True Love escrita por CaahCF


Capítulo 9
Life Hates Me


Notas iniciais do capítulo

pessoas lindas do meu coração. q
me desculpem, sei que já era pra mim ter postado isso à umas duas semanas por aí, mas eu fiquei com sérios problemas pra escrever esse capítulo... a criatividade simplesmente nao vinha... tanto que eu terminei ele ontem a noite e ja vim passa pro pc pra postar...
enfim, não ta mt la aquelas coisas, mas acho q ta legível, daiuodhouqihduiahs. espero que gostem.



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Passaram-se dois meses desde que tomei a decisão mais sabia da minha vida, até agora. Mudar. Por incrível que pareça, eu estava obtendo muito sucesso nisso. Depois daquele dia ninguém me viu derramar uma gota de lágrima sequer. Não que a dor tivesse sumido, ela continuava lá, totalmente indisposta a sair de mim. Mas como dizem... A vida continua.
Nesses dois meses eu consegui, com a ajuda de Jeremy, minha avó e Bree, criar uma barreira, me privando de qualquer coisa que me faça mal – lê-se Josh e Jenna. Eu raramente os via. Nunca falava com nenhum dos dois, não fazia questão de saber sobre eles, ao contrário de todo mundo. Eles são O casal do colégio agora. As fofocas mais quentes giram em torno dos dois, algumas vezes isso era altamente irritante, porque meu nome surgia no meio das fofocas e isso me deixa irada. Não tem coisa pior do que colocarem você no meio da fofoca do seu ex.
Mas enfim, eu tenho evitado tudo isso e tem dado pra levar uma vida – quase – normal. Apesar de a banda ter acabado eu continuava escrevendo músicas. Era a única forma que eu achei para expressar meus sentimentos e esvaziar minha mente. Mesmo tendo certeza de que nunca mais retornaríamos com a banda, deixamos nosso pré-contrato com a Fueled By Ramen em aberto, pra caso alguém de nós cinco quisesse montar uma banda e tal.
Hoje é apenas mais um dia, como todos os outros, seguirei minha rotina. Casa, escola, trabalho, casa. Não tinha muita animação para sair, não tinha com quem sair, nem pra que sair. Meu quarto era meu refúgio, o único lugar onde eu podia viver em paz, no meu mundo, só meu. Ok, isso ta parecendo meio... Emo ou sei lá. Mas é isso.
Acordei atrasada. Manhãs frias sempre me fazem querer dormir mais. Me arrumei correndo e saí. Jeremy me esperava impaciente na varanda.
- Que demora! – reclamou.
- Oi pra você também. – falei mal humorada e comecei a andar.
- Dormiu bem? – perguntou.
- Teria dormido melhor se não tivesse que acordar cedo. – reclamei.
- Ih, ta de mau humor?
- O que você acha?
- Sorria SpongeBob! – Jeremy levantou meu rosto e puxou os cantos de meus lábios com seus indicadores, tentando formar um sorriso.
- Vamos logo Jeremy, senão vamos nos atrasar mais ainda. – tirei seus dedos do meu rosto com um tapa.
- Calma Hayley, já perdemos a primeira aula mesmo. – ele deu de ombros.
-Então eu vou voltar pra casa e dormir. – falei já me virando de costas.
- Nada disso mocinha! – Jeremy me segurou pelo braço – Esqueceu que tem um trabalho pra entregar hoje? – é, o Jeremy sabe mais da minha vida do que eu mesma.
- Putz, vamos voltar! Esqueci aquela merda!
Voltamos devagar, já que a primeira aula já era mesmo. Peguei o trabalho no meu quarto, enquanto Jeremy me esperava na sala. Quando saímos tive uma visão desagradável. Josh e Jenna saindo da casa dos Farro. Ela dormiu ali?! Meu Deus, aonde esse mundo vai chegar? Comecei a andar mais rápido, concentrando-me nos meus passos. Perna direita, perna esquerda. Perna direita, perna esquerda. Jeremy entendeu o porque de eu estar andando rápido, quase correndo, na verdade. Jeremy enganchou em meu braço.
- Que isso Jeremy? – perguntei confusa.
- Nada. – disse com um sorriso – obviamente forçado. Soltei meu braço e me afastei dele – Ahn, não posso nem expressar meu amor por você? – falou e fez beicinho.
- Desencana Jeremy!
- Ai Hayley! Para de dá uma de durona! – Jeremy quase gritou - Você não era assim. – disse tristonho.
- Ta, desculpa... Mas eu não gosto de ficar se abraçando, você sabe.
- Você ficou muito fria depois de tudo o que aconteceu... Isso não é bom.
- Vamos logo Jeremy! – falei, porque sabia que ele estava certo.
Jeremy apenas deu de ombros, sabendo que o que ele falou me atingiu da forma desejada, e voltou a andar. Chegamos no colégio logo depois de Josh e Jenna. Pegamos a autorização na diretoria e fomos para o pátio, que estaria vazio, a não ser pela irritante presença do casal mais nojento do colégio. Sentei na mesa mais afastada deles. Jeremy sentou na minha frente.
- Eu quero minha cama! – resmunguei.
- Se fosse só você. – Jeremy deu de ombros.
- Me diga que tem algo programado pra fazer sexta a noite ou sábado, sei lá... To precisando sair.
- ALELUIA! – gritou ele.
- Que isso Jeremy?
- Pensei que você nunca mais ia querer sair de casa, a não ser pra escola e trabalho.
- Eu também, mas... Sei lá. Então, tem algo programado?
- Pra falar a verdade não... Mas dá pra marcar alguma coisa.
Acabamos combinando de ir dar umas voltas pela cidade, ir no shopping que saiu mês passado, e eu ainda não fui. O sinal bateu bem quando terminamos de combinar tudo. Fui me arrastando pra aula, que por azar era junto com a vadia oxigenada. Entreguei o trabalho para o professor, sentei na última carteira e dormi. Dormi a aula inteira. Acordei com o barulho do sinal estridente. Fui me arrastando para a próxima aula. E assim foi. Dormi em todas as aulas de manhã.
No almoço, Jeremy e eu chamamos nossos amigos para sair no sábado. Todos aceitaram. Depois de comer fui para um dos banquinhos, no começo do bosque, para ler.
- Hayles, posso falar com você? – disse Matt sentando-se ao meu lado.
- Já ta falando. – falei e voltei ao livro.
- Nossa. – disse e já foi se levantando.
- Não. – segurei o braço dele – Não, Matt, desculpa... É, o meu mau humor matinal que ainda não passou. Me perdoe.
- Tudo bem. – Matt sentou-se novamente.
- E então, o que você queria falar? – perguntei depois de um tempo em silêncio.
- É que... Hayley... Eu... Bem, deixe quieto. – ele falou se perdendo nas palavras.
- Não mesmo! Fala Matt! – segurei-o pelo braço para que não se levantasse.
- Ta... Ér... Eu... Hayley... Lembra aquele dia do boliche? Foi a última vez que você saiu com a gente.
- Lembro Matt.
- Então, ér... Eu... Eu nunca esqueci aquele nosso beijo e...
- Hã?! – o interrompi em choque.
- Hayley e-eu quero saber se aquele beijo significou alguma coisa pra você.
-Ér, Matt... – e não sabia o que dizer, não queria magoá-lo dizendo a verdade. Por sorte o sinal bateu – Ér, me desculpe Matt, eu preciso ir.
Peguei minhas coisas e saí rapidamente dali – quase correndo, pra falar a verdade. A única coisa que eu tinha esquecido era que a próxima aula era junto com Matt. Ótimo. Sentei-me no fundo, como sempre, e Matt sentou-se ao meu lado.
- Matt... Eu... Eu não sei bem o que aquilo significou pra mim... Eu fiquei muito... Confusa em relação a tudo aqui e... Eu não pensei muito nisso. – me embaralhei um pouco nas palavras.
- Ér... Hayley, eu... Gosto muito de você... Não! Quer dizer, ér... Posso passar na sua casa... Depois da aula? Aí você pensa nisso e a gente conversa direito.
- Vou trabalhar depois da aula Matt.
- Depois do trabalho?
- Pode ser.
O professor entrou na sala e nos mandou sentar em duplas. Matt e eu sentamos juntos, ficamos conversando a aula toda, deixamos de lado a conversa meio tensa de antes e nos falamos como simples amigos.
As outras aulas passaram normalmente. Meu expediente na loja também, pouco movimento e tal. Matt foi me buscar no fim da tarde. Andamos em silêncio quase todo o percurso até minha casa, só falamos quando chegamos na minha rua.
- Ér... Você pensou? – perguntou ele.
- Ahn... Ér, pensei. – menti.
- E então? – perguntou em um tom claro de esperança.
Terminei o caminho até minha casa em silêncio. Cheguei na porta e me virei para ele.
- Ér... Matt eu... – desviei meus olhos para a casa da frente. Josh nos olhava atentamente e... Não sei o que deu em mim, só sei que eu beijei Matt. Ta, eu sei por que eu fiz isso. Provocar o Josh.
Terminamos o beijo com alguns selinhos, depois Matt me abraçou. Me afastei só o suficiente para olhar em seus olhos. Um sorriso – muito bonito por sinal – brincava em seus lábios.
- Olha Hayley, eu... Eu sei que o Josh ainda mexe contigo, mas eu to disposto a faze você esquecê-lo. – disse Matt ainda me abraçando.
Não falei nada, só o beijei novamente.
- HAYLEY! – vovô gritou desesperado, estragando meu momento – Que bom que está aqui!
- Que foi vô? – perguntei preocupada.
- A sua avó... Ela não acorda de jeito nenhum... – não prestei atenção em mais nada do que ele disse depois disso.
Fui correndo pra dentro de casa, vasculhei a sala, a cozinha e nada.
- Cadê ela? – perguntei.
- No quarto. – vovô mal terminou de falar e eu já estava subindo as escadas.
Ela estava deitada na cama, pálida.
- VOVÓ! – gritei chacoalhando seu corpo levemente – VOVÓ! – gritei novamente. Lágrimas de desespero escorriam em meu rosto – Vovô chame uma ambulância! – ordenei, ao sentir que ela ainda respirava levemente – Vovó, acorde! Por favor vó! Acorde vó! – pedi inutilmente.
- A ambulância já esta vindo. – avisou Matt.
Cerca de dez minutos se passaram e a ambulância chegou. Vovó não tinha acordado ainda. Com muito esforço convenci vovô a ficar para avisar minha mãe e fui com ela na ambulância para o hospital.
Já no hospital, ela foi encaminhada para fazer uma série de exames. Tive que ficar esperando durante quase uma hora na sala de espera.
- Senhorita Williams? – disse uma voz masculina.
- Eu mesma! – me levantei e fui cumprimentar o homem vestido de branco, provavelmente o médico.
- Dr. Evans. – disse ele.
- Como está minha avó? – perguntei sem delongas.
- Fizemos alguns exames e constatamos que ela teve um infarto, já fizemos todos os procedimentos possíveis para que ela fique bem, agora só temos que esperar para ver como ela reage a tudo isso. É muito perigoso um infarto pra idade dela, mas esperamos que ela se saia bem dessa... – ele parou de repente de falar, como se estivesse se cuidando para não falar demais.
- Posso vê-la? – pedi.
- É claro!
O médico me levou até o quarto e me deixou a sós com ela. Ella estava acordada, mas ainda pálida. Sentei-me na poltrona ao lado de sua cama.
- Vovó. – sussurrei acariciando seu rosto.
- Hayley. – disse ela com a voz fraca – Não deixe que ela roube o seu homem. – disse me olhando preocupada. Por que ela ta dizendo isso agora?
- Hey, não fale nada vó. Descanse, vou ficar aqui com você.
- Eu es-sta-rei s-sempre c-com você-ê Hayley. – disse com a voz entrecortada e mais fraca ainda.
Depois de dizer isso, ajeitou-se na cama e fechou os olhos. O aparelho que marcava seus batimentos cardíacos começou a fazer um Piiiiiii interminável.
- Vó? – a sacudi levemente pelo ombro – Vó? – meus olhos encheram-se de lágrimas – Vó! Acorde! Vó! – eu continuava sacudindo-a.
É meio óbvio o que está acontecendo, mas não, eu não quero acreditar. Não.
- Vó? – a sacudi pela última vez. Nada.
Vasculhei o quarto até achar o botãozinho pra chamar uma enfermeira. Pressionei-o e minutos depois apareceu uma enfermeira. Ela entrou no quarto e nem olhou em mim, foi direto para minha avó e para os aparelhos. Me olhou com os olhos em pânico e depois se virou para o telefone.
- Urgente! Chamem o Dr. Evans e a sua equipe para o quarto 341. É urgente! – disse ela.
- O que ta acontecendo? – perguntei.
- Faz quanto tempo que ela está assim? – perguntou a enfermeira.
- Uns dois minutos antes de você chegar. – terminei de falar e o Dr. Evans entrou no quarto.
- Sra. Williams! – disse espantado.
Depois disso, pediu para que eu me sentasse na poltrona do outro lado do quarto, enquanto sua equipe trabalhava em minha avó.
- Srta. Williams? – disse a mesma enfermeira que chamou o Dr. Evans – Poderia se retirar do quarto, por gentileza?
- Claro.
A enfermeira me acompanhou até a sala de espera.
- A Srta é o que mesmo da Sra. Williams? – perguntou casualmente.
- O que aconteceu com a minha avó? – fui direta – Ela... Morreu? – minha voz falhou na última palavra.
- Tem alguém maior de idade na sua família ou são só vocês duas? – perguntou a enfermeira, esquivando-se da minha pergunta.
- Você pode, por favor, me dizer o que aconteceu com a minha avó? – perguntei com raiva já, minhas mãos estavam trêmulas.
- Acalme-se Srta. Williams, só responda o que eu perguntar. – disse ela.
- Por favor? – pedi e as lágrimas desceram.
Vendo meu estado a enfermeira somente assentiu com a cabeça. As lágrimas desabaram com mais vigor.
- Srta. Williams, pode, por favor, me dizer se tem alguém maior de idade que more com você? – perguntou ela.
- Minha mãe e meu avô. – respondi em meio aos soluços.
- Hayley! – ouvi minha mãe dizer ao longe.
Tratei de secar minhas lágrimas e engolir o choro. Ela não estava só, meu avô, Jeremy e Matt a acompanhavam.
- A Sra. é mãe dela? – perguntou a enfermeira para minha mãe.
- Sim. Onde está minha mãe? – disse mamãe.
- Sra. Williams, podemos conversar a sós? – perguntou a enfermeira.
- Claro! – disse minha mãe e a enfermeira a arrastou para longe.
Desabei no sofá.
- Ella está bem, Hayley? O que aconteceu com ela? – perguntou-me vovô.
- Eu... não sei vô! – menti, não queria ter que contar a péssima notícia a ele. – Ér, eu vou na cantina... Matt, Jeremy, venham comigo! – ordenei.
- E eu? – perguntou vovô.
- Espere pela mamãe, ok?! – falei e ele assentiu.
Doía demais ver meu avô ali, sozinho, sabendo que ele ficará assim por um tempo. Só.
- Hayley... O que aconteceu? Por que estava chorando? – perguntou Jeremy quando nos afastamos da sala de espera.
- Ela se foi, Jeremy. – falei quase num sussurro – Ela se foi. – desabei em seu peito.
Jeremy envolveu-me em seus braços protetoramente. Passava a mão em meus cabelos e dizia “Shhh, vai ficar tudo bem.” Eu chorava feito uma criança, a qual acabaram de roubar o doce. Fomos abraçados até a cantina, Jeremy pediu um chá para mim e café para ele e Matt, o qual sentia-se claramente deslocado.
- Matty, pode ir embora se quiser. – falei depois de um tempo em quiser. Matt estava inquieto.
- Não Hayley, eu faço questão de ficar aqui e dar forças a você a sua família. – disse com um tom claro de insegurança na voz.
- Não precisa Matt, vá. Eu te ligo quando chegar em casa, tudo bem? – falei olhando fixamente seus belos olhos azuis.
- Ér... Tudo bem então. – disse se colocando de pé, fiz o mesmo. Matt abriu os braços me chamando para um abraço, fui, sem pensar, para seus braços – Fique bem. – sussurrou em meu ouvido.
- Vou ficar. – falei incerta.
Matt afastou somente meu rosto, segurando-o com as duas mãos. Puxou meu rosto para mais perto do seu e juntou nossos lábios em um selinho rápido. Abracei-o forte mais uma vez e ele se foi.
Era estranho, pois Matt não me passava segurança como um namorado, ou seja lá o que ele quer ser meu, deveria passar. E isso não era coisa minha, tem que vir dele e ele não parece se esforçar muito pra isso. Não, não vai dar certo. Desliguei-me de meus pensamentos e me sentei ao lado de Jeremy.
- O que foi aquilo? – perguntou Jeremy surpreso.
- Aquilo o quê? – perguntei, mas só depois me lembrei que não tinha contado nada a ele, nem sobre o dia do boliche.
- Aquilo! – disse como se fosse óbvio, me fiz de desentendida – Ele te deu um selinho mesmo ou foi só a minha imaginação fértil?
- Ér... é. – abaixei a cabeça, meio envergonhada.
- Hayley Nichole Williams, o que você está me escondendo? – perguntou em um tom que eu não sabia dizer se estava brincando ou falando sério.
- Nada. – menti. Jeremy me olhou com um olhar ameaçador – Ta, nós ficamos. Duas vezes. – cedi.
- DUAS VEZES? POR QUE VOCÊ NÃO ME CONTOU ISSO ANTES? – Jeremy falou alto demais.
- Jeremy, fala baixo, estamos num hospital.
- Ta, mas por que você não me contou isso? – perguntou novamente.
- Porque da primeira vez foi só um beijo e na verdade, foi só pra provocar o Josh e... Bem, essa é a segunda vez e... Só aceitei isso pra provocar o Josh também. – confessei.
- Hayley, você está usando ele. Isso não é coisa que se faça. – repreendeu-me ele.
- Ahn, Jeremy eu sei e... Eu me sinto mal com isso. Ele disse que quer me fazer esquecer o Josh, mas sei lá, vou terminar com ele.
- Não, não termine com ele... Talvez a ideia de esquecer o Josh funcione. – disse Jeremy com cara de pensativo.
- Não, eu vou terminar com ele. Não é certo usá-lo pra isso. Eu não o amo Jeremy. – falei.
- Bem... Você é quem sabe. – Jeremy deu de ombros.
Ficamos conversando a toa. Tomei mais umas duas xícaras de chá. Então minha mãe e vovô apareceram na cantina. Ambos estavam com feições tristes. Mamãe deixou uma lágrima escapar e eu fui abraçá-la.
- Hayley, eu vou acertar tudo com o médico... Vá pra casa, leve seu avô contigo, faça alguma coisa pra vocês dois comerem, ele vai falar que está sem fome, mas insista, ele precisa comer, dê o remédio dele, que está em cima do criado-mudo dele e... Bem, tente confortá-lo. – mamãe falou baixo para que vovô não ouvisse.
- Tudo bem. – abracei-a forte novamente e me virei para o vovô. Sua aparência era de uma pessoa que acabara de perder seu bem mais precioso, e pra falar a verdade, era mais ou menos isso que acontecera, não só com ele, mas com certeza comigo também – Vamos vovô?
- Ér, mas temos que acertar as coisas aqui no hospital e...
- Deixe isso comigo papai, vá com a Hayley e descanse. – interrompeu minha mãe.
Vovô não disse nada, então eu puxei-o pelo braço. Jeremy veio conosco. Pegamos um taxi para voltar. Quando chegamos em casa, a Sra. Farro veio correndo ao nosso encontro.
- Hayley, está tudo bem? Vi uma ambulância vindo aqui mais cedo. – disse preocupada. Segurei as lágrimas. Fui incapaz de responder. – Hayley, o que aconteceu? – perguntou a Sra. Farro novamente.
As lágrimas desceram como em uma enxurrada. Tomei a liberdade de abraçar a Sra. Farro. Ela passava as mãos em meus cabelos tentando me acalmar.
- A vovó s-se f-foi. – falei em meio aos soluços.
- Oh, meu Deus. – disse me abraçando mais forte. – Há algo que eu possa fazer para ajudá-los? – disse ela e eu lembrei que tinha ficado de fazer a janta para o meu vô, mas não sei cozinhar nada.
- Ér, a Sra. poderia, ér, fazer alguma comida pro meu avô? – perguntei com medo de estar pedindo demais.
- É claro. Vou só avisar o Josh que vou ficar na sua casa um tempo e já volto. – disse ela e se foi.
- Ér, vamos entrar? – forcei um sorriso para o meu avô.
Ele deu de ombros e entrou cabisbaixo. Logo a Sra. Farro voltou e fez a janta para mim, a agradeci muito. Vovô ficou relutando para não comer, mas acabou comendo, o acompanhei até seu quarto e dei-lhe seu remédio. Antes de deixá-lo a sós o abracei forte. Ele chorou no meu ombro e não teve como eu não chorar também.
- Vai ficar tudo bem. – sussurrei, mas não acreditando em minhas próprias palavras.
Vovô não falou nada, somente assentiu fraquinho. Saí do quarto e fui para sala, onde Jeremy, Zac e a Sra. Farro me esperavam. Quando cheguei na sala o telefone tocou.
- Alô? – falei com a voz fraca.
- Hayles! Me desculpe, eu sei que você ia ligar, mas estava demorando e eu não aguentei. – disse Matt.
- Não Matt, me desculpe digo eu. Cheguei faz um tempo já, mas acabei me esquecendo te ligar.
- Tudo bem e... Ér, você está bem? – perguntou ele.
- Ér, o que você acha? – Idiota é claro que não! Pensei, mas não falei.
- Ér, vou desligar. Se cuida. Te amo. Beijo. – disse.
- Tchau, beijo. – desliguei.
- Quem era? – perguntou Jeremy.
- Matt. – respondi sentando-me ao lado de Jeremy.
[N/a: a partir daqui leiam ouvindo [link=http://www.youtube.com/watch?v=oqJG9aODv4Q&feature=related] essa música[/link]
Ficamos todos com cara de enterro olhando uns os outros. Até que minha mãe chegou.
- Own, Christie, eu sinto muito! – disse a Sra. Farro indo abraçar minha mãe.
As duas ficaram um bom tempo abraçadas, ambas choravam e eu não consegui impedir que as lágrimas caíssem também. Acho que agora a ficha caiu de verdade. Minha avó não vai voltar. Nunca mais. Nunca mais eu a veria sorrir, nunca mais eu a abraçaria, nunca mais eu receberia seus conselhos, nunca mais passaria tardes inteiras assistindo filmes com ela, nunca mais comeria seus waffles maravilhosos. A vida não teria mais tanta graça sem ela, sem a sua alegria, sem o seu dom de ser otimista mesmo nos piores momentos.
Minha mãe já tinha resolvido tudo no hospital e na funerária, que já estava cuidando do velório. Foi tudo tão rápido, só agora sinto a verdadeira dor da perda. Por que isso vida? Por que ser tão cruel comigo? O que eu fiz demais? Por que ela? Você sabia, vida, que ela era a pessoa mais importante pra mim? Foi por isso que você a levou? Você me odeia, né, vida. Não consigo encontrar uma explicação mais plausível pra isso.
Não tinha percebido a frequencia com que as lágrimas caiam, minha camiseta estava encharcada já. Jeremy me abraçou de um lado e Zac do outro. Abracei forte os dois, sem parar de chorar.
- Ér, Hayley? – disse minha mãe com a voz fraca, afagando minha cabeça levemente. Levantei um pouco cabeça para olhá-la – Vai tomar um banho. Nós... Precisamos ir. Vou ligar para alguns conhecidos e... – ela se virou para que eu não visse as lágrimas escorrendo, mas eu sabia delas.
Pedi licença para Jeremy e Zac e fui para o banheiro. Amarrei meu cabelo e entrei em baixo d’água, deixando-a escorrer por meu corpo, levando consigo minhas lágrimas. Depois de uns dez minutos saí e fui enrolada numa toalha até meu quarto. Peguei um vestido preto básico, curto e de mangas longas, meia calça fina preta e all start de cano médio [N/a: [link=http://looklet.com/create] essa roupa [/link] bem básica, mas eu gostei tanto.] Passei base para esconder – ou pelo menos tentar – as olheiras. Passei lápis e rímel, ta que provavelmente iria estragar tudo daqui a pouco tempo, mas enfim. Voltei para sala, Jeremy estava sozinho lá. Minha mãe estava na cozinha.
- Você está linda. – disse Jeremy tentando me animar.
Apenas assenti com a cabeça e sentei-me ao seu lado.
- Jeremy, pode ir pra casa agora. Acho que daqui a pouco nós vamos para o velório. Vá, durma um pouco, depois você aparece lá. – falei vendo que ele bocejava constantemente.
- Não, Hayley, vou ficar do seu lado.  – disse ele – Sempre. – Jeremy me abraçou forte.
- Vamos? – disse minha mãe descendo as escadas com meu avô.
Jeremy e eu assentimos e nos levantamos. Sentamos no banco de trás do carro. Minha mãe dirigiu até uma capela, que se localizava bem na frente do cemitério. Um arrepio percorreu por meu corpo ao ver a grande coroa de flores na entrada da capela e lá dentro um grande caixão preto. Respirei fundo e entrei na capela. Sentei-me no último banco.
- Hayley, lá na frente. – ordenou minha mãe.
Levantei-me sem o mínimo de vontade e sentei no primeiro banco, Jeremy sentou-se ao meu lado e vovô no outro. Logo o pastor chegou.  Sua aparência era triste também. Vovó era querida por todos.  A morte dela foi um choque para todos que a conheciam.
Logo a pequena igreja foi ficando cheia. Pessoas, a todo momento, vinham nos cumprimentar, dar seus pêsames e dizer que ela era uma boa pessoa. Toda aquela coisa de sempre. Eu estava cansada daquilo. Logo a família Farro chegou, mamãe fez questão deles sentarem-se conosco no primeiro banco. Logo o pastor começou uma espécie de cerimônia. Falou sobre como ela iria fazer falta e tudo o mais e terminou com uma oração. Durante toda a cerimônia eu não consegui parar de chorar. Minha maquiagem foi para o espaço. Jeremy era quem me confortava.
Após o fim da cerimônia aos poucos as pessoas se aproximavam do caixão. Fui desanimadamente até lá. Ela estava bonita, com um vestido simples, florido. Maquiagem leve, como ela sempre usou. Seus comuns brincos de pérola, os cabelos brancos caídos até a altura do ombro. Eu queria poder abraçá-la. Queria poder dizer minhas últimas palavras pra ela. Ta, que eu fui a última pessoa a falar com ela, mas eu queria poder agradecê-la por tudo, queria poder dizer novamente o quanto eu amava.
Não aguentei ficar ali somente observando-a e chorando. Saí quietamente da capela, para que ninguém me notasse. Sentei-me no meio fio, encolhendo-me, por causa do frio. Repousei minha cabeça em meus joelhos e fiquei olhando o nada.
- Hey. – sussurrou uma voz masculina. É, o plano de não ser notada foi por água a baixo. Apenas fiz de conta que não tinha ouvido – Hayley. – sussurrou agora mais perto de mim e eu reconheci a voz.
Olhei para cima. Josh. Ele estava lindo, todo de preto. Só não era a minha visão preferida porque ele não estava sorrindo. Fui firme, não cedi a tentação e voltei a olhar o nada. Ele sentou-se ao meu lado, olhei de canto para ele. Seus olhos não saíram de mim durante muito tempo.
- Meus... pêsames. – falou com um tom claro de insegurança na voz.
- Obrigada. – respondi de má vontade e sem olhá-lo, porque sabia que se encontrasse seus olhos era o fim.
- É sério... Eu sinto muito. Sua avó era uma boa pessoa. – insistiu ele.
- Eu já disse, obrigada. – falei, agora olhando para ele, com o máximo de cuidado.
Ficamos em um silêncio perturbador novamente. Pelo menos agora ele tinha tirado os olhos de mim. Era extremamente desconfortável. O tempo passou e o sol já estava nascendo.
- Ér, Hayley... – começou Josh, virei para ele – Nada. – disse e eu não insisti em saber o que era.
- Sponge. – disse Jeremy sentando-se ao meu lado – Eles estão quase partindo para o enterro.
Não falei nada, apenas deitei minha cabeça em seu colo e deixei que as lágrimas caíssem. Como ainda haviam lágrimas eu não sei, mas enfim. Eram 7h da manhã quando minha mãe veio me chamar para voltar para a igreja, porque daqui a poucos minutos sairíamos para o enterro. Enquanto esperava fui ver minha avó mais um pouco. Aproveitei que ela estava sozinha para me “despedir” e dessa vez será para sempre.  Senti meu coração apertando, a dor aumentando as lágrimas caindo mais e mais. Minha fortaleza fora quebrada. Senti alguém se aproximar, limpei as lágrimas e fiz uma cara indiferente. Por sorte era só Jeremy.
- Ela vai fazer falta. – disse triste. Assenti com a cabeça – Ér, vamos? – disse passando o braço por meus ombros.
Me aconcheguei em seu peito, enquanto ele praticamente me arrastava para fora da igreja, já que eu não tinha forças nem pra andar direito, gastei minhas energias chorando.
As pessoas iam em direção ao cemitério. Jeremy e eu estávamos parados na porta, olhando para o lugar sombrio – pelo menos para mim – a nossa frente.
- Vamos meninos? – disse mamãe, entregando-me um buquê de tulipas brancas, as preferidas dela.
Atravessamos a rua lentamente. Ao entrar no cemitério um arrepio percorreu meu corpo, aquele não era, nem de longe, um dos meus lugares preferidos [N/a: isso é meu, pq eu tenho pavor de cemitério, mas acho q com a maioria das pessoas é assim, sei lá]. Eu só queria que tudo aquilo acabasse logo, para eu poder ir para casa, me trancar no meu quarto e tentar, pelo menos, aceitar que ela se foi e que isso foi melhor para ela. Talvez tenha sido melhor para ela, mas com certeza pra mim não. Eu ainda preciso dela. Acho que sempre precisarei.
Depois de tanto caminhar chegamos ao local onde será enterrado seu corpo. Paramos em frente ao buraco já cavado para seu caixão, logo após chegaram alguns homens da família com o caixão. Foi aquela coisa de sempre, desceram o caixão lentamente, depois minha mãe jogou uma tulipa branca, meu avô uma rosa vermelha e eu outra tulipa. Enfim começaram a tapar o buraco e de repente meu chão acabou, me senti sem visão, sem audição, sem vida.
Abri os olhos e agora o cenário era totalmente diferente. Eu estava deitada numa cama, depois de algum tempo percebi que era o meu quarto. Tentei me sentar, minha cabeça girou.
- Ei... Até que enfim acordou! – disse... Josh? É, ele mesmo, entrando em meu quarto com uma bandeja de café da manhã.
Tentei me sentar novamente, só que mais devagar. Josh colocou a bandeja em meu colo e sentou-se na beira da cama, de frente para mim.
- Tem força pra comer sozinha? – perguntou preocupado.
- O que você fazendo aqui? – perguntei em resposta, toda aquela preocupação dele não fazia sentido.
- Ér, você desmaiou lá no cemitério, então Jeremy e eu te trouxemos pra cá... Agora coma! – ordenou.
- Mas por que você? – insisti.
- Hayley, depois a gente conversa, você precisa comer. – disse pegando uma colherada do cereal e levando-a em direção a mim.
Comi, ainda confusa e com uma estranha sensação de dèjá vu.
- Eu sei comer sozinha! – falei, quando ele pegava a segunda colherada, tentado manter minha pose de durona.
- Ta bom. – ele largou a colher no prato e deu de ombros.
Eu não conseguia me concentrar em comer com ele ali, me encarando o tempo todo. Ele deve ter percebido isso, porque depois de um tempo se levantou e disse:
- Ér, vou deixar você comer em paz.
- Josh. – chamei-o quando já estava na porta. Ele se virou um pouco e me olhou de canto – Fica. – sussurrei na esperança de que ele não ouvisse e não detectasse o tom derrotado em minha voz.
É, ele ouviu. Fechou a porta e voltou a se sentar de frente para mim.  Terminei de comer os cereais e comecei a fitá-lo. Até o momento que o silêncio estava me dando nos nervos.
- Então, por que mesmo que você veio até aqui e está se preocupando comigo? – perguntei de forma rude.
- Não posso? – perguntou divertido, onde ele estava achando graça ali? Fechei a cara pra ele.
- Ér, digamos que nós não estamos nos relacionando mais... Você sabe Josh.  – falei me perdendo um pouco nas palavras.
- É... Ér, preciso ir. – disse já se levantando e saindo do quarto, rápido demais para que eu pudesse pará-lo.
Fiquei fitando o nada durante um tempo. Percebi que a barreira que eu tinha criado contra o Josh estava se esvaindo. Antes eu conseguia vê-lo e manter meus batimentos cardíacos praticamente normais, eu não me sentia mal por vê-lo ir, eu já me acostumara a isso. Mas o que aconteceu comigo agora? Minha avó se foi e a barreira que ela me ajudara a construir foi com ela. Não, não posso deixar isso acontecer. Isso não vai acontecer.
Me levantei, percebi que ainda estava com as roupas de ontem e decidi ir tomar um banho, tentar tirar o Josh da minha cabeça. Depois de mais ou menos meia hora no banho, fui pro meu quarto, coloquei uma calça jeans, camiseta, jaqueta de moletom e tênis, amarrei o cabelo e saí  pela casa para me certificar de que estava sozinha.
Sozinha eu não ia ficar. Peguei a chave de casa e fui pra casa do Jeremy. Sua mãe me recebeu muito bem, como sempre. Jeremy estava dormindo e a Sra. Davis insistiu para eu esperar ele acordar, mas lembrei que logo minha mãe e vovô chegariam em casa. Pedi para que ela falasse à ele ir lá em casa quando acordar.
Ao voltar para casa tive o azar de ver Josh abrindo a porta para Jenna e depois os dois se agarrando. Nojento, urgh!
Já em casa, fui para meu quarto e liguei o computador. Fiquei lá até eles chegarem.
- HAYLEY, VEM COMER! – gritou mamãe lá de baixo.
Nos sentamos à mesa e comemos em silêncio. Depois de comer, lavei os pratos e voltei para o meu quarto, onde passei o resto do dia, mexendo no computador. Já se passavam das 18h quando fui tomar banho. Quando saí, Jeremy já tinha chegado. Vesti-me rapidamente, sentei na cama e gritei para que ele subisse.
- Hey. – disse entrando em meu quarto – Como está?
- Bem... E você?
- Também.
- Ér, Jeremy... Por que o Josh estava aqui quando eu acordei? – perguntei. Isso ainda não tinha saído da minha cabeça.
- Porque você desmaiou e ele me ajudou contigo. – Jeremy deu de ombros e sentou na cadeira do computador.
- Ta, isso eu sei... Mas eu quero saber por que ele te ajudou comigo.
- Eu... – pausa – Não sei. Pergunta pra ele, oras! – disse dando de ombros novamente.
- Jeremy! – lancei-lhe um olhar ameaçador.
- É sério, Hayles! – disse ele.
- Ahn, que seja. – dei de ombros e me deitei. Não estava com ânimo para pressioná-lo a falar.
- Vai pra escola amanhã? – perguntou-me.
- Tenho que entregar um trabalho amanhã, então... Sim, eu vou. – disse desanimada.
- Hm... Então a gente se fala amanhã. Anna ficou de ir lá em casa agora noite. – disse se levantando.
- Ah, tudo bem. – guiei-o até a varanda.
- Nos vemos amanhã então, Sponge.
- Aham. – Jeremy me abraçou e se foi.
Voltei para meu quarto, mexi mais um pouquinho no computador e deitei, ainda estava cansada de ontem, foi um dia extremamente longo.

POV Josh.
A vida é engraçada. Vive nos pregando peças. Nos aproximando, afastando e aproximando, de novo, de pessoas. Inteligente é quem consegue entender realmente o que a vida quer, o que é feito para se aproveitar e o que é para se ignorar. Inteligente é quem se sai bem depois de todas as provações.
Eu realmente não entendo as peças que a vida nos prega. Primeiro, ela me faz terminar com a Hayley, agora, me atrai a ela como se ela fosse uma chapa de ferro e eu um ímã.
Realmente não sei o que fazer. Não sei se me reaproximo dela ou não. Meu coração não diz pra eu ficar com ela, ele grita. Mas aí vem a minha parte racional me lembrando do que ela me fez, isso faz meu coração parar. É uma confusão.
Mas hoje acordei determinado a seguir meu instinto. Fazer o que eu sinto que é pra fazer no exato momento. Não, se me der vontade de sair pelado na rua, eu não vou fazer isso. Deu pra entender né.
- JOSH! – gritou Zac.
- Hã? – resmunguei chacoalhando a cabeça para sair da transe que eu estava.
- Vai levar mais quantos anos pra terminar de trocar essa camiseta? – perguntou ele.
Olhei para mim. Estava somente com os braços dentro da camiseta e isso já devia fazer algum tempo. Terminei de pô-la e de me arrumar. Zac e eu descemos, comemos nossos cereais e saímos.
As aulas passaram mais devagar que o normal. Sei lá, estava ansioso e avoado demais hoje.
Na educação física estava conversando com Taylor, quando Jeremy chegou praticamente gritando:
- Taylor você vai com a gente hoje né?
- É claro! Mas Bree e eu vamos chegar atrasados... Jantar de família na casa dela. – respondeu-lhe Taylor.
- Hey Josh, quer ir também? – perguntou-me Jeremy – Digo, você e a Jenna, claro.
- Onde? – perguntei.
- Sei lá, em alguma danceteria por aí. – respondeu-me.
- Ér... Não vai ter problema? Digo... A Hayley não vai? – falei, porque a última coisa que eu queria era causar problema com a Hayley.
- Provavelmente não. Ela nunca vai a essas coisas.
- Ér, então ta bom... Nós vamos.
Assim que falei o sinal bateu e tivemos que ir para nossas salas. No almoço falei para Jenna que sairíamos hoje à noite e ela ficou toda animada, como sempre. Queria conseguir me animar assim também, mas não conseguia, não com a Jenna ao meu lado. Mas enfim.
A tarde passou rápido. A noite também. Foi muito divertida. Tinha quase me esquecido de como era divertido essas saídas em grupo. Logo estávamos voltando para casa. Deixei Jenna em sua casa e fui para a minha.
Final de semana, obrigada Deus. Não fiz absolutamente nada nem no sábado, nem no domingo. Passei as tarde junto de Jenna, sábado na casa dela e domingo na minha. A segunda logo chegou e aquela rotina de sempre. Só mudou uma coisa. Estávamos Jenna e eu sentados na nossa mesa de sempre, quando Jeremy nos chamou para sentar com eles. O nosso “grupinho” de antes. Olhei para Hayley para ver sua reação, ela deu de ombros e deitou sua cabeça sobre a mesa.
Um mês passou e Jenna e eu fomos voltando para o “grupo”. Hayley não ligava para nossa presença. Era indiferente em tudo. Também raramente saía conosco nos fins de semana. Percebia ela triste. Cheguei até comentar com Jeremy. Segundo ele é por causa da morte da avó. Devia ser mesmo, as duas eram muito próximas. Mas era triste vê-la daquele jeito, sem ânimo, sem o mesmo brilho nos olhos, sem o sorriso que raramente deixava seus doces lábios. E eu, pra variar, queria poder tomá-la em meus braços e dizer a ela coisas reconfortantes, queria fazê-la sorrir.
Bem, eu poderia fazer isso, talvez não da maneira que eu quero, mas, como um amigo. E eu tenho agora, a oportunidade perfeita para tentar isso. Hayley estava sentada sozinha num banco, lendo. Jenna faltou à aula, então eu estava livre para falar com quem eu quero, porque digamos que a Jenna é meio que controladora.
Sentei-me o mais silenciosamente possível ao seu lado. Em primeiro momento ela me ignorou. Depois percebeu que eu não tirara os olhos dela um segundo e finalmente levantou seus belos olhos verdes esmeralda para mim.
- Oi. – falei baixinho, mas alto o suficiente para que ela ouvisse.
- O que quer? – disse de maneira grossa, mas com a voz meiga. Uma coisa que só ela conseguia.
- Nada. – dei um sorriso torto.
Ela voltou a ler o livro.
- Ta, Hayley. – falei e esperei ela olhar novamente para mim – Eu quero... – você. Pensei – a sua amizade.
Ela deu de ombros e voltou seus olhos para o livro novamente.
- É sério, Hayley. Agora voltei a conversar com todos os nossos amigos e vai ficar meio chato não conversar com você também.
- Eu não ligo... Imagino o quão difícil pra você é ter que falar com alguém que te traiu, não é. – disse de má vontade.
- Não está sendo difícil agora. – retruquei.
- É, agora que a sua namoradinha não está aqui não é difícil mesmo. Venha junto com ela falar novamente comigo. – disse fria.
- Hayley, isso não tem nada a ver com a Jenna. Isso é entre eu e você. Trata-se da minha amizade contigo, não da amizade da Jenna contigo.
- Que seja. – ela deu de ombros.
- Você não quer isso, não é? – falei  magoado com o descaso dela.
- Parece que eu quero? – falou mais fria ainda.
E isso foi o fim. Saí rápido dali, me controlando para não dizer palavras pesadas demais à ela. Era incrivel como ela me tirava do sério, como ela me fazia perder a cabeça, como certas horas a única coisa que eu sabia fazer era odiá-la e desejar a sua morte, e querer abraçá-la e beijá-la e... Foco Joshua.
Pensei na Hayley o resto do dia e cheguei a uma conclusão: eu a quero de volta. Mas não vai ser fácil. Eu a feri demais. Idiota, idiota, idiota.
Andei meio sem rumo pelo colégio, tentando esvair meus pensamentos, mas ela não saía da minha mente. Droga. Mil vezes droga! Encontrei Jeremy no corredor e uma ideia passou pela minha cabeça. Ninguém conhecia Hayley melhor que ele. Jeremy era a pessoa perfeita pra me ajudar a voltar a ser, pelo menos, amigo dela.
- Hey Jerm! – o parei – Tem um tempinho?
- Claro, fala! – disse prestativo.
- Preciso da sua ajuda cara! – falei.
- No que?
- Hayley...
- Ah não – interrompeu-me ele – nem vem, não vou me intrometer nos teus assuntos com ela! – disse e saiu andando.
- Jeremy! Espera! – segurei-o pelo braço – não quero que você se intrometa em nada, só quero que você me dê tipo, umas dicas pra reconquistar...
- Eu não vou ajudar você reconquistar ela, sem chance! – me interrompeu novamente – Você ta com a Jenna cara. Pensei que a sua fase “galinha” tivesse passado Josh!
- Jeremy, se você parasse de me interromper eu agradeceria – falei de uma vez só e esperei para ver se ele não ia me einterromper – Posso falar? – ele fez que sim com a cabeça -  Então, como eu dizia, quero que você me dê umas dicas para reconquistar a amizade da Hayley, porque vai ficar um clima meio chato, eu falando com todos e não falando com ela, entende né?!
- É claro! Fico feliz que você, pelo menos uma vez na vida esteja pensando em uma coisa realmente boa. – disse entusiasmado.
- Vou ignorar isso... Mas então, o que eu posso fazer pra voltar a ser amigo dela?
- Pedir desculpas seria um bom começo.
- É claro! Como eu não pensei isso antes?
- Porque você é idiota. – disse como se fosse óbvio. Ignorei – Mas tenho certeza que só isso não vai funcionar... É a Hayley.
- Ta certo... O que mais eu posso fazer? – perguntei excitado com a ideia de me reaproximar dela.
- Não mude com ela quando a Jenna estiver por perto; insista em falar com ela até ela não ter mais como te cortar e acabar tendo que  falar contigo; seja paciente e... bateu o sinal, tchau. – falou e me deu as costas.


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Notas finais do capítulo

então, gostaram? reviews me animam pra escrever, vcs sabem né...
nao garanto que eu posto o proximo capitulo semana que vem...
e eu to pensando em diminuir o tamanho dos capitulos pra poder postar mais rapido, oq vcs acham?
beijo, ♥