Wicked Mind escrita por Aphroditte Glabes


Capítulo 3
Capítulo 3 - Caminho do Inferno


Notas iniciais do capítulo

AVISO: Agora a fic vai começar a complicar, eu sei que vai parecer esquisito, mas tudo vai ser resolvido nos próximos capítulos E vai ter bastante POV Filipa



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-Espere – disse Filipa pela décima vez enquanto seguia Dan, que ia à frente, em uma trilha a beira do riacho cor de sangue – Por favor, Dan.

 

-Filipa – ele disse, sem mesmo ofegar – Não sei se você não está acostumada em caminhar depressa, mas precisamos ir. Está quase anoitecendo.

 

A garota engoliu o choro e continuou seguindo Danniel, que foi até o esconderijo deles a beira do riacho da perdição, como chamaram-no. O garoto olhou para os lados antes de prosseguir, e então mergulhou. Filipa esperou as bolhas se dissiparem para mergulhar também. A água vermelha era suja e cheia de dejetos, mas a garota não ligou e continuou nadando até, a alguns metros de profundidade, encontrar o buraco onde se escondiam. Com os pulmões gritando por ar, ela continuou nadando, usando as cavidades das paredes para se puxar para cima.

 

Respirando ruidosamente Filipa emergiu na superfície da pequena caverna, com os cabelos colados no rosto. Tremendo ela começou a nadar até uma pequena margem. Com os braços dormentes ela se puxou para cima e contou com a ajuda de Danniel, que reclamou baixinho.

 

-Obrigada – ela grasnou, enquanto levantava e torcia as roupas. Segundo Dan, eles enganariam os monstros com o riacho.

 

-Não há de que!

 

Danniel acendeu uma pequena fogueira para poderem secar as roupas e se esquentarem, enquanto a fumaça saia por um pequeno buraco de onde também entrava o oxigênio. A garota estendeu uma capa no chão e deitou por cima dela para conseguir dormir. Dan fez a mesma coisa com o casaco. Em cinco minutos eles estavam dormindo.

 

No outro dia de manhã ela acordou com barulhos acima da caverna, então cutucou Dan com a ponta do dedo, ou tentou, pois uma luz que doía nos olhos da garota encheu todo o lugar.

 

Imediatamente Filipa procurou a espada de madeira que Dan conseguira para ela e a segurou como se fosse a coisa que salvaria sua vida. Mas na verdade, não era uma ameaça e sim uma benção. Quando a luz finalmente desapareceu, Filipa se viu encarando uma garota.

 

Não exatamente uma garota. Uma mulher. Essa mulher tinha longos cabelos negros que caiam até a cintura, presos em uma trança transpassada por um fio de ouro e tinha olhos castanhos escuros brilhantes. Ela pos o dedo indicador nos lábios, que se crispavam em um sorriso meio ameaçador.

 

-Shhhh, Filipa. Preciso falar com você.

 

-Quem é você? – perguntou Filipa, cautelosa.

 

-Meu nome é Lyrian– disse ela com um sorriso estampado no rosto – A deusa do desafio, das provocações e da discórdia.

 

Caraca, uma deusa, pensou Filipa, E ainda por cima a deusa dos desafios e das provocações.

 

-Sim – disse a deusa, continuando a sorrir –Preciso que confie em mim!

 

-Não posso confiar nos deuses!

 

O sorriso de Lyrian desapareceu do belo rosto. Ela baixou a cabeça, demonstrando o desapontamento.

 

-Precisa confiar no que eu digo – ela corrigiu-se – Sua mãe está desesperada por você estar aqui. Você foi à única filha dela.

 

-O que? – perguntou Filipa, desentendida – Mas, se você a conhece, por favor, diga-me o nome dela.

 

-Eu não posso criança, ela me pediu isso. Mas posso dizer quem é o pai de seu amigo.

 

-Quem?

 

-Meu primo, Hefesto.

 

-Espere um minuto! – exclamou Filipa ofendida – Nunca ouvi de uma deusa chamada Lyrian.

 

-É porque os deuses nunca quiseram que eu existisse. Fui um erro. Minha mãe jamais me perdoou.

 

-Pelo que?

 

-Nada com o que precise se preocupar. Agora durma, durma que você está cansada.

 

-Espere, Lyrian, quer dizer, senhora...

 

-Apenas me chame de Lyrian.

 

-Quem é sua mãe?

 

A deusa sorriu tristemente quando falou:

 

-Minha mãe é Héstia, a deusa das chamas.

 

-E seu pai...

 

-Meu tempo acabou – ela interrompeu – Quero que confie no seu amigo, mas naqueles nas cavernas não se pode confiar.

 

E com isso, desapareceu. A garota não sabia o que fazer. Ela mal podia esperar para acordar Dan e contar o que descobrira para ele. Mas algo a conteve.

 

***

 

-Algo aconteceu? – perguntou Dan, enquanto os dois se preparavam para deixar as cavernas.

 

-Nada – ela murmurou, mas completou em sua mente: ”Apenas uma deusa me visitou e disse que se pai era Hefesto”

 

-Não minta para mim – ele disse.

 

-Não estou mentindo – defendeu-se a garota, ”Apenas não estou te contando toda a verdade”.

 

Ele suspirou.

 

-Você não me olha nos olhos e sua voz muda de tom. Então você deve estar mentindo – a acusação dele não pode ser contestada por Filipa, que encarou os próprios pés – Por favor.

 

-Ontem tivemos uma visita – ela murmurou, e sentiu o corpo de Dan ficar tenso.

 

-Quem?

 

-Uma deusa, chamada Lyrian.

 

-Deusa? – ele perguntou , cauteloso.

 

-Sim – respondi confusa, enrolando um pedaço do vestido no meu pulso.

 

-De que?

 

-De que o que?

 

-A deusa... Era deusa de que?

 

Filipa pensou um pouco antes de responder.

 

-Deusa do desafio, das provocações e da discórdia. E... ela disse algo sobre você!

 

-O que?

 

-Sobre... seu pai.

 

Ele parou de respirar e a encarou, com os músculos dos ombros tensos e os olhos escuros semicerrados. Ele agarrou com firmeza o pulso dela pulso e perguntou:

 

-Quem é ele?

 

Filipa suspirou, enquanto sentia a mão apertar mais ainda ao redor de seu pulso. Puxou-o com força, mas como ele não e soltou, desistiu e contou.

 

-Hefesto.

 

Ele abriu a boca, mas a fechou novamente, murmurando: “Faz sentido”. Nessa hora, Filipa se dobrou de dor. Não lembrava o que aconteceu exatamente. Uma onda de dor percorreu to seu corpo corpo, começando pelo estomago. Sentiu seus joelhos baterem na pedra da caverna, e sentiu os braços de Dan ao redor de seu corpo.

 

POV Filipa

 

A escuridão era predominante. Eu conseguia sentir os dedos das minhas mãos e de meus pés, mas não conseguia move-los. A sensação era horrível, como se eu não pudesse mais usa-los. Aos poucos, o preto foi se tornando cinza e mais ainda aos poucos, finalmente consegui enxergar algo, mesmo que fosse borrado. Dan estava sentado ao meu lado, com um pano na minha cabeça.

 

-Finalmente, Filipa. Fiquei preocupado...

 

Gaguejei antes de agradecer.

 

-Não sei o que aconteceu...

 

Ele parecia assombrado.

 

-Você parecia que ia morrer, desmaiou e ficou branca de uma hora para a outra...

 

Corando furiosamente, sentei com cuidado. Porra.

 

-O que aconteceu? – ele perguntou, preocupado.

 

-Nada, nada...

 

-O que...?

 

– Me conte algo sobre você.

 

-O que? – ele perguntou sem nada entender.

 

-Estamos nos escondendo aqui há dias, e só sei seu primeiro nome.

 

-Você tem razão – ele disse, suspirando – Quer saber minha ficha?

 

-Quero – respondi, rindo enquanto ele sorria triste.

 

-Meu nome é Danniel Parker, nasci em Washington...

 

-Onde fica isso?

 

-Estados Unidos.

 

-E... Onde é isso?

 

-América. Depois do oceano que todos achavam que acabava.

 

-Sério? – arqueei as sobrancelhas.

 

-Sim – ele disse e continuou – Eu descobri que era meio-sangue a pouco tempo, quase dois meses antes de vir para cá... Agora você.

 

-Bem, agora vamos começar a falar da minha humilde e infeliz vida. Meu nome é Filipa Ivashkovitk. Nasci em São Petersburgo, na Rússia. Descobri que era meio-sangue quando vim para cá. Não lembro muito da minha vida antes, tinha uma irmã mais velha chamada Tânia, e uma irmã e um irmão mais novos chamados Estevão e Annallyne. Eu não lembro... eu não...

 

-Filipa – replicou Dan – Não se estenda demais, você passou mal, precisa descansar.

 

-Obrigada – murmurei.

 

-Temos comida o suficiente para mais um dia, vou deixar você descansar, então amanhã vamos precisar ter que ir.

 

-Sim – murmurei, fechando os olhos e encostando-me à parede.

 

-Vou pegar um pouco de água – ele disse, levantando-se e pegando uma das vasilhas e a enchendo-a com a água clara. Tomei a água rapidamente, ignorando a falta de ar.

 

Entreguei-a de volta para Dan. Ele sorriu, mas era um sorriso preocupado. Ele não parecia feliz. O que estava acontecendo? Meu sorriso se desmanchou.

 

-O que houve?

 

-Você não parece bem. E... eu me enganei. Não temos mais comida.

 

Engasguei.

 

-Vou buscar mais – ele disse depressa.

 

-O que...

 

-Fique aqui.

 

-Mas, Dan, é perigoso...

 

-Eu sei – ele disse – Mas você precisa. Eu posso agüentar, mas você não. Se eu não voltar em uma hora, não tente me procurar.

 

-O que... Dan...

 

Mas ele já havia mergulhado. Se ele morrer, é minha culpa.

 

***

 

Meia hora depois, eu estava ficando ansiosa. Eu tentava tira-lo da minha cabeça, mas seu rosto voltava a aparecer. Eu estava ficando desesperada. O que podia ter acontecido com ele? Encostei minha cabeça na parede e gemi. Senti algo sob minhas pálpebras, parecia uma luz... Não abri os olhos, porque pensei que fosse Lyrian, mas quando senti uma mão tocar meu ombro, gritei.

 

Uma mão tocou meus lábios cuidadosamente, enquanto eu abria os olhos surpresa. Na verdade, nem era nada perigoso. Era apenas um rapaz, um lindo rapaz, para falar a verdade. Tinha os cabelos loiros, meio escuros e bagunçados, seus olhos eram castanhos cor de mel... Tentei falar, mas ele pos os dedos novamente sobre meus lábios.

 

-Não se preocupe Filipa, você vai ir para onde deveria estar há muito tempo...

 

-O que... E Dan... – tentei dizer, recuando para a parede. O sorriso dele era algo perturbadoramente perfeito.

 

-Seu amigo vai com você – ele assentiu, e então, tocou minha testa e eu não lembrei de mais nada.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora, foi meio corrido :S:S:S
Eu vou tentar o mais breve possivel postar o proximo, espero que gostem



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