Subi para meu imenso quarto, pedi a Lucy que ajeitasse meu cabelo, e depois fiquei lá à toa lendo um ROMEU E JULIETA. Meu Deus porque não aparece um Romeu pra mim também? É claro que não quero ter o mesmo fim...

Uma princesa precisa de um príncipe! Nessas horas eu até aceito ser PRINCESA!

Se eu ao menos encontrasse meu Romeu minha vida seria mais emocionante!

-Ei Sophia, venha cá! –Chamava apressadamente Kelvin.

-O que há?

-Seu pai, você. Venha ver! –Falou ele, enquanto me puxava para meu computador. E mexia rápido em um site.

-Menino o que é me diga estou curiosa! –Falei.

-Olha! –Disse Kelvin enquanto me mostrava uma matéria.

-Meu Deus! –Eu abri a boca em um O. Lá estava outra reportagem dos paparazzi e essa não me agradava.

 Era uma foto minha e do meu pai, ele segurava com as duas mãos em meu rosto e eu sorria. Em cima escrito em negrito:

A FILHA DO PRESIDENTE VIAJARÁ PARA O BRASIL! SERÁ QUE ASSIM A DONDOCA DESGRUDA DA BARRA DA CALÇA DO PAI?

Eles pensavam era isso de mim? A dondoca? Eu nem ligava pra essas coisas de patricinhas! Eu era obrigada a me vestir como uma... Essa com certeza não era a vida que eu queria.

-Fiz mal em te mostrar? –Perguntou ele preocupado, enquanto fitava meu rosto.

-Não Kelvin, eu veria de qualquer jeito. –disse o abraçando, para na verdade me consolar.

-Esses são só uns paparazzi imbecis! Não ligue! –Disse me reconfortando.

-Por nada que eu fico sabendo por eles sabia? Meu pai me contou nessa manhã e eles já publicaram! Oh My Good! Que vida! –Resmunguei.

-Sophia não fique assim!

Não fica assim é fácil falar! Difícil é você ser considerada nacional e internacionalmente a BEBEZINHA do presidente, a que só sai se estiver com no mínimo uns três seguranças armados. A que vai pra escola com um segurança do lado. A que nem pode escolher suas próprias roupas. A que tem que sorrir, mesmo quando quer chorar, na frente de todos. Eu não posso nem passear, porque a mídia me persegue! Isso é demais pra mim. Eu tenho que ser a perfeita e se liga eu não sou perfeita eu sou HUMANA!

-Ei Sophia? Estava lendo de novo Romeu e Julieta? –Perguntou Kelvin tentando me distrair enquanto mexia em meu livro.

-Sim. –Respondi seca.

-Você gosta mesmo desse clássico em! Já leu umas “Trocentas” vezes! –Ele disse rindo.

-Gosto sim. E Bem que podia aparecer um Romeu para mim não é Kelvin? –Brinquei.

-A se eu fosse uns anos mais velho! –Ironizou ele.

-Claro que a Julieta não teve um fim muito legal. Mas o que seria dela sem Romeu? Ela se casaria com Páris, ela nem o amava! Romeu mesmo que por pouco tempo alegrou os dias de Julieta. –Falei feliz.

-Ei Sophia eu tenho que ir, minha mãe deve estar precisando de mim. –Disse Kelvin se despedindo.

O Kelvin é o único filho da Lucy, ele tem doze anos, e posso dizer que ele alegra e muito meu dia. O Kelvin está comigo para tudo, nós já corremos varias vezes da mídia, e ele já me tirou de varias frias. Já passei cada aperto com esses fotógrafos. Acreditem uma vez a mídia me seguiu um dia todo enquanto eu ia ao shopping com um amigo, nesse dia eu consegui fugir dos seguranças, mas a mídia me fotografou e muito com o Matias, esse é meu ex  namorado. Eu era doida com ele, mas ele se cansou de nunca podermos sair, quando não era a mídia, era o seguranças e quando não eram eles era o Presidente. Quando eu o vejo ainda fico meio balançada, mas agora sou eu que não quero nada com ele. Quem manda ele me jogar fora?

(...)

-Sophia, Sophia! –Lucy descia rápido, as escadas.

-O que há Lucy? –Eu dizia despreocupada em quanto desligava a TV.

-A festa! Trate de se arrumar!

-Que festa? –Eu disse, fechando a cara.

-Seu pai, vai dar uma festa hoje! Pensei que soubesse! –Ela disse meio triste.

-Não eu não sei! Está vendo, eu sempre sou a ultima, a saber, das coisas! –Disse brava. –Hoje Kelvin me mostrou uma matéria, falando da minha viagem, até a mídia sabia antes de mim...

-Ah Kelvin eu bato nesse menino! –Me interrompeu ela, falando baixinho.

-Não, não! Lucy ele é o ÚNICO que me deixa a par das novidades! Meu pai, minha mãe. Francamente Lucy, eu sou sempre a última, a saber!

-Não reclame Sophia!

-Quer saber? Eu não estarei nessa festa! Ficarei no meu quarto. Dormirei cedo hoje! –Comecei a tagarelar. –E se o SENHOR PRESIDENTE ou a PRIMEIRA DAMA vierem me chamar, impeça! Diga que eu estou doente. –Falei brava enquanto corria para meu refugio, meu quarto.

-Não suba, mas nem um degrau Sophia Claire Baker! –Ordenava! Uma voz forte e grossa vinda da porta, da enorme sala de estar.

Eu me virei devagar, a coisa estava feia pro meu lado!

-Ou melhor, Sophia, desça todos esses degraus agora! –Ordenou de novo.

Eu desci e olhei para o rosto bravo de meu pai, e o rosto de piedade de Lucy, como que se ela estivesse com medo que eu fosse castigada, o que provavelmente aconteceria! Eu ficaria feliz se o castigo fosse me deixar trancada em meu quarto.

-Pai... Er. –Gaguejei. –Você aqui?

-Explique-se Sophia! –Falou bravo Sr. Denzel Baker.

-Explicar o que papai? Eu não tenho nada a dizer! –Dei uma de adolescente rebelde.

-Claro que tem Sophia, e é bom começar a falar! –Disse se aproximando de mim. Intimidando-me.

-Está bem! Acontece que eu não quero estar nessa festa! E falei com a Lucy que podia até dizer que eu estou doente! –Falei indiferente.

-Como não quer estar? –Meu pai falou espantado e bravo.

-Eu odeio essas festas! Não me agrada em nada! –Falei sincera.

-Sophia, não importa você estará! Esta mais que na hora de você tomar jeito! Cada dia que passa está mais diferente. Não te criamos como princesa, para você virar uma PLEBÉIA depois! –Ele falava sem cansar, meu ouvido ia dar calo qualquer hora.

-Ok, ok! Minha vontade não importa! O Senhor Presidente manda a filhinha obedece satisfeito? –Falei, e logo me arrependi. Peguei pesado. Ele é meu pai. E o respeito onde fica? Ai! Eu realmente estou dando uma de adolescente rebelde.

-Sophia você está passando dos limites... –Ele começou a dar uma bela de uma bronca, e merecida.

-Olá tio! –Anabela interrompeu. UFA! Entrando feliz.

-Olá minha querida! –Meu pai puxa saco dela demais.

-Oi prima. –Me abraçou, ela. Sinceramente a acho muito metida. E invejosa.

-Oi Ana. –Falei de má vontade. Enquanto finalmente subia as escadas, aproveitando a distração do meu pai.

-Sophia! A conversa continuara! –Meu pai gritou.

-Ixi tio, Sophia está sendo rebelde? Sinto muito. Um dia ela toma jeito. –Disse a irritante da Anabela, irritante e intrometida. Provavelmente ela não percebeu que eu ouvi. Alem de tudo muito falsa!

(...)

Se é mesmo preciso, estarei nessa festa! A queridinha do meu pai, já está lá dando uma de anfitriã, falsa! E não digo por ciúme do meu pai, mas porque ela é mesmo. Ela teve a audácia de vim no meu quarto, abrir meu closet e mexer nas minhas roupas, e ainda ficar falando “Usa essa!” “Usa aquela” “Seja uma dama”. A Anabela é filha do VICE presidente, meu tio Leonel. Mas ela se acha a tal. Metida que dói e se sente a dona do MUNDO!

A festa hoje teria a presença de varias pessoas importante, como Deputado, Senador e enfim um comício. Eu não gosto de política! E as esposas deles e os filhos, minha mãe ia ficar o tempo todo dizendo: “Sophia, essa é fulana, essa é sicrana!” Como se eu me interessasse.

Bem que podia aparecer um Romeu aqui, mas e a Sorte que eu não tenho!

Já que não tenho escolha, vou descer e arrasar, pra depois a MIDIA não sair dizendo que eu estava com uma cara horrível! Vou mostrar a minha PRIMINHA que eu sei ser a melhor!

(...)

Desci com doçura as escadas, ao lado esquerdo do meu pai, minha mãe estava a seu lado direito. Eu tentava memorizar o SORRIE E ACENE.

-Nossa cada dia que passa Sophia está mais linda! E elegante! –Cochichava a mulher do senador com outra mulher que eu nem conheço.

-Como ela é meiga! –Dizia a desconhecida.

“E como ela é obrigada a estar aqui” Eu falava mentalmente.

Acabei de descer, e sai sorrindo para alguns conhecidos. Tocava uma musica clássica, que eu odiava, me dava muito sono aquela musica. Todos da festa estavam amando aquela musica, e sorrindo quando chegavam o caviar, ou o champanhe. Meus pais saiam cumprimentado todo mundo e eu atrás.

Por fim cansei, aquela festa estava horrível, toda cerimonial, às vezes parecia mais um velório. Cada dia essas festas estão piores. Cansei não vou fingir que estou amando tudo, e se eu aparecer na capa da revista com uma frase do tipo: SOPHIA NÃO GOSTOU DA FESTA EM SUA PROPRIA CASA! Ou etc. Eu nem vou ligar, será a pura verdade.

Sentei numa cadeira, mais distante da festa e fiquei lá parada, era um tédio tudo aquilo. Estava viajando em meus pensamentos quando senti uma mão tocar de leve meus ombros me virei, fitando o rosto.

-O que quer? –Falei entre dentes quando reconheci o rosto de Anabela.

-Nossa prima que mau humor! –Ela fez um beicinho.

-Meu humor está ótimo! Sua presença que não me agrada em nada. –Confessei.

-Por que você é sempre assim? Tão boba! Não aproveita o que tem... –Ela começou a tagarelar.