Memória Perdida escrita por Kelly S Cabrera


Capítulo 1
Memória Perdida


Notas iniciais do capítulo

Essa idéia veio depois que eu vi uma imagem enqto ouvia a música Kasumi do Dir en Grey. Veio então a pergunta " E SE tal coisa acontecesse?" hoho. Obviamente, eu AMO a minha personagem (er, contraditório, eu sei) e não quero que isso aconteça com ela (eu acho Mwhaha).


OBS: Eu faço tudoooow pra ler um texto da Lady Ligeia com Skoll e Accalia! (os dois demônios de autoria dela que eu AMO *-----*)



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Por quanto tempo andei pelo inferno? O tempo aqui parece não existir, ainda mais quando tudo o que se pode ver é escuridão. Não me lembro de quase nada, muito menos do motivo de estar na situação que estou: andando com dois demônios no inferno, praticamente no meio do nada e ainda por cima ouvindo os lamentos das almas, o que, obviamente, piorava a minha situação. Bem, pelo menos tenho a certeza, acho, de que não fiz nada errado e que estou viva. O que me faz perguntar: O que diabos aconteceu para tudo ficar nesse estado? E eu pretendo descobrir, afinal, ninguém recebe castigo à toa.

Outra coisa que sempre me incomoda, pra não dizer que me deixa desesperada, é o maldito vazio. Não é uma coisa normal, é como se algo dentro de mim faltasse. Será que eu perdi alguma coisa quando vim parar no inferno? Bem, não havia resposta, pelo menos não por enquanto e eu duvido que encontre algo, afinal o que eu poderia fazer? Estou cega e perdida, sem chances de poder fazer qualquer coisa sozinha. Se eu não estou morta, com toda certeza estarei em breve... sendo ou por um demônio qualquer, ou por esses dois que me acompanham. Uma hora eles vão cansar de ficar bancando o guia e de, na maioria das vezes, me protegerem.

Por falar neles... Os dois são uma dupla estranha. Aurus, o mais forte, é completamente frio e distante, mal fala comigo, ou melhor nem fala. Se teve um dia que ele respondeu alguma coisa, foi quando o conheci. Perguntei onde estava e o que tinha acontecido e, como se fosse a coisa mais normal do mundo, respondeu que eu havia escapado de uma prisão e estava sabe-se lá em que lugar do inferno. Justo eu, alguém que nunca pensaria em fazer mal a alguém, havia sido presa por demônios. Enfim... Albian é diferente, não só na energia demoníaca mais fraca, mas também de jeito. Apesar de ser quieto, Albian sempre está por perto e quase sempre fala comigo só para eu ter certeza que eles ainda estão ali, o que me deixava mais aliviada já que eu não podia sentir direito a energia demoníaca deles graças a quantidade enorme de demônios que existe no inferno. Alias, foi através dele que descobri meu nome: Ametista. Não sei se é meu nome verdadeiro, mas gostei e combinou comigo; também descobri que era uma mestiça... Se bem que eu já imaginava, afinal não tenho muita força. Ah, Albian parece ter medo de Aurus, o que não é pra menos, admito que eu fico insegura quando ele está por perto e o demônio sempre o chama de “mestre”. Realmente Aurus parece ser mesmo o tipo de demônio que gosta de controlar e não ser controlado, e algo me diz que ele tinha poder o suficiente para controlar quem ele quisesse. E isso me fez, uma vez, pensar que ele queria algo comigo, mas logo descartei a idéia. Que utilidade eu teria? Sou uma mestiça e cega... Em uma luta contra um demônio eu teria uma grande desvantagem de não poder ver; e ser guiada pela energia demoníaca do inimigo nesse lugar é uma coisa quase impossível, pelo menos pra mim.

-Mestre Aurus ainda não voltou... – Ouvi, Albian, em minha mente. Esse é um dos poderes do demônio, ele pode entrar na mente de qualquer outro demônio e controlá-lo.

-Quer falar normalmente? Odeio quando você faz isso. – Apesar de não ter memória, meus pensamentos tem que ser salvos da bisbilhotice dos outros e inclusive de um demônio.

-Desculpe – A voz de Albian é calma e baixa.

-Preocupado? - Dou uma risadinha – Do jeito que ele é, se ele não voltar com a cabeça daquele demônio, ele se mata.

-Não é um demônio. É um anjo caído. - Rebateu, ignorando o que eu havia dito – Mas mesmo assim é um anjo – Sua voz quase sumiu no final da frase.

Não é novidade que demônios e anjos tem problemas um com o outro, mesmo que o anjo esteja no inferno. Mas esse parecia ter grandes problemas com Aurus e ele com ela, no caso. O ódio transbordava dos dois e por um momento eu pensei que aquele ódio todo poderia me atingir. Certo, me atingiria se Albian não tivesse me tirado de perto.

O anjo caído, chamado de Tessa por Aurus, era forte, muito mais forte do que eu previa quando eu decidi entrar no meio daquela luta sem sentido. Estava cansada de ser protegida e estava mais do que na hora de se mexer para alguma coisa, mesmo que isso colocasse minha vida em risco. Mas mesmo em minha forma demoníaca, eu fui jogada longe por ela. Não havia como vencê-la, pelo menos eu nem a arranhei, o que me fez sentir o peso da derrota. Eu não gosto de perder... E duvido que alguém goste.

-Vamos embora, antes que mais deles venham – Dessa vez a voz de Aurus me desperta, nem havia sentido ele se aproximar.

Pelo menos ele havia vencido, mas parece não estar muito animado com a vitória sobre o anjo.

-Deles? - Minha curiosidade... Um dia, com certeza, ainda vão cortar minha língua, ou então vão me matar logo de uma vez por causa dela.

-Não te interessa – Disse ríspido – Levante-se e vamos embora. Não vou voltar para te buscar

-Não volte – Digo simplesmente. Ele não é obrigado a ficar comigo.

-E o que vai fazer cega? Com certeza vai morrer no primeiro demônio que aparecer. - Ele deu uma pequena risada, fazendo meu sangue ferver.

Ele não precisava me lembrar o quão vulnerável eu estou. Mas parece que ele gosta de me ver irritada e completamente sem ação.

-Não preciso de você – Disse baixinho, me controlando para não atacá-lo.

-Você é mais patética do que eu imaginava. Não presta nem para seguir ordens... 

-Me deixe em paz! - Aumento o tom de voz. Ele sabe como me irritar, apesar de também saber que não sirvo pra nada – Se acha que não sirvo para nada, me deixe onde estou, droga!

-Você está muito diferente do que eu conhecia, Ametista – Voltou a falar depois de um tempo em silêncio.

Essa frase me faz ficar muda, claro. Ele disse “conhecia”? Será que eu não estou, agora, ouvindo coisas a mais?

-Espera... Você me conhece? - Pergunto, mais calma.

-Isso vai mudar algo?

-Claro que vai, Aurus. - Respondo impaciente. Alguém naquele lugar me conhecia!

-Conheço – Respondeu indiferente. - Vamos embora – Voltou a dizer autoritário – Não vou repetir pela terceira vez.

Mesmo assim, continuo no mesmo lugar. Ele me conhece... De onde? Como? Deveria perguntar? Não, não, perguntar não daria certo... Não parece que ele tem vontade de responder isso e duvido, por mais que eu pergunte, que ele falaria. As vezes ele fez isso só para me ver mais agoniada do que já estou. Talvez ele nem saiba de nada...

Aquela sensação de vazio volta com tudo em meu peito e transforma-se em um nó em minha garganta. Tenho vontade de gritar e dizer que queria respostas... Uma busca por uma verdade que talvez eu não quero lembrar... Uma verdade que está nas mãos de um demônio. De certa forma isso me deixa esperançosa...

-Senhorita Ametista? – Albian me chama.

-Já sei... Eu vou atrás dele, agora mais do que nunca. - Sorri, certa que ruim ou não, eu preciso muito dessa parte apagada de minha memória.

FIM


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