Bullets In Blue Sky escrita por americangods


Capítulo 8
Décimo Segundo andar e a garota de branco




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Disclaimer: Não possuo Evangelion ou Metal Gear Solid, seus direitos e personagens pertencem respectivamente a Gainax e Konami.

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Bullets In Blue Sky

Capítulo 6: Décimo Segundo andar e a garota de branco

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Ela já estava farta de repetir aquele caminho. Passar por aqueles corredores estava se tornando insuportável. Era sempre o mesmo caminho, primeiro aquele corredor branco com uma listra horizontal vermelha a cada lado. Característica dos “andares de guerra” onde ficavam centro de comando, quartel, área de treinamento e a grande área dedicada ao computador MAGI. Ritsuko passava algumas horas por dia ali, coordenando e analisando testes e experimentos desde que a Unidade 01 apareceu misteriosamente. Sempre algemada, o que não a impedia de trabalhar de forma mais rápida e eficiente que todos os outros funcionários. Nem a dar ordens a eles. Em segundo, passava por corredores brancos e com as mesmas listras horizontais, só que agora azuis. Era a área hospitalar onde vez ou outra ela tinha algum compromisso, como o de poucos minutos atrás. E por último, os corredores acinzentados, sem listra alguma e com poucas luzes. Na verdade, era coberto de lâmpadas, como todos os outros, mas nesse funcionava apenas uma lâmpada no intervalo de oito ou nove outras. Proposital, uma vez que era a área das celas de retenção, onde ela passava a maior parte do dia e do seu tempo nos últimos meses.

Ela ainda estava no segundo, o das listas azuis, a caminho do elevador e dos andares inferiores e ali ficaria até o dia seguinte ou segunda ordem do comandante. Já estavam a uma distancia considerável do elevador quando Ritsuko e os outros dois seguranças avistaram um outro. A doutora não se lembrava do rosto de nenhum dos seguranças da Nerv, nem mesmo dos que a escoltaram das outras vezes. Mas ela reconheceu esse, os outros dois no entanto, nunca haviam o visto antes. Os três pararam quando chegaram na frente do estranho, que se postava no meio do corredor.

- Sr. Ishibashi e Sr. Hayes, meu nome é Lee Van Cleef e eu fico com a prisioneira a partir daqui. A presença dos dois é requerida na central da Section 2. – Disse o homem, encarando os outros dois.

- Temos ordens diretas do Comandante para escoltar a prisioneira até sua cela. – Respondeu um dos dois, provavelmente o tal de Hayes, pelo inglês britânico que usou.

- Eu me encarrego disso. Cela 216, andar B3.

- Negativo. Temos ordens diretas do Comandante!

- Não sei se vocês entenderam: a presença de ambos é requerida na Section 2. Foram transferidos para a unidade americana e precisam se apresentar agora na central para as últimas formalidades. – Ele respondeu mantendo a calma, ao contrário dos dois que pareciam ligeiramente irritados. E desconfiados.

- Não fomos avisados de nenhuma transferência.

- Chamem a central e confirmem – O estranho respondeu impaciente e deu uma olhada no relógio enquanto esperava um dos seguranças falar com a central.

A Dra. Akagi ficou parada o tempo todo observando tanto a situação quanto o homem que a causou. Ele não tinha características de um segurança ou agente da Nerv. Era menor que os dois que a escoltaram e certamente menor que os outros do complexo, que deviam ter uma média de pouco menos de 2 metros. O cabelo comprido, mais ou menos da altura do pescoço também era bem incomum, já que a maioria dos agentes da Nerv traziam consigo o resultado de seu treinamento militar: burrice, músculos, senso de dever e honra ridículos e cabelos curtos. Ainda enquanto analisava o estranho, Ritsuko notou uma pequena diferença nos trajes dele. Em uma primeira olhada seria difícil notar, mas já que tempo era o que não faltava naquele momento, a cientista viu que a gravata dele era diferente. Tinha a mesma cor e o mesmo modelo das outras, mas Ele sabe dar nó na gravata. Ok, ele definitivamente não é quem diz ser.

Só faltava Ritsuko descobrir quem ele era, já que além de tudo o homem parecia-lhe estranhamente familiar. Ela nunca foi boa fisionomista, seria quase impossível descobrir quem era ali, naquele momento. Seria, se não fosse por uma pequena ação dele, que por alguns instantes pegou seu óculos e o limpou com um lenço que tirou da calça. Fez isso mais quatro vezes. Ela não precisaria nem olhar para os olhos do homem para reconhece-lo. Só havia uma pessoa no mundo que faria aquilo repetidas vezes, e ela conhecia tal indivíduo.

- Temos que ir para a central. – O outro nem respondeu, apenas seguiu o companheiro.

- Lee Van Cleef? Não podia ser mais criativo? – Ritsuko perguntou enquanto observavam os dois brutamontes desaparecem no final do corredor.

- Você não gostou? Eu estava pensando em Kurt Russel, mas achei que eles podiam desconfiar.

- Típico de você, Hal Emmerich – Ela falou enquanto Hal apertava o botão do elevador, ele respondeu com um sorriso. – E então, ouvi falar que você virou terrorista.

- É o que você recebe por tentar consertar os erros que cometeu. Você deve saber o que é isso. – E olhou para a loira, que abaixou a cabeça derrotada. Dessa vez Hal conseguiu pegar ela.

- Então você só pode estar tentando salvar o mundo.

- Você não?

- Eu só quero ferrar o Ikari e a Seele. Salvar o mundo é conseqüência. – Ela disse olhando para o marcador acima das portas do elevador. A luz do andar em que estavam acendeu e segundos depois as portas abriram para ambos entrarem – Decorou o texto, não?

- Sim. Deu pra notar?

- É, você estava suando um pouco, e ainda ficou limpando o óculos varias vezes. Eu lembro que faz isso quando nervoso. Mas no resto estava bem, nem gaguejou.

- Obrigado. Vindo de você eu sei que foi sincero. – Hal respondeu com ironia.

- Vai me tirar daqui, agora?

- Não. – E deu uma leve risada, para o desapontamento de Ritsuko. Antes da porta fechar pensou que essas conversas absurdas com a loira realmente fizeram falta.

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Usualmente, a primeira coisa que ela vê quando acorda é nada, senão um breu total. Uma vez ou outra, quem sabe, alguma pouca claridade vinda da janela ligeiramente aberta. Só que dessa vez, o que ela viu foi Amarelo? Aquilo certamente era incomum. Nem com a janela totalmente aberta o seu quarto ficaria tão Amarelo... Se olhar para aquilo não estava ajudando-a descobrir o que era, pelo menos conseguiu sentir. Pior, suas costas sentiram. Definitivamente ela não estava em sua cama. A ruiva levou seu braço enfaixado à superfície clara e finalmente descobriu onde estava. Eu dormi no sofá? Tentou levantar apoiando os dois braços no sofá e notou que havia um lençol sobre si. Era azul com alguns detalhes em branco, que por mais que ela tentasse não conseguia distingui-los, mas com certeza não era dos seus. Podia ser da Misato, mas quando ela chegasse provavelmente iria direto para seu quarto. A major andava chegando em casa tão cansada que até dispensava a cerveja, caia direto na cama e só acordava horas depois. Ai sim ela tomava um banho, cerveja e talvez comesse alguma coisa. E voltava ao trabalho. Descartadas as duas primeiras hipóteses, só sobrava... Shinji que me cobriu? Então... aquilo tudo foi verdade?

Asuka mal teve tempo para pensar, sentiu uma tontura e um tremor no seu braço enfaixado que a obrigaram a deitar novamente. Quando deitou a cabeça sobre a almofada que usou como travesseiro a noite toda, percebeu que seu olho esquerdo doía, assim como o braço direito e nos ferimentos que tinha na barriga. Era uma dor suportável, na verdade quase mínima, mas que a pegou de surpresa. Com certeza se ela tentasse ficar de pé, precisaria apenas respirar fundo algumas vezes e então levantar. Exatamente o que pretendia fazer, se não tivesse finalmente notado os barulhos vindos da cozinha. Só podia ser Shinji preparando o café da manhã.

Quando pensou em levantar, andar até a cozinha e encarar o jovem Ikari, sentiu uma tontura maior que a anterior. A primeira com certeza veio dos novos remédios que Mark deu a ela logo que chegaram em casa na noite anterior, mas essa que sentiu agora, e ainda sentia, tinha algum outro motivo. Asuka não sabia como encarar o companheiro desde o que aconteceu na noite anterior. Depois de atenderem a campainha e seus amigos entrarem, eles pouco trocaram palavras durante a noite. Até mesmo com sua melhor amiga ela foi bem vaga na explicação e logo desconversou, apenas disse que ela e Shinji ficaram amigos e nada mais. Hikari não entendeu muito bem, mas deixou passar, com certeza haveriam mais oportunidades para Asuka explicar-se melhor.

De fato, nem a própria Soryu Asuka Langley saberia explicar. Não tem como dizer que eles simplesmente fizeram as pazes. Talvez nem houvesse como definir a relação dos dois antes como amizade. Ikari não podia ser amigo dela, não depois de tudo o que ela fez com ele. Aquelas inúmeras tentativas de afasta-lo, assim como fazia com os outros, nem que precisasse machuca-lo para isso. Mas por mais que tentasse, ela não conseguia acabar com aquela espécie de afetividade que sentia pelo piloto da Unidade 01. Mesmo tentando odiá-lo pelo o que fazia de errado, não adiantava, mesmo que tentasse odiá-lo pelo que fazia de certo, não adiantava, julga-lo pelo que não falou ou que não pensou, idem. Nem o horror do Terceiro Impacto, nem o que Shinji fez ou deixou de fazer naquele momento conseguiu acabar com essa tortura da ruiva. Se aquele sentimento não era amizade e também não podia ser amor, a ruivinha não sabia o que pensar.

A ruiva virou para o lado, encarando novamente aquele sofá amarelo que a cumprimentou ao acordar, e fechou o olho. Uma hora ia encarar a verdade, mas não seria agora, tinha muito tempo para isso. Tempo que usaria para pensar melhor, por mais que isso pudesse trazer lembranças ruins ou machuca-la. Mas ela já havia tomado sua decisão e não ia muda-la. Essa persistência, era algo da antiga Soryu Asuka Langley, e uma das poucas coisas que ela não fazia questão de esquecer. Ela poderia até sorrir naquele momento e adormecer assim, se não fossem pelos passos que ouviu.

- Já acordou?

Asuka podia ter continuado imóvel e fingir estar dormindo. Então a pessoa logo a deixaria em paz. Se a voz fosse de Shinji Ikari, ela provavelmente faria isso, mas era uma outra pessoa, que ela nem se consideraria tão surpresa deste tal estar ali, naquela hora, naquele momento, já que ele nunca parava de surpreende-la. Ela rapidamente virou e olhou para a cozinha. Mark Goodspeed estava lá encostado em uma parede e sorrindo pra ela.

- Como você sabia?

- Não sabia, só pensei em vir aqui pra ver se estava acordada. De novo. Na verdade eu vim aqui faz pouco menos de uma hora, tinha uma coisa pra entregar pra Misato, mesmo não tendo esperança alguma que ela estive aqui de manhã. Mas sei lá, quem sabe eu dava sorte e pegava ela na hora que estivesse chegando em casa.

Asuka observou enquanto ele falava e gesticulava com as mãos alegremente. Ela até estava achando engraçada a situação

– Mas, para a minha infelicidade, a major não se encontrava em casa, conclusão que cheguei ao notar a total ausência de latas de cerveja pelo apartamento. Ok, sem problemas, eu poderia apenas dar a volta e ir embora, mas notei uma certa ruivinha deitada no sofá da sala. Tudo bem, isso até que não era um problema. Só que ao dar meia volta e ir em direção a porta eu esbarrei na mesa do telefone e todos caímos no chão. Eu, o telefone e a mesa. Levantei preparado para pedir desculpas para a minha querida alemã, quando... nem sinal dela se mexer!

Enquanto falava, Mark veio caminhando em direção a Asuka. Já estava ao lado dela, mas ainda continuava com o tom de voz alegre e quase teatral.

- O que foi muito estranho, pois os remédios que eu te dei ontem a noite iriam aumentar ligeiramente os seus batimentos cardíacos, a circulação sanguínea e a produção de adrenalina, para, ao final do dia tirarmos a suas ataduras. Bom, você não acordou, e eu tinha certeza que tomou os remédios. Então eu fiquei com duas opções: o efeito do medicamento pode variar de pessoa para pessoa, agindo horas antes ou horas depois, ou... uma segunda opção: a de que o estado psicológico da pessoa também influencie, então... digamos que passar por uma forte emoção ou por uma seqüência delas faça com que o remédio demore mais algumas horas para agir.

Ele se abaixou, ficando um pouco acima da altura de Asuka deitada, e segurou delicadamente a mão dela.

- Para completar, Shinji acordou com o barulho e veio até a sala, olhou para você ai deitada e imóvel, eu o telefone e a mesa caídos no chão e voltou para o seu quarto, pouco tempo depois ele aparece com outra roupa e diz que precisava sair e que não queria que eu ou o Pliskin o acompanhassem. Eu fui para a minha casa, peguei um lençol e cobri você. E fui fazer o café da manha. Então eu adoraria que você me falasse o que aconteceu ontem a noite, pois ficou óbvio que não foi uma noite qualquer.

Ela ainda ficou olhando espantada para Mark por algum tempo. Tanto pela dedução lógica dele e a performance teatral quanto pela seriedade na voz dele no final do pequeno monólogo.

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Havia uma cadeira ao seu lado, mas ela preferiu ficar por ali mesmo, no chão. Provavelmente nem tenha notado o objeto ao seu lado mesmo com o tempo todo que passou naquele lugar. Estava há um bom tempo sobre aquela cerâmica barata e incolor que chamavam de piso. Chegou e o Sol nem tinha nascido ainda. Acompanhou a escuridão da madrugada ceder aos primeiros traços de luz da manhã que estava a nascer. Sequer deu atenção a eles. De onde estava, podia ver uma grande porção da cidade: os diversos edifícios, maiores ou menores daquele em que estava; as grandes áreas verdes em ambos os lados da cidade; os pequenos pontinhos que começavam a se amontoar nas ruas, pessoas começando um novo dia em suas vidas; algumas aves e seus bandos deslizando nos céus e logo a sua frente um trio de pássaros coloridos passeava pela beirada da sacada. Eles não chegaram a notar a garota ali ao seu lado. Ela sequer deu atenção para os bichos. Ou para as pessoas, ou a qualquer outra coisa, nem as nuvens ela deve ter notado. Observava fixamente o céu mesmo sem ter motivo algum. Sua respiração era lenta, quase imperceptível. Não se mexia, não fazia barulho algum. A leve brisa fazia com que seu cabelo quase tão claro como o sol acariciasse o seu rosto. Não era o bastante para a moça esboçar qualquer reação. Seus lindos olhos azuis pareciam totalmente sem vida. A tristeza havia tomado conta deles, e do corpo todo dela.

- Bom dia, senhorita Marianne!

A voz rouca e inconfundível de Iroquois Pliskin soou em seus ouvidos e a trouxe de volta ao mundo. Piscou uma, duas, três vezes. Na ultima fechou os olhos por segundos e respirou longa e lentamente. Só então abriu os olhos e virou o rosto lentamente em direção a fonte da voz. O homem barbado e de cabelo castanho estava agachado, mas ainda assim um pouco acima dela, e estendia uma xícara em sua direção, que pelo cheiro, só podia ser café. Ann ficou parada alguns instantes até entender que era para ela. A garota logo tratou de segurar a xícara, com medo de abusar da boa vontade do outro.

- Desculpe, mas é café solúvel. Eu e o seu namorado não temos a menor prática com aquela máquina ali.

- Oh, não tem problema... eu que deveria estar me desculpando senhor Pliskin... devo ter acordado o senhor...

Ela começou a se sentir mal pela situação. Não queria ter dormido ali, mas seria impossível ela voltar para casa nas condições em que estava na noite anterior. E pelo jeito nem se quisesse ter ido embora logo que acordou teria conseguido. Só não levantou e foi embora no mesmo minuto pois viu o sorriso gentil no rosto de Pliskin e logo pensou que ele deveria entender o seu drama. Alguém como ele com certeza já teve problemas parecidos em sua “profissão”.

- Não precisa se desculpar. Eu já estava acordado há muito tempo, bem antes de você levantar. Vi você vindo para cá, mas achei melhor deixa-la sozinha... mas depois de algumas horas...

- Eu... eu estou preocupada com ele... sei como é lá... tenho medo que ele não volte...

- Normal.

Um comentário nada sutil, ele tinha de admitir. Mas levando em consideração que não tinha experiência alguma em confortar garotinhas deprimidas, Snake se perdoou. De qualquer maneira, ele ainda se via na obrigação de tentar ajudar a garota de alguma forma. Palavras não seriam a escolha mais sábia, mas infelizmente era tudo o que ele poderia fazer no momento. O mínimo a fazer era tratar de medi-las da melhor forma possível. Já tinha até formulado uma boa seqüência de frases feitas e clichês – talvez a única vez que os filmes que Mei-Ling o forçou a assistir serviram para alguma coisa – estavam para sair de sua boca, quando de algum lugar que ele não sabe onde vieram outras palavras.

- Olha, Marianne... já estive em uma situação parecida. Claro, eu não era a mocinha desamparada, mas –

Ela deu uma risada tímida. Snake olhou para a moça levemente espantado. Bom, pelo menos ela riu. O que já era um começo. Ele logo perceberia que talvez não fosse tão difícil lidar com pessoas como ele imaginava. Estava prestes a continuar, quando a garota o interrompeu.

- O senhor esta falando da capitã Silverburgh, não é? – Perguntou relutante.

A verdade é que ainda não havia se acostumado com a presença do “lendário Solid Snake”, como se diante de si houvesse algum fantasma, um ser sobrenatural, fictício. Marianne ainda se sentia intimidada com o homem. Desde que era criança ouvia falar dele. As duas incursões de Snake nos anos 90 receberam muito destaque da mídia na época, principalmente por que ele foi um dos responsáveis na solução da crise do petróleo que surgiu no final daquele século. Se não fossem por suas ações o mundo teria entrado em uma grande crise. O que não faria muita diferença, já que em 2001 o Segundo Impacto tratou de mergulhar o mundo em um turbilhão.

Mas das lendas que ouvia dele as que mais lhe marcaram foram as do período das guerras civis. O infeliz palco de sua adolescência. Apesar das circunstâncias em que viveu, ela ainda não conseguia se perdoar das coisas que fez. Talvez... talvez até Snake se assustaria com elas...

Alguns dos acontecimentos que as pessoas não conseguiam explicar como ocorreram, como bases e armazéns de armas explodindo, batalhões armados sendo aniquilados e militares do alto comando assassinados, boa parte desses eventos eram associados a Solid Snake. Apesar de ser impossível que ele estivesse em vários lugares do mundo e agindo ao mesmo tempo, mas as pessoas não se importavam com isso. Pelo menos rendia alguma esperança a elas. Rendeu alguma esperança a Marianne.

Ela sempre quis conhecê-lo, apesar de ter dúvidas se tal pessoa realmente existiu. A loirinha mal pode acreditar quando soube que trabalharia com ele. Tinha tanto a perguntar ao homem: se ele realmente esteve por trás de todos aqueles atos na América do Sul, se existia mesmo uma arma chamada Metal Gear, se era verdade que um deles havia causado o Segundo Impacto. Muitas bobagens na verdade, e ela tinha noção disso. E mesmo que tentasse, não teria conseguido pergunta-las à lenda quando o viu com os próprios olhos.

Mal sabia ela que tinha acabado de surpreender o seu herói. E acabar totalmente com o disfarce que mantinha.

- Você... sabe da Meryl?

- M-me perdoe! Eu não... eu devia ter ficado quieta...

- Não tem problema... o que me deixou curioso foi você saber quem eu sou na verdade.

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Aconteceu de uma forma tão rápida, que ele nem sequer notou. Ou talvez tenha até demorado, mas ele estava tão ocupado com seus pensamentos e não observou o que ocorria lá em cima, no céu. O fato é que ele não acompanhou quando aquelas poucas, mas grandes nuvens cobriram o Sol que o lhe fez companhia na caminhada matinal desde que saiu de casa. Coincidiu com uma leve brisa que sentiu passar pelo seu corpo e fez dançar o gramado no qual deitava. De olhos fechados e expressão vazia ficou a ouvir o barulho no ambiente. Cantavam um ou outro pássaro de que jamais saberia a espécie. Ou cor. Ou tamanho. Podia jurar que ouviu um miado, quem sabe mais, obviamente pertencentes a um ou dois gatos que perambulavam por perto daquele parque.

Seu rosto finalmente esboçou alguma reação quando em seus pensamentos surgiu a imagem de uma garota ruiva, melhor, várias imagens, algumas delas em especial lhe chamando bastante a atenção. Primeiro era a alemã sorrindo maldosamente com aquele seu vestido amarelo preferido - depois ela forçaria o garoto a acompanha-la na Unidade 02 e juntos venceriam o sexto anjo.

Foi o primeiro dia que a viu. Nos primeiros momentos que teve com ela, Shinji sabia que seria difícil se relacionar com a garota. Ele jamais poderia imaginar o quanto. Logo apareceu a ruivinha com alguma roupa casual e com os dois prendedores no cabelo como sempre. Sentada no sofá da sala ela levanta, e com aquela que a mesma se referiria posteriormente como uma péssima idéia, anunciou que estava entediada. Shinji se envergonhava toda vez que lembrava da “conclusão da história”.

Mas ele tinha de admitir que foi engraçado. Se a sua relação com Asuka tivesse caminhado para um outro extremo, com certeza os dois achariam graça na situação e na reação de cada um. Infelizmente não foi o que aconteceu, e os dois pilotos acabaram se arrependendo da situação. Bem, não totalmente. Algumas vezes ele pensava no que podia ter feito de diferente naquela hora e que resultaria em melhores resultados. Provavelmente.

E foi uma dessas possibilidades que fez com que o semblante vazio desse lugar a um sorriso tímido. É, as coisas realmente poderiam ter sido diferentes se Shinji Ikari não tivesse agido como Shinji Ikari. Uma daquelas irrupções de coragem bem que podiam ter dado as caras naquele dia. Ele podia ter tomado o controle da situação e surpreender a amiga, o que muito provavelmente resultaria em alguma agressão física por parte dela. Se tratando de Soryu Asuka Langley qualquer coisa era possível. Ela poderia odiá-lo eternamente, poderia ficar sem palavras, ou poderiam sobrar palavras para as suas ofensas, fossem elas japonesas, alemãs ou qualquer outra língua imaginável. Mas uma coisa era certa, essa simples ação absurda e imprevisível resultaria em alguma coisa diferente, fosse apenas em Shinji Ikari, fosse apenas em Soryu Asuka Langely, ou ainda nos dois.

Talvez... talvez eu deva fazer isso na próxima vez... Não podia explicar como, mas sentia que uma nova chance de surpreender a ruivinha viria, principalmente a julgar pelo último contato que teve com ela. Seu único problema era ignorar completamente o medo como na noite anterior. De alguma forma, enfrentar os Anjos parecia mais fácil do que isso.

Não precisava ser uma situação exatamente como aquela. Não havia necessidade de esperar que Asuka ficasse entediada novamente e sugerisse aquela forma de passar o tempo. E Shinji também não seria louco de sugerir o mesmo para ela, ainda mais agora que dava valor a sua vida. Bastava apenas que ele surpreendesse a ruiva em algum momento. Precisava mostrar para ela que a noite anterior não foi a única.

Não se referia a toda a dor que sentiram, os maus momentos que tiveram, as lágrimas, tristeza, medo, nada disso. Ele se referia à aqueles poucos, mas longos momentos que ambos encontraram conforto e paz nos braços um do outro.

A verdade é que aquilo tudo ainda era muito estranho.

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- Mark achou melhor que a minha identidade ficasse em sigilo. Só ele e o Otacon sabiam disso, mas a Gurlukovich descobriu, e por conseqüência, o Axel e o Black também.

Snake deu uma baforada no cigarro e sentou em uma poltrona, deixando o sofá para a garota, que de momento recusou preferindo ficar em pé. Ela analisava alguns dos livros na estante da sala. Haviam algumas coisas absurdas ali, como um dicionário italiano-holandês e três edições de um mesmo livro de Stephen Hawkins – uma delas em chinês – coisa que Marianne sabia que não eram do interesse de seu namorado, e muito provavelmente também não de Snake. Os livros funcionavam apenas como enfeite, assim como as várias panelas na cozinha que nenhum dos dois ocupantes do apartamento as usariam. Ela deixou os livros de lado e virou. Seus olhos azuis focaram no homem e seu cigarro. Viu ele dar uma longa baforada e repousar a cabeça na cadeira. Esperou a fumaça dissipar no ar e começou.

- Eu fiquei sabendo disso. O Mark e mais dois precisaram segura-la, não foi? – Ela perguntou sorrindo, o outro só assentiu. – Mas... parece que vocês dois conseguiram resolver as diferenças.

- É, foi difícil, mas eu consegui convence-la. Temperamental aquela garota...

A loira sorriu para o comentário. Os dois ficaram em silêncio depois disso. A garota olhava para o chão e tentava decidir se fazia ou não uma pergunta ao velho agente. Ela mal havia começado a trocar algumas palavras com ele e já pensava em fazer uma pergunta pessoal. Era quase engraçado, ela, que a vida toda quis conhecer Solid Snake, finalmente teve a oportunidade, e nenhuma das milhares de perguntas que desejava fazer a ele parecia mais relevante do que aquela que a incomodava no exato momento.

- Senhor... por que você e a capitã Silverburgh... não c-continuaram?

- Juntos, você diz? – Ele perguntou com certa normalidade, que surpreendeu a si mesmo. Marianne assentiu, ligeiramente corada com a pergunta que acabara de fazer. – Meryl... ela... ela era difícil. Aquele tipo de mulher com um ego maior que a arrogância, que era muita, e que não pensava antes de agir. Mas ao mesmo tempo, ela era amável e podia te compreender mesmo que você próprio não conseguisse. Ela seria capaz de desistir de tudo, tudo mesmo. Pessoas, crenças, deveres. Meryl esqueceria tudo isso por alguém, por uma só pessoa. Só que eu não. Eu não era, e nem sou capaz de tal coisa. E muito provavelmente, jamais vou ser.

Snake deu alguns passos em volta da sala. Se aproximou da garota e a estante atrás dela e repetindo o gesto, ficou a olhar alguns dos livros. A mesma mão que segurava o cigarro também passeava pelas capas de livros. Parecia ser a primeira vez que dava atenção àquele móvel. Na verdade ele não sabia bem o que fazer, tentava novamente escolher melhor as palavras e não se passar por um sentimental qualquer, mas já era tarde demais. O melhor a se fazer era deixa-las que saíssem sem ponderar sobre. Provavelmente soariam honestas assim como quando falou de Meryl. Pegou um livro qualquer e voltou a sentar na poltrona onde estava.

- Garota, eu comecei nesse ramo muito cedo, era poucos anos mais velho que as crianças – disse se referindo aos dois pilotos – e como nos é ensinado, e como aprendemos nem que seja da pior maneira, não há como ter um relacionamento sério com outra pessoa. É burrice. E é injusto com a outra pessoa. As regras não permitem relacionamentos entre militares, mas querendo ou não é uma das poucas alternativas, ainda mais depois que vocês resolveram juntar os discursos militares com os feministas. Eu sempre tive relacionamentos com mulheres que participaram de missões comigo ou em unidades especiais e exércitos. Eles eram sempre rápidos e acabavam mal. Quando conheci a Meryl eu pensei que com ela poderia ser diferente. Em Shadow Moses, quando trabalhamos juntos, ela tinha a mesma idade de quando eu comecei lá antes dos anos 90. Ela aprendeu o mesmo que eu: não havia lugar para romance no campo de batalha. Eu vi uma chance de mudar isso. Uma chance para mim, e uma chance para ela. Mas eu falhei. Falhei por ser a maldita “lenda” que eu sou. E o pior de tudo é que isso foi escolha minha.

Ann ficou atônita com tudo aquilo. Não esperava que na sua primeira conversa com Solid Snake o tópico principal seria a vida romântica dele. Sinceramente ela jamais pensou que isso seria um assunto que ambos discutiriam em qualquer momento. As palavras dele e a sinceridade em sua voz, aquilo tudo era humano demais. Era triste demais. Ela começou a se sentir estranha, um sentimento de melancolia surgindo dentro dela. Não queria passar por uma situação parecida.

Mas isso tudo parecia tão... inevitável...

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12 – Click!

Apertou o botão do décimo segundo andar e encostou seu corpo no espelho do elevador. Levantou a cabeça e respirou lentamente. De olhos fechados e tentando manter sua mente livre, ouviu a musica irritante do elevador começar a tocar. Estranho, não era muito comum em prédios residenciais. Não que ele alguma vez tivesse notado isso.

Mais estranho ainda foi a musica tocar e a porta não fechar. A melodia irritante veio, mas o som característico do mecanismo automático, não. E isso logo atraiu a sua atenção. Parecia que alguma coisa impossibilitava o elevador de funcionar corretamente. Ou talvez fosse alguém.

Impossível. Ele estava sozinho ali, assim como estava sozinho ao entrar no prédio alguns momentos atrás. Resolveu abrir os olhos. Fez isso, e em seguida deu uma boa olhada ao seu redor. Definitivamente não havia ninguém ali. Estava só, afinal.

Na verdade, Shinji Ikari estava duplamente errado. Ele não estava sozinho, e alguém de fato entrou com ele no prédio, ainda que com algum tempo irrelevante de atraso. Bastou o piloto da Unidade 1 olhar para a frente, em direção ao corredor para ter certeza.

Era como se ela tivesse uma espécie de aura envolta sobre si. Foi a única explicação que ele conseguiu achar, ainda que fosse a mais irracional possível. De alguma forma no meio de todo aquele branco no piso e paredes do corredor, a garota de trajes da cor da neve conseguia se destacar. O vestido dela fazia Ikari lembrar de um parecido, que uma certa ruivinha que dominou seus pensamentos até pouco, possuía. Exceto que o da garota de agora era muito mais favorável à estação do ano, com um simpático decote e um comprimento agradavelmente menor, se comparado ao cor do Sol de Asuka.

Usava um chapéu da mesma cor do vestido. Nem um pouco grande, na verdade era bem discreto. Embora desse a impressão de ser longo, já que cobria uma parte do rosto dela, e a distância entre a moça e Shinji ainda ajudava um pouco nisso. Com os passos lentos e precisos de uma modelo foi se aproximando do elevador que estranhamente ainda mantinha-se aberto.

Claro, podia ser tudo impressão dele. Ou até uma coincidência, talvez o elevador estivesse com algum problema e portanto demorando mais para fechar as portas que o usual.

Não havia notado ainda, mas com uma rápida olhada de relance, pode ver os sapatos dela. Brancos, e com saltos longos e finos. Com certeza ela ganhava uns bons centímetros com eles, mas não o bastante para deixa-la mais alta do que Shinji.

O jovem Ikari pode constatar isso quando a garota atravessou a porta do elevador e passou a ocupar o mesmo espaço que ele. Pelo menos os hormônios serviram para alguma coisa. Finalmente estava mais alto que as meninas da sua idade.

Ela nem dirigiu o olhar para o outro ocupante do elevador, foi direto ao painel para apertar o botão do seu destino. Sua mão delicada, acompanhada de um relógio prateado em seu pulso, parou a milímetros da placa de metal cheia de botões e números.

A mesma mão delicada girou junto com o corpo da garota, ate que ela ficasse frente a frente com Shinji Ikari. Seu dedo indicador encostou da camisa do rapaz, que com a cara de bobo que só ele sabia fazer, dirigiu sua atenção a ela.

- Acho que somos vizinhos. Décimo segundo andar, não é? – Perguntou em um japonês perfeito.

Shinji conseguia ficar com uma cara de idiota facilmente, era um talento natural, mas ele realmente havia conseguido se superar dessa vez. Talvez a culpa não fosse dele na verdade. Parecia impossível que aqueles lábios pintados de um rosa claro lindo, formando um doce sorriso pudessem causar outra reação em um ser humano se não essa. Como se não fosse o bastante, os cabelos cor de rosa na altura do pescoço que eram estranhos para os padrões normais, pareciam perfeitos para ela. Para completar, um óculos escuro de armação dourada e lentes negras escondiam os olhos dela.

- Você é tímido? Sem problemas! – Ela se afastou um pouco de Shinji – Meu nome é Liara T’soni! – Estendeu a mão para ele, que com algum custo, retribuiu.

- Shinji... Ikari...

- Olha Shinji, parece que já chegamos!

Ele não tinha a menor idéia de que o elevador tinha começado a andar, quanto mais que já tinha chegado no seu destino. Provavelmente ele ficaria ali parado e deixaria a porta se fechar, uma típica atitude sua, se não fosse pela estranha Liara, que ainda de mãos dadas conduziu ambos para o corredor.

A garota de cabelos rosas simplesmente ficou ali parada no meio do corredor, olhando para Shinji, com aquele belo sorriso que de alguma forma causava uma sensação estranha no garoto. Sentia algo de familiar em Liara, como se já tivesse visto-a antes.

- Então, sr. Ikari, eu estava pensando.. você poderia me ajudar com a mudança? Eu tenho algumas caixas que são um pouquinho pesadas para mim. Uma ajuda seria muito bem vinda. Que tal?

Obviamente ele não recusaria a ajuda para a garota, mesmo que ele fosse Shinji Ikari. Mas caso, por uma improbabilidade qualquer, ele não pudesse faze-lo, com certeza aquele sorriso e aquela voz linda e serena o fariam mudar de idéia

- Eu... não... não vejo por que não...

Liara finalmente soltou a mão de Shinji e deu um pulinho no ar, parecendo com uma criança.

- Que ótimo! Tudo bem para você aparecer aqui perto das duas horas? Eu ainda quero descansar um pouquinho, estou muito cansada da viajem... – Ela mudou rapidamente de assunto, apontando para uma porta quase ao lado deles. – É aqui que eu moro, ok?

Shinji não falou nada, apenas assentiu. A garota ignorou a reação dele, voltou a se aproximar e deu um beijo no rosto dele.

- Então está combinado, as duas horas você vem aqui me ajudar!

Liara acenou para ele, sorriu mais uma vez e correu para dentro do seu apartamento, fechando a porta assim que entrou. Ikari, como era de se esperar, ficou ali parado que nem um idiota por mais algum tempo e lentamente se dirigiu para o seu apartamento. Ao fechar a porta ele se perguntou se aquilo tudo havia realmente acontecido. Por mais surreal que tenha sido, pelo menos até as duas horas da tarde daquele dia não teria importância nenhuma, sua única preocupação agora era uma ruivinha que dividia a casa com ele.

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Notas do autor: Primeira coisa: Rei?
Próximo capítulo. A parte dela que estaria nesse eu cortei pois me veio uma idéia nova na cabeça que eu achei muito interessante. Agora posso acabar com o problema de desenvolvimento de personagens da Rei e do Snake com uma cajadada só. D

Segundo: o capítulo não ficou bem como eu queria, mas já que faz um p&# tempo que não atualizo, fica assim mesmo.

Terceiro: Liara T’soni? Quem? Vou explicar: era uma personagem que estava guardando para outra fic, mas resolvi usar nessa para deixar as coisas mais interessantes . Ela vai ter importância na história, o que contraria o meu objetivo inicial de centrar a fic mais na realidade de Metal Gear do que na de Evangelion, maaaasssss.. é a vida D. Ela tem o mesmo nome que a simpática, hilária e azul cientista asari de Mass Effect. A Liara de Bullets vai ter algumas coisas da Liara de ME, já que ela me rendeu umas excelentes risadas com sua personalidade inocente e ao mesmo tempo “atirada”, por assim dizer.

Quarto: Marianne e Ann são a mesma pessoa (caso tenha ficado confuso demais). Resolvi dar uma atenção maior a ela.

Quinto: Para quem não sabe, Lee Van Cleef é um ator de faroestes famoso e Kurt Russel (ele já é mais comum) é ator de algumas pérolas dos anos 80 como Os Aventureiros do Bairro Proibido, Fuga de New York e O Enigma do Outro Mundo. Ambos foram inspiração para o character design de Solid Snake, Kurt Russel como o personagem Snake Plissken para o Snake de Meta Gear Solid 2 e Lee Van Cleef para o Snake velho do ainda não lançado Metal Gear Solid 4.

E finalmente, agora fazendo uma revisão antes de postar o capítulo que eu percebi que o inicio das partes do Shinji e da Marianne ficaram muito parecidos. Mas como já demorei sei lá quantos meses pra atualizar vou deixar assim mesmo

06/02/08

adicionado ao nyah em 21/06/08


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