- Ai... essa fantasia não aparecia tão apertada ontem, me ajuda aqui com o zíper.... acho que engordei será que foi o sorvete que tomamos ontem? - reclama Bela.

 

- Não sei que besteira você está falando, você está ótima, eu que não pareço nem com marciana, nem cybernética... mas, hey, você está preocupada em impressionar alguém... hum será o André? Eu vi que vocês ficaram conversando ontem... conta aí, você está a fim dele?

 

- Ah - ela faz cara de ‘não sei o que você está falando\' - ele é bonitinho.... a gente conversou um pouco ontem... mas, nada sério. Eu vim pra cá pra estudar e não pra perder tempo. Pode ser que eu dê uma chance e a gente fique uma vez... - com tom de zombaria.

 

- Você não tinha namorado lá na sua cidade?

 

- Tinha.... - suspiro - a gente ficou junto quase a minha vida toda, nunca imaginei que a gente fosse se separar, mas aí ele disse que não me esperaria, se eu quisesse vim, então era melhor terminar - ela faz uma longa pausa e muda de tom - Eu é que não ia casar e ficar lá o resto da minha vida criando filhos né? Mas e você, não deixou um namoradinho na sua cidade?

 

- Ah, que nada... nunca fui de namorar... na verdade, nunca namorei ninguém...

 

- Hã?? O que?? Nunca namorou ninguém? Não tá falando sério né? Nunca nem beijou ninguém?

 

- Ah, beijar eu já beijei... tipo naquela brincadeira do beijo, e um menino da escola que gostava de mim... mas, nunca foi sério, nunca me apaixonei por ninguém, sabe?

 

- Então esse é o momento! Vamos procurar alguém na festa que desperte esse coração!! Sabe, amar dói bastante, mas compensa quando se está junto da pessoa. É uma sensação muito boa, e olha que nem estou falando de sexo. É puramente mágico a sensação que tudo no mundo está certo..

 

- Você ama seu ex, ou seu namorado?

 

- Eu achava que amava... mas pensando bem, nem está sendo tão difícil assim, e se eu o amassasse de verdade, por que estaria interessada no André? É, talvez eu não seja a pessoa mais indicada pra descrever o amor pra você...

 

- Então, eu acho que você está certa, porque pra mim o amor não tem como explicar, simplesmente acontece...

 

 

- Acho que é o André, você está pronta? - Julie fez que sim com a cabeça - Hey, tudo bem? Estamos prontas.

 

- É mesmo? Achei que ainda nem tinha se fantasiado - brinca ele - mas ainda bem que a festa é hoje e amanhã tudo volta ao normal, senão já ia achar que vocês se vestem assim todos os dias...

 

As meninas olham pra ele com cara do tipo ‘engraçadinho\':

 

- Mas e o seu amigo que mora com você? Ele não vai?

 

- Vai... ele ainda não chegou. Então, vamos?

 

André estava fantasiado de o fantasma da ópera, e Bela não conseguia disfarçar o quanto o estava achando lindo. Ele também não conseguia disfarçar o quanto estava interessado nela. E Julie tentava disfarçar que não estava acontecendo nada, mas só conseguia pensar em ‘ai, estou sobrando, talvez eu devesse encontrar alguém nessa festa, como a Bela disse...\'.

A festa estava lotada quando chegaram ao salão, era um salão grande e estava decorado em com motivos da era medieval, tinha umas colunas, e vários brasões da universidade. Tinha uns confetes espalhados e jogo de luz.

A banda já estava tocando, e o pessoal dançava animadamente. Todos pareciam muitos contentes, dançavam, falavam alto, bebiam... Julie estava observando tudo, pois nunca tinha ido a uma festa daquelas.

 

- Você quer dançar? - perguntou André pra Bela.

 

- Claro

 

Os dois foram dançar e Julie se viu sozinha no meio do salão. ‘Ah, chega de inseguranças, nem tudo é ruim, eu posso aproveitar para me abrir com outras pessoas, alguem deve ter sido abandonado também...\'

Mas ela não via ninguém...

 

 

 

- Hey, Rodrigo! - disse um cara na festa.

 

-Oi e ai Jay, tudo em cima?

 

- Me disseram que você estava viajando, chegou hoje?

 

- Cheguei a agora pouco...hã, você viu o André por aí?

 

- Não.. não vi... eu vi a Liz... - é interrompido por Rodrigo que se despede.

 

- Ah, tá bom, a gente se vê...

 

 

Em um canto da festa, Julie é abordada por um garoto, que ao que tudo indica também era um calouro tentando se enturmar e se arranjar na nova vida.

 

- Eu até acho jornalismo um curso muito legal, mas ainda prefiro a computação, por causa de toda era nossa nova era que a gente tá vivendo...

 

- Ahan

 

- Você não acha superinteressante poder estar ligado ao mundo por uma máquina?! Quer dizer, hoje a gente pode fazer muito mais...

 

- Ahan... - Julie achou melhor mudar de assunto - você quer dançar? Eu adoro essa música, você não gosta?

 

- Eh, eu não sei dançar muito bem... nunca fui criado com essas coisas, a minha família é muito reservada.

 

‘Ew, como assim muito reservada?! Vocês viviam numa ilha?!\' , pensou a garota, mas não teve coragem de dizer isso, ao invés disso, só olhou para o lado a procura de ajuda. O garoto percebeu, é claro, e resolveu ficar quieto, e isso pra Julie foi o melhor que ele pode fazer.

Então ela viu um garoto vestido de astronauta, ‘hum, imagino que ele não faça computação..\', olhou tanto que o garoto astronauta percebeu, e ela sentiu corar-se ao abaixar a cabeça.

Nesse instante, começou a tocar uma música romântica, e o garoto-computação, meio pra quebrar o gelo, a chamou pra dançar. ‘E agora, se aceito o ‘astronauta\' vai achar que estou acompanhada, mas é melhor que ele achar que eu estava olhando para ele\'.

- Claro...

 

i see the city lights all around me
everyone\'s obscure
Ten million people each with their problems
Why should anyone care
 And in Your eyes I can see
I am not just a man, vastly lost in this world
Lost in a Sea of Faces
Your body\'s the bread, Your blood is the wine
Because you traded Your life for mine
Sometimes my life it feels so trivial
Immersed in the greatness of space
Yet somehow you still find the time for meIt\'s then You show me
Your love  

‘Ew, nossa como ele dança mal, pior que eu, mas bem que ele falou que não foi criado com essas coisas\', pensava Julie, e assim nem percebeu que o menino-astrounata se aproximava e vinha na sua direção.

 

- Eh, com linceça - disse Rodrigo para o menino-computação - posso roubar sua acompanhante só um pouquinho? - ambos tentaram responder, o menino que ia dizer não, e Julie que ia dizer que ela não era a acompanhante dele - obrigado.

 

 

Há alguns minutos, ela estava sozinha, e agora, sem uma explicação lógica ela estava dançando com o menino-astronauta!! Parecia mágica... e ele era tão bonito...

 

-    Oi, eu sou o Rodrigo... desculpa o mau jeito... te tirar assim do seu acompanhante, mas eu posso explicar depois?-    Ah, não tudo bem... ele não era meu acompanhante.. ‘ah, finalmente consegui explicar\'-    Não, bom menos mal, assim eu não corro o risco de apanhar lá fora.-    Ah, não corre mesmo.           E nesse instante, ela sentiu ele a apertar mais em seus braços, e eram braços tão bons... o salão todo estava cheio de casais dançando, apaixonados, e Julie, no meio dos braços daquele, até então desconhecido, começava a se sentir como nunca antes. Era muito melhor que sorvete, muito melhor que sair de casa e ser independente, muito melhor...


Mas como tudo que é bom acaba, a música chegou ao final, ‘não eu ainda quero ficar aqui nesses braços\'. Eles se soltaram, e veio a inconveniente vergonha tomar o lugar daquele prazer.

 

- Eh, vamos sair do meio do salão? - ela respondeu que sim.

 

 

Alguém mais também não estava mais presente na festa, Bela e André conversavam lá fora.

 

- Então, você veio estudar dança, e não deixou ninguém pra trás?

 

- Não deixei, por que não tenho ninguém... quer dizer, eu até tinha um namorado lá, mas a gente terminou antes de eu vir pra cá, não era sério...

 

- Que bom... quer dizer, namoros a distância são complicados... e agora aqui você vai conhecer várias pessoas diferentes... interessantes, não seria fácil pra ele saber disso.

 

- Pessoas interessantes como você? - ele apenas sorriu, mas percebeu que assim como ele, ela também já estava na dele.

 

E os dois não precisaram conversar mais, os gestos, os carinhos e os beijos falavam por eles.

 

E do outro lado havia um outro casal que tentava se conhecer.

 

- E eu ainda não sei o seu nome..

- Ah, é Julie, desculpa...

- Tudo bem, eu acho que devo uma explicação pra você, por chegar daquele jeito e te puxar pra dançar, eu nem sei o que estava fazendo direito... eu só tive a impressão que devia fazer, que eu podia fazer.

 

Julie estava esperando que na explicação ele fosse dizer coisas lindas, que se apaixonou por ela no momento em que se viram, que devia ser o destino, e blá,blá,blá...

 

- Eu vi você no salão e achei que você não estava se divertindo muito com aquele cara...

- Dava pra perceber né...

- E ai começou a tocar a música lenta... e eu achei que eu pudesse me disfarçar dançando com você...

 

‘Se disfarçar?! Não basta estar fantasiado?!\'

 

- Eh, desculpa ... eu não to entendendo muito bem... você precisava se disfarçar?

 

- É, no meio da multidão, pra minha namorada, minha ex não me achar...

- Namorada? Acho que eu é que vou apanhar na saída então...

- Ex... olha, desculpa mesmo fazer isso com você, a gente nem se conhece... mas - ele fez uma pausa pra falar - quando eu vi você no salão, eu realmente senti como se a gente já se conhecesse... eu tive a certeza que você é uma pessoa muito especial....

 

E os dois ficaram se olharam, sem saber o que fazer, ou que não deviam fazer, não era o que ela queria ouvir, era melhor ainda... ele foi se aproximando, e ela ficou parada no mesmo lugar com o olhar que ia dos olhos a boca dele, e ele ia se aproximando....

 

- Até que enfim eu te encontrei, Rodrigo Mazela! Estava fugindo de mim? Oi - virou-se pra Julie - Liz, namorada do Rodrigo, prazer. Quem é, amor? Amiga nova? Caloura né? Ah, ele adora fazer novas amizades, ainda mais com calouras. Amor, eu estou te esperando as férias inteiras pra falar com você.

 

‘A voz dela é tão, tão, melosa e amorosa...\'

 

- É a gente tem que conversar. Julie, desculpa... a gente se vê.

- Até...

 

 

No dia seguinte...

 

- Ai, a festa tava muito boa, não tava? Nem vi a hora que você foi embora, você veio cedo?

 

- Deve ser por que você estava ocupada com o André - responde sarcasticamente- e eu não fui embora tão cedo, eu andei um pouco...

 

- Ai, desculpa, te deixei sozinha né... mas você não conheceu ninguém?

- Na verdade, eu conheci um cara...

- E vocês ficaram?

- Na verdade não, mas...

- Ah, já sei querem ir devagar né, é normal isso, que legal...

- Eu vou colocar o lixo pra fora - tentando escapar da conversa.

 

- Oi

‘Rodrigo?! O que ele tá fazendo aqui?!\'

-Oi

- Você mora aqui?

- Moro .... no 202

- Sério, com a Bela? - ela faz que sim com a cabeça, sem entender direito o que estava acontecendo - eu moro com o André no 201, ele não pára de falar na sua amiga, e eu tentei escapar da conversa vindo trazer o lixo...

- Você anda fugindo de muitas conversas desde ontem...

- Olha, desculpa mesmo... eu nunca deveria ter feito isso com você, mas veja o lado bom, a gente é vizinho agora, a gente já se conhece e um dia você pode deixar eu te chamar, decentemente, pra dança...

- Ok

- Então ta combinado?

- O quê?

- A dança, estou te devendo uma dança, e não vai ser fácil fugir de mim...

- Ok, está combinado...

 

 

 

1.      Música Sea of Faces, de Kutless

 

°¬° se lerem, deixem reviews pra eu saber o que estão achando, ok

bjus