Gás Hélio escrita por LESantos


Capítulo 1
Gás Hélio


Notas iniciais do capítulo

Essa fic foi postada no Desafio Miss Sunshine - 100 Temas da FF-SOL. Foi prazeroso escrever esta fic, já que eu havia lido os três livros do Ciclo da herança seguidos, e a série havia me cativado muito.



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O rei Orrin exclamou num tom agudo sobre sua nova descoberta, enquanto Nasuada se distanciava cautelosamente. Ela olhou o rei-cientista de cima para baixo, observando as inúmeras marcas de queimaduras e fumaça saindo de sua túnica branca coberta por um jaleco da mesma cor, feita de um tecido que lhe deu pena de ver queimando.

   -O que aconteceu com você, Orrin?

   -Foi incrível! – Orrin exclamou erguendo os braços e assustando Nasuada e sua criada. Os Falcões da Noite ergueram suas lanças, e o rei recuou, lançando um olhar sério como se dissesse “Vocês vão atacar a realeza?”, e eles baixaram as armas.

Com um movimento calmo das mãos, Nasuada dispensou os soldados e a criada, e ficou a sós com Orrin.

   -Veja seu estado, Orrin. Como você planeja ser um rei desse jeito?

   -Ah, claro. Sinto muito, líder-dos-Varden-que-estão-de-hóspedes-no-meu-belo-país-de-Surda.

   -Sim, sim. Afinal, o que com mil espectros você descobriu, diga logo homem, por Gûntera!

  

   Orrin mal se deu ao trabalho de responder, e levou Nasuada pelo braço até seu laboratório. Mais uma vez, ela foi desviando dos tubos, com medo de que algo caísse em seu vestido e acontecesse o mesmo de antes, e a deixasse num estado constrangedor de roupas se desfazendo.

   -Veja – Disse Orrin enquanto pegava um pedaço de um tipo de tecido sem fios e o esticava – Isso se chama látex. Alguns elfos trouxeram uns vidrinhos cheios disso, disseram que é a seiva de algumas árvores de Du Weldenvarden. Agora observe como o látex se estica. Eu andei tendo algumas idéias e criei... Isso!

 

   O rei então fez uma concavidade no látex, e o prendeu sobre um tubo, enchendo-o de gás. Ele deu um nó com uma corda de lã na parte inferior, para o gás não escapar, e soltou a borracha. Rapidamente, o pequeno balão subiu até bater num lustre do teto e explodir.

 

   -Ah... E qual a utilidade disso, Orrin? – A guerreira de pele escura já parecia impaciente. Orrin, então, prendeu um pequeno tubo com uma pedra negra em um dos balões, e o soltou.

   -Observe.

   Para a surpresa de Nasuada, uma pequena garota surgiu ao lado de Orrin, sem que ela percebesse, e olhou fixamente para o tubo.

   -Brisingr. – A pequenina sussurrou.

   Então de repente, o tubo tremeu, soltou faíscas, e então uma bola de fogo irrompeu como se fosse uma bala de canhão, e foi lançada do outro lado do laboratório, explodindo a si mesma e explodindo dezenas de tubos, fazendo um cogumelo de chamas. Os olhos se Nasuada se arregalaram, e ela cruzou os braços.

   -Incrível, não é? Eu o chamo de Canhão Aéreo de Bombeamento Unidirecional Máximo, ou então CABUM! Isso seria uma ótima arma contra os soldados de Galbatorix, afinal, Eragon e Saphira não podem atacar todo mundo ao mesmo tempo do ar.

   -Devo admitir que seja uma arma... Interessante. Mas como faremos para ativar todos os canhões?

   -Simples. Eragon poderá estender sua mente e usar o Brisingr para ativar a grande parte deles sem muito esforço, já que só precisa causar uma fagulha, e o restante deles poderá ser ativado pelos mago-soldados da Du Vangr Gata.

   -Tudo bem. Treinaremos Eragon com os balões.

 

 

   E assim que o sol surgiu no horizonte, brilhando atrás da cadeia de montanhas Beor, lá estavam Nasuada e seus Falcões da Noite, o rei Orrin e sua corte, Blödgharm e os elfos de defesa de Eragon, o próprio Cavaleiro, Saphira, seu dragão e Roran, primo do Cavaleiro, apertando o cabo do martelo com certa insegurança. Vendo que ninguém se pronunciaria, Roran ergueu o martelo e apontou para os balões, flutuando pacificamente a mais de dez metros de altura.

   -O que é aquilo?

   -Não faço a menor idéia. – Eragon retrucou. - Nasuada não quis me contar nada, e também não falou para Arya. Aliás, cadê ela...?

   Nem dez segundos se passaram, e a bela elfa surgiu atrás deles.

   -Desculpem pelo atraso. O que é isso?

   É o que todos queremos saber, Arya, Saphira tocou delicadamente sua mente.

 

   Pigarreando, Orrin fez com que todos voltassem suas atenções para ele.

   -Bom, amigos, Argetlam, elfos, Martelo Forte, obrigado por terem comparecido.

   Enquanto explicava a função de balões e o treinamento, Roran olhou desamparado para os lados, e cutucou Eragon com o cotovelo.

   -Isso é covardia. Vocês são um bando de pessoas superpoderosas. Como vou acabar com aqueles balões usando meu martelo?

   -Prove a eles o significado de seu nome, “Martelo Forte”, Roran.

   -Mas...

   Roran sentiu a barriga de Saphira vibrar como se ela estivesse rindo, e franziu o cenho.

   -Muito bem. Agora vocês me deixaram irritado. Esse martelo vai subir tão alto que não voltará.

   -Isso é fisicamente impossível. – Arya comentou, usando a ciência dos elfos.

   -Quieta. Eu vou fazer isso.

   Arya olhou para Eragon, e ele apenas respondeu tocando sua mente. Não ligue. Quando o Roran quer, ele faz.

 

   E assim que a explanação foi completa, Eragon montou em Saphira, enquanto Arya e Roran ficaram no solo. O dragão deu um saltou e bateu fortemente as asas, fazendo os cabelos de todos se esvoaçarem com a força do vento, e subiu além dos balões. Arya pegou seu arco da aljava e preparou uma flecha, enquanto Roran apenas girou o martelo. Orrin estendeu o braço.

   -Agora, Eragon!

   -BRISINGR!

   E então todos os balões tremeram, e começaram a lançar bolas de fogos para todos os lados. Arya saltou para trás, enquanto uma bomba explodia e abria um buraco a sua frente. Roran desviava com agilidade, mas não era tão rápido quanto os elfos ou Eragon, e logo estava cercado por buracos flamejantes na terra.

   -Eu já disse isso é covardia! Como eu posso vencer uma batalha contra o exército de Galbatorix apenas desviando de bombas lançadas do céu! Os elfos ainda podem e...

   Roran olhou para o lado e tentou conter o riso. Arya batia com força nas pontas dos cabelos que soltavam fumaça. Nessa distração, uma bola de fogo explodiu perto dela, e a lançou para trás. Ele girou o martelo com força, e o lançou com força total na direção dos balões e de Eragon, planejando interromper o ataque. O Cavaleiro, então, fitou as pedras no chão.

   -Stern reisa!

   O chão tremeu, e uma pedra do tamanho da cabeça de Saphira se ergueu e bateu no martelo, que quicou e caiu ao lado de Roran. Ele murmurou algo como trapaceiro e arrancou o martelo afundado e limpou a cabeça dele. Nesse momento, Arya lançou uma onda de flechas que explodia os balões e quebrava os tubos, impedindo futuras explosões. Após mais alguns minutos de contendas e o riso de Eragon ecoando pelo campo, Orrin ordenou que o ataque parasse, e então tudo se silenciou. Saphira pousou majestosa, e Eragon saltou de suas costas.

   -O que houve? Alguém ferido, ou alguém foi atingido por um martelo que não sabe voar? – E Eragon jogou um sorriso malvado para seu primo, que retrucou fazendo um gesto nada agradável.

   -Não, não. – Orrin sorriu – É que agora já sabemos o efeito dos CABUM. Iremos reforçar os tubos contra flechas, e os próprios balões. Vocês trabalharam muito bem hoje!

   E assim ele bateu palma, chamando seus ajudantes. Eragon se virou para Saphira, Arya e Roran, que parecia nervoso.

   -Então fomos apenas cobaias?

   De certa maneira, sim.

   -Mas que droga. Terei uma conversa com Nasuada sobre isso...

   Quando eles se voltaram, nenhum deles estava mais lá. Parecia que a exaltação com a nova arma havia os feito esquecer-se do Cavaleiro, do dragão, da elfa e do lendário guerreiro que matou 200 homens sozinho. Eles decidiram então comer algo, e ignorar os próximos chamados da realeza.


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