Life Ways escrita por Vic Teani


Capítulo 13
O bote de cobra




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  O homem loiro olhava fixamente para o outro sentado a sua frente. O encarava de modo tão sério, parecendo-o analisar inteiramente, que era de certa forma quase cômico.
  Por fim, ele deu um suspiro e baixou a cabeça, derrotado.
  - Não sei o que você veio fazer aqui – disse Deidara – Você não tem qualquer qualidade para entrar na Akatsuki...
  - Tobi tem sim uma boa qualidade! – disse o homem mascarado, levantando a mão e balançando-a no ar como uma criança.
  Deidara estranhava e se irritava com a mania daquele homem de falar sempre em terceira pessoa. Mal humorado, e descrente que aquilo fosse ser útil de alguma forma, perguntou:
  - E qual seria essa qualidade?
  O homem mascarado pareceu pensar um instante antes de responder, e por fim disse:
  - Tobi é um bom garoto!
Antes de terminar a frase ele já estava caído no chão, atingido na cabeça pelo despertador que estava em cima da escrivaninha, e que Deidara lançou furiosamente contra ele.

  O sinal do intervalo havia tocado a poucos instantes. A garota já caminhava pelos corredores mais vazios a caminho do jardim dos fundos, que, assim esperava, encontraria vazio como mais cedo.
Suas suspeitas se confirmaram, ao notar que não havia ninguém ali. Tirou o MP3 do bolso e colocou os fones, abrindo o pequeno caderno que levava consigo.
  Escreveu algumas coisas, entre as quais se podia ler “menina loira”, seguido por diversos xingamentos, e ao canto direito da página, fez um pequeno desenho da garota. Satisfeita, fechou o caderno, mas tornou a abri-lo a alguns segundos depois.            Contemplou o desenho e pegou novamente a caneta, escrevendo “Porca” debaixo da imagem da garota loira.
  Voltou a fechar o caderno, deixando-o no colo e guardando a caneta no bolso.
  - Posso me sentar aqui? – disse uma voz feminina atrás dela.
  Sakura se virou e viu uma garota quase pálida, de cabelos escuros e olhos acinzentados, que lhe sorria.
  - Ah... claro – ela disse.
  A menina se sentou ao seu lado, com as mãos sobre o colo. Apesar da garota ter a mesma idade que ela, ela parecia mais nova, talvez por seu sorriso ingênuo e puro.
  A mão da rosada voou automaticamente para o rosto da garota e apertou sua bochecha.
  - Kawaii! – Sakura disse, e, então, soltou-a rapidamente – Ah, err... Desculpa, foi impulso...
  A garota riu, e a rosada, após um instante de silencio, riu também.
  - Meu nome é Hinata – disse a morena.
  - O meu é Sakura – disse a rosada, retribuindo o amável sorriso da garota.
  - Você é aluna nova, a bolsista, não é? – perguntou Hinata.
  - Sim.
  - Bom, acho que se você já conheceu a Ino, ela não te deu uma recepção muito calorosa, não é?
  - A loira sem cérebro? – perguntou Sakura.
  - Bom, é – disse Hinata – Mas vamos, vou te mostrar o colégio, ok?
  Ela se levantou puxando Sakura pela mão, levando-a alegremente pelos inúmeros corredores do colégio.

  O sinal anunciando o fim do intervalo tocou, e o medo se apoderou de Tenten. Ela engoliu em seco enquanto caminhava para o vestiário feminino, se preparando para a aula de educação física.
  Ela trocou de roupa, guardando o uniforme escolar no armário vermelho, e respirando fundo, abriu a porta que dava para o ginásio.
  Todos os outros alunos já estavam lá, mas nem sinal da professora.
  Ela se sentou ao lado de Ino, com quem tinha uma convivência até aceitável, e lhe perguntou onde estava Anko.
  - Não faço idéia – disse a loira – Ninguém faz. Ela simplesmente não apareceu.
  Os cochichos aumentavam, o atraso da professora que jamais chegava nem um segundo depois do horário eram a fofoca do dia.
  Então, as portas do ginásio foram abertas, e todos se calaram imediatamente.
  Porém, quem entrou não era, nem de longe, a assustadora professora.
  Um homem de cabelos já grisalhos, apesar de jovem, entrou no ginásio. Deveria ter no máximo trinta anos, e atraiu os olhares de várias alunas.
  Usava uma bandana preta, que cobria o olho esquerdo. Não disse nada até chegar ao centro do círculo que os alunos formavam, e então falou:
  - Olá todos vocês. Devem estar estranhando a ausência da professora Mitarashi, mas lamento dizer que ela está deixando o cargo de professora de educação física.
  Murmúrios foram ouvidos por todo o ginásio, e os alunos falavam sem parar.
  - Silêncio – pediu o homem, e apesar de falar em um tom de voz normal, todos ouviram  e se calaram – Muito bom. Eu sou o professor que está substituindo a professora Mitarashi, pelo menos por enquanto. Meu nome é Hatake Kakashi. E a propósito, desculpem pelo atraso, é que no caminho encontrei uma senhora idosa que precisava de ajuda...

  O quarto estava vazio, exceto por uma garota que estava sentada em uma cama, fitando o teto, perdida em pensamentos de uma época distante.
  Como aqueles dias, que agora estavam tão longe de seu alcance, haviam sido difíceis e tristes, mas tão melhores do que os dias atuais. Como ela era feliz e não sabia; não tinha problemas, se comparados a sua atual situação. Como sentiu saudade das pessoas que a cercavam na época, em comparação aos dois demônios com quem agora convivia diariamente.
  A porta foi aberta, e como se seus pensamentos tivessem convocado aquele diabólico ser, o homem pálido de cabelos negros e lisos entrou, sorrindo. Estava extremamente contente, e nem se deu ao trabalho de olhar para a ruiva que o observava, cautelosa.
  Foi até uma mesa e colocou a maleta que carregava ali, a abriu e retirou alguns papéis, que leu com visível satisfação, e voltou a guardar.
  Só então se virou para a garota que olhava para ele, e lhe deu um sorriso quase humano, se não fossem pelos olhos azuis, tão escuros que pareciam assumir um tom arroxeado, que pareciam lhe perfurar como laminas congeladas.
  - Querida Karin – ele disse, se aproximando dela – Você fez tudo o que eu pedi, e hoje, me mostrarei um homem de palavra. Aquele que você tanto quer ver está realmente próximo, e, não hoje, mas amanhã, lhe levarei até ele.
  O sorriso que se formava no rosto da menina ao ouvir tais palavras foi eclipsado por uma expressão de nojo, repulsa e sofrimento, ao ver que o homem desabotoava os botões da camisa.
  - Espero que hoje, você me retribua de um jeito muito especial, afinal, lhe dei um presente maravilhoso, não é? – ele disse, e Karin concordou com a cabeça. O que era aquilo, afinal, comparado com que o dia seguinte lhe reservava?

  O fim da aula havia chegado, e os alunos lotavam o jardim principal do colégio.
  A falação era tanta que parecia existir um enxame de abelhas zunindo ali. Grupos se formavam e aumentavam a medida que os alunos iam deixando o prédio em direção ao portão, e as noticias se espalhavam rapidamente.
  - Você teve sorte de não ter conhecido a Anko – disse a garota de cabelos negros – As aulas delas deixam qualquer um exausto.
  - Pode ser... – disse a menina de cabelos rosados – Mas achei algo estranho no novo professor...
  Do outro lado do jardim, dois garotos conversavam, debaixo da sombra de uma das cerejeiras que ali cresciam, esperando não serem notados no meio da multidão.
  - Achou alguma coisa? – perguntou Sasuke para Shikamaru, que estava deitado no banco a sua frente.
  - Nada que já não soubéssemos – disse o outro – Sinceramente, você está um pouco paranóico com tudo isso.
  - Você já invadiu os arquivos do seu pai? – perguntou o Uchiha.
  - Ainda não Sasuke – resmungou o outro – E, ser quer saber, acho que não vamos encontrar nada ali...
   - Onde ele vai estar hoje à noite? – perguntou o moreno, sem esperar o outro concluir a frase.
  - Quem? – perguntou o Nara.
  - Seu pai!
  - Ah, vai estar fora, trabalhando, acho...
  - Ótimo – o Uchiha sorriu – Então irei te encontrar na sua casa hoje à noite. Me ligue assim que seu pai sair.
  E dizendo isso, acenou rapidamente com a cabeça e foi embora, encerrando a conversa.
  Sakura olhou para o lado e viu Ino encarando-a. Porém, a loira virou o rosto de repente, e quando a menina olhou para o lado, viu que Hinata olhava para Ino também.
  - Não se preocupe – disse Hinata – Ela não vai fazer nada enquanto você estiver comigo.
  Sakura se sentiu impelida a perguntar por que, mas achou que não seria delicado, ou algo assim, e preferiu deixar como estava. Mas aquele colégio estava se revelando bem diferente do que ela imaginava.

  O sol estava se pondo, um vento frio começava a soprar.
  - A Sakura já devia ter voltado, não é? – disse Naruto, se sentando encostado em um muro, ao lado de Kiba.
  - É? – perguntou o outro – Não faço idéia.
  O loiro suspirou e olhou para o amigo.
  - Kiba, você precisa aceitar a idéia de que...
  - De que? – perguntou  o moreno, se levantando – De que a Sakura está fazendo amigos riquinhos agora? De que nós não somos bons suficientes pra ela? Que ela deve estar agora...
  Ele se calou quando o punho do amigo acertou seu rosto.
  - Cale a boca – disse Naruto, e se virou de costas para ele – Quando estiver disposto a conversar, me procure – e ele saiu andando, deixando o outro garoto para trás.

  Já estava escuro. O garoto de cabelos negros percorria apressadamente as ruas vazias. Ainda trazia na mão o celular aberto, com a fraca luz iluminando seu rosto.
  “Ele saiu, pode vir... OBS: Você é problemático” era a mensagem fixa na tela do aparelho.
  Seus passos mal faziam barulho no asfalto, mas quando ele pegou um atalho pelas ruas menores, em que as pedras estavam soltas e vários buracos podiam ser vistos, o som de seus pés de encontro com o chão poderia ser ouvido por qualquer um próximo.
  Mas a rua estava deserta, já era tarde. Quase meia-noite, ele calculou, lembrando a hora em que saiu de casa pela janela do seu quarto, usando a escada velha e nada confiável do jardineiro.
  Parou, então, ao avistar um beco próximo, onde um poste iluminava fraca e sombriamente a entrada. Se lembrou que fora ali, que, a algumas noites, um vulto o observava.
  Reuniu coragem e continuou a andar, expulsando tais pensamentos de sua mente. Mas de nada adiantou, pois quando estava quase ao lado do beco, ele viu.
  Um vulto negro estava parado ali, observando-o, completamente imóvel. Era o mesmo que havia visto antes, tinha certeza.
  Agora que estava mais próximo, pode ver a brancura da face daquele que ali estava. Parecia um fantasma, se não fosse um, mas era impossível distinguir suas feições, mesmo daquela distancia.
  Seu corpo estava paralisado de medo, conseqüência do olhar penetrante que, mesmo sem poder ver, o Uchiha podia sentir.
  Um calafrio percorreu seu corpo quando o vulto deu um passo a frente, saindo da área iluminada, e ele podia jurar que tinha ouvido seu nome sair dos lábios daquela pessoa.
  Reunindo toda a coragem e determinação que tinha, se pôs a correr, na mesma direção que tinha vindo, ciente que agora aquele vulto o perseguia.
  Virou na rua pela qual veio, se chocou contra alguma coisa e caiu no chão.
  Olhou para frente e viu uma mão estendida para ele, a qual ele agarrou sem pensar duas vezes.
  - Tudo bem com você? – perguntou o homem, que estava parado calmamente ali, ajeitando os óculos redondos que usava.
  - Eu... – disse Sasuke, as mãos apoiadas no joelhos, recuperando o fôlego – Alguém... Alguém estava me seguindo... Estava bem aqui, já deveria ter me alcançado...
  Ele olhou para trás, lembrando de seu perseguidor, mas nada viu.
  - Está tudo bem – disse o homem, lhe sorrindo – Não tem mais ninguém aqui.
  Sasuke olhou para os lados, por cima do ombro do homem, até para cima, revistando cada pedaço que não tinha visto, garantindo-se que, de alguma maneira, aquilo que o perseguia havia sumido.
  - Agora que estamos em três – continuou o homem – acho que não tem com o que se preocupar.
  - Sim... – disse Sasuke, ainda ofegante. Foi então que a percepção que algo estava errado o atingiu, e fitou o rosto emoldurado por cabelos branco acizentados do homem – Espera... Você disse... Três?
  - Você não ouviu errado – disse o homem, e deu um sorriso sinistro. De trás dele, parecendo sair das sombras, o vulto pálido, com longos cabelos negros, apareceu. Sasuke tentou correr, mas antes de sequer poder pensar, uma mão se estendeu até o seu rosto, ele sentiu um cheiro forte, e tudo ficou negro.


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