The Clock. escrita por AnaBonagamba


Capítulo 8
Who should die?




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Lembro-me que Tom não me falou quase nada no dia 26, mas consoante a semana ia passando, as coisas voltaram ao normal, na verdade foram feitas algumas alterações na nossa rotina, para meu grande desagrado. Quando voltamos ao normal, Tom passou a entrar no banheiro quando eu estava a tomar banho, que tinha acontecido à sua educação dos anos 50 em que uma senhora era uma senhora com direito ao seu espaço pessoal? Principalmente quando esta estava a proceder à sua higiene pessoal?

O meu impulso foi atirar-lhe com o champô à cabeça, mas ele desviou com um gesto da varinha. – Estou absolutamente farto de esperar que sais daqui para eu me despachar! – Disse ele no primeiro dia que entrou pelo banheiro adentro, e eu fiquei vinte minutos à espera que Lord Voldemort fizesse a barba e lavasse os dentes, para eu poder acabar o meu banho sem medo.

- Não é por termos trocado saliva que podes entrar por aqui Tom! – Ainda lhe gritei quando ele fechou a porta. – Não quero saber! Despacha-te! – Gritou como resposta.

Após muitas tentativas falhadas de trancar a porta e de tentar impedi-lo de entrar, acabei por me resignar e aceitei, a muito contra gosto, partilhar o meu espaço pessoal com ele.

Fazia exactamente um mês que o dia de Natal tinha passado, e nós inteligentemente mantivemo-nos afastados de qualquer bebida com álcool que víamos ou que nos era oferecido.

Com a varinha fiz levitar os objectos que estavam em cima da lareira, e passei o espanador pela pedra, retirando uma camada de pó invisível.

- Já descobriste como tiramos o feitiço desta estúpida fotografia? – Perguntei a Tom que estava de varinha apontada à campainha da porta. – É muito irritante passar por aqui, e ver-nos a rir estupidamente, e aos beijos.

- Já não consigo surpreender-te pois não? – Perguntou Tom fechando a porta com mais força que o necessário.

- Não. – Respondi cruzando os braços e mudando o peso do corpo de uma perna para a outra, sem desviar os olhos da fotografia.

- Também acho essa foto muito irritante… - Resmungou ao meu lado fintando, com as sobrancelhas franzidas, o Tom da fotografia que me abraçava.

- Nem lhe consigo pegar fogo… - Murmurei. – Oh! É verdade! Conseguiste fazer o negócio com aquela senhora gorda e com demasiadas plumas no cabelo?

Tom riu. – Claro que sim! Quem achas que eu sou, na verdade… - Inclinou-se para se aproximar do meu ouvido e murmurou. – Ela quer vender a Mr. Borgin o medalhão de Salazar Slytherin.

Respirei fundo assustada, o medalhão de Slytherin era um dos sete Horcruxes de Lord Voldemort, o que significava que dentro de pouco tempo, Tom iria sair para matar aquela mulher, e… e retalhar mais uma vez a sua alma para poder criar uma daquelas… coisas.

- Ginny? – Tom segurava-me pela cintura, porque me tinha desequilibrado e estava apoiada nele, a tremer. – O que se passa?

- Na… nada Tom, nada. – Dei um sorriso fraco e afastei-me dele. – Devo de estar a ficar doente, só isso… - Afastei-me, abanando o espanador no nariz de Tom, fazendo-o tossir, mas isso não lhe tirou o ar de quem tinha descoberto alguma coisa.

No dia seguinte recebi uma carta de Dumbledor, esta trazia o relógio e as suas instruções, li tudo com muita atenção, e preparei nesse instante o relógio para partir, bastava abrir a protecção do relógio para voltar ao momento em que tinha desaparecido, pelos meus cálculos apareceria estendida no chão da loja, poupando-me ao processo e consequências da queda.

Pelo canto do olho conseguia ver Tom a observar-me com desconfiança, mas nem por uma vez o senti pressionar as barreiras da minha mente. Ao menos isso.

O dia passou com calma e fomos deitar-nos ao mesmo tempo, mas eram umas três da manhã quando acordei com Tom a descer as escadas. Corri atrás dele, e abracei-o por trás, quando ele tocou na maçaneta da porta. – Tom, não faças isto… por favor. – Abracei-o com mais força. – Por favor…

Tom libertou-se do meu abraço e encostou as costas à porta. – O que é que eu vou fazer Ginny? – Olhou para mim sem qualquer emoção no rosto.

Abracei-o de novo, mas Tom não correspondeu. – Não vás Tom, por favor não vás.

- Dizes isso como se eu não voltasse, vai acontecer-me alguma coisa? – Perguntou, brincando com uma madeixa do meu cabelo.

- Não… vai correr tudo bem, tudo como planeaste, nada vai falhar, vais conseguir tudo o que desejas, tudo com que sempre sonhas-te… mas por favor não vás.

- Até hoje apenas houve uma coisa que não consegui… - Inclinou-se e encostou a testa à minha e abraçou-me por um momento, acabando por desfazer o contacto e sair, deixando-me a olhar para a porta durante um momento, a digerir o que ele me tinha dito. Se já o tivesses feito, aquela mulher não iria morrer. Engoli em seco, e impedi que as lágrimas escorressem pela minha face, dirigi-me à lareira e preparei um chá.

Sentei-me numa das grandes poltronas que se encontrava perto da lareira a bebericar o chá de limão, por mais que detestasse a ideia, não podia negar que estava preocupada com ele. Apesar de negar a ideia de que ele tinha voltado à casa daquela mulher, eu sabia que ele lá estava, e o que ele lhe iria fazer.

Soprei o chá tentado arrefece-lo um pouco e olhei para o relógio na parede, provavelmente já teria terminado e não tardaria a voltar à loja, de certeza muito bem disposto, com aquele seu sorriso rasgado e os olhos de cinzentos de num vermelho sangue. Senti um arrepio descer-me as costas ao pensar nisso, e naquilo que me esperava brevemente, a terrível decisão que rebateria no nosso destino, no destino dele.

Suspirei e engoli um pouco do líquido amargo, e continuei à espera, a olhar as chamas que crepitavam na lareira.

Uma hora depois de ter partido voltou, como previra, impossivelmente feliz, mas o seu sorriso desapareceu quase completamente quando me viu surgir da poltrona. – Ainda estas acordada.

- Estava à tua espera… - Coloquei a caneca na mesinha e subi as escadas. – Boa noite Tom.

Ele não me seguiu.

No dia seguinte, apenas vi Tom quando entrou no banheiro. – Sabes o que fui fazer ontem à noite à casa daquela mulher? – Perguntou ele de repente.

- Sei Tom. – Respondi secamente enquanto tirava o champô do cabelo.

- E como é que sabias isso?

- Intuição feminina.

- Se não me disseres, vou abrir a cortina da banheira.

- Está à vontade Tom, já estou enrolada na toalha. – Respondi apertando-a melhor, e sai da banheira.

- Como sabias o que eu ia fazer? – Voltou a perguntar.

Olhei-o com atenção, estava a fazer a barba e deslizava com cuidado a navalha pela linha do maxilar.

- Conheço-te melhor do que pensas Tom, sei coisas sobre ti, que nem tu próprio sabes. – Respondi com um sorriso. – Teme a minha sabedoria Tom Riddle. – Abanei os dedos ao lado da sua cabeça, e ele olhou mal-humorado para mim pelo espelho.

Vesti-me calmamente, enquanto a água corria no banheiro e desci as escadas para a loja, decidida a fazer algumas arrumações para me manter ocupada.

Quando acabei o que estava a fazer, fui procurar Tom, sentia que ele estava no edifício, mas não conseguia perceber onde. Era o nosso dia de folga, ele aproveitava sempre esse período para estudar, alguma coisa muito importante devia de o estar a ocupar para Tom não estar a fazer isso.

Passei o dia fora de casa, decidi que me iria embora no dia seguinte, por isso gostava de levar boas imagens daquele período, que apesar de tudo nem tinha sido muito mau. Voltei para a loja a tempo do jantar, mas Tom não me presenteou com a sua presença, por isso fui para a cama cedo.

Deviam ser umas 23 horas quando fui subitamente acordada por Tom, estava sentado em cima das minhas pernas, e tinha uma mão de cada lado da minha cabeça, uma delas com a varinha apontada à minha cabeça.

Olhei-o assustada e os seus olhos estavam de um vermelho sangue, a mesma cor dos olhos de Lord Voldemort. – Quero que me digas algumas coisas Ginevra… - Limitei-me a olhar para ele chocada. – E não quero que me mintas… - Inclinou-se para poder falar ao meu ouvido. – Quem és tu para saberes o que fiz na noite passada?

Afastei-o o melhor que consegui e respirei fundo. – Tu sabes quem eu sou Tom, a Ginevra… Ginny. – Disse com um pequeno sorriso e tentei compor-lhe a camisa.

- Isso eu já sei Ginny, quero que me digas o teu apelido, e o porque de teres surgido do nada nesta loja.

- Não te posso contar Tom.

- Porquê tantos segredos Ginny? Pensei que éramos amigos… - Agarrando nas minhas mãos e prendendo-as ao lado da minha cabeça.

- Eu também pensava isso, mas este teu comportamento está a alterar essa ideia. – Tom apenas apertou mais os meus pulsos e sorriu, um sorriso horrível que me recordou os acontecimentos da Câmara dos Segredos.

- Diz-me o que sabes… - E então senti-o a pressionar as barreiras da minha mente.

- Estas a usar Oclomencia em mim?

- Talvez… - Era uma luta de vontades, Tom olhava fixamente para mim, sem pestanejar, testando os limites, procurando uma falha, e eu estava tão aterrorizada que sem querer o deixei ver o Lord Voldemort do futuro.

A imagem deve de o ter assustado, pois libertou-me ligeiramente os pulsos, o que foi o suficiente para eu me libertar e o arranhar na cara. Nunca se deve subestimar o poder de umas unhas compridas pintadas de vermelho.

- O que raio se passa contigo? – Perguntou limpando o sangue das quatro linhas que lhe atravessavam a bochecha direita.

- Comigo? E o que é que se passa comigo? A leres-me a mente? – Coloquei-me de pé à frente dele. – Qual é que é o teu problema?

Tom também se levantou e avançou para mim, dei um passo atrás, mas fui apanhada de surpresa quando Tom me caiu para cima, o que fez com que caíssemos os dois na minha cama.

- Tom? Tom? – Chamei-o, mas ele não respondeu, na verdade não se mexia, com algum esforço consegui tira-lo de cima de mim, e olhei para ele, parecia estar a dormir, toquei-lhe ao de leve na testa e senti-o a ferver. Espero que morra. Tom estava a arder em febre, estava mesmo muito quente, não me tinha apercebido que ele estava doente.


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Notas finais do capítulo

Como sou uma pessoa muito boazinha (e que detesta quando os autores ficam pedindo comentários em troca do resto fic), eu postarei tudinho pra vocês, mas espero que mereçam, hm? hahaha. Boa leitura - e comentem!



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