3 dias depois.. Um dia antes da viagem de volta.

POV Gabriela

- Como é ein? Me conta isso direito. - estava no quarto arrumando minhas coisas com Alice e Marina. Alice me contava que perdeu a virgindade com Noah, e que ela não voltaria com a gente.

- É isso mesmo que você ouviu, euzinha aqui, perdi minha virgindade e fui convidada pelo Noah a ficar aqui, morando com ele. E ele me pediu em namoro.

- E você vai ficar? Assim?

- Vou. - ela enlouqueceu!

- Como Alice, você vai morar com ele e com o Bêêê! Acha que vai ser tudo flores?

- Ai para de uruca Gabi! Eu gosto dele e ele gosta de mim, você deveria ficar feliz por mim. 

- Tudo beeeem! Parabéns então, e olha só, nós três perdemos a virgindade na mesma semana - falei, fazendo uma daninha ridícula, que acarretou risada das meninas.

Bom, eu até que tava mesmo feliz por ela, afinal não é todo dia que você namora com um gato e ele pede pra você morar com ele, em plenos 16 anos. Não, não mesmo. Eu e Mari terminamos de arrumar nossas coisas e colocamos a mala no corredor. Eric e Enzo estavam saindo e nos deram selinhos, respectivamente. Depois foram para a cozinha, e seguimos atrás deles.

- Estão prontos? - perguntou minha mãe.

- A mala ta pronta. - Enzo respondeu e Eric afirmou. Eu e Marina assentimos também.

- Ótimo. - minha mãe tava estranha, estava meio quieta demais pro meu gosto. Mas como eu sei bem o motivo, fiquei quieta também. Sai da cozinha e fui em direção a piscina. Iria sentir falta daqui. 

Vi que Bê vinha na minha direção e sentou-se ao meu lado, na piscina.

- Você ta bem? - perguntou-me. Eu o olhei e apenas assenti. - Esta chateada comigo não é?

- Porque estaria?

- Sei que sabe de mim e de sua mãe.

- E o que tem isso? É a vida dela, não tenho nada a ver - desviei meus olhos dos dele e mirei a água. 

- Mas envolve você e seu pai também.

- Porque?

- Porque você acaba sofrendo e seu pai..

- Não - o cortei. - Porque fez isso? Você a ama?

- Sim. Você não sabe o quanto.

Ele ficou em silencio e eu processei o que ele havia me dito. Ele realmente ama minha mãe, e não é um simples amor, é algo verdadeiro e que requer conseqüências e sofrimento alheio. O da minha mãe, o do meu pai, o meu, o dele.

- Você a ama o bastante para terminar o casamento dela com o meu pai? - perguntei, quebrando o silencio.

- A amo o bastante para não fazer isso. Sua mãe e seu pai se ama, e dá pra ver que ela o ama mais.. Do que a mim.. E eu não faria nada, para acabar com algo como o deles.

- Já o fez.

- Porque acha isso?

- Acha mesmo que a minha mãe vai voltar e vai olhar na cara do meu pai como se na da tivesse acontecido? Ou que vai esquecer o que rolou entre vocês assim, do nada? Óbvio que não Bê, de um jeito ou de outro, o amor que a minha mãe sente por você, e eu sei que sente, é algo bem diferente do que ela sente pelo meu pai. É o que eu não entendo.

- O que?

- Como pode minha mãe se dizer apaixonada por meu pai, depois de anos juntos, e ai você aparece de novo, e ela volta a ser aquela adolescente que se apaixona pelo primo. Ela me contou que vocês ficaram juntos quando ela tinha 17 anos, quando conheceu meu pai.. Estão juntos mais do que 15 anos, mas ai você vem, e ela esquece tudo.

- Não acho que se esqueceu de tudo. Se tivesse esquecido, ela não voltaria.

- Ela tem uma família Bê, e se você a ama como fala, vai entender que ela não pode ficar.

- Eu sei disso Gabi. Você é mais madura do que imaginei, obrigado por me ouvir. E por tentar entender o quanto amo sua mãe.

- Não tenho nada a ver com a vida de vocês, só quero o melhor pra minha mãe. - Bê se levantou e rumou de volta pra casa, me deixando sozinha na piscina. Fiquei um bom tempo lá, pensando.

O dia passou rápido, como se dissesse que já estava na hora de irmos. E que minhas férias, estão acabando.

***

E assim, do nada, me aparece o sol. O dia de ontem foi monótono, fiquei praticamente o dia inteiro dentro d’água, na piscina. E depois a noite, Enzo, Marina, Noah e Alice ficaram na sala vendo filme. Minha mãe se trancou no quarto e eu nem vi o Bê, depois daquela nossa conversa.

Só sei que transei com o Eric essa noite, e foi, bom. Muito bom. To pegando o jeito da coisa! Hehe

- Bora, dorminhoca, acorda! - chamou-me Eric pulando na cama.

- Ah, me deixa dormir.

- Gabriela Massari, acorda! Temos que ir!

- Ir? - então me dei conta que voltaríamos hoje. - Droga! - resmunguei, levantando-se depressa. Puxei a coberta e fiquei de pé, fazendo Eric cair na cama.

- Que isso, assim eu não saio daqui. - falou ele me olhando de cima à baixo. Me olhei e notei que estava nua.

- Palhaço! - resmunguei puxando um lençol.

- Ah, qual é! 

- Qual é o que? Você não disse que estávamos atrasados, o que você ta fazendo ainda na cama?

- Te desejando mais do que nunca. - falando isso, me puxou pelo lençol e eu cai na cama, deitou-se em cima de mim começando a me beijar.

- Eric, minha mãe..

- Ela ta dormindo ainda.

- Como sabe?

- Fui lá fora, e só o Bê, Noah, Alice e Enzo estão acordados.

- Nós temos que ir.

- Não antes de mais um beijo. - o beijei com luxuria e paixão. Depois sai da cama correndo pro banheiro, com ele atrás de mim.

Sai do banho e Eric foi tomar o dele enquanto eu me arrumava. Quando saímos do quarto, todos estavam prontos, tomando café. Poucos falavam, mas eu não ouvi a voz da minha mãe. Eu não sei mas, eu não estou me sentindo bem com isso. Parece que minha mãe estava mais triste em voltar para casa, do que ter que enfrentar e contar pro meu pai. Acho que ela não quer voltar, quer ficar aqui... Com o Bê.

Colocamos as malas no carro e partimos para o aeroporto. Esperamos nosso vôo e nos despedimos de todos. Todos, Bê, Noah e Alice.

Vou sentir falta de Alice, ficou tão pouco tempo comigo, que mesmo ela sendo louca e histérica, mora no meu coração. Enquanto me despedia deles, vi Bê e minha mãe conversando.

POV Juliana

- Você vai ficar bem? - perguntou-me ele.

- Vou sim, e você?

- Espero que sim. - abaixando os olhos, pôs as mãos nos bolsos da calça. Eu o olhava e suspirava a cada 5 secundos. Queria tanto lhe dar um ultimo beijo. Parte de mim ficava com ele, parte de mim queria ficar com ele, mas eu tenho uma família, eu tenho um marido, minha consciência e o certo falam mais alto.

- Vou sentir saudades - falei.

- Eu também.

- Bê, não.. Não se esqueça...

- Não vou. Nunca. - prometeu. Pegando minha mão a beijou. - Eu amo você.

- Mãe! Vamos! - chamou-me Gabriela. Soltei sua mão com um sorriso triste nos lábios. Fui até ela, peguei minha mala e fui para a porta onde embarcaria. Já sumindo no corredor até o avião, olhei para trás e o vi. Ele colocou a mão no coração e sorriu. Fiz o mesmo. E então, eu disse adeus.