Acordei já deitada e coberta.

Não me lembro de ter entrado no quarto.

Ah: Jim... Deve ter me trazido.

Sentei na cama e fiquei observando.

Foi então que me toquei que já eram quase três horas.

Levantei, tirei a roupa de ontem, e fui tomar banho.

Como sempre, demorei quase uma hora lá dentro, e saí quase vermelha.

Comecei a secar o cabelo, e Jim bateu na porta.

- Toc toc?

- Pode entrar, Jim.

- Tenho uma surpresa pra você.

- Sobre?

- Você lembra da Angelys? Uma loirinha?

- Ah, lembro sim por quê?

- Nada, só por perguntar.

Se ele estava perguntando logo isso, é porque tem alguma coisa a ver com a "surpresa". Então... Não custa nada tentar.

- Jim, você não sabe esconder as coisas. Ela veio pra cá também não foi?

- Bingo. Ah, você sempre adivinha. Nem tem graça dizer que é surpresa.

- Ahhh então eu acertei? Dei um chute e acertei?? Haha, você que disse, isso nem passou pela minha cabeça.

- Ai, shit. É... você não mudou nada mesmo. - Ele disse, desanimado.

- Haha, e você ainda duvida?

- Mas enfim, vamos almoçar.

- Tudo bem.

Um tempinho depois entramos no carro, e no caminho o celular de Jim toca.

- Hello?

- . . . 

- Ah, oi Lenn. Já tô indo, só um minuto.

- Você vai passar lá antes pra buscar ele?

- Isso.

Me animei. De algum modo, eles se tornaram essenciais pra mim.

Chegamos e ele entrou no carro.

- Hey, Jim.

- Oi Lenn! - Falei um pouco animada demais.

- Anne! E aí?

- Tudo bem, agente vai na "surpresa" do Jim. - Respondi

- Ah, fala sério: Ela já descobriu né, Jim?

- Argh, impossível esconder alguma coisa dela.

- Haha, ainda bem que vocês já sabem. - Respondi tentando provocar.

Eles deram uma risada concordando.

Uns cinco minutos depois, e já tinhamos chegado.

Andamos até a porta, eu senti uma nostalgia ao lembrar de tantos momentos bons que passamos alí.

Lenn percebeu. Parecia que estávamos conectados um ao outro, ele sempre sabia o que eu sentia. Então ele começou a brincar comigo, fazer cócegas e saímos correndo um atrás do outro.

Jim tocou a campainha rindo enquanto eu me escondia atrás dele.

Lenn conseguiu me alcançar e continuou a fazer cócegas, não aguentei e quando ia cair ele me segurou rindo.

Angelys abriu a porta neste instante e olhou confusa para nós.

- Angel, lembra de mim? Sou o Jim, e esses são Anne e Lenn. - Jim começou.

- Jim? Desculpe, não me lembro.

- Estudávamos juntos, no interior de São Paulo, no Brasil.

- Ahnn, Vocês são Jim Miller, Anne R. Kehring? e Lenn Clark?

- Exatamente.

Ela olhou para um quadro antigo na parede.

- Não acredito! Nossa eu nem sei o que dizer, entrem!

- Angel? - Era uma voz masculina. Uma voz desconhecida, pra mim pelo menos.

Fomos entrando. Jim primeiro depois eu e Lenn, que ainda fazia questão de deixar seus braços ao meu redor abraçados.

É uma sensação boa, eu não sei direito o que é, acho que estou em busca de algo desconhecido, prestes a ser achado.

Olhei para o homem ao lado de Angel, reconheci: Era Zac, e estava bem diferente.

- Oi Anne, - Me cumprimentou.

- Oi, Zac.

Nos sentamos, e Angel nos ofereceu bebidas e todos escolhemos suco, então ela foi buscar, logo Jim foi junto oferecer ajuda.

Quando ela voltou já estávamos todos rindo das piadas de Zac.

Angel entregou os sucos, mas quando foi entregar o do Jim, ele se levantou, e ela acabou tropeçando e caindo em cima dele e o suco no chão. Todos ficaram olhando.

- Ai, Jim, desculpa.

- Tudo bem, não faz mal. - Ele respondeu educado.

Assim a tarde foi passando, Zac encarando Jim, e todos interligados, fazendo piadas (principalmente Zac), dando risadas, fazendo brincadeiras.

Começou a escurecer, Zac disse que tinha que ir embora. Então nós nos despedimos dele.

Angelys foi acompanhar ele até a porta, se aproximou para dar um abraço nele, e ele se aproveitou da situação, a puxou e deu um beijo.

Ela ficou imóvel, e depois o afastou e fechou a porta.

Ouvimos ele dar a partida.

- Então, gente, que tal agente ir em um restaurante? Eu dirijo! - Sugeri.

- Vamos sim!, Eu conheço um ótimo. Te mostro o caminho. - Angels se animou.

Já estávamos indo quando Angel lembrou: 

 - Meninos, peguem as roupas sociais aqui! - entregou a eles as roupas que havia no armário. Eu e ela entramos no closet, e demoramos um pouquinho, mas valeu a pena, Jim e Lenn não desviaram mais os olhos então...

- Hey, guys, fechem a boca! - provoquei.

E Angel completou:

- É, vai cair baba.

- Haha, vocês não perdem a chance né? - Lenn disse no mesmo tom.

Saimos da casa e Lenn me ajudou a abrir o teto do carro. Nós entramos:

Eu e Angelys na frente, Lenn e Jim atrás.

Liguei o carro, e ela foi me indicando onde ir até chegar ao restaurante.

Paramos em uma avenida, que estava cheia de carros. Resultado: Trânsito, muito trânsito.

Liguei o rádio e estava tocando "Pocket of Sunshine" e eu e Angels começamos a cantar alto, quase gritando.

Os meninos reclamaram, mas depois começaram a se contagiar com o ritmo, e logo estavamos os quatro cantando no meio do trânsito, com as mãos pro alto e o teto aberto.

Take me away (take me away)

Me leve pra longe (Me leve pra longe)

A secret place (a secret place)

Uma doce fuga (Uma doce fuga)

Take me away (take me away)

Me leve pra longe (Me leve pra longe)

Take me away (take me away)

Me leve pra longe (Me leve pra longe)

To better days (to better days)

Para dias melhores (Para dias melhores)

Take me away (take me away)

Me leve pra longe (Me leve pra longe)

A higher place (a higher place)

Para o lugar mais alto (Para o lugar mais alto)

Enfim, depois de meia hora chegamos, pegamos uma mesa de quatro, e sentamos eu e Lenn, Angelys e Jim.

Conversamos sobre o tempo que ficamos sem nos ver, fizemos os pedidos, e saboreamos a comida.

Angel foi ao banheiro, e Jim foi perguntar ao garçom se ele já havia pego os sucos. Já estávamos esperando faz tempo.

Somente eu e Lenn continuamos sentados. Ele me fitava.

- Então, e... - Fui interrompida, ele passou as costas das mãos levemente em meu rosto, e fomos nos aproximando, até tocarmos de leve os lábios.

Estávamos somente nos sentindo, sem pressa, sem agonia, aproveitando o momento, senti algo forte dentro de mim, fomos abrindo a boca lentamente, até que uma guerra interna se formou. Ele era doce, com uma pitada de malícia. A combinação perfeita.