Khao Raak Thoe escrita por wateru


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Cara... Essa fic ficou legal,a meu ver... Mas...
A fic da Ladie, na qual eu me baseei, tá muito mais massa!
Leiam. o/



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Mais uma vez, Sindey se desentendeu com seu namorado, Phuket. Seu ciúme doentio os separava; caso ela simplesmente suspeitasse que ele estava olhando para outra garota na festa, a briga começava. Eles estavam juntos há mais de dois anos, e nesse tempo as brigas idiotas alcançaram um número maior do que qualquer outra coisa que eles fizessem juntos: sair, ir ao cinema, fazer sexo. Nada aconteceu mais vezes do que os desentendimentos. Mas ele não tentava consertar a situação. Pelo contrário: colocava mais lenha na fogueira. Talvez fosse por isso que eles ficavam tanto tempo sem se falar.

Depois da última discussão, em uma festa na casa do melhor amigo de Phuket, este entrou em ação mais uma vez. Ele saía pela sala, piscando pra qualquer mulher que ele visse – não importava se ela estava acompanhada ou não. Ele adorava provocá-la. E ela caía de ciúmes, todas as vezes. E bebia, bebia como se fosse a água de um oásis. E sempre, sempre vomitava. Às vezes, o anfitrião dava sorte e tinha apenas que limpar o piso de madeira, ou jogar terra sobre certo local no gramado. Em outras situações, como esta, tinha sérios problemas com manchas no tapete importado. Mas não importava, ela só queria fazer o maior vexame a ponto de deixar Phuket com vontade de ir embora dali com ela.

Dessa vez, nem mesmo Sindey se reconhecia. Havia bebido muito, bem mais do que o habitual, e sua cabeça começou a latejar. Talvez fosse o teor alcoólico da bebida, com o qual não estava acostumada. Ela sentia que iria cair, mas a reação do corpo era outra: delírios, visões, tudo muito turvo e embaçado. Luzinhas piscavam à sua frente, o som parecia mais grave do que era realmente. Sindey não chegou a perceber quando a luz e a música acabaram repentinamente, acompanhadas de vários estalos.

Phuket, no entanto, estava sóbrio. Notou que algo estava estranho, antes mesmo que as luzes se apagassem por completo. Quando seu amigo abriu a porta para despedir-se de um casal que ia embora, o ar ficou instantaneamente mais denso, mais úmido.

Como professor de artes marciais, ele possuía um nível superior de autoconhecimento, e isso o permitia notar mínimas mudanças em sua pele – inclusive aquele aumento brusco de umidade.

Na hora do blecaute, no entanto, um frio percorreu o interior de Phuket. Ele correu pela sala, tentando procurar sua namorada. Ela estava caída sobre a mesinha de centro, cantarolando uma música de ninar. Ele colocou-a sobre o ombro esquerdo e saiu pela porta dos fundos. Sindey não entendeu nada daquilo, mas para ela fazia pouca diferença. Ela estava quase adormecendo.

Ele, no entanto, procurava o caminho mais curto para alguma montanha ou prédio. Droga de residencial, pensou ele. Tudo em um raio de um quilômetro era composto exclusivamente por casinhas. Aquele breu, proporcionado pelo blecaute, piorava as coisas ainda mais. Ele parou, no meio da rua, e esperou. Até que ouviu alguns rouxinóis fugindo para a direção que seus olhos apontavam, e resolveu segui-los.

Os animais possuem certa habilidade de prever catástrofes naturais. E ele, como bom estudioso das forças da natureza, aprendera a confiar nos instintos dos pássaros.

– Sindey, acorde – Phuket tentava despertá-la dando tapinhas em seu rosto, mas sem sucesso. – Por favor, amor, acorde.

Ele não soube dizer se ela estava apenas fingindo, mas sua cabeça se ergueu quando ele disse a palavra “amor”.

– Aonde... A gente tá... Indo? – Sindey perguntou, com a voz mole e arrastada.

– Para um lugar seguro.– Phuket respondeu. Mas nem mesmo ele tinha certeza disso.

O som se aproximava rapidamente. Phuket tinha medo de olhar para trás, sentia que não teria mais tempo. Suas pernas estavam fracas, e os dois ainda não haviam saído do conjunto habitacional que, por azar, ficava perto da praia. Uma fisgada em seu joelho o fez cair no chão, derrubando Sindey ao seu lado. Ela olhou para ele, suado e lacrimejante, e disse:

– Me desculpa. – Ele a olhou, confuso:

– Mas fui eu que te derrubei.

– Me desculpa... Por ser um peso pra você. – Sindey completou. Ali, ele percebeu: sua namorada também sentira algo de estranho.

– Eu queria... Salvar você. – Phuket disse, desabando em choro sobre Sindey. Ela estava sorridente, apesar de tudo, e segurou o rosto de Phuket com as mãos.

– Mas você me acompanhou, e isso já é suficiente. – Ela também parecia chorar. – Me abraça.

Phuket, sem ação, apenas envolveu-a com os braços e a beijou, ainda chorando copiosamente.

– Eu não vou te deixar – ele disse – Eu te amo.

– Eu sei – ela respondeu, rindo – Eu também.

Não era necessário um pedido de desculpas, aquilo fora suficiente. Os dois estavam juntos, mais uma vez. Sindey adormeceu mais uma vez. Phuket sorriu, feliz por saber que Sindey não sentira o chão tremendo e a água se aproximando, até alcançá-los e engoli-los.


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Notas finais do capítulo

E então? Comentem! o/