- Nell, querida você está demorando muito. – Matsumoto estava na frente da porta do banheiro onde sua filha já se encontrava a mais de meia hora. – Nell, meu bem, se você estiver viva, por favor de um sinal de vida... Se não eu vou pensar que você caiu e bateu a cabeça na beira da banheira... de novo...

A porta foi aberta devagar, e a loira pode ver a garota de cabelos verdes esfregando os olhos enquanto pequenas lágrimas escorriam pelo rosto.

- A Nell dormiu na banheira... E agora a Nell tá toda enrugada... – chorou.

- Ta tudo bem é só esperar que logo você voltar ao normal – Rangiku tratou de acalmar a filha. – Agora vai terminar de se arrumar, daqui a pouco o Ichigo e a Inoue estão chegando.

- Uwa, é verdade! – sorriu ela, saindo correndo e saltitando pelo corredor até o seu quarto. – A Nell tem que ficar bem bonita pro Itsuguyo. – A garota parou na porta do quarto ao ver Ulquiorra passando. – Ulqui-kun!!! – gritou, como se o moreno se encontrasse a quilômetros de distância.

- Nelliel, o que ainda faz assim? – perguntou ao notar que ela estava de roupão. – E o que houve com a sua pele?

- A Nell dormiu na banheira e esqueceu de se arrumar. E o Ulqui-kun, por que não está arrumado?

- É claro... – observou ele, não muito surpreso. – E eu não estou arrumado porque eu não vou. Me recuso a ir naquele lugar novamente... Já chega o que aconteceu da última vez. – e as lembranças da última vez em que fora com a mãe, a irmã e Ichigo a aquele lugar passaram por sua mente. Chacoalhou a cabeça tentando espantar as memórias. – Eu definitivamente não voltarei àquela boate.

- Não é uma boate! – Nell disse fazendo beicinho. – É uma casa de eventos. Além do mais... – ela sorriu maliciosamente. – a Inoue-san vai estar lá.

Ele engoliu em seco. Elas iriam realmente levar uma garota como Inoue a um lugar daqueles? Elas seriam tão loucas assim? E Ichigo, na posição de seu irmão, sabendo a vergonha que passaram da última vez que foram lá?!... E a resposta não foi difícil de se concluir... ‘É claro que sim...Por que eu ainda duvido?’

Deu meia volta, voltando para o próprio quarto.

- O que vai fazer, Ulqui-kun? – perguntou ela com um sorriso um tanto quanto malicioso.

- Me arrumar. – respondeu frio. Sentia-se um pouco incomodado, ultimamente, apenas com a menção do nome daquela mulher, sua "irmã" conseguia que ele fizesse coisas que jamais pensaria em fazer, como agora à pouco, o convencendo a voltar àquele lugar.

Soltou um suspiro irritado, e entrou no quarto.

~Mudança de Local~

Inoue terminou de se arrumar e voltou a sala onde Ichigo já se encontrava arrumado, acompanhado de Rukia, com quem conversava, e Byakuya que olhava os dois incomodado.

- Estou pronta – a ruiva interrompeu, percebendo que nenhum dos três haviam notado a sua presença. Apesar de realmente querer que seu irmão e a amiga continuassem a conversa, pois ambos sorriam alegremente enquanto falavam.

- Ah, você está linda, Inoue. – sorriu-lhe Rukia, levantando-se rapidamente do sofá, como se tentasse disfarçar o fato de estar falando com o irmão da mesma.

- Então está na hora de irmos, eles já devem estar nos esperando. – o ruivo se levantou também.

- Ah! Eu acabei de me lembrar! – a morena gritou de repente, saindo correndo de dentro do apartamento dizendo um: "Já volto!" antes de sumir porta a fora.

Os irmãos se entre olharam, surpresos. O que aumentou quando a morena voltou com um sorriso alegre e olhos cintilando de alegria.

- R-rukia... O-o-o que é i-isso? – Ichigo apontava para o enorme coelho de pelúcia, que tinha o dobro do tamanho de Rukia, e um rosto apavorante.

- É o Charpie! Ele não é lindo? O Nii-san viu em uma loja e comprou mais de cem deles. – sorria ela. – Então eu resolvi trazer um pra vocês.

Ichigo ainda olhava aterrorizado para o coelho demoníaco, enquanto Inoue abraçava a pelúcia, como uma criança que acaba de ganhar um brinquedo novo. E sua surpresa só aumentou quando Byakuya se aproximou do coelho e colocou a mão esquerda sobre sua cabeça, fazendo "carinho" no "bichinho" de pelúcia.

Era só ele que via o quão horrível aquele coelho era?!

- Você não vai ficar no meu apartamento... – sussurrou ele, lançando um olhar mortal para o coelho demoníaco, que parecia sorrir de forma maníaca e olhar para o ruivo. - Isso é mesmo um coelho? – Ichigo tinha sérias dúvidas sobre isso...

Depois de serem gastos alguns minutos com o mais novo morador do apartamento, os quatro deixaram o prédio para se encontrarem com Nell e os outros.

~ Algum tempo depois ~

- Ah. Espero que eles cheguem logo. Estou curiosa pra saber onde vamos. – comentou Emi.

- Hm? Você não sabe? – Grimmjow olhou curioso para a namorada. – Eu pensei que você estivesse junto quando a Matsumoto e a Nell fizeram com que fossemos expulsos de lá.

Emi não pode evitar encarar Rangiku que riu ao lembrar o acontecido.

- Foi uma boa noite. – riu ela.

- Bem, pelo menos eu tenho certeza que não me lembro disso. – Emi se aconchegou mais no sofá.

- Nem poderia, - começou Ulquiorra, que estava de pé perto de uma das enormes janelas. – nessa época Grimmjow estava com a Halib-

- AH!!! – gritou o garoto de cabelos azuis antes que o moreno terminasse sua frase. Agora ele se lembrava que naquela época ele e Emi estavam separados devido a última briga e que por isso ele havia levado Halibel, a assistente pessoal de Aizen, e Grimmjow, mais do que ninguém, sabia da inimizade entre as duas. Não sabia o porque. Perguntou a Emi certa vez, mas a única resposta que teve foi um olhar de desprezo em que se podia ler claramente um: ‘nunca volte a mencionar esse nome’.

Ele engoliu em seco. Será que ela havia percebido?

Mas ele não precisou olhar para sua namorada para saber já que ele podia sentir o olhar afiado que ela colocava sobre si. Além da aura maligna que emanava de algo, que ele nem precisava olhar para saber de quem era.

- Grimmjow... – a morena praticamente soletrou cada letra do nome do garoto. – É melhor você me explicar exatamente do que o Ulquiorra-kun está falando... e eu espero estar ouvindo mal, porque se ele ia dizer o nome que eu estou pensando...

Mas ela não terminou, a risada de Matsumoto a impediu. Todos se voltaram para a mulher que estava sentada em uma aconchegante e elegante poltrona perto da lareira, Kawai sentado ao seu lado com uma feição que poderia ser considerada séria, pelo menos para aquele cão. Ambos pareciam saídos de um filme de mafiosos.

- Emi-chan, você já deveria saber que não existe ninguém que possa lhe substituir... E eu não poderia sequer imaginar uma mulher mais adequada ao Grimmjow do que você... Emi-chan... – a mulher disse seriamente.

A morena sorriu levemente para a mais velha e olhou para seu namorado, que sorriu, um sorriso zombeteiro e sarcástico. Bem, pelo menos era seu sorriso. Porque Grimmjow era seu, não importando o que Kahna, Shun, Halibel, ou qualquer outra ex-namorada da lista dele fizesse, e olha que era uma looonga lista.

- E se ele fizer algo ruim pra você, eu mesma ajudarei em sua vingança. – Grimmjow e Emi olharam espantados para a mulher. "Ela parece uma mafiosa!", pensaram os dois ao mesmo tempo.

Kawai latiu ao seu lado.

- Oh! Você está com ciúmes Kawai? – riu a mulher sentando no chão e abraçando o labrador que latia, deixando a enorme língua para fora. – Hahaha! – ria a mulher rolando no chão com Kawai.

O casal de namorados sentiu uma gota escorrer por suas testas. "A pose não durou muito tempo...". Ulquiorra apenas suspirou. Estava acostumado as variações de humor de Matsumoto, e Nell, é claro.

O som do telefone soou por toda a sala onde se encontravam. Matsumoto rapidamente se levantou e o atendeu ao ver o número no identificador de chamadas.

- Senhora, eles chegaram. – o segurança do portão disse em um tom monótono, a loira agradeceu e desligou.

- Eles chegaram! – disse alegremente enquanto ia até a porta.

Ulquiorra afastou levemente a cortina para olhar através da janela e se surpreendeu ao ver uma elegante limousine negra parar em frente a porta principal.

...

A limusine negra parou em frente a conhecida "casa branca", um dos seguranças permitiu a passagem após ter identificado Inoue e Ichigo, apesar de estranharem o luxuoso carro em que estavam, assim como seus acompanhantes.

- Acho que não era necessário virmos na sua limusine, Byakuya-san... – comentou a ruiva quando o carro parou.

- Você sabe que ele não perde a chance de mostrar o quão poderoso é. – ironizou Ichigo.

- Pelo menos eu tenho um carro.

- Ai, essa doeu em mim. – riu Rukia. – Mas as crianças poderiam parar de brigar? Principalmente você, Ichigo.

- Eh?! Quem você tá chamando de criança sua anã- O garoto recebeu um golpe em cheio na cabeça. – Aí!!! Isso doeu!

- Me chame de anã de novo e você vai ver o que é dor de verdade – bufou lançando um olhar mortal para o mesmo.

Ele riu, não de um modo irônico, mas sim divertido.

- Sabe, apesar de tudo... Eu realmente senti sua falta Rukia – disse o ruivo, fazendo a mesma corar.

O mais velho dos Kuchiki franziu as sobrancelhas diante da cena. Inoue apenas sorriu.

- Eu acho melhor nós descermos... "Antes que eu seja testemunha de um assassinato" – pensou a ruiva abrindo a porta do carro e puxando o irmão para fora.

- Calma, Inoue! Eu posso sair sozinho! – resmungou já praticamente fora do carro.

- Desculpa... mas você devia ser mais gentil com seu cunhado. – Inoue brincou vendo o irmão mais velho começar a resmungar coisas sem sentido, pisando forte indo até a porta da casa. Orihime sorriu. – Ele nem ao menos se preocupou em negar...

- Inoue, você não vem? – indagou Rukia que também já havia saído do carro e ia logo atrás de Ichigo. A ruiva assentiu, mas parou antes de seguir a amiga. Ela pôde sentir uma sensação estranha, não era ruim... era até agradável...

Como se algo a puxasse, a garota olhou uma das janelas, não muito longe da porta. Suas bochechas coraram ao notar que ali estava o dono daqueles olhos verdes que povoara seu último sonho.