Sophia - a Filha do Presidente escrita por Camila_santos


Capítulo 10
Porque amiga é pra essas coisas




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Meus pais estavam adiando a viagem deles a Espanha o máximo possível, para participarem da minha formatura. A qual não demoraria. A minha viagem também seria nas férias, e sinceramente eu estava doida para ir. Respirar um pouco, longe de tudo isso. Quem sabe lá eu seria um pouco mais normal?! E, além disso, o clima tropical me faria muito bem.

-Nancy, por que não viaja comigo, você esta precisando de uns dias num clima tropical!

-Ah, Sophia. Você sabe mamãe não se opõe de forma alguma da minha presença. Ela quer os dois meses de minhas férias, todinho com ela.

-Que egoísta! –Murmurei rindo. –Já não basta, ela ter te ausentado da escola um mês só por saudade de você?

-Vai falar isso para dona Suzie! E ela recompensou os dias que eu fiquei lá. Acredita que eu tive aulas particulares todos os dias? Claro que menos os fins de semana né!

-OMG! Nem aproveitou.

-Aproveitei e muito. Paris, para mim é simplesmente... –Ela não achou palavras para descrever.

-Indescritível. –Ajudei.

-Yes!

Nancy estava esparramada numa cama improvisada no meu quarto, hoje era o dia que conversaríamos até umas quatro da manhã. E acredite o assunto não acaba mesmo nesse tempo todo.  Eu até me esquecia às vezes daquela historia da Lucy. Eu tinha mais uma aliada Nancy depois deu contar tudinho nos mínimos detalhes prometeu me ajudar.

A gente fala das coisas mais bobas e das mais legais, e das mais sérias, porque amiga é pra essas coisas.

-Nancy, tenho algo serissimo para te dizer.

-Ai JESUS! O que será? –Ela falou desinquieta. –Desembucha logo!

-Você fez uma cara tão engraçada! –Brinquei.

-Não enrole, estou curiosa.

-O Derick. –Eu falei, ela suspirou apaixonada.

-Eu o amo. –Disse melosa.

-Não me diga? –Brinquei, revirando os olhos.

-Mas o que tem ele? –Ela falou com os olhos arregalados. –Não me diga que ele não me quer mais? –Ela deu um pulo da cama e começou andar pra lá e pra cá murmurando. –Eu sabia que isso ia acontecer, homens são todos, todos iguais. Sabe vou fazer uma barreira, ou melhor, vou ser freira. Não vou deixar nem um homem encostar-se a mim. Caramba eles só nos fazem sofrer! Bem que dizem que freiras têm menos rugas...

Ela não cansava de falar. E não é porque eu gosto do sofrimento alheio não, mas eu não interrompi por um bom tempo. OMG! Estava tão divertido, ver a Nancy andando de um lado pro outro, meio que falando sozinha. Aqueles cabelos lisinhos e brilhantes dela, balançando conforme a raiva. Estava simplesmente muito engraçado aquele chilique todo!

-Calma! –Manifestei.

-Mas é mesmo Sophia... –Ia começar outra sessão de insultos ao pobre Derick, se eu não tivesse intrometido.

-Escute!

-Perai! Só mais uma coisinha. –Ela estava desesperada em falar. –Eu consigo muito bem viver sem ele, diga isso por mim!

-Nancy, homem é igual cabelo! –Brinquei.

-Cabelo?

-É. Mata a gente de raiva mais que mulher consegue viver careca? –Ironizei. –É só fazer assim: Poe de lado um dia, no outro da uma cortada, outro dia deixa de molho e ai vai.

-Mas o Derick não é o cabelo que sonhei pra mim. Ele já está querendo me deixar. –Ela sentou no puf e começou a choramingar.

-Se eu pudesse falar seria legal! Olhe para mim Nancy? –Pedi.

-Fala, eu escuto com os ouvidos! –Murmurou.

-Sua vaca, mal educada! –Brinquei.

-Anda fala o que o cretino disse. –Ela murmurou desanimada.

-O cretino disse que quer pedir sua mãe, para vocês ficarem juntos. –Falei rápido. E Nancy deu um pulo do puf, me abraçou e disse:

-Caramba era isso! Ai como eu amo esse CAVALO!

Nancy quis saber de todos os detalhes, e eu tive de puxar da minha mente exatamente as palavras dele. Da próxima vez já sei o que vou fazer vou comprar um gravador e gravar tudo, porque assim eu não preciso esforçar tanto minha querida mente, enquanto Nancy me pressiona dizendo: “Repita exatamente como ele disse”. Falta pouco ela pedir que eu imite até a voz dele. Ou melhor, vou usar minha câmera, porque do jeito que ela é detalhista ela vai querer que eu conte o jeito que ele estava com as mãos, e como ele piscava, e se ele sorria e sei lá todas essas coisas.

(...)

-Lucy? –Chamei quando a vi na sala, ajeitando uns CDs.

-Sim? –Perguntou totalmente indiferente.

-Por que está assim? Foi por que eu fui à casa branca sem lhe dizer? Ou por que eu acordei tardissimo hoje?

Você está com a cara ainda mais fechada que antes.

-Impressão sua Sophia. Você acorda a hora que quiser.

-Eu não dormi a noite, eu e Nancy conversamos a noite toda. –Expliquei.

-Compreendo.

-Eu tinha algum compromisso sério?

-Não.

-Então sua expressão é pelo fato deu não lhe avisar que eu ia sair, quando fui à casa branca? –Insistir na resposta.

-Não. Afinal está na hora de caminhar sozinha. Breve fará dezoito anos. –Ela falou e desabou a chorar, sem nem me deixar perguntar mais nada, saiu de novo.

Uma coisa eu sabia, papai era o culpado. E o motivo qual seria? Esse choro dela ao mencionar meus dezoito anos, me fez pensar que fosse isso. Lucy me deixaria?

Não, isso é horrível. Meu pai não faria tanto. Eu nunca permitiria que tirassem Lucy de mim. Mas por que ela me evitava tanto? Eu precisava descobrir antes mesmo de viajar, caso contrario eu não iria tranqüila. Afinal nem a certeza que Lucy ia comigo eu tinha mais, pelo modo que ela agia.

 -Que cara é essa Sophy? –Entrou Kelvin na sala comendo despreocupadamente uma maça, enquanto eu sentada no tapete, lutava para não chorar.

-Kelvin, você pode me fazer um favor? –Pedi, com o olhar de suplica.

-O que quer?

-Respostas! Eu preciso de respostas, será que ninguém entende!!! –Me levantei, e comecei a chorar. E como sempre, eu precisava do meu quarto. E para lá que eu fui.

Deitei-me na minha cama, abracei um ursinho que tinha ganhado há uns dez anos atrás, ele ficava na minha cama, e era um dos prediletos, o nome dele era Brad, eu costumava quando criança, conversar com ele, principalmente os dias que eu estava triste. E eu achava o silencio dele um máximo, porque assim eu falava, falava e eu mesma achava a solução.

Comecei, a tentar juntar as peças do quebra cabeça chamado Lucy. Tentei puxar da minha mente motivos dela ficar assim.

Lucy costumava ser uma pessoa alegre, raramente eu a via chorar. E olha que eu a conhecia desde que nasci. Para explicar melhor, meu pai desde os dezoito anos dele, ele estava na política. Foi representante político da escola dele, e depois não parou mais, prefeito, senador, governador e agora presidente. Minha mãe veio de família rica, ela não conheceu a mãe dela, a qual morreu no parto, então o pai dela chamou uma mulher para cuidar dela, uma francesa, a mãe de Lucy. A qual era doce como ela. Lucy é pouco mais velha que minha mãe e ambas cresceram juntas. Quando minha mãe me teve, ela logo quis chamar Lucy, para morar e trabalhar conosco, pois ela saia muito e precisava de uma segunda MÃE para mim. Lucy já era casada, e quando eu estava com uns cinco anos ela teve o Kelvin, eu me lembro de ter morrido de ciúme dele.

No dia desse meu ataque de ciúme, me veio uma cena. Voltou a minha memória, algo que era importante sim, lembrar!

-Lucy, você vai me abandonar agora é?

-Que isso Sophia? Não eu não vou abandonar você! Eu lhe amo.

-Mas e o Kelvin?

-Eu vou amá-lo também!

-Mas os dois? Não tem jeito.

-Tem sim. Coração de mãe sempre cabe mais um.

-Promete que nunca vai me abandonar?

-Olhe para mim? –Ela puxou meu rosto, e me encarou, com os olhos em lagrima. –Se depender de mim, eu nunca vou te deixar! Mas as coisas não dependem só da gente. Um dia você vai ter que caminhar sozinha.

Essa cena não saia da minha cabeça, como se alguma coisa estivesse ligada a ela. Eu me lembrava também, do dia em que meu pai tinha sido eleito a presidente, era um dia feliz a primeira vista. Mas quando eu soube da parte da casa branca, que eu ficaria na maior parte do tempo longe deles em New York e eles em Washington D.C. foi como uma pontada. Mas era preciso, afinal eu não queria mudar de escola. E eu fiz Lucy prometer que não me abandonaria. Ela prometeu como acordo: “Até o dia que você começar a caminhar sozinha”.

Agora essa dos dezoito anos soou mais pesado dentro de mim, será esse o motivo de Lucy tanto chorar? Afinal ela me considerava como filha! E para onde ela iria? Não! Ela definitivamente não podia me deixar, ela era minha mãe. Minha segunda mãe.

-Sophia, ei abra a porta!\t\t\t\t\t\t\t\t\t\t\t\t\t\t\t   

-Kelvin me deixe! Eu preciso pensar.

-E se eu disser que posso ajudar você?

-Pode? –Eu corri e destranquei a porta e o puxei rápido, eu queria respostas, o mais urgente!

-Bem, Sophia... –Ele hesitou.

-Fala logo! –Exigi, enquanto sentava atenta na cadeira que tinha perto da minha cama, olhando de frente para ele.

-Eu não devia!

-Não devia, mas vai falar! Pense, eu estou em apuros.

-Minha mãe e eu vamos embora. Nós vamos morar com meu pai em Chicago. –Ele falou rápido, e tão embolado, que se eu não tivesse tão atenta eu não tinha entendido.

-C-c-como assim? –Eu estava em total choque. –Você esta brincando né? A Lucy não faria isso? E por quê? Meu pai está nisso? –Eu perguntava sem parar, como a imprensa, quando estava atrás da gente.

-Sophia calma! Me prometa segredo? Me prometa? –Ele pedia desesperado, a mãe dele arrancaria a orelha dele se imaginasse esse momento.

-Sei, que vai ser pior, não contar nada. Mas para seu bem eu prometo. –Falei tentando ficar calma. Mas não consegui. –Alias, quando eu ia saber disso? O dia que vocês estivessem indo? E por que eu nunca sei de nada? Minha opinião não conta?

-Calma! Que tanto de pergunta! Não da para acompanhar seu nível, não dá para responder.

-Esquece vai! Me deixa. Preciso pensar. Preciso chorar.

-Não vou te deixar assim. Vou responder uma das perguntas que eu conseguir captar nesse seu surto de perguntas. Você ia saber em pouco tempo, seu pai ia te dizer, alias nem eu era para saber. Só soube porque pesquei a conversa da mamãe com a Eshily(outra empregada) dizendo da viagem, e que ela estava te evitando para acostumar ficar sem você! –Eu quase dei um trem de tanto chorar nessa hora. –Calma! Você parece doida!\t\t\t\t\t\t\t\t\t\t\t\t\t\t    

Depois meu pai também ligou, e me explicou da viagem. Quanto a minha mãe ela não agüenta nem tocar no assunto que chora.

Eu estava sem chão. O que eu faria sem Lucy? Prefiro não pensar. Mas isso não sai da minha cabeça. Como é chato tentar esquecer e não conseguir. Eu já estava vermelha de tanto chorar, e o pior de tudo não podia reclamar nem nada com ninguém, prometi segredo ao Kelvin.

-Ei, escuta! Só te contei para te tirar dessa aflição! Porque sou seu amigo! Prove sua amizade guardando segredo também!

Assenti afinal ele estava certo. Depois dessas respostas, pensei que minha mente ficasse ao menos livre de perguntas, e só triste, mas não. Eu tinha a tristeza e um bilhão de perguntas como: Por que ela iria? Quem tinha mandado? E etc. Será que meu pai estava mesmo metido nisso tudo?

Preciso do meu diário, eu preciso dele!

-Kelvin, eu vou segurar o máximo isso!Agora me dê licença, por favor? Preciso ficar só.

-Ok! Mas você esta mesmo bem? –Perguntou preocupado.

-Estou. –Menti, desanimada. –Ao menos Nancy pode saber disso?

-Pode, mas que não espalhe.

-Ok. –Disse calma. Enquanto ia com ele até a porta. Tranquei e me atirei na cama.

Chorei, chorei e chorei. Posso estar sendo dramática. Mas imagine, uma pessoa que para você é como mãe, simplesmente não fazer mais parte da sua vida. E por que tudo isso? Por quê?

Disquei o numero do meu diário e meu diário atendeu voz desanimada:

-Oi

-Nancy?

-Oi Sophy? O que há?

-Urgências.

-Caramba. Você me faz passar a noite toda acordada, e me liga em plena duas das tarde, preciso dormir.

-Desculpe. Mas é urgente.

-Falando nisso, você nem viu quando eu sai né?

-Ok! Ok. Tem uma amiga aqui em apuros. Será que da para focar no apuro dela?

-Ok. Fale. Estou morrendo de sono, mas amigas é para essas coisas. Espero que não seja drama.

Contei tudo, e chorei. Nancy é igual manteiga, e chorou comigo.

Ela assim como eu não via solução. Estávamos caladas, pensando. Eu resolvi que era melhor distrair, senão eu ia ficar doida, despedi e desliguei.

Eu tinha até esquecido de comer. Arrumei-me, e peguei um dos muitos carros da garagem. Eu tenho licença para dirigir, mas quase nem uso, meu pai não gosta que eu ande sozinha por causa da imprensa então sempre tem alguém para dirigir para mim.

Eu dirigia sem rumo, som alto. Pensando na vida. Dirigir me fazia pensar. A música me acalmava. E o vento me trazia esperança. Eu estava bem ali. Dirigia rápido pra evitar que os repórteres, que sempre estavam alerta percebessem que era eu. Estava com óculos escuros, quem sabe assim dificultasse a vista de quem se tratava à motorista, e o carro era o mais simples da garagem. O meu carro mesmo nem tinha chegado, chegaria só com meus dezoito aninhos (presente do presidente).

Tudo ia bem até ver que a gasolina logo acabaria. “Que saco! Esse povo trabalha muito mal! Nem enche o tanque de gasolina, que ridículo!” Murmurei em pensamentos.

E lá estava eu no posto. E o que eu avistei? Já se pode imaginar...


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram?
Gente comente, por favor. Não sabem como me deixa feliz isso. Me animem, primeira fic.
Espero que a história esteja boa. Eu estou segurando o máximo, para o suspense da viagem.
A qual eu estou louquinha que chegue.
Dê opiniões plis? Assim fica mais legal!
Bjo