corpo, abrindo espaço para outros. Logo, eu estava no que parecia o inicio de uma convulsão. Mas não por conta do frio, ou porque eu estava contraindo uma doença. Eu tremia de dor. Tremia, porque não conseguia mais conte-la dentro de mim, e ela teimava em sair, afinal, as lágrimas não durariam para sempre, tampouco seriam suficientes. 

Mas eu não me importava. Aquilo era bom. Edward ficaria irado se me visse naquele estado, deveria servir para atraí-lo até mim. 

Edward Cullen

Subitamente, o tempo e o espaço, deixaram de existir. E eu estava flutuando; como se a gravidade fosse apenas uma palavra sem significado.

Por uma fração de segundo apenas. 

Eu ainda estava com os olhos fechados, quando algo na atmosfera mudara. O cheiro de maresia invadira meu olfato; o sal queimava minhas narinas inexistentes. O chão tornara-se úmido e quente, e sua textura mais fina e irresistente. Tateei em volta, e ao invéz de sentir a grama imóvel entre meus dedos, a areia fluía entre eles, como quando se tenta pegar o ar com as mãos; inútil e frustrante.

Era desnecessário abrir os olhos para confirmar onde eu estava: Praia de La Push – perto demais. 

Eu estava perdendo o controle.

- Edward...

Minha alma obrigava-se a fazer o que aquela voz pedia, como um robô que obedece na mesma hora ao comando de uma única voz.

Imediatamente, começara a rastejar até ela. Era inútil tentar lutar, eu tinha plena ciência disso. Mas eu não podia perder o controle. Por mais que minha alma clamasse por encontrar com ela. Por mais que a distancia entre nós, ardesse como fogo e ácido juntos. Eu tinha que resistir.

Como um sonho interrompido antes do final feliz, acordei para o meu pior pesadelo: ficar longe dela, de minha Bella.

Por favor, escutem: Never Alone - Barlow Girls

Ali, encolhida como uma bola no chão molhado e frio, tentei voltar ao mesmo estado de torpor, que estava quando cheguei ao cemitério. 

Vasculhei em minhas lembranças mais profundas, tudo o que se referia a Edward Cullen. Por fim, acabei por encontrá-las. Durante um segundo, hesitei. As lembranças vieram nítidas, como se estivesse revivendo-as. Mas não sozinhas. Cada uma delas trazia consigo uma bomba que explodia em milhões de navalhas super-afiadas, cortando-me em todas as direções possíveis. A dor era grande, beirava aos limites do suportável. Mas eu estava disposta a pagar o preço, se este fosse para atrair o meu anjo até mim outra vez.   

Era inútil continuar chamando-lhe em voz alta. Pronunciar seu nome, já não era suficiente para atenuar minha dor com um pouco de esperança. Permaneci calada, enquanto as lembranças vinham e dilaceravam-me por dentro. Concentrei-me em cada uma delas. Não eram o remédio que eu precisava, ao contrario, funcionavam como um veneno mortal e torturante. Mas faziam-me sentir como se estivesse um pouco mais perto dele. 

Vi seus olhos dourados pela primeira vez. Senti seu hálito gelado transformar-se em voz. Seus braços fortes e gélidos envolveram-me protetoramente com a  mesma delicadeza que se segura um cristal raro. O gosto de sua boca preenchera a minha, promovendo o encontro de nossas almas que ficariam unidas para sempre. Vivi toda nossa história outra vez.

É claro que a lembrança, não fazia jus ao que foi estar com ele de verdade – nem perto disso. Porém, era tudo o que eu estava limitada a ter. E eu estava entregando o pouco de forças que tinha àquelas lembranças, permitindo que elas me torturassem até... O fim. 

"Eu esperei por você hoje

 Mas você não apareceu 

Não, não, não 

Eu precisei de você hoje 

Então pra onde você foi?"

Se eu tivesse a chance de escolher o que viria depois do fim, eu pediria que fosse ele.

- Edward...

Não. Eu não tinha mais o mínimo controle sobre meu corpo e mente. Elas pertenciam à ele. Minha boca existia apenas para reproduzir seu nome milhões de vezes seguidas. Edward, Edward, Edward. Era o único nome que meus lábios sabiam e queriam pronunciar. Minha mente encarregara-se de trazer a superfície, tudo o que o envolvia, sem se importar à que preço seria. Meu corpo procurava por ele num desespero insano e incompreensível, enquanto meu coração chamava por ele em cada batida. Minha alma esperava por ele, com uma ânsia doentia; cairia no chão em pedaços caso não o encontrasse. Imediatamente. Não suportaria mais nada sem ele – já fora um tempo anormal de sobrevivência longe de qualquer sinal dele.

"Você disse pra eu te chamar

 Disse que estaria lá

 E eu não te vi 

Você ainda está lá?"

- Volte para mim...

Ele estava em todos os meus pensamentos, em todas as minhas falas, em todas as minhas terminações nervosas, em cada mililitro de sangue, em cada pulsar do meu coração. Minha alma era sua alma. Meu corpo era seu corpo. Assim como tudo o que o envolvia, ele pertencia a mim. Eu não era mais Isabella. Eu era Edward.

Mas ainda assim, ele não estava comigo. 

Edward Cullen

O tempo e o espaço desapareceram outra vez. E eu estava flutuando novamente, sendo carregado por uma energia totalmente conhecida e indescritivelmente desejada.

Bella.

Ela estava em todos os lugares, atraindo-me para si, com uma força arrasadora. Irresistível.

Como dizer não, a um pedido desesperado de sua alma, se absolutamente tudo, aponta para que a resposta seja sim?

"Eu clamei sem nenhuma resposta

 E eu não posso sentí-lo ao meu lado

Então me apegarei naquilo que eu aprendi 

Você está aqui e eu nunca estive só"



Contra minha vontade – ou pelo menos da parte racional – eu cedi. Não era preciso abrir os olhos para confirmar onde estava. A presença de Bella, era ainda mais forte. Seu calor irradiava até mim, iluminando-me. Seu cheiro impregnara todas as partículas do meu ser. Sua voz, ecoava até meus ouvidos – eu pude sentir que havia um coração em mim pulsando tão fortemente, que chegava ensudecer-me. 

Uma alegria imensa instalara-se em meu peito, pelo simples fato deu estar no mesmo ambiente que ela. Bella estava ali, de verdade. Não era apenas a minha imaginação poderosa, ou a força da nossa ligação que a trazia até mim. Não, era real. Meu rosto adquirira feições que eu não estava habituado à algum tempo; o canto da minha boca, insistia em repuxar-se para cima, expondo assim os meus dentes antes mortalmente afiados. Levei um segundo para compreender o que era aquela careta. Um sorriso. Há quanto tempo eu não sorria? Ainda maravilhado, expandi o sorriso, querendo que aquele instante de felicidade durasse para sempre.

O para sempre, sempre acaba.


Assim que abri os olhos a alegria se fora e dera espaço para um vazio profundo, cuja única compania era o desespero gerado pela impotência, que logo transformara-se em culpa. Deus, o que eu havia feito com ela?

"E apesar de não poder vê-lo 

E de não conseguir explicar o por quê

Tal como uma confiança profunda 

Você se estabeleceu em minha vida"



Encolhida como uma bola, minha Bella estava deitada no chão. Seu corpo pequenino e frágil, tremia de uma forma compulsiva, enquanto as lágrimas mais tristes e torturantes que já vira na vida, escorriam por entre seus olhos fechados. A dor era tanta, que transpassava os limites de qualquer tortura humana já imaginada; tão grande e bestial, que multiplicava-se em mil; ocupava duas almas, porém dilacerava apenas um corpo. Apenas minha Bella.

Eu queria gritar. Queria poder fugir. Queria poder passar meus braços inuteis em sua volta. Queria poder transportar suas lágrimas para meus olhos. Mas naquele momento de profundo desespero, culpa e dor, eu nada fiz. Minha alma perdera qualquer capacidade de ação. Sem forças para falar, sem condições para se mover, sem qualquer tipo de pensamento. Apenas via a cena do meu pior pesadelo se repetir mil vezes, apenas sentia a degradação da dor, derruba-la de uma vez.

Ooh... Nós não podemos nos separar

 Você faz parte de mim 

E apesar de você ser invisível 

Eu confiarei naquilo que não posso ver"


Choque? Ou apenas a morte subita e paralisante de uma alma?

Eu implorava para que eu estivesse morrendo de uma vez, como qualquer covarde faria. Porém, nem Deus seria tão bondoso com um monstro.

Aquele definitivamente era o meu inferno pessoal. 

Bella Swan

A chuva ganhara mais peso, concentrando-se numa região fixa do meu corpo - os meus ombros. Seu toque gélido, despertara-me do topor antes tão desejado. A dor, aquietara-se um pouco, somente o suficiente para dar um pouco de espaço aos meus pensamentos. O vento atingira o canto inferior de minha orelha direita, frio e intenso como se manobrasse uma tempestade de neve. Logo, tranformara-se em voz, cheia de cautela e a mais doce e nítida preocupação.

"Eu clamei sem nenhuma resposta

E eu não posso sentí-lo ao meu lado

Então me apegarei naquilo que eu aprendi

Você está aqui e eu nunca estive só"

- Bella... - escultar aquela voz, foi como ouvir um coro de anjos - Você pode me ouvir? - porém, não havia a presença do meu anjo nela.

A pressão fria ficara mais pesada, com movimentos mais apressados. Dedos inumanamente frios, constatei, agitavam-se sobre meus ombros. A voz, continuava adentrar em meus ouvidos, porém eu não a escultava - não era a voz dele, não fazia sentido querer ouvi-la. A direção que a chuva atingia-me, mudara drasticamente. Meu corpo já não estava apoiado sobre o chão molhado e minhas pernas trabalhavam por conta própria, sem precisarem do meu consetimento para executar tal movimento. Senti-me abraçada por braços tão ou mais frios que o vento; eles é que sustentavem todo o meu peso e faziam-me andar. 

"Nós não podemos nos separar 

Você faz parte de mim 

 E apesar de você ser invisível 

Eu confiarei naquilo que não posso ver"


Não fiz questão alguma de abrir os olhos enquanto caminhava. Não queria guardar qualquer outra lembrança daquele lugar e do dia catastrófico que tivera. Confiava nos braços que guiavam-me. Ansiava para que tudo acabasse logo de uma vez. Desesperadamente, ansiei pelo fim como nunca antes.

Ele estaria lá. Ele, que não aparecera hoje, amanha viria despedir-se de mim.

Edward Cullen

Vi-la passar ante meus olhos. Senti o ar de sua respiração juntar-se ao meu, tamanha era a nossa proximidade. E continuei parado como uma estatua, desgastado demais para executar qualquer movimento, emitir qualquer som. 

"Eu clamei sem nenhuma resposta 

E eu não posso sentí-lo ao meu lado

Então me apegarei naquilo que eu aprendi 

Você está aqui e eu nunca estive só."

A vontade de correr até ela e dizer que absolutamente tudo ficaria bem, era grande demais. Porém a minha culpa era maior ainda. A nossa dor, pesada demais para permitir-me cumprir qualquer desejo. 

- Perdoe-me.

Sussurei, quando a vi cruzar o portão do cemitério, de olhos fechados e abraçada com Alice.   


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Notas finais do capítulo

Oi meus amores!
Super capitulo este, não? Talvez porque eu me lembro, demorei quase quatro meses para escreve-lo. Espero que vcs tenham gostado e sim - como a autora má que se alimenta de lágrimas que sou - tenham chorado muitoooo! Confesso que eu mesma senti meus olhos arderem enquanto lia e editava esse capitulo.
Ah, e eu quero aproveitar e agradecer a cada um dos meus leitores. Vi que os reviews aumentaram consideravelmente - chegamos a marca de 100 reviews!!! - e li tooodos eles e percebi que, ao contrário do que a minha mente lerda pensava, eles não se ordenam por data, mas sim por capitulo. E é por isso que eu não os respondi. Me desculpem, de verdade. Mas eu estou pensando em algo para compensar vcs. Aviso assim que souber exatamente como o farei.
Mais uma vez, obrigada por lerem e se emocionarem com a minha estória. Agradeço também àqueles que nunca deixaram um review sequer, mas o que importa pra mim de verdade é o quanto as minhas palavras podem tocar vcs, não importa o quanto sejam ou o quanto se manisfestem. Cada um de vcs é inestimavelmente precioso para mim. Obrigada de verdade por estarem aqui. Isso só me dá mais força para continuar a escrever.
Um grande beijo e muuuitas mordidas, Lice ;*