- Juuu, acorda! - berrou minha mãe

Ninguém merece, primeiro dia de aula, quem vai no primeiro dia de aula?

- Juliana! - chamou minha mãe de novo.

- Já vou mãe!

Vou nada. Boa noite!

***

Acordei assustada, olhei pro relogio: 8:16!

Droga, tô atrasada. Levantei no susto, fui pro banheiro, fiz minha higiene matinal, me arrumei e corri pro colegio.

Já eram 8:40 quando cheguei, o último sinal bateu e eu entrei. Atrasada, claro!

- Que bonito senhorita Juliana, chegando atrasada no 1º dia de aula! - falou Vera quando passei por ela correndo. - Onde a senhorita pensa que vai?

Ah, ta de sacanagem. Me virei pra ela devagar e a olhei.

- Qual é Verinha, deixa eu ir pra sala. - implorei.

- Você não é a mais santa daqui Ju. Desculpe mas, O Jorge falou pra levá-la pra ele, caso chegasse atrasada.. - falou, olhando pro relogio.

- Vamos. - me pegou pelo braço e me levou pra coordenação.

Mas que ótimo, estreei o colegio indo pro Jorge, ninguém merece. Odeio dar o gostinho de me ferrar pro Jorge.

Ok, eu sempre fiz merda nessa escola, digamos que eu era aquele menino travesso que adora fazer bagunça no colegio.

Por exemplo, coloquei fogo no banheiro. Calma gente, só acendi um isqueiro queimando papel e acabei acionando aquele troço que serve pra apagar o fogo, nem sei o nome daquilo. Só vi um bando de gente sair correndo, gritando ' FOGO! FOGO!' Parei na coordenação pela 4ª vez.

Na 1ª, resolvi acabar com a aula de filosofia. Perguntinha: pra que serve filosofia? (N/P: desculpa quem gosta de filosofia, eu não gosto muito)

 Eu só subi na cadeira e comecei a dançar. Eu tava feliz, precisava dançar. Eu não tenho vergonha, meus amigos me conhecem, sabem muito bem como eu sou. Quando não tô afim de fazer algo, ajo como se tivesse em casa. Ou melhor, eu só sou eu mesma. Normal, né?

Entrei na sala do Jorge, o coordenador, e ele me olhou com um sorrisinho no canto da boca, senti uma vontade súbita de mandá-lo engolir o sorriso, mas pro 1º dia de aula, resolvi me comportar.

- Ah! Olá Juliana. Chegou atrasada? - perguntou, olhando pra mim e depois pra Verinha.

- Sim senhor. - Verinha, sua fofoqueira

- Que bom. Está de detenção por uma semana, começando amanhã, vai ficar depois da aula pensando em tomar juízo e crescer. - Ah, essa eu não deixo barato.

- Se eu crescer mais, você some. Sendo assim, é uma boa ideia. - Jorge era o cara mais baixinho, gorducho e com um bigode. O típico leão marinho de ser.

- Pra sala. Agora!

- Óimo.

Subi pra minha sala, desejando do fundo da alma que ele suma mesmo. Entrei e já vi um sorriso de Débora, minha melhor amiga. Eu era mais íntima dela, sabiamos os segredos uma da outra. Por exemplo, eu sei que ela transou com o primo dela. Bem, primo não é irmão. Haha

Sentei-me ao lado dela e foi tipo 'Preciso muito falar com você'. Eu nem cheguei, menina afobada!

- Calma, respira, ou você explode daqui a pouco. - olhei pra ela e ri. - E você notou, tem muita gente nova. - falei, olhando ao redor

- Novidade - começou - É que você não sabe quem tá nesse colegio. Eu fiquei sabendo pela Ágatha e..

- Opa, perai, Ágatha? E desde quando vocês se falam? - Ágatha era a garota mais falsa, nojenta e piranha que eu conheço. Ela já deu em cima de metade.. não, de TODO o colegio. Não tem um menino que você pergunte que responda que não ficou com ela. Ou mais que isso.

- Desde.. bom.. eu não falo com ela, nem nunca vou falar mas.. - olhei pra ela, tentando achar alguma explicação no que ela falou - Tá, eu ouvi ela falando com as seguidoras dela.

- Ahhhh, agora sim é a Dé que eu conheço. - Dé era extremamente curiosa.

- Tudo bem, deixe-me continuar.

- Tá, fala - ri me virando para olhá-la melhor

- Fiquei sabendo que o Dylan voltou pro colegio - AH PARA!

- Como é que é?

- O Dylan vol..

- Tá Dé, isso eu já entendi.

- Então?

- Por que ele vai voltar pra cá?

- Não sei, não ouvi o porque, eu fiquei eufórica demais e sai correndo pro banheiro.

- Tudo bem, eu não ligo mesmo pra ele. - Dé me olhou tipo 'Oi, quem é você e o que fez com a minha amiga?'

Deixa eu explicar..

Dylan é meu ex namorado. Digamos que nós nos conhecemos há um bom tempo e quando vi, estavamos juntos. Namorados por uns 2 anos. Eu tinha 13 anos.

Quando ele chegou pra mim e disse que ia se mudar. Vejamos, depois  de ter tirado minha virgindade. Pasmem! Isso não é estranho? Pois é.

Eu fiquei chocada, triste, com raiva e por fim, ódio. E meu ódio me fez a garota que sou hoje, revoltada e problemática.

- E ele já tá aqui?

- Não, só vem depois do Carnaval.

- Hm, que bom. Melhor assim, quando mais adiar isso melhor.

- Só espero que você não fique de novo apaixonada por ele, sabe como é, você é indecisa demais e... - Nem deixei ela terminar

- Cala a boca Débora. Bico fechado, por favor. Eu o odeio, e se ele vir de palhaçada pra cima de mim, ele tá ferrado comigo.

- Nossa amiga, tô com medo de você agora

- É bom ele sentir medo. - falei olhando com olhos de demonio pra ela. - Eu vou dormir, não aguento mais.. - aula de Inglês no último tempo de aula em plena 2ª feira é de tirar a paciência de qualquer cristão.

***

Cheguei em casa morrendo de fome, comi algo e desabei na cama. Hoje foi realmente o pior dia da minha vida, ou melhor, no ano. Ainda terão dias piores que esse.

Acordei umas 3h depois, com cara de quem tinha bebido todas. Sempre fico assim quando acordo, parece que tomei todas e tava de ressaca.

Meu cabelo tava todo embaraçado, tipico de quem tem cabelo encaracolado, o prendi e fazer o dever que o santo professor de inglês passou.

Acabei o dever e fiquei vendo tv, minha mãe chegou perguntando como foi meu 1º dia de aula.

- Foi normal, como tantos outros. - disse com voz de 'dane-se o 1º dia de aula'

- Nossa, que cara é essa? O que houve?

- Nada, só tô cansada.

- Fala logo o que houve, sei que tem algo pra contar. - Mães. Porque elas sempre sabem de tudo?

- Tá. - me sentei e a olhei. - Bom, pra começar fiquei de detenção por que o mané do Jorge achou que eu cheguei atrasada de proposito..

- Você chegou atrasada Juliana?! Por que se eu te chamei, ein?! - ôô saco, não era pra ela só ouvir?

- Ou calma ae mãe. Só perdi a hora, tava com sono pô, até me acustumar com o horario de novo demora, relaxa, amanhã chego na hora. - me levantei e fui falando enquanto ia na cozinha. Minha mãe veio atrás de mim. - Enfim, cheguei atrasada, tô de detenção essa semana. E você não sabe quem voltou pro colegio..

- Quem? - perguntou com interesse. Minha mãe era boa ouvinte.

- O Dylan. - a cara dela foi perdendo toda a cor ficando branca de choque. Minha mãe não gosta do Dylan, não tanto como eu mas, tá quase lá. Eu contei pra ela o que ele fez.

- O que?! E ele ainda tem a audácia de pisar naquele colegio?

- Parece que sim.

- E você?

- Eu o que?

- O que vai fazer agora que via ter que olhar pra cara daquele bundão todo dia?

- Ih mãe, tô nem ai. Quero mais que o Dylan se exploda.

- Entendo. Não liga pra ele filha, é um babacão - disse me abraçando

- Eu sei mãe, não se preocupe, ele não me abala mais. - dei um beijo dela e fui pro meu quarto.

Minha cama me chamava, me deitei e estava quase dormindo quando ouço meu telefone. Quem é o estrupicio que tá me ligando?

- Alô

- Ju

- Quem é? - não reconheci a voz

- É o Dylan - Ah caralho

- O que você quer Dylan?

- Ei calma, só quero saber como você tá - Sei. ele não ligou só pra isso, óbvio que não.

- Para de babaquice, fala logo o que você quer, não tenho tempo de ficar de papinho com você.

- Uoow, calma Juliana, não vem com grosseria pra cima de mim não, relaxa ae.

- Fala logo

- Ficou sabendo que eu voltei pro colégio?

- Fiquei. Porque?

- Porque quero saber se você continua lá

- Poque o interesse

- Estou com saudades

- A vá. Você? Com saudades de mim? Conta outra Dylan

- É sério amor. Sinto sua falta

- Olha querido, eu não sinto a sua falta, e nem quero te ver. E sim, eu continuo no colegio, mas ai de você se vier falar comigo. Boa noite e tchau.

Desliguei o telefone e xinguei ele até dormir.